quinta-feira, março 06, 2008

DA SILVA, A XICA


Negra de temperamento forte
Sedutor, decidido, laçou o português
Que embalado em seus braços, a sorte
Lançou, o temido João Fernandes

Francisca, abandonou o nome batismal
E o povo a ela se dirigia simplesmente Xica
A negrada a adorava, mas a corte lhe fazia mal
Mas Rainha foi, em Minas, o ícone da ousadia

Poetas deste País, a tiraram do esquecimento
Da lenda, da chacota, da humilhação
Á conduziram ao estandarte do movimento
De resistência e de luta contra a escravidão.

Com seu jeito moleque e rebelde
Escandalizou os costumes ditados e legislados
Pelos padres, senhores, pelos arrebaldes
Pondo por terra, os bons costumes de lado

Xica, inspirou a fêmea
Liberta, senhora de
Seu destino e de seu coração

Os vestidos de madame branca
A encantava, mas não há dobrava
Fazia fãs que a consideravam uma saltimbanca
E a todos ajudava e a ela amarrava

Amava com volúpia homens e mulheres
Seus encantos, soavam cantos líricos
As quais ninguém esquecia seus prazeres
Do corpo, da alma urgia um cheiro afrodisíaco

A igreja a desconjurava e excomungava
Sua pele incomodava o mais puritano
Os tambores dos quilombolas a agradava
E a Xica Negra adorava o profano

Quem dera o Brasil não esquecesse
O gingar ousado de um mito
De um meteoro, que resplandece
Nos anais da História e do Infinito