sábado, janeiro 28, 2006

A CRISE DE ELABORAÇÃO DAS ESQUERDAS

No primeiro post sobre a crise da esquerda brasileira, comento que temos tido uma ausencia tremenda de elaboração que aponte novidades rumo a transformação.
Desde o final do regime militar, o que temos acompanhado, são construções teóricas que levam ou ao reformismo ou a capitulação ou ao esquerdismo, sem conseguências.
Nenhuma destas teses apontam ou apresentam elementos novos, capazes de promover mudanças radicais na estrutura capitalista de dominação.
A tendencia majoritária no interior do PT, desenhou desde os anos 80 do século passado, a tese do aprimoramento da institucionalidade, disputando-a, acreditando ser possível com um conjunto de políticas paliativas e reformistas, alterar o jogo de forças na sociedade Brasileira. Tal concepção prega como ação diária o pragmatismo ou seja, fazer o possível, alem de defender sem nenhuma vergonha uma tática de alianças ampla e irrestrita.
Ao longo da década de 80, este mosaico foi trabalhado com muito cuidado junto a corações e mentes da militancia engajada no Partido e nos movimentos sociais.
A tese do possível e paupavel, sobrepôs ao do construir consciências socialistas e de alteração total nas estruturas de poder. Internamente esta forma era e é garantida com o estreitamento da democracia, com a exclusão de quem pensa e age diferente.
Esta peça trabalhada há no minimo 20 anos atrás, promove principalmente no PT, um processo de institucionalização de seus dirigentes e militantes. As lutas diretas e os movimentos sociais, são abandonados ou cooptados por esta lógica que desconsidera a utopia de um mundo novo, onde quem produz será efetivamente dono dos meios de produção.
A configuração do governo Lula, desde sua vitória em 2002, até o presente momento, aponta para o sucesso desta teoria. Porém ela não apresenta nenhuma novidade, apenas um aprimoramento e correção de erros (em tese), do praticado por outros agrupamentos de esquerda ao longo da História.
O massacre do PC Italiano um pouco antes da segunda guerra, pelo facismo, é um exemplo do erro. Stalin o todo poderoso, ordenou que os PCs no mundo inteiro, fizessem alianças com a chamada Burguesia Nacional para derrotar Hitler e Mussolini. Na Italía os trabalhadores estavam próximos de tomar o poder e construir o Socialismo. A aliança Stalin/Burguesia exigiu a entrega das armas ao comando aliado. Desguarnecidos, os comunistas e socialistas, foram dizimados pelo inimigo.
Dizimado quase o foi o PT e o governo Lula, fruto de erros nesta política de conquistar a conta gotas e tolerar o grande capital.
Obs: Próximo texto- A Crise de Elaboração também leva ao Esquerdismo.