quinta-feira, abril 10, 2008

AFETO QUE TE QUERO AFETO




Em tempos de globalização, o que temos presenciado, é a aceleração do individualismo, do cada um por si, do o importante é garantir o meu, o resto que se lasque. Este fenômeno criado, por uma concepção econômico cultural, promove a exclusão e o preconceito social e afetivo e joga para os altares a xenofobia, o racismo, o machismo e a violência de todas as ordens.

Recentemente assisti, a duas obras que ao mesmo tempo denunciam, esta lavagem cerebral nas mentes e corações das novas gerações, como apontam o AFETO e a SOLIDARIEDADE, como virtudes, ainda em moda, e capazes de criar uma unidade em torno do coletivo.

A primeira obra, é a Minissérie da TV Globo, de autoria de Maria Adelaide Amaral, Queridos Amigos. A História de um grupo de amigos, que se conhecem e vivem intensamente em um período mais difícil da vida Brasileira, a Ditadura Militar. O horror, a censura e as torturas, não dividiram estes amigos, pelo contrario, os uniram muito mais, criando cumplicidades e ajuda mutua. Mas entra a década de 80 e com ela a redemocratização, os amigos tratam de viver liberdades, entre elas a da individualidade. Fatos e casos, os afastam um do outro. Barreiras se formam e conflitos vão se amaranhando e o respeito e a generosidade, vão se perdendo. Até que um deles, ao descobrir que iria morrer, faz outra descoberta. Seu maior tesouro, eram aqueles amigos, diferentes um do outro, conflituosos entre si, cheios de impurezas e defeitos, mas ligados no passado por um sentimento de amor. “A Família”, como eles se rotulavam, começa a se juntar novamente, tendo como elo o amigo o qual todos eram unânimes em dizer, era o líder. E aí a trama se desenvolve, embalada por uma trilha sonora, fantástica. A primeira cena é aberta por Janis Joplin, atacando de Cry Baby. Mas a minissérie, tem de tudo de bom que foi produzido nos 70 e 80 na Musica Popular Brasileira. A abertura é o Clube da Esquina, Beto Guedes, Milton Nascimento, interpretando Nada Será Como Antes. Uma pena que a rede globo, transmita uma obra desta tão tarde da noite e sem muita badalação, ao contrario do que faz com seus Big Brothers.

O Afeto, também é o tema, da segunda obra prima que assisti nos últimos meses. Pequena Miss Sunshine, foi indicada ao Oscar de Melhor Filme em 2006. Vi esta perola com um acerto atraso, mas na hora certa, no momento que reflito sobre a importância da amizade e de virtudes tão necessárias a convivência humana. Aqui a afetuosidade, age como uma forma de combater preconceitos. Olive a garota da família abordada na fita, tem sete anos, é gordinha e tem um sonho, o de participar de concursos de danças. Sua família vive, momentos dificieis. O Pai esta quase desempregado, o irmão faz votos de silencio porque a família não permite sua entrada nas forças armadas. O tio é rejeitado por ser homossexual e suicida, o avô então, foi expulso do asilo, por ser viciado em drogas. Mas é esta trupe, toda confusa e que se maltrata, diariamente, que saí em uma viagem longa até o local de concurso de misses infantis. No trajeto, todos ficam com seus sentimentos, segredos e medos nus. É Olive a responsável, por estas mudanças, principalmente no Pai, que não admitia derrotas. Pequena, é um canto lírico, um poema dos céus. Destroem as convenções e as regras de uma sociedade consumista e individualista. Demonstra que a solidariedade ainda é uma dádiva divina e que sozinhos ninguém chega a lugar algum.


Recentemente tive saudades de minhas trupes e famílias. Saudades do afeto, do generoso, do coletivo. A gente fazia muito mais pela humanidade, quando reuníamos no meio fio das calçadas, debaixo de arvores e vários outros lugares.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

PRECISA DE ATUALIZAÇÃO

abril 17, 2008 5:26 AM  

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