sexta-feira, abril 28, 2006

O CONTROLE REMOTO

Estou há quase dois anos sem televisão em minha sala de estar. Queimou em 2004 e sem dinheiro comprar outra, fui me acostumando a ficar sem a telinha. Não tenho perdido muita coisa, pois a programação em 70% é o lixo do lixo.

Mas sem TV na sala, e garantindo a privacidade a minha filha (em seu quarto tem TV), fui curtindo o espaço de casa, com leitura, navegação na Internet e radio. Nasci ouvindo radio.

Nos anos 60, os lares Brasileiros, em sua maioria não possuíam televisores. Primeiro porque o aparelho era muito caro e segundo o fato do sinal televisivo não chegar a muitos lugares e rincões deste País. A tecnologia ainda era insuficiente. Minha família, só foi obter uma TV, no ano de 1969. Assisti a copa de 70, no aparelho, ainda em preto e branco.

Mesmo assim, o televisor era ligado em alguns horários, de novelas e desenhos animados. Fomos ser videotas, na metade da década de 1970, ficando quase 24 horas com a TV conectada na tomada.

Assim o radio, instrumento de sucesso absoluto nas décadas de 40, 50 e 60 do século passado, revelando ídolos da música, da radio novela e das artes em geral, perde força nos anos 70, principalmente com o advento do via satélite, da cor na TV e da programação em rede nacional, inaugurada pela rede Globo.

Mas mesmo assim, ficávamos coladinhos no caixão de abelhas. Minha identidade com o radio, fez com que pega-se gosto por Música e Brasileira, bem como com as ondas do radio, as asas da imaginação batem sem parar. Curtia diariamente ícones do radio AM naqueles anos de chumbo, em minha adolescência. Barros de Alencar, Ely Corrêa, a turma do riso da Tupy Rio e Fiori Giliotti no Futebol. Minha mãe não desgrudava os ouvidos da Radio Aparecida, onde até água colocava ao lado do aparelho, para a benção das três horas da tarde. O que sempre detestei, foram programas sensacionalistas e com apologia à violência. Naquele tempo, os chamados Gil Gomes e Afanasios da vida, ainda não tinham sido descobertos, foram ter evidencias no inicio da década de 80.

Hoje estes propagandeadores da violência, do machismo, do racismo e de todos os ismos que possamos imaginar, invadem nossos ouvidos, tripudiando sobre a miséria humana e construindo sentimentos de vingança, terror, medo, autoritarismo e porque não MORTE.

Estes portadores de más noticias, nem sempre verídicas e quase sempre contra pobres e negros, utilizam-se de linguagem chula, ofensiva e de um português sofrível.

Pois bem, dizia no inicio do post, que em virtude de estar sem televisor a bom tempo, tenho retornado ao habito de escutar radio. Hoje com a tecnologia avançando toda hora, escuto as mais variadas estações e deleito com as ondas em FM.

Gosto em particular da Radio de Noticias CBN, do programa do Ivan Júnior na Mix AM de Limeira, da Radio Nova Brasil FM, que toca só MPB de qualidade, da Radio Educativa de Piracicaba, em especial um programa de Jazz que vai ao ar aos sábados a partir das 22hs.

Descubro estas jóias, pois navego nas ondas de meu radio com o controle remoto e nessa chamou minha atenção o programa de péssimo gosto do radialista sensacionalista Geraldo Luís. De sua boca saiam pérolas do palavrão como bosta, merda, puta que eu pariu, lazarento, vagabundo e outras expressões que até nas ruas pouco se ouve. E tudo isto às 7hs da manhã.

Sou totalmente contra qualquer forma de censura aos meios de comunicação. Mas é impossível permitir que nossos ouvidos sejam vilempediados por uma programação que não preza pelo respeito e pela ética ao ser humano. Algo precisa ser feito.