segunda-feira, abril 17, 2006

MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS

Em 2003, atendemos no gabinete do Vereador Nelson Caldeiras (na época trabalhava com ele) uma imigrante Portuguesa, que no Brasil estava já algum tempo, na condição de turista.

Procurou o mandato, ao saber através de meu irmão, o Padre Paulo Sérgio, de que o Vereador era Presidente da Comissão de Direitos Humanos da câmara municipal. Seu drama consistia no fato de estar impedida de portar RG ou carteira de identidade, como se costuma chamar na terrinha.

Sua pretensão era viver no Brasil, dizia ela: Não suporto mais o frio Europeu, meus ossos chegam a trincar, ao conviver com aquele clima. Ela tinha sido convidada a lecionar, Artes, pois é professora com licenciatura nesta matéria, em uma Universidade Particular. Ocorre que se deparou com dois problemas.

O primeiro do RG, que por sabe-se lá o porquê, estava retida na Policia Civil. O segundo problema é que o diploma universitário que possuía era de Lisboa e não era reconhecido em terras Brasileiras. O primeiro causo, conseguimos resolver, encaminhando nossa simpática patrícia, a ONG de Direitos Humanos Gaspar Garcia e a Pastoral do Imigrante da Capital São Paulo. O segundo não foi possível. Expirado o prazo de permanência, nossa portuguesinha (uma senhora de uns 60 anos, mas uma vitalidade incrível), embarcou para Lisboa.

Ficamos sem noticias dela até semana passada, quando visitou nosso gabinete. Muito feliz, nossa amiga (pois sim), falou-nos de sua vida em Lisboa e de seu desejo de viver no Brasil. Ela é Pintora, apreciamos sua obra, que no último sábado de aleluia, apresentou uma exposição dos quadros na cidade Histórica e mineira Ouro Fino.

Agora o que chamou minha atenção, foi o fato de que em Portugal, em alguns setores do serviço público não há estabilidade no cargo, mas há concurso. A coisa lá funciona da seguinte forma: Todo ano os professores ao final do ano letivo, recebem seus proventos e inscrevem-se novamente para prestação de concurso público. Há uma ilusão de que 15mil pessoas, o total de professores por exemplo, estão desempregados em Portugal.

Interessante o sistema, combate o comodismo e privilegia a transparência e a Democracia. Conversamos bastante. Ela antes de viajar para Minas, passou em um dos Hotéis da cidade, para apanhar seus pertences que deixou da última vez que aqui esteve. Qual foi sua surpresa, não encontrou mais nem um pincel para contar a História. Estamos tentando investigar o que aconteceu através de alguns canais. Mas foi muito delicioso a conversa com a irmã de língua.