terça-feira, abril 22, 2008

PARA MARCIEL- III


JECA TATU E A QUESTÃO AGRÁRIA

Monteiro Lobato, antes da fama de escritor, e de encher de sonhos, com o mundo de fantasia do Sitio do Pica Pau Amarelo, a imaginação das crianças e também dos adultos, foi fazendeiro. Herdou em 1911, uma fazenda e nela conheceu seu fracasso como fazendeiro. Neste período, teve vários conflitos com os trabalhadores de suas terras. Conflitos trabalhistas e fundiários. Comenta-se, que embora nacionalista, Lobato defendia a concentração de renda e terras. Após a falência de sua fazenda, Monteiro Lobato, dedica-se exclusivamente a literatura. É justamente sobre este período como Patrão, que Lobato, cria o personagem Jeca Tatu. De acordo com seus biógrafos, o escritor de Taubaté, traçou o perfil de um trabalhador rural, preguiçoso demais, para promover transformações em seu modo de vida. Seria este perfil, para justificar seu autoritarismo e concepção de vida.

Durante décadas o trabalhador Rural, foi mistificado pelas elites deste País como um Jeca Tatu, representante máximo do atraso agrícola. A tese é para defender em primeiro lugar a industria, a urbanização e o conseqüente êxodo rural, provocado por expulsões de pequenos agricultores, banhado de muitas mortes no campo. Esta política criou o latifúndio, onde menos de 0,8% de propriedades rurais de mais de 1000 hectares, ocupavam 42,6% das áreas, enquanto as propriedades com até 10 hectares que representavam 52,3%, ocupavam 2,8% das áreas. Estes dados são de 1975. A fonte é a Comissão Pastoral da Terra, e estas informações estão disponíveis no site: http://www.cptnac.com.br/ . Esta situação, demonstra no inicio da década de 80 do século passado, um quadro, em que as cidades começam a inchar com as famílias enxotadas de suas terras e frente ao desemprego. A fome e a miséria, vão se constituindo, como os grandes problemas do século passado e em grande parte causado pela ausência de uma Política de Reforma Agrária, capaz de equilibrar a população, gerar empregos, aumentar nossa produção de alimentos, bem como barateá-los. O Brasil é o único País da América Latina que ainda não fez uma Reforma Agrária para valer. Nós ainda convivemos com pastos enormes que nada produzem e que estão nas mãos de poucos. A concentração de terras em nosso País tem inicio mesmo com as Capitanias Hereditárias. A divisão das terras, em formato de lotes a particulares, sendo que maioria deles eram condenados a viver aqui, para cumprimento de penas. Ou seja eram criminosos, ladrões, estelionatários, corruptos, assassinos, que a coroa enviava para cá, como forma de punição. Como punição, ganharam terras. E com as Capitanias, inicia-se o latifúndio no Brasil.

Bom para defender minha tese, de que a luta pela terra no Brasil é justa, fiz estas considerações. Acho interessante as elites insistirem, que o povo quando reinvidica seus direitos, é bandido. Agora quando, esta mesma elite, expropria e mata para acumular, isto não é bandidagem.

Caro Marciel, vejo que você continua reproduzindo, a concepção daqueles que querem lucrar as nossas custas. Não quero te chamar de preconceituoso, quando usa o artifício, de que quem ocupa terras é vagabundo. Vou limitar-me a te chamar de equivocado e mal informado e para isto já te disse que estou a sua disposição para socializar o pouco que acumulei na vida.

Ninguém gosta de ficar meses, debaixo de uma lona ou barraco. O faz por não ter alternativas, as quais as autoridades é que deveriam lhes oferecer. A Reforma Agrária, não é do interesse do Capitalismo Brasileiro, que para mim é atrasado e não aceita o desenvolvimento. Como as elites de nossa cidade, também não querem o desenvolvimento. Distritos industrias não são sinônimo de progresso. Agora soluções que criem empregos com rapidez e possa alimentar nosso povo, com custo barato é estritamente possível. A vários exemplos em nosso País, os quais conheço e posso organizar uma visita a estas experiências, importantes, inclusive do MST.

A Reforma Agrária, foi um dos pontos para o desenvolvimento econômico dos Estados Unidos, ainda no século Dezenove, como foi importante para a Europa, quando do fim dos Impérios e o surgimento dos Estados Nações.

Quanto a violência no campo, sugiro que você consulte o site já citado aqui da CPT, e veja quem matou mais nos conflitos agrários.

O MST só existe, porque não há distribuição justa de terras neste País e a questão é tratada a base da bala. Cabe ao Estado Brasileiro promover a Paz no Campo, para isto, fazer uma RA para valer, se faz mais do que necessário.

Por ultimo, não se conquista nada sozinho. Feliz daquele, que ainda não precisou, ocupar terras, para poder ter direitos a cidadania. Se você esta entre os felizardos, erga as mãos para os céus e agradeça. Mas nunca deixe de lutar por direitos e isto só é possível com organização e unidade.



1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Opa

Gostei de sexta.... pena que vi apenas 4 musicas.... tinha prova e tive que ir...

Abraços

abril 22, 2008 9:26 PM  

Postar um comentário

<< Home