segunda-feira, janeiro 30, 2006

A CRISE DE ELABORAÇÃO TAMBÉM LEVA AO ESQUERDISMO

No segundo texto da série sobre a crise das esquerdas Brasileiras, levantei a polêmica da ausência de elaboração da militância. Detectei grupos no PT, os quais analiso neste trabalho que construíram teses, nenhuma decisiva para mudança de estrutura do sistema capitalista, mas que de alguma forma ajudaram e ajudam no aprofundamento da crise e não na busca de saídas e soluções.

Não quero deixar de admitir a importância destas tendências na construção de uma proposta diferente de se fazer política. Mas que se esgotou em 1989. Falei da corrente majoritária, hoje falo da chamada esquerda do PT. Estas tendências sempre estiveram no interior do Partido desde seu nascedouro.

Algumas são anteriores ao PT, como o Trabalho, corrente da IV Internacional Comunista, a Trotskista. Outras se formaram ao longo dos 26 anos de vida do PT. Algumas inclusive dissidência de outra da própria esquerda ou até da corrente majoritária. A configuração de todas elas iniciou-se em concepção de organização partidária.

Algumas defendiam um partido de quadros e menos de massa, onde os quadros centralizavam a elaboração e a massa seguia sob o aconselhamento das lideranças. A corrente O trabalho, e as Convergência Socialista (Hoje no PSTU) e a Causa Operaria (Hoje no PCO). Com menor centralização, mas adepta a esta concepção a Democracia Socialista, também integrante da IV Internacional. Estas citadas são chamadas no interior da esquerda, como tradicionais e até velhas ao aplicar a centralização ou centralização democrática, aplicada desde 1922 pelo velho Partidão e por sua dissidência o Pcdob.

Correntes oriundas da igreja, rachas da Articulação, como a AE (Articulação de Esquerda) e outras nascentes de movimentos populares e regionais, caracterizam por forte penetração nas lutas populares, mas com uma direção interna, que elabora muito pouco do ponto de vista da política estratégia, resumindo a assuntos localizados ou a luta interna.

Estas tendências não obtém nenhum mecanismo que centralize as decisões, bem como sua execução. Discute-se e aplica-se quem for extremamente disciplinado ou se for conveniente. A outras configurações entre as esquerdas petistas, mas que pelo tamanho de seus agrupamentos, não incidem diretamente na conjuntura da vida militante.

Estas correntes em comum tem o fato de defender um Socialismo, sem propriedade privada, com total controle dos meios de produção por conta dos trabalhadores. Outro ponto de unificação é a democracia interna e o pluralismo de idéias, dois pontos que a corrente majoritária procurou destruir, em suas constantes praticas de maioria.

A esquerda do PT, embora na retórica posta de moderna, não apresenta em seu cotidiano nada elaborado que oriente a militância a enxergar saídas para este momento de crise.

Enquanto critica o institucionalismo da corrente majoritária, prepara-se para disputar eleições e não larga o osso das instituições que controla que mantém os mesmos vícios e defeitos originários da burocracia.

O discurso condena as alianças sem critérios e espúrias. A pratica aponta uma inércia em buscar aliança com os pobres e marginalizados. O discurso condena a burocracia e o afastamento dos movimentos sociais. A prática denuncia o mesmo. O discurso condena o eleitorismo. A pratica lamentavelmente grita o mais do mesmo.

As esquerdas do PT sofrem de uma doença que ela mesma denunciou no passado e que Lênin, se não me foge a memória condena em uma de suas obras.

O esquerdismo afasta das massas, e proíbe pensar para elaborar. Cria bons oradores do discurso alheio. Não leva ao Socialismo.

OBS: Próximo Texto- Como o PCB superou sua crise de 1935?