terça-feira, março 20, 2007

EU MINHA HISTÓRIA ELEITORAL-XXX

Nunca me importei em ter destaque no que faço, seja no campo pessoal, seja no profissional. Embora tenha uma personalidade forte e de sempre tomar as iniciativas, procurei e procuro, acumular com o coletivo. Descobri recentemente que este jeito de ser principalmente na política desperta ciúmes, as vezes perigosos, daqueles que destroem vidas. Na assessoria política do segundo maior Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil do Estado, procurei acertar mais do que errar. Tinha consciência de que era minha primeira experiência em uma função que devido as circunstancias, ia alem do convencional, que é o aconselhamento, a consulta e a pesquisa, como instrumentos para que a direção sindical pude-se cumprir seu papel de dirigente das lutas dos Trabalhadores. Alem do mais, meu gênio explosivo, ocasionou descontentamentos e até a ira de alguns. Agora não imaginava, que outros pudessem aproveitar destas fraquezas e ausência de craquejo político, e desferirem golpes e traições para atingir objetivos.

Estávamos no ano de 1993, com uma diretoria recém eleita e com uma crise ideológica das esquerdas já tomando conta da militância. Mudanças em relação ao mandato anterior, faziam-se necessárias. Apesar de uma vitória espetacular, mais de 80% dos votos validos, nas eleições sindicais de 1992, era preciso avançar, tanto nas questões imediatas, como na consciência política e revolucionária da categoria. Sabia que tínhamos enormes desafios a serem enfrentados, entre eles os limites de compreensão Histórica e presente do conjunto dos Sindicalistas. Não bastava mais, limitar a atuação sindical, em lutas por aumento de salário e cumprimento de convenções coletivas e legislação. Era preciso dar saltos de qualidade, como formar dirigentes em uma perspectiva de atuação na sociedade, para que os mesmos reproduzissem as informações em seus campos de atuação. Um Sindicato daquela importância não podia a limitar-se ao imediato ou na linguagem sindical, a dores de barriga de peão. Tinha que ir além. Incidir com políticas concretas na CUT, no Partido e nas organizações populares. Campinas é uma cidade que exige uma esquerda comprometida com valores classistas e éticos. As lideranças devem se superar, sair da rotina, do sindicato para quinze minutos na porta de uma fabrica ou canteiro de obra. Era assim que pensava e é assim que continuo a pensar. Alem do mais, um preconceito pairava sobre o Sindicato da Construção Civil. Velado, mas ele existia, por parte de alguns dirigentes de categorias “qualificadas” e “instruídas”. Tínhamos no conjunto da diretoria, mais da metade semi -alfabetizados, com capacidade de assinar apenas o nome. Este preconceito nojento, criava uma distancia enorme, com o mundo que passava, alem dos muros da Barão de Jaguará.

Tinha estas preocupações, e o dever, até porque era pago para isto, de elaborar um planejamento tático e estratégico, que pudesse colocar por terra, estas questões. Não consegui perceber, que um movimento, gerenciado e liderado, por alguns assessores e dirigentes, estava formando-se, arquitetando minha saída. Confesso, embora não possa provar, que vinha notando algo estranho acontecendo nas finanças do Sindicato. Nunca interferi neste departamento, pois sempre achei não ser minha praia e também porque sempre confiei nas pessoas que lá trabalhavam. Até porque o coordenador financeiro tinha sido minha indicação, tornei amigo pessoal dele, e dividi moradia por mais de hum ano. Tornou-se um confidente, amigão mesmo. Estas minhas duvidas quanto a finanças do Sindicato, comentei com algumas pessoas e pedi para o coordenador que me mostra-se documentos. Pedido nunca atendido, sempre protelado. Não consegui perceber um movimento, que faria mudanças, mas não as que tínhamos planejado.

O Seminário anual de avaliação do mandato e de planejamento, realizou-se no mês de Maio. Fui eu quem organizou, o roteiro e a metodologia da atividade. Fui vitima dela. Com argumentos de que ganhava muito, fui sumariamente demitido e aqueles em quem confiava, nada fizeram para evitar aquele desastre. Saí baleado, mas continuei a vida.

Soube hum ano depois, que um rombo nas finanças tinha sido descoberto. Os responsáveis, não se encontrou até hoje.