segunda-feira, dezembro 03, 2007

IGREJA DE LIMEIRA SE POSICIONA

NOTA DA DIOCESE DE LIMEIRA
A Diocese de Limeira, na pessoa de seu bispo Dom Vilson Dias de Oliveira e de seu clero, vem a público manifestar seu repúdio ao lamentável confronto ocorrido entre o MST e a polícia militar mediante a ocupação daqueles do Horto Florestal Tatu.
A referida área de terra, ocupada pelo movimento, é uma área que está oficialmente e nome da extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) que, devido a sua extinção, passou a ser patrimônio da União. O INCRA já solicitou a área para a reforma agrária (of. nº 1960/2007). Aguarda-se, portanto, a transferência para o Governo Federal (of. 392/2007), o que possibilitaria sua transferência para o INCRA.
A Prefeitura Municipal de Limeira solicitou a compra da área em março de 2005, mas o negócio não foi concretizado. Mesmo assim, solicitou a reintegração de posse em maio de 2007, ao que o juiz Flávio Dassi Vianna, da Vara da Fazenda Pública de Limeira concedeu a imediata reintegração do imóvel à prefeitura em 22 de novembro de 2007.
Pelo ofício da GRPU/SP nº 941/2007, assinado pela gerente regional do Patrimônio da União no Estado de São Paulo, foi declarado que não subsiste mais o instrumento prévio regulador da intenção de venda firmado entre a RFFSA e a prefeitura de Limeira e que o imóvel será destinado ao Programa Nacional da Reforma Agrária. Apesar disso, o Sr. Prefeito Municipal, Sílvio Felix, ordenou a retirada dos membros do MST com o uso da força e o abuso do poder.
Esperava-se da atual Administração no mínimo a sensibilidade e a pré-disposição para o diálogo anteriormente, afim de que tudo pudesse ser encaminhado para o bem comum, e não para o uso da violência que afeta a dignidade humana de maneira física, psíquica e moral, que atingiu homens, mulheres (inclusive grávidas), deficientes físicos e até crianças. Ainda que a terra pertencesse à Prefeitura, a violência nunca foi e nunca será a maneira civilizada pela qual a humanidade irá resolver seus impasses. Particularmente num país como o Brasil, onde a desigualdade social é absurda, é preciso o diálogo e a valorização dos movimentos sociais.
Como Igreja Católica, Igreja de Jesus, que assume verdadeiramente os valores de seu Evangelho, não podemos ficar calados diante da maneira como estas pessoas foram violentadas de diversas formas, quer seja pelo abuso do poder, quer seja pela violência dos policiais contra a integridade física das pessoas. O ser humano merece o respeito a sua vida e por isso a Igreja se solidariza com os acampados que trabalham por isso com as condições que possuem, buscando seu lugar na sociedade e seu espaço de terra para trabalhar, plantar e viver.
Solicitamos às autoridades competentes que apurem os fatos, particularmente, da polícia militar e demais que agentes a serviço da justiça que estavam no local, que não aceitaram o diálogo, nem mesmo com a Igreja, afim de que sejam punidos aqueles que praticaram abusos e vitimaram tantas pessoas. Acrescente-se ao episódio, a proibição da imprensa de atuar no acampamento para não registrar os fatos e deporem contra a arbitrariedade da atuação policial.
Crendo fielmente no amor do Pai, anuncio de Jesus e anseio dos cristãos, apelamos a todos os homens e mulheres de boa fé, que temem a Deus, para que a justiça seja feita e paz reine entre nós.