segunda-feira, setembro 05, 2005

PRETO CONTRA BRANCO- MARX ESTÀ CERTO

O autor do Manifesto Comunista, Karl Marx em suas teses afirmava que o meio em que se vive, é determinante para as relações culturais, políticas, econômicas e sociais. Neste meio a sempre um poder dominante, que insere sobre os dominados suas idéias. O aspecto ideológico é fundamental para a formação de consciências e identidades culturais.

Pude constatar esta concepção marxista, em varias oportunidades e situações. No último sábado (03/09), assisti na TV Senac um documentário extraordinário: PRETO X BRANCO.

Produção da TV Cultura o DOC., procura retratar o preconceito e o racismo entre os pobres. Utiliza para trabalhar este tema, uma partida de futebol, que é realizada á 35 anos, como moradores do bairro de São João Climaco e da favela de Heliopolís na cidade de São Paulo. O evento que movimenta as duas comunidades é organizado pelo clube de futebol de maior popularidade na região, o GRES FLOR, todo final do ano, como forma de confraternização, entre diretores, jogadores e torcedores.

Intitulado como desafio PRETO contra BRANCO, a peleja sucinta veladamente, inconscientemente ou não, as características discriminatórias, que no cotidiano dividem os pobres. O que chamou minha atenção foi o fato dos negros não assumirem sua cor e condição.

O documentário começa com o diretor perguntando as pessoas das duas comunidades, como as mesmas definiam sua cor. Por incrível que pareça, a maioria de homens e mulheres negras, auto intitularam-se brancos, mesmo que a cor da pele disse-se ao contrario.

O ambiente de extrema pobreza reuniu em torno de um dos maiores acontecimentos, da região, uma população carente e trabalhadora. A cada depoimento, sonhos e necessidades confundiam-se com demonstrações de idéias as quais não são produtos da condição dos dominados e sim de quem domina.

Um dos moradores ao ser perguntado sobre a origem dos moradores e da pobreza da favela de Heliopolís, ele afirma que: vieram do norte, por isso que as coisas estão assim. A afirmação não condiz com o que à reportagem apurou: a maioria da população das duas comunidades é nascida na cidade de São Paulo e nos dois bairros.

Outro aspecto é o fato de que a maioria dos jogadores e envolvidos na partida é composta por mulatos, oriundos da miscigenação tão característica na História de nosso País, mas o que predomina na competição é a auto denominação das raças pelo participante.

Sensacional película, mostra no ápice a partida de futebol, repleta de acusações e xingamentos de conteúdo racista e separatista, que o esporte serve para extravasar verdades, sentimentos e ideologias. O engraçado é que após uma semana de agressões verbais entre os participantes e um jogo nervoso e violento, termina com todos, negros, brancos e miscigenados ao redor de uma roda de samba (origem africana) regada de bebida e churrasco.

Este País não é uma democracia racial, como alguns afirmam. Este País dissemina o preconceito como forma de dominação de uma classe sobre outra, a ponto dos pobres reproduzirem a tese entre si.