quinta-feira, fevereiro 23, 2006

CHEGA DE CROCK

Confesso que quando pequeno apanhei de meu pai, pouco, mas apanhei. Tomava crock na cabeça, eram murros dados com os dedos indicador e mediano. Doíam pra chuchu. Depois que ele parou com esta mania besta, fui muito mais obediente. Os crocks me deixavam furioso e com muito medo, não educavam em nada.

Conto esta experiência pessoal, para afirmar que educação e violência não combinam. Meu pai aprendeu com o tempo, a ponto de abandonar e reconhecer que errava. Quem pensa que cascudos tapas na bunda não machucam esta enganado. Conheço casos de violência doméstica, que deixam hematomas e seqüelas nas crianças. Os pais achavam que educavam espancando.

Assim o Projeto de Lei de autoria da Deputada Maria do Rosário (PT/DF), vem em boa hora, para promover um repensar de conceitos e atitudes. O PL foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Câmara Federal. Agora será apreciado e votado pelos Senadores. O texto aplica punição a familiares, professores ou responsáveis por medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Policiais, Juizes), que agredissem fisicamente crianças e adolescentes.

O curioso é de que há leis que proíbem toda e qualquer forma de agressão física a adultos, a crianças não.

Nesta semana escutei pasmo declarações de ouvintes no Programa Bom Dia Mix, de que um tapinha não faz mal a ninguém. Teve gente que declarou que se um adolescente envolvido com drogas toma-se um corretivo dos Pais, não estaria mais na vida do crime. Violência pura e sem sentido. Um tapinha dói, por fora e por dentro. Machuca o ego e constrói magoas e ódios.

Estive lendo nos últimos dias relatos de Histórias que beiram a tortura e a crueldade. Mas vou contar um trecho de um conto de Eduardo Galeano, baseado em História Verídica, da Alemanha Nazista:

“Todos a mesa para o jantar. Garoto deixa cair sopa em sua roupa. Pai com voz suave, diz ao filho, suba e troque de roupa, mais tarde irei te ver para rezarmos junto. Onze da noite, os convidados vão embora. Mãe vai para seus aposentos. Pai sobe ao quarto do filho. O garoto estava acordado. Pai diz a filho, vire-se de bruços. Garoto vira e começa a chorar. Pai tira o cinto da calça e diz: Hoje vais apanhar para aprender a ter bons modos. Espancou o filho durante 10 minutos”.

Bem espero que a Lei ante tapinha, castigo corporal, torturas, seja aprovada e inicie-se um período de PAZ E AMOR.