terça-feira, fevereiro 07, 2006

COMO O PCB SUPEROU SUA CRISE DE 1935- FINAL


A Intentona Comunista, movimento liderado pelo PCB em 1935, trouxe a tona uma das maiores crises de perspectiva ideológica, que as esquerdas em particular o Pecebão.

Primeiro que com a derrota, o governo Vargas promove uma verdadeira devassa e destruição física e propagandistica do Partido. Na primeira, ocorreram inúmeras prisões, mortes e deportações, onde esta última teve como vitima famosa a esposa de Luís Carlos Prestes, Olga Benário assassinada pelo Nazismo. A segunda, com a intenção de ganhar corações e mentes dos Brasileiros, infunde através dos aparelhos de comunicação do estado, concepções de que o movimento comunista Internacional representava o fim das instituições, entre elas a família.

Mas o que mais caracterizou este período de perseguições, foi o terror. Getulio Vargas aproveita a crise da Intentona e instala a Ditadura, que vai ser conhecida como o Estado Novo. Eram épocas de ditadores com perfil populista, demagógico e cruel. !937 até 1945, é a duração do regime de Vargas. O PCB em particular, sofre toda a mão pesada do Estado. Duas obras em especial, ilustram este momento da História Brasileira: “Memórias do Cárcere”, de Graciliano Ramos, onde o próprio narra, o tempo em que passou na prisão de Ilha Grande no Rio de Janeiro, presídio para os presos políticos do Regime. O segundo “Olga”, de Fernando de Morais, conta a trajetória da esposa do cavaleiro da esperança, no contexto do regime de Vargas.

O PCB, praticamente é extinto, durante este período, embora a resistência na cidade e no campo, existia, tímida, mas viva. O livro do então comunista Jorge Amado “Subterrâneos da Liberdade”, trabalha como se organizava o Partido, em um período de clandestinidade e de muito perigo. O Estado Novo avançava no populismo. A criação da CLT- Consolidação das Leis do Trabalho- cópia fiel da carta Del Lavoro de Benito Mussolini, engessa sindicatos, proclama a aliança capital e trabalho, Além disto coopta vários dirigentes e militantes operários para o Sindicalismo de Estado e de cooperação. O PCB vai perdendo sua referencia e força junto as camadas populares, iludidas com as promessas do populismo.

Enquanto isto, Vargas mantinha uma relação secreta, porem promiscua com o Nazi Fascismo, em franca ascensão na Europa e prontos para deflagrar o que viria a ser a Segunda Guerra Mundial. Esta relação durou até os Japoneses, bombardearem Peal Harbor em 1942. Após o ataque, a Burguesia Nacional ligada ao capital industrial, pressiona para que o Brasil tome posição no conflito bélico.

Com a entrada dos Americanos na Guerra, as pressões aumentaram sobre o Governo Brasileiro. Até que uma ano depois de Peal Harbor, o Brasil entrava em definitivo na guerra, ao lado dos aliados, enviando para a Itália a legião da FEB, onde centenas de pracinhas morreram ao solo Italiano. Vargas ganha com esta decisão recursos para criar um de seus marcos desenvolvimentistas, a companhia siderúrgica nacional.

Na Europa, Josef Stalin, desenvolve a tática da sobrevivência do Socialismo em um País só. Com temor de que a União Soviética, ficasse fragilizada após o conflito, Stalin fecha um acordo de cooperação com os Aliados, que vai custar a vida de milhares de militantes comunistas e de esquerda no mundo inteiro. O caso Italiano, o qual relatamos aqui em outro texto é típico desta estratégia. Mas a Yogoslavia do Marechal Tito, não aceitou as determinações de Moscou e não se entregou a Burguesia Local, aproveitando o conflito e realizando a Revolução que levou ao poder os Comunistas naquele País dos Bálticos. Uma obra interessantíssima intitulada “A Crise da III Internacional Comunista”, cujo autor não me recordo desenvolve bem o tema.

No Brasil a ordem de Moscou foi atendida sem resistências. Prestes ainda preso celebra com o Estado Novo, um acordo em que o PCB, passa a apoiar as políticas de Vargas em troca da Liberdade dos dirigentes do Partido e sua legalização. Mas o que Prestes e seus companheiros não exigiram do regime fascista de Vargas foi a reparação das perdas humanas, entre elas a de Olga Benário, morta nas câmeras de gás de Hither.

O PCB, na figura de Prestes, busca com esta atitude saída para sua crise. Uma saída que entrega a classe e sua luta ao inimigo, com o discurso de que era o possível a ser feito. Nada muda na política social, econômica do Estado Novo, que ainda dura mais dois anos.

OBS: Próximo Texto: DENTRO DO POSSÍVEL, A VIDA NA LEGALIDADE DO PCB.