sexta-feira, maio 19, 2006

DH, SEGURANÇA, AS ESQUERDAS


A esquerda Brasileira sempre teve dificuldade em olhar para a questão da Segurança Pública, de forma a buscar soluções que combate-se o crime organizado e solapa-se a violência urbana. A questão da violência foi encarada pelo conjunto da esquerda como resultado do capitalismo e como tal só seria resolvido com a queda do sistema e o advento do Socialismo.

A questão da segurança não era prioritária para os organismos que clamavam a Revolução. Era micro o problema, que resolve-se com a solução do macro problema. Tanto isto é verdade que raramente vimos ou presenciamos atualmente programas e projetos de administrações comandadas por lideranças de esquerda que ataquem a estrutura do crime organizado. Exceção seja feita, a policia federal que no governo Lula tem iniciado um processo de combate a criminalidade.

Outro aspecto que chama a atenção é em relação ao tema Direitos Humanos. Embora esteja incutido em toda e qualquer plataforma de esquerda, o DH não recebe desta mesma esquerda um tratamento de primeira prioridade. Remete-se igualmente a questão de segurança a tomada do poder. Embora vários setores militem em áreas de direitos humanos, como gênero, raça, criança e adolescente e outras.

Vejo que o tema tem resistência em segmentos que enxergam no DH um empecilho a táticas mais radicais, como uma insurreição armada ou ter que admitir (equivocadamente), que mesmo o mal feitor tem direitos consagrados na declaração universal. Convenciona-se a dizer nos meios políticos de esquerda que as elites não mereçam compaixão e os DH obrigatoriamente delegam a elas este acesso.

Este panorama da esquerda, nos propõe refletir nas lacunas deixadas em municípios como Limeira, onde as elites que governam abusam e desrespeitar os Direitos Humanos e há pouquíssimos órgãos que possam fazer o contraponto, combatendo os crimes contra o DH e contribuindo para o processo de consciência da população.

Fiquei e estou preocupado com o fato de até agora, nenhuma liderança de esquerda pronunciou-se oficialmente em relação aos episódios de segunda-feira ultima em nossa cidade. Nenhum dirigente ousou denunciar a opinião pública a forma covarde e irresponsável de condução da crise, feita pelas elites governantes.

O Prefeito Municipal, limitou-se a ordenar o fechamento de escolas e prédios públicos, permitiu que as empresas de ônibus tirassem a frota de circulação. Os Vereadores nenhum apareceu no momento dos ataques, para acalmar e orientar a população. As Igrejas todas, omitiram-se, nada disseram ou fizeram. As entidades de classe, então....

As esquerda em minha cidade padecem da doença infantil do esquerdismo em que falava Lênin em seu famoso texto sobre o assunto. Somos Revolucionários naquilo que é possível e de preferência atacamos com discursos inflamados e cheios de chavões que para opinião pública soam vazios e sem nexo.
A ausência de um projeto estratégico para construção do Socialismo, leva a leituras equivocadas deste momento Histórico e denotam em afirmações e posturas perigosas para o próprio futuro das esquerdas. Outro dia um militante Histórico, talvez cansado de tanta bordoada e tanto desbunde no seio dos movimentos sociais, declarou que se um dia sua instituição fechar, todo o movimento também acaba. Atordou-me e deixou-me perplexo.