terça-feira, julho 04, 2006

REVOLUÇÃO DOS CRAVOS, FELIPÃO E CHICO BUARQUE


Levantei pela manhã, cantarolando uma canção de Chico Buarque de Holanda. Ontem no sebo da rua Santa Cruz, comprei uma das obras primas do Chico, o CD de 1978, homônimo.

A obra traz Tanto Mar, a música que assobiei e estava cantarolando, nas primeiras horas do dia. Lembrei de TM, porque pensava no técnico da seleção Portuguesa de Futebol, Luis Felipe Scolari, o Felipão. Imagino que o gaúcho, ex treinador do Grêmio e do Palmeiras, campeão da libertadores da América, pelos dois clubes, esta fazendo uma verdadeira Revolução nesta Copa do Mundo.

Tal qual os militares republicanos, ao derrubar a ditadura de Salazar, scolari, esta colocando a terrinha entre os melhores do esporte da bota. Portugal de Felipão, deixa para trás, verdadeiros Dream Team, como Brasil e Argentina, alem de Holanda e Inglaterra, derrotados pelo Brasileiro.

Se a Seleção Brasileira, tinha um celeiro de craques, a nós faltava a vibração, a emoção e a seriedade, que sobrava no banco Português. Luís Felipe, tal qual os Revolucionários de 1974, não dispara balas ou derrama sangue, muito menos soberba e arrogância, que sobravam no ditador Salazar e no Técnico Carlos Alberto Parreira.

O time de Felipão é limitado, como o era os movimentos populares da Revolução dos Cravos, mas valente como os personagens que deram basta a um regime totalitário que durou 48 anos.

Estou a torcer para que os patrícios derrotem os Blues e sua Revolução da Bastilha superada e atrasada. Torço por Portugal, por Felipão e torço para que cantemos no final da disputa amanhã o inicio da música de Chico: “ Foi Bonita a festa Pá”.

Chico traduziu a Revolução Portuguesa com Tanto Mar. Felipão traduz amor ao Esporte com muita raça e emoção. Abaixo transcrevo as duas versões de Tanto Mar. A primeira foi censurada pela ditadura Brasileira é de 1975.
1975(primeira versão)*
Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, páNavegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
* Letra original,vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.
1978(segunda versão)
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, páNavegar, navegar
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim