quarta-feira, março 21, 2007

EU MINHA HISTÓRIA ELEITORAL-XXXI

Após minha saída da Assessoria Política do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campinas, passei alguns dias refletindo aquilo tudo. Neste meio tempo, surgiu uma proposta de trabalho. O Sindicato dos Sapateiros de São Paulo, um dos mais antigos do País, fez um convite para que prestasse assessoria em suas bases no Interior do Estado. Alias fiquei imensamente feliz com a proposta, pois sempre tive curiosidade em conhecer uma entidade, fundada pelos Anarco-Sindicalista, no inicio do século passado. Os Sapateiros da Capital, são responsáveis pela primeira greve de trabalhadores urbanos, por volta de 1910. Esta foi para a época, o que os Metalúrgicos foram no final dos anos 70. Considerado vanguarda e de ponta na economia, os Sapateiros, deixaram enormes contribuições para a Classe Trabalhadora.

Naquele ano de 1993, aconteceriam as eleições para a renovação da diretoria da entidade. Na categoria encontravam-se diversos grupos e tendências políticas, inclusive resquícios do velho PCB. Fui contratado exatamente para organizar a chapa do então Cut pela Base, segunda maior corrente, dentro da Central Única e que naquele período, concentrava a esquerda sindical. Na cidade de São Paulo, concentravam-se uns 10mil operários, majoritariamente formada por mulheres, em mais de 500 fábricas. A categoria era basicamente de empresas de fundo de quintal, com trabalho precarizado e mal remunerado. Os casos de assédio sexual e moral, eram comum á época, embora o movimento sindical, em seu conjunto, ainda engatinhava, na questão de Gênero. E mais as fabricas alem de pequenas, eram espalhadas por aquela imensa metrópole. No interior a situação era outra. Fabricas com contingente humano, acima de 1000 trabalhadores, o caso da Alpargatas em Mogi Mirim, a LE Cheval na pequena cidade de Piracaia, na região de Atibaia. Carteira assinada, salários acima da média do restante da categoria, maquinas automatizadas e os trabalhadores em sua maioria, tinham em média 25 anos. É claro que mesmo no interior as menores fabricas, a situação era semelhante a da Capital.

Pois bem, fomos para o desafio de assessorar uma diretoria de um setor da economia, totalmente diferente, do que já tinha militado e trabalhado. Minha saga de continuar viajando, ainda continuava, e iria por vários anos.

Emocionalmente e ideologicamente, estava muito ligado a Limeira. Primeiro porque minha relação com a Nadir estava cada vez mais forte. Segundo que minha referencia política continuava sendo os companheiros do então Fórum do Interior. Meus finais de semana, livres, eram divididos com minha companheira e com a militância no PT e nos movimentos populares. Vivia um momento de transição. As experiências na Construção Civil e agora com os Sapateiros, faziam com que refleti-se muito quanto aquele aprendizado.

De quebra, como já citei, tomei contato com militantes do Partidão e cheguei a conhecer um Sapateiro de mais de 80 anos que militou no primeiro Partido trotskista do Brasil, na década de 40. Alias uma das chapas correntes era partidária do velho chefe do exercito vermelho.

O processo eleitoral em si, apesar das disputas um pouco duras, foi tranqüilo e a chapa que apoiei, venceu com mais de 60% dos votos.
Paralelo a este processo, o Brasil vivia seu primeiro Plebiscito após o regime militar. Tratava-se da consulta popular, sobre o regime a ser adotado- República ou Monarquia- ou sistema- Presidencial ou Parlamentar-. A medida foi garantida na Constituição de 1988.

Mas esta conversa fica para o próximo Capitulo.