sexta-feira, dezembro 07, 2007

A HISTÓRIA DO VENDEDOR DE BOLINHOS OU A HISTÓRIA DO DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS


Paulo Sérgio é o segundo filho do Clã dos Lopes Gonçalves. Nasceu nos idos de 66 do século passado, com muito cabelo, bem próprio daqueles tempos de Hippies e Jovem Guarda. Foi recebido com muita alegria, pelos Pais, pelos Avós, até porque dois anos antes a família tinha perdido com seis meses de vida, o que seria o segundo filho.

Teve uma infância, jogando bola e cuidando de suas irmãs mais novas, característica que a mantêm até nos dias de hoje. Como futebol e religião era o forte naquela família, logo apaixonou-se pelo esporte e pelos mistérios de Cristo.

Muitas vezes ficava enfezado com uma brincadeira do irmão mais velho, que insistia em atazanar a vida, do pequeno grande homem. Mas extremamente carinhoso, sabia já desde menino, manifestar solidariedade e generosidade, com o Pai, a Mãe, os Irmãos e os amigos. Sempre foi considerado pelos familiares o mais inteligente do Clã, de uma memória a dar inveja a todos. Consegue lembrar, data, hora, local, da primeira vacina que tomou na vida. O Computador dos Lopes Gonçalves.

A família passava por inúmeras dificuldades econômicas, como a imensa maioria dos pobres deste País. A mãe Dona Maria Rita, eximia cozinheira, toma a decisão de confeccionar salgados para venda, com o intuito de aumentar o orçamento doméstico, afinal eram sete bocas para alimentar e só o salário do Patriarca, o Seu João tava difícil. Dona Rita dizia que era para pelo menos garantir a mistura das refeições.

E assim foi o pequeno negocio da família. No inicio alguns meninos foram contratados para vender na rua os bolinhos, pasteis de Dona Rita. E o pequeno Paulo Sergio, administrava junto com a mãe o resultado do trabalho. Porem um dia preocupado em ajudar a família, fez uma proposta para a mãe: “Vou para rua vender os bolinhos e tudo o que vender é da Senhora, não precisa me dar nada”. Dona Maria Rita tentou ponderar com o filho que isto não era certo, que ele era muito novo para trabalhar, e...., por aí foi. Determinado o novo bolinheiro sustentou sua intenção e por muito tempo foi o principal vendedor de salgados da Senhora Bondade.

Esta experiência marcou a vida, de Paulo Sergio, que conta em seus escritos, o quanto ela foi importante para sua personalidade, bem como o contato com o mundo dos adultos.

Mas o Bolinheiro, cresceu, foi ser metalúrgico e descobriu que podia contribuir muito com a humanidade. Desenvolveu sua vocação sacerdotal. Enfrentou a barra da solidão, da saudade, da família, dos amigos. A barra dos estudos e do aprendizado da fé. Descobriu nesta nova etapa, o Cristo vivo e presente na vida dos pobres e marginalizados.

Escolheu a formação como um dos caminhos, para que os pobres pudessem enfrentar as mazelas criadas por aqueles que veneram o Deus mercado, da cobiça e do egoísmo. A formação como fonte e instrumento para o despertar de uma fé, engajada na vida social, capaz de fazer transformações e construir uma sociedade diferente, sem fome, sem miséria.

Precisou rodar o mundo, conhecer novas experiências, tão importantes, como da época de vendedor de Bolinhos. Tudo isto só aumentou nele a certeza do que queria, não para si, mas para o ser humano.

Por onda passa, deixa a mensagem de sua opção pelos menos favorecidos. Nisto nunca abriu exceção, nunca fez concessão. Seu dom é o da palavra, do raciocínio o da esperança e do amor.

Pois bem. O Bolinheiro, hoje virou Doutor. Mas o titulo não lhe é importante. Importante é poder realizar, professar a fé no Jesus Cristo Libertador, não com o coração de um doutorando, mas sempre de um Bolinheiro.

EM TEMPO I: O Doutor Padre Paulo Sérgio Lopes Gonçalves, meu querido irmão, receberá na próxima quarta-feira, a medalha DOM HELDER CÂMARA, de Direitos Humanos. Homenagem dos Vereadores Limeirenses, a um defensor dos Direitos da Pessoa Humana. Quero com este texto, compartilhar com os amigos e companheiros de estrada, minha alegria, por ter um Irmão que por não se esquecer dos vendedores de Bolinhos, contribuir em muito para a construção de uma Sociedade Justa e Igualitária.

EM TEMPO II: A Cerimônia de entrega do Premio, será ás 19:30h nas dependências da Câmara Municipal em Limeira, no próximo dia 12 de Dezembro.