domingo, agosto 23, 2009

DUAS FACES DA MESMA HISTÓRIA

Dois esclarecimentos se fazem necessário, antes de desenvolver minha tese sobre o comportamento da mídia Limeirense, diante da ocupação do Prédio Abandonado do INSS e posteriormente de um terreno no JD. Olga Veroni, pelo Movimento de Trabalhadores Sem Casa de Limeira. O primeiro é de que sou totalmente favorável a liberdade de imprensa e defensor árduo do Jornalismo que preza em informar o que ocorre na sociedade. Defendo também que não há veiculo de comunicação imparcial nas opiniões, todos tem e devem ter posições ideológicas claras e manifesta-las em seus editoriais. No entanto a informação é que precisa ser isenta, ouvir todos os lados envolvidos e registrar o que realmente aconteceu. Segundo esclarecimento, não defendo, não tenho procuração para isto e muito menos quero fazer guerra de meios de comunicação, tal qual Record versus Globo. Mas como leitor e analista político de quase 30 anos e de relação com a imprensa local, transparente e sincera, tenho o direito e o dever de tecer comentários acerca da produção jornalística de minha cidade.

Feito os esclarecimentos, digo que li a cobertura dos dois Jornais do caso da ocupação do Prédio abandonado e sem utilização há anos do INSS. Confesso que até o dia de hoje(21 de Agosto), considerei as coberturas da imprensa escrita, boa, imparcial e até discreta. Talvez até porque a ocupação dividia manchetes, com a greve da Guarda Municipal, a redução do horário de atendimento na Prefeitura. Até hoje, pois ao ler as duas matérias sobre o assunto, pude concluir que as visões políticas ficaram evidentes nas coberturas. O assunto foi manchete do meio da capa na Gazeta de Limeira e segunda manchete de capa no Jornal de Limeira, que preferiu dar maior destaque ao caso do funcionário fantasma da Prefeitura Municipal, que não compareceu para depor em comissão da Câmara Municipal que investiga o caso. Aqui a primeira diferença: A manchete do Jornal de Limeira, “Sem Casa e Migrantes”, com a foto dos trabalhadores se deslocando do prédio do INSS, para o terreno no bairro. Já a Gazeta demonstra na Manchete seu interesse em destacar não a informação, mas sua posição política. A manchete altamente direcionada “Deixa prédio do Inss e assusta o Olga Veroni”, a foto não condiz com o desfecho do titulo, não se reconhece nenhum morador do bairro em estado de pânico, pavor e medo. È bom destacar que na versão online da Gazeta não encontrei nenhuma matéria sobre o caso do Fantasma. Parece que o tema de total relevância para a cidade, passa a ser secundário para a GL, como se as reivindicações por uma política Habitacional, ameaçassem mais a paz dos munícipes, do que escândalos da máquina pública. Aí a segunda diferença. Posso destacar ainda na capa, as fotos, onde o JL procura mostrar o drama das famílias sem um teto para morar, enquanto a GL, insiste em mostrar que o movimento saiu escoltado por oficiais de Justiça, situação que não ocorreu, já que os ocupantes deixaram o local uma hora e meia antes do cumprimento da liminar de desocupação do imóvel.

Dentro dos cadernos, as diferenças não param. O Jornal de Limeira, resume sua cobertura em informar o que ocorreu. Entrevista lideres do movimento, os oficiais de Justiça, donos do terreno no Jd. Olga Veroni e populares. A Gazeta, ouviu todos os envolvidos, mas centrou sua matéria, no suposto susto dos moradores do JD. Olga Veroni, no discurso falso de que o movimento quer moradia de graça, isto não existe, na coloração preconceituosa e bairrista de que as pessoas que ocuparam o prédio e depois o terreno, não são de Limeira. È claro que não é os Jornalistas que dizem isto, mas as declarações dos populares são dadas como destaque. Alem disto, o terror prossegue insinuando que o Movimento pretende “invadir” outras áreas ou mesmo o prédio do INSS. Ninguém do Movimento afirma isto com todas as letras. A conclusão foi do Jornal.

Penso que não se pode confundir posição política, com preconceito e desinformação. Os veículos de comunicação, não podem substituir o direito que a população tem de ser informada, com discursos panfletários e ideológicos. Se pretende ser um organismo plural na informação, não pode carregar seus textos de opiniões seja do Jornalista, seja do dono do Jornal, para isto tem os espaços editoriais. Se não aquele papo de que é imparcial vai para o ralo, não faz sentido. Podemos questionar o método do Movimento, quanto a buscar seus objetivos, é perfeitamente legitimo. Mas não dá para virar militante desta ou daquela causa política na cidade, não usando espaços para informação.

Espero que o fim da Lei de Imprensa, da obrigatoriedade do diploma, e outros temas, possam colaborar para que os meios de comunicação, venham a entender o real significado da democracia. Todos tem liberdade de expressão, mas o respeito a ética e a pluralidade de concepções precisam ser destacadas.

segunda-feira, agosto 03, 2009

XXXI Congresso da UNE de 1971 e Honestino Guimarães


John Kennedy Ferreira*

"Nunca, porem, tomamos a decisão de cerrar as portas da entidade ou renunciar aos mandatos. Estou convencido de que essa atitude de resistência, sem capitulação e sem derrota definitiva, facilitou a reorganização da entidade máxima dos estudantes brasileiros alguns anos depois, sem uma lacuna abissal que liquidasse a tradição e a memória coletivas". Mesmo depois do seu desmantelamento, nos muros das universidades mutiladas, ainda podia se ler: "A UNE SOMOS NÓS!".
Ronald Rocha
Diretor da UNE - gestão 1971-73

A bastante conhecida a história do XXX Congresso realizado em Ibiúna (1969) que resultou na prisão de quase todos os seus membros inclusive de alguns importantes personagens atuais como Zè Dirceu, Vladimir Palmeira, José Genuíno, Jean Marc Von der Weid e Franklin Martins.

Sabe-se que com a edição do AI 5, a UNE e seus dirigentes entraram na clandestinidade, Jean Marc von der Weid, então presidente eleito da entidade ligado a Ação Popular Marxista Leninista -APML - foi preso no fim de 1969 e Honestino Guimarães - por pertencer a esta mesma corrente - assumiu a presidência interina da entidade.

Em setembro de 1971, em plena ditadura Médici quando a perseguição aos opositores e suas entidades se intensificou, na clandestinidade foi realizado na baixada fluminense o XXXI Congresso da UNE, Honestino Guimarães foi reconduzido a presidência. A eleição se deu com presença de 200 delegados eleitos em encontros regionais precedida de assembléias nas faculdades convocadas por C.a.s, D.a.s, conselhos de turma A atuação da UNE estava bastante restrita pela perseguição da ditadura e a maioria de seus membros agiam clandestinamente, mas mesmo assim realizaram atividades apoiando lutas especificas nas faculdades, organizando o show da velha guarda da Portela, eventos relativos aos 50 anos da semana de Arte Moderna. E também propagandeando a luta democrática por direitos humanos contra a prisão, tortura e mortes nos porões da ditadura como o assassinato de Alexandre Vanucchi Leme,

Em outubro de 1973, Honestino Guimarães e Umberto Câmara Neto foram presos �. Em 12 de Março de 1996, após muitas ações judiciais e gestões polí­ticas foi entregue a famí­lia de Honestino o seu atestado de óbito onde mencionava sua morte. As causas não são citadas e até hoje são desconhecidas. Como ele foi preso pela Marinha, seu irmão Norton Guimarães, cogitou que seu corpo fora perfurado na barriga (para não boiar) e jogado ao mar, como era prática do Centro de Informação da Marinha, o temí­vel CENIMAR. Em recente pronunciamento na câmara de deputados, Manuela D’ávila (PcdoB-RS) expôs que há depoimentos (citando o livro Sem Vestígios� de Tais Moraes ) dizendo que este teria sido morto em 1974 meses após o seu desaparecimento e seu corpo teria sido enterrado as margens do Rio Araguaia, ao lado de Guerrilheiros do Araguaia.

O estranho que este governo que tem um presidente da república ex-preso polí­tico, que tem uma importante Ministra que igualmente foi presa e torturada pela ditadura, outro ministro preso no congresso de Ibiúna e mais um, ex presidente da UNE não tenha solicitado até o presente momento uma investigação sobre o paradeiro dos restos mortais deste brasileiro.

Neste ultimo julho, no congresso da UNE um passo importante foi dado no sentido de resgatar um dos momentos mais dramáticos e heróicos da entidade e de seu presidente assassinado pela ditadura. Foi apresentada pelo estudante Glauco Araújo (coordenador do DCE da UFRS, membro da corrente Libre ), moção de resgate do XXXI Congresso realizado em 1971. A moção foi aprovada por aclamação. Glauco se apoiou em depoimento de Ronald Rocha, ex-diretor da gestão de 1971-73 e no importante levantamento feito pelo historiador Augusto Buonicore. Tão importante quanto o gesto de Glauco Araújo e dos aplausos no Congresso da UNE ao resgate e a justiça que se faz da história de Honestino Guimarães, da UNE e dos que lutaram contra a ditadura e pela democracia brasileira e ali tombaram.

O congresso de reconstrução da UNE feito em 1979 recebeu a numeração de XXXI e não XXXII, pois este encontro não reconheceu o congresso de 1971.

Se for levada em conta esta importante página perdida da história da UNE, o atual Congresso seria LII e não LI. Em 2011 completarão 40 anos desse momento histórico, talvez a melhor homenagem que a atual geração possa prestar a Honestino Guimarães , Umberto Câmara , Helenira Resende, Antonio Ribas, Gildo Macedo Lacerda (e outros tantos) seja o reconhecimento (numérico) de que seus esforços, suas vidas não foram esquecidas e que a luta por justiça social continua viva!

*John Kennedy Ferreira
Mestre em Ciência Polí­tica PUC-SP
Professor da PMSP

Extraído: http://www.vermelho.org.br/

sexta-feira, julho 31, 2009

O ENSAIO DO DESVIO DE FOCO


O mês de Julho, o noticiário Nacional, não foi a crise econômica mundial, nem tão pouco o golpe de estado em Honduras, ou a crise do Senado Brasileiro. O campeão das manchetes, reportagens, artigos, foi a Gripe A ou Gripe Suína, para nós pobres mortais, longe das definições cientificas. Alem das informações a cada minuto, de que pessoas eram suspeitas (na grande maioria dos casos), quando ocorria um obtido, era como se estivéssemos em plena epidemia da febre amarela ou da lepra. Gerou-se (e ainda continua), um terror, um pânico, que esta fazendo a industria farmacêutica, a adquirir lucros bem maiores, que nos anos anteriores neste período, em que a gripe comum, requer medicamentos e cuidados. Só para se ter uma idéia, disto, muitas pessoas, andam nas ruas de mascaras, e estão se banhando com Álcool Gel, que diga-se de passagem esta esgotado nas farmácias e super mercados. Agora são as repartições públicas, que adiam a volta as aulas, cancelam espetáculos culturais. Daqui a pouco vão propor toque de recolher, e o isolamento dos suspeitos da infecção, tal qual na obra de Saramago Ensaio da Cegueira.

Vejo exagero e exploração econômica e política, desta epidemia, a qual não nego ser grave. Como é grave a gripe comum, que mata na mesma proporção, coisa do tipo 0.34%, dos contaminados, dados estes do Ministério da Saúde. Enquanto isto, epidemias as quais tínhamos como erradicadas ou controladas no País, continuam com índices alarmantes, como a Tuberculose e a Dengue. Vejo que recursos financeiros estão sendo remetidos, para o combate da Gripe A, que como já disse precisa de cuidados especiais, mas não pode prejudicar o atendimento da Saúde como um todo ou paralizar atividades importantes como a Educação e a Cultura.

Enquanto se faz tempestades e trovoadas, com a nova gripe na mídia e nas ruas, um fato do qual considerado ser gravíssimo para nossa sociedade passou desapercebido, com repercussões apenas no meio de lideranças de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Me refiro aos resultados de uma pesquisa feita pela Secretária Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, que projeta um risco de mortes, por homicídio á adolescentes e jovens, na faixa etária de 12 a 18 anos, em 20% desta população, até 2012. Foram 267 municípios pesquisados pelo IHA- Índice de Homicídios na Adolescência- cuja população é acima de 100mil habitantes. Um trabalho sério e confiável, que teve a parceria de instituições entre elas UNICEF. O motivo geral é a violência que cerca nossas cidades, e que tem a juventude como seu principal alvo. Um dado que me espantou é que o garoto ou garota, que se envolve em um universo de marginalidade aos 12 anos, dificilmente chegará a completar 19.

O crime organizado e sua total impunidade é sem dúvida, um dos principais motivos, das mortes precoces. Mas a ausência de políticas públicas, como Educação de qualidade, processos de ressocialização de infratores de forma humana, geração de emprego e renda, constituem outro fator determinante. Enquanto isto políticos e parte do Judiciário tratam a questão propondo Toque de Recolher, diminuição da maioridade penal, medidas como internação nas Febens da vida e por aí afora. Recentemente um debate se instalou em Limeira, que foi o da falta de entretenimento e lazer no município. Boa parte das queixas, são pelo fato do Judiciário estabelecer a lei do silêncio, a clubes e boates, que se localizam em áreas residenciais, hospitalares e outras. E aí a Câmara Municipal, que não deixa de cumprir o seu papel, criou uma comissão para discussão da ausência de espaços de convivência a nossa Juventude. Qual é meu temor, que a conclusão seja combater as decisões judiciais e não discutir políticas públicas de inclusão de nossas crianças, adolescentes e Jovens com cultura, lazer e esportes, sem precisar pagar fortunas, para se divertir. Se isto não bastasse, há duas semanas aconteceu a Conferencia Municipal da Criança e do Adolescente. O Prefeito Silvio Félix, trocou o evento pela inauguração do Museu da Jóia, que longe de mim dizer que não é importante, mas tecer e elaborar políticas de proteção e garantias de direitos a nossas crianças e jovens, é sem dúvida prioridade.

Bom mas, parece que fazer celeuma e terrorismo com a Gripe Suína, é um prato cheio para esconder debaixo do tapete, realidades que ao contrario do vírus A, não são passageiros, são estruturais e se combatem com vontade política. O contrario disto é voltar aos tempos de Ditadura, onde o ufanismo era a bola da vez, ou perseguir os tempos de George W Busch, e fazer terrorismo onde não há necessidade, com intenções claras de um predador do período da Globalização.

PS: Para ler a pesquisa completa da Secretaria Nacional de DH, clique aqui: http://www.mj.gov.br/sedh/documentos/idha.html .

quinta-feira, julho 30, 2009

CONVOCAÇÃO DO GRITO DOS EXCLUÍDOS/2009

A crise mundial é uma realidade dura para a classe trabalhadora. Esta crise econômica, ecológica, política, social e humana implica emdesemprego, achatamento dos salários, redução de direitos trabalhistase degradação do meio ambiente. Longe de ser apenas mais uma crisepassageira, esta revela o esgotamento do modelo capitalista queprivilegia a busca desenfreada do lu cro à custa da miséria da maioriada população. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1bilhão de pessoas passam fome no mundo.
Não dá mais para reduzir as pessoas, de sujeitos de sua própriahistória, a meras marionetes conduzidas pelos interesses do Capital.Não dá mais para transformar direito social em mercadoria,privatizando a saúde, a educação, a habitação e o transporte. Nãopodemos aceitar que somente aqueles que têm dinheiro possam vergarantidas as mínimas condições para se viver com dignidade. A vida do ser humano e do planeta é colocada em último lugar, comorevelam as graves conseqüências ambientais, como a devastação, oaquecimento global e as catástrofes ambientais, que colocam em risco acontinuidade da vida no planeta.
Quais seriam, então, as possíveis soluções para a crise mundial?
Os Estados, comprometidos com os interesses dos ricos, preocupam-seapenas em socorrer as grandes empresas e os banqueiros das falências.O Governo Federal chega até a emprestar ao FMI verbas que deveriam ser aplicadas nas políticas públicas. Ao invés de garantir os direitossociais ao trabalho, moradia, saúde, educação e transporte, o GovernoFederal repassa apenas algumas migalhas para o povo, a partir deprogramas sociais populistas de transferência de renda. Além disso,entrega de bandeja a Amazônia, legitimando a grilagem ilegal, e colocao Exército para garantir as obras de transposição do Rio São Francisco, que prejudicará o meio ambiente e as comunidades ribeirinhas,quilombolas e indígenas.
Com sua política pública a golpe de cassetetes, o Governo Estadual agede maneira violenta contra os movimentos grevistas, tal como no INSS,à exemplo da violência da PM na ocupação da USP de junho deste ano. Damesma forma, a Prefeitura Municipal expulsa pessoas em situação de ruado centro da cidade e agride trabalhadores ambulantes e catadores demateriais recicláveis. Não aceitamos tratar como criminosos aqueles que lu tam a favor dosinteresses da classe trabalhadora!
Qual a situação dos instrumentos de luta da classe trabalhadora?
Enquanto alguns movimentos sociais seguem combativos, fiéis a seupapel histórico na construção de uma nova sociedade, vários outrosforam cooptados para atender aos interesses dos governos eempresários. Ao lado do movimento sindical comprometido com a classe trabalhadora,diversas outras Centrais Sindicais negociam direitos historicamenteconquistados, engrossando o coro de ajuda aos empresários e pendurandona conta dos trabalhadores os efeitos da crise econômica.
Poucos partidos políticos continuam aliados à classe trabalhadora, aopasso que muitos outros que se diziam a favor dos trabalhadores estãovendidos a um sistema político corrupto, além de serem financiadospelo Grande Capital para defender seus interesses.
Qual seria, portanto, a alternativa popular à crise mundial?
A força da transformação está na organização popular! Está na ordem do dia a reorganização das forças de esquerda para ofortalecimento de um projeto popular brasileiro. Neste processo histórico de reorganização é fundamental a participação de movimentossociais ,estudantis, sindicatos, pastorais sociais e partidospolíticos rumo à transformação das estruturas políticas, econômicas esociais.
A transformação está na força de organização da classe trabalhadora emtorno de um sindicalismo independente, combativo e classista; na lutapela estabilidade no emprego e pela redução da jornada de trabalho semredução de salário, na luta pela reestatização da Vale e da Embraer.Homens e mulheres organizados em movimentos sociais que lutem pelaReforma Urbana e Agrária.
Em suma, protagonismo popular na construção de um novo modelo,ecossustentável, com respeito à diversidade cultural, étnica e degênero.. Uma sociedade solidária, democrática e plu ral. Enfim, aúnica forma de organização social justa e igualitária: a sociedadesocial ista.
Vamos todas e todos dar um grande grito contra a exclusão social!
Grito dos Excluídos, participe!!!
7 de Setembro de 2009
8h Missa na Catedral da Sé
9h Concentração na Praça da Sé
10h Saída da Caminhada até o Ipiranga
12h Ato público no Monumento da Independência no Ipiranga
Vida em primeiro lugar, A força da transformação está na organização popular !
José Lucas dos Santos – Secretario. Pastoral Operária Metropolitana de SãoPaulo
Telefone da Sede: 11 3106 5531 11 3106 5531 Telefones: 8790 6149 ou 7392 8164 E-mail: jlucasjr59@yahoo.com.br
COORDENAÇÃO DO GRITO DOS EXCLUÌDOS

sexta-feira, junho 19, 2009

TOQUE DE RECOLHER: REPRESSÃO E RETROCESSO


Construí conceitos, princípios e concepções ao longo de quase meio século de vida, de que violência e repressão, não educa ninguém, pelo contrario, gera mais violência e estimula mais repressão. A medida tomada por alguns municípios do Estado de São Paulo em adotar o sistema do Toque de Recolher para crianças e adolescentes, após uma determinada hora da noite, beira a uma intolerância e irresponsabilidade total dos poderes públicos, com os problemas da população.

Que nossas crianças e jovens estão expostos ao crime organizado, isto é uma realidade. Que a cada dia casos envolvendo esta população em crimes aumenta, também é uma realidade. Mas é real, também, que não há políticas públicas eficazes de proteção, o ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente-, não é praticado em muitos municípios, que se contentam a encaminhar seus pequeninos a Fundação Casa, ou abandona-los a sorte do Trafico de Drogas e a marginalidade em geral.

Em um País onde a desigualdade não é só social, ela também é racial, de gênero e de sexo, sem falar da religiosa, uma medida típica de regimes totalitários, pode fortalecer atitudes conservadoras, retrogradas e porque não fascistas. Na ditadura, o esquadrão da morte, milícia clandestina paramilitar, matava o que se julgava bandidos.


Na verdade se provou que o que se caçava, eram o estereotipo de criminoso, na cabeça de nossas elites, pessoa pobre e em sua maioria negra. A famosa Rota 66, cumpriu institucionalmente este papel que o EM fazia. Até hoje, nossa policias, atacam apenas no varejo, prendendo meninos da periferia. Quando jovem a policia da Ditadura, abordava de forma truculenta e completamente fora da ordem, qualquer grupo ou pessoas que na cabeça deles estaria cometendo delitos. Eu mesmo sofri vários constrangimentos.


O Toque de Recolher, pode intensificar esta pratica, que foi ao longo dos anos amenizada, por conta de legislação de defesa e garantias dos direitos humanos.

Não há garantias de que uma ação destas diminua o crime ou afaste crianças dele. Eu aposto que tal medida é inútil e perniciosa a população. O ECA já garante especificamente, nos artigos, 98,99,100,101,102,106 e 149, proteção que estimule garantia de direitos e não repressão, punição aos Pais que são vitimas de um sistema desigual e desumano. Alem disto a Constituição Federal em seu artigo 5º protege o direito das pessoas de ir e vir.

Penso que ao invés de se defender ações como esta do Toque de Recolher, que mais espalham terror, do que combatem o crime, é preciso formular e por em pratica medidas de inclusão social, que restabeleçam a dignidade das pessoas.

QUEM TEM MEDO DA REFORMA ÀGRARIA?


O artigo da Jornalista Andréa Crott da Gazeta de Limeira, do dia 30 de Maio, com o titulo “Vala Comum”, reproduz entrevista com um suposto dissidente do MST em nossa cidade. Segundo a matéria contida na coluna Bastidores, tudo o que parte da Mídia, dos Latifundiários, políticos de direita e simpatizantes dizem é verdade. O Movimento dos Sem Terra, fundado em 1986, é resumindo as acusações um Movimento do Crime Organizado.

Interessante esta ladainha, orquestrada e decorada por aqueles que não querem nem Reforma Agrária e muito menos um Desenvolvimento no País com Justiça Social. A questão Agrária e fundiária, remonta suas origens as famosas Capitanias Hereditárias, que foi o jeito institucional, que a Coroa Portuguesa encontrou para legitimar, a primeira grilagem de Terras por aqui, contemplando aliados do El Rei, entre eles, assassinos, ladrões, políticos corruptos que aqui vinham “cumprir”, suas penas criminais.

A desigualdade no campo, envergonha qualquer Cristão, Mulçumano, Judeu e outras Fé. Menos de 10% dos Fazendeiros, detem quase 50% das terras neste País. Os centenas de assassinatos, de pequenos agricultores, posseiros, lideranças sindicais e populares, é um outro sintoma grave e preocupante do conflito agrário. O desemprego, a fome e a miséria nos centros urbanos, aumentam este cenário de preocupações com a ausência de Reforma Agrária.

O MST, é a segunda experiência concreta de movimento de luta e organização pela terra. A primeira foram as ligas camponesas dos anos 50 e 60. Porem é o Movimento Sem Terra, o único a mobilizar a sociedade Brasileira para a necessidade de se fazer Reforma Agrária. O Brasil é o único na América do Sul, que ainda não fez a sua. Só para ficar no exemplo de nosso Continente. A Agricultura familiar e de subsistência já provou ser o caminho para a geração de emprego e renda, alternativa ao latifúndio, a monocultura e o agro negócio.

Criminalizar movimentos de massa, não é novidade neste País. Isto ocorreu nas duas ditaduras, e em momentos de crises institucionais. È o caminho mais fácil para tentar combater ideologicamente, um movimento que Revoluciona com seus atos a democracia Brasileira. O MST não vai fazer o Socialismo, apenas quer uma medida perfeitamente aplicada no Capitalismo, aja vista Paises do G8, que a séculos fizeram sua Reforma Agrária.

Por isto, pergunto Quem Tem Medo da Reforma Agrária?

UM POEMA SOBRE (DES)EMPREGO


LEGIÃO

Um oco no coco, lhe deixa borococho
Uma carteira, sem eira nem beira
A idade, não atesta competitividade
Um ato continuo quase sem tato
No banco da praça manco
Não tem ira, ao ver a despensa vazia
O choro do menino, e o seu se esvaindo

Entrava na legião dos SEM
Casa, emprego e dos com
Fome, dividas, miséria.

Até o lock seu cão deu pinote
Não sobrou nem pó de café no pote
A mulher não agüentou a puxada
Fez as malas e levou a filharada
A casa tinha que deixar
Pois não conseguia mais pagar
Os amigos não contava
Sumiram como a poeira da estrada

Entrava na Legião dos
Desiludidos, fudidos,
Humilhados e arrasado

Um vazio
Batia no
estomago
não era
só fome
era dor
uma coisa
o dominava
era escravo
da impotência
nada o
consolava

Entrava na Legião
Dos perdidos, dos
Solitários e mal amados

O que fazer? Como se mover? Porque esta vergonha? Culpa? De que? És velho? Só tem 40? E já não serve? E antes? Ninguém reconhece? Deixou sangue e suor? Também um pedaço do Corpo? Lazer? Não sabe o que é isto? Não tinha tempo pra Sexo? A maquina era sua parceira? E o produto seu orgasmo? Mas valeu a pena? Não pode nem entrar lá para matar saudades? Ganhava pouco? Nunca quis lutar para melhorar de Vida? Estudar? Não pode?.










UM POEMA DE AMOR E SEXO


INICIO, MEIO E FIM


Algo direciona os olhares
Eles são especificamente
De malicia, muita por sinal
Pernas bambeiam, parecem
Dores, mas na verdade,
È um calor, que toma, agora
Os dois corpos, que denunciam
O desejo de se tocarem.

Um frenesi, um bacanal a dois
Mil atos desavergonhados e libertos
Suores e gemidos, espalham
Tesão por todos os cantos dos
Locais do coito e o gozo
É a celebração de um festival
De entrelaçados que buscam
Ser um só até o The End


sexta-feira, maio 29, 2009

COTAS: JUSTIÇA SOCIAL E HISTÓRICA


Vem gerando polêmica em alguns setores da sociedade, da direita, passando ao centro, indo á esquerda, o Projeto de Lei que se encontra no Congresso Nacional que define um sistema de cotas para afro descendentes.

Á defesas contrarias apaixonadas, ríspidas e beirando ao preconceito, de raça e social. Bem como a algumas ponderações, até que sérias, que afirmam ser as cotas um instrumento que deveria contemplar os excluídos de cidadania ou seja os pobres em geral.

A primeira não vou nem discutir, porque esta motivada, por um sentimento segregacionista e de profunda violência a negros e pobres. A segunda, pode ter sua lógica e até um certo que de razão.


No entanto em um País onde os Afro Descendentes, de acordo com dados do IBGE, representam metade da população, e o mesmo Instituto afirma que 70% dos que estão abaixo da linha da pobreza, são da raça negra, é preciso considerar as cotas.


Alem disto, 300 anos de escravidão e de uma liberdade sem justiça social, precisa ser paga, não pelos pobres de outras raças ou cores, mas pelas elites, que no passado foram escravagistas e hoje buscam concentrar renda explorando os pobres e excluídos desta terra.

Interessante que, todas as vezes que se fala em políticas públicas, para pobres e setores marginalizados, a uma grita de um setor, que sempre foi privilegiado pelo Estado e dele se beneficia, até se regalar. Se as cotas podem não ser uma solução definitiva de inclusão e de combate ao racismo, mas busca fazer justiça social e Histórica.

quinta-feira, abril 16, 2009

ASSÉDIO MORAL


O Ex Prefeito da cidade de Iracemapolis, o Professor João Renato, em conversas com este articulista e o então Vereador José Carlos Pinto de Oliveira, nos confessava, que um de seus maiores orgulhos, foi o de ver aprovada, pela Câmara Municipal, um Projeto de sua autoria, quando Vereador, que proibia o Assédio Moral no âmbito da Administração Pública. A Lei na época sancionada pelo Prefeito Cláudio Cosenza, é considerada, pioneira, pois foi a primeira a tratar deste assunto no Brasil. Vitima desta pratica tão recorrente há décadas nos locais de trabalho, João Renato, debruçou-se a estudar formas de combater o assédio, situação que pode levar uma pessoa, de um simples estresse ao suicídio.

No Brasil não há uma Lei Federal que regulamente princípios e preceitos constantes na Constituição Federal, que considera crime, toda forma de constrangimento, humilhação, perseguições, realizadas a partir do uso de cargos hierárquicos, autoridade ou status quo. Embora isto esteja consagrado na CF, não há nada que regulamente, a condição criminal e sua proibição. Durante muito tempo e ainda hoje, boa parte dos trabalhadores, desconhecem o que venha a ser o Assédio Moral e como combate-lo. Assim ficam calados, diante os desmandos, de chefes, gerentes, supervisores, patrões e outros que utilizam de violência verbal, psicológica e as vezes físicas, com o intuito ou de promover abuso de poder ou para conseguir vantagens para ele ou para a empresa ou instituição pública.

Veja o que o define o respeitável site sobre o assunto http://www.assediomoral.org/: “Assédio moral no trabalho não é um fenômeno novo. Poderia se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho. A novidade reside na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno e na abordagem que tenta estabelecer o nexo-casual com o trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho”.

Durante todo o seu mandato, o Vereador José Carlos Pinto, teve como prioridade, a luta pela implantação de uma legislação que coibisse esta pratica, bem como reeduca-se trabalhadores nas relações de trabalho, que as mesmas viessem a ser mais humanas e solidárias. Projetos de Leis foram apresentados ao Legislativo, porem considerados inconstitucional, pelo fato do assunto ser de competência do Executivo. Ocorre que por varias vezes, se apelou para que a Prefeitura Municipal, assumisse para si a tarefa de enviar propositura para a casa de leis. Nunca tivemos resposta, seja positiva ou negativa. Alem disto, os debates, dos quais participaram especialistas, como o Professor João Renato, a Drª. Solange Dantas, Sindicatos de Trabalhadores, em nenhum deles a administração municipal compareceu.

Mas como neste País, os pobres e trabalhadores para terem conquistas precisam lutar e muito, a luta prossegue e novos atores, como o Sindicato do Funcionalismo Público e outros tem encampado esta missão. Recentemente, uma vitória sobre isto foi conquistada. A UNIMED, que foi investigada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, teve que assinar um TAC com o ministério público, se comprometendo a evitar a pratica de Assédio. Embora a empresa não admitiu a recorrência de assédio em seu local de trabalho, a ela caberá zelar que nenhum trabalhador ou trabalhadora, venha ser tratado, como uma coisa ou um escravo.

A de se ressaltar que vários municípios do Estado e do País, bem como os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, já tem legislação especifica e regulamentada pondo fim ao Assédio. Em nossa região podemos citar, as cidades de Campinas e Americana. No entanto dezenas de Projetos de Lei estão sendo discutidos em vários municípios e Estados da Federação. È bom lembrar que a maioria das Leis, são no âmbito da administração pública, que já consiste em um grande avanço. Outro aspecto a salientar é que a própria Justiça do Trabalho, com base na Constituição Federal, tem reconhecido o Assédio Moral como um crime e imposto indenizações, as quais consideramos importante, mas não soluciona a questão, é preciso prevenir esta pratica no chão de fábrica, e é aí que leis especificas são deveras necessárias.

Em um determinado momento de minha atuação como Assessor Parlamentar, me deparei com a seguinte História, a qual nomes e lugares são fictícios, para preservar a família da vitima: “ Minha filha era uma moça alegre, disposta, trabalhadora. Vivia para família e para os estudos, não tinha tempo e nem se interessava por namoros. Mas um dia começamos a perceber que ela vivia muito triste, já não ia mais a escola, não saia mais nem para ir ao culto, só para o serviço. Perguntava-mos o que se passava, ela desconversava, inventava qualquer desculpas, até que com o tempo sequer proferia qualquer som de sua boca. Emagreceu rapidamente, e febres constantes a perturbavam. Foi no dia do Senhor que notamos que do quarto de nossa menina, veio um barulho, como se algo pesado tivesse caído ao Chão. Fomos ver: Minha filha tinha suicidado, tomou comprimidos e outras porcarias tóxicas”.

Este relato ao qual adaptei, é verdadeiro, foi fruto do ataque de um agressor perverso que utilizou-se do cargo que tinha para assedia-la sexualmente e nao conseguindo partiu para a pratica do Assédio Moral. Colocando-a para fazer serviços pesados e humilhantes, gritando e ofendendo-a, fazendo abordagens na rua, com ameaças de demissão e outras violências. Felizmente o agressor e a empresa foram punidos por isto, mas infelizmente uma vida foi ceifada pela ignorância e crueldade de verdadeiros criminosos, que se apoderam de um Status para escravizar e perseguir trabalhadores.

Este caso e inúmeros outros me fez entender a importância da luta contra praticas como estas.

EM TEMPO I: O Sindicato do Funcionalismo Público tem como uma de suas principais reivindicações na Campanha Salarial em curso a Lei do Assédio Moral. Esperamos que a Categoria obtenha sucesso.

EM TEMPO II: Alem do site especializado no assunto descrito no texto, recomendo pagina do Professor João Renato sobre o assunto, bem como informações sobre o seu livro: http://www.leiassediomoral.com.br/index.htm .