ACABOU O REFERENDO. E...O NÃO VENCEU. PORQUE?
Tive problemas técnicos ontem e assim não pude postar nada no fim de semana. Compenso hoje com vários textos.
A vitória prevista da Frente do Não no referendo do Desarmamento, no dia de ontem, suscita e pede uma reflexão sobre os motivos da derrota do SIM. Comparo a vitória do Não, a uma partida de futebol, onde o time que jogou melhor perdeu porque não soube finalizar, ou desenvolveu uma tática errada e equivocada.
O referendo do Desarmamento, (e aí tenho que concordar com os armamentistas), não teve um papel de debater as raízes da violência e as soluções para acabar com ela. As duas frentes centralizaram suas argumentações, na eficácia ou não das armas no combate ao crime e na proteção á população.
Foi durante 3meses uma batalha de números, nem sempre confiáveis e verídicos. Criticou-se o Estado por sua incompetência (muito mais a frente do Não), mas não se interpelou este mesmo Estado de estar durante séculos aplicando ou deixando de aplicar políticas que só beneficiam o crime.
Ouvimos muito pouco sobre a função do crime organizado na disseminação da violência e sua relação com políticos, empresários, artistas e etc. As raízes não foram aprofundadas, facilitando muito a desinformação e a assimilação de uma enxurrada de discursos apologéticos e segregacionistas (Frente do Não), alem de vender a ilusão de que ter arma é um direito e não se deve tirar. Ora desde quando um instrumento que leva a morte pode ser considerado um direito?. Os armamentistas acertaram em trabalhar esta idéia, bem como a de que querem desarmar o homem de bem e não o bandido. Do ponto de vista tático, acertou-se no discurso, embora falso e covarde.
Agora a Frente do SIM, perdeu porque não soube fazer campanha, achou que o positivismo por si só levaria a vitória. Alem de não aprofundar a questão, acreditou que artistas e um programa alegrinho, poderiam dar resultado.
Segundo, as principais lideranças políticas e sociais, não se engajaram na campanha como deveriam. A igreja Católica, ainda tentou, mas era tarde. Sindicalistas, entidades de defesa dos direitos humanos, partidos de esquerda, tiveram performances tímidas e insignificantes. Parte da grande mídia foi muito mais incisiva do que lideranças políticas.
Terceiro fator, a crise do Governo Lula ocupou a maioria dos defensores do SIM, diminuindo a importância do referendo, que alias, só foi ter peso nos últimos dias.
A frente do SIM, cometeu outros erros, como o de permitir que aliados do Não tentassem descaracterizar o referendo, como inútil e caro, sem ao menos responder estas acusações, que tiveram como objetivo, desprestigiar a participação popular.
Por último a legislação embora não fosse determinante, freou um pouco o debate. O fato de permitir que as campanhas fossem feitas institucionalmente apenas por frente parlamentares, inibiu a sociedade civil de engajar-se.
Bem o País perdeu a oportunidade de iniciar com a proibição do comércio de armas, o debate sobre a criminalidade e os direitos humanos, o Estado e sua responsabilidade na proteção e defesa dos DHs e sociais.
Perdeu-se a oportunidade de realizar um balanço dos 505 anos em que as armas serviram governos e grupos na repressão às lutas populares, na perseguição a negros, homossexuais, mulheres, velhos e crianças pobres.
Perdeu-se a oportunidade de esclarecer ao povo a quem interesse o comércio de armas legais ou não, a quem interessa a concepção que dissemina medo, terror e individualismo, a Lei da Barbárie.
Mas como bom militante da PAZ, continuemos na luta.
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