terça-feira, outubro 25, 2005

HERZOG VIVE. VIVA HERZOG

Em 1975 esta terminando a 6ª série do antigo ginasial, hoje sexto ano do ensino fundamental. Estava com 13 anos, não tinha ainda a noção do que acontecia no País.

Meu universo, era a da escola, do futebol e da música (despertava para a MPB neste período). Embora gosta-se de ler, as leituras resumiam-se a gibis e livros didáticos, nada de jornal ainda.

Meus irmãos mais novos, também não tinham a mínima idéia de que um jornalista tinha sido assassinado e que este fato foi o responsável pelo inicio do fim do regime militar. Meus pais, talvez soubessem o que ocorria naquele momento, mas estava preocupados com nossa sobrevivência, embora a consciência social de minha mãe já estava aguçada a um bom tempo.

Em síntese, nós crianças vivíamos em nossas fantasias típicas da inocência infanto juvenil e meus pais na luta para alimentar suas crias.

Não sabíamos que o Jornalista da TV Cultura de São Paulo, na época mais conhecido como canal 2, tinha sido preso pelo Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), no bairro Paraíso, 1030, acusado de membro do Partidão, o Partido Comunista Brasileiro.

Não tínhamos a mínima idéia que morria em 25 de outubro e que a primeira versão era de suicídio. Idéia nenhuma não tínhamos de que tempos depois Audalio Dantas então presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, procuraria o arcebispo da capital Dom Paulo Evaristo Arns para dizer: Vladimir Herzog não cometeu suicídio, ele foi assassinado.

Deste encontro nascia uma das maiores manifestações contrárias a ditadura militar, que reuniu em um ato ecumênico 8mil pessoas na catedral da Sé, totalmente cercada pelo exercito.

Herzog judeu e militante da liberdade, um símbolo da retomada das lutas pela democracia e pelo fim do autoritarismo e a repressão. O Brasil até então vivia em uma completa sombra, onde a maioria da população, nada sabia do que ocorria nos porões da ditadura. Nesta maioria incluo minha família.

A partir deste momento as mobilizações pela democracia não cessaram mais: luta pelo alto custo de vida, retomada das greves operárias e estudantis; movimento pela anistia aos presos e exilados políticos.

O restante da História a gente conta outra hora. Para saber mais sobre o assunto: www.noblat.com.br; www.museudapessoa.com.br; www.fundacaoperseuabramo.com.br .