sexta-feira, março 17, 2006

SAUDADES DA PONTE DO SUSPIRO

A famosa ponte com armação de ferro e aço, com assoalhos de madeira, fez parte de minha infância e adolescência. Meu avo paterno Waldomiro Gonçalves viveu vários anos na Rua: Boa Vista, no bairro homônimo. O último governo Jurandir Paixão (1992), destruiu um dos patrimônio histórico de nossa cidade. Posto abaixo texto de meu amigo Paulo Corrêa, que fez pesquisa sobre o assunto. A matéria foi postada em seu blog http://www.pautalivri.blogger.com.br/.

UM ARCO ENFERRUJADO CERCADO PELO ESQUECIMENTO E PELO MATAGAL


Ali no fim da rua Senador Vergueiro, onde a tristeza é cinza e a beleza é nenhuma. Lá onde o Ribeirão Tatu corre morto em seu leito, onde a vida é dura para as mulheres de vida fácil, uma armação de metal enferrujada é única lembrança que sobrou do tradicional pontilhão chamado de Ponte dos Suspiros. (...)

Um arco enferrujado cercado pelo esquecimento e pelo matagal. Foi o que sobrou da tradicional Ponte. O Pontilhão ligou por quase 50 anos o bairro da Boa Vista ao centro da cidade.
(...) É tarde, quase noite. De cima da moderna passarela dá pra ver o sol se esconder baianamente lá pelas bandas do Morro Azul. Lá pra trás dos edifícios que parecem ser bem maiores visto da margem do rio.

Na beirada da estrada de ferro, todo dia havia gente subindo e descendo suas enormes escadarias. Por exatos 49 anos a Ponte do Suspiro ligou o centro da cidade ao bairro da boa vista. Quem vencia o último degrau tomavam fôlego e suspiravam para seguir o trajeto, daí vem o nome de "Ponte dos Suspiros". Quem batizou a estrutura foi o ex-prefeito José Marciliano da Costa. Há registros históricos que Marciliano dizia "quem sobe pela ponte chega lá cansado. E, suspira".

Da ponte só restou uma carcomida armação de madeira e ferro, alguns recortes de jornal e muita saudades daqueles que viram o pontilhão em tardes como aquela. Ali, onde a tristeza é cinza e a beleza é nenhuma, onde as mulheres pintam o rosto com cores fortes como se quisessem esconder algo. Ali, onde uma leve brisa se encarrega de espalhar a podridão vinda das entranhas do rio que se funde com perfume barato das prostitutas.

Só o trem parece estar vivo ao deslizar cansado sobre os trilhos da Fepasa, outrora Companhia Paulista. A máquina faz estremecer o pedaço de ferro que poderia ser um patrimônio para a memória da cidade se não fosse o descaso com a história.

1 Comments:

Blogger alexmrosa said...

janjão,

seria muito difícil fazer um levantamento para descobrirmos o paradeiro da ponte dos suspiros?

existem até algumas estórias sobre onde ela poderia estar, mas...

precisamos recuperar a memória daquela ponte urgente.

em minha infância passei muito por lá. guardo em minha memória inclusive um belo tombo, onde rolei escadaria abaixo.

é uma ponte metálica semelhante a muitas outras executadas na época de ouro das ferrovias. em são paulo tem várias delas, me lembro de uma perto do metrô brás.

muitas vezes elas já vinham prontas da inglaterra, desmontadas... como ocorreu com a estação da luz, em sp.


abraço,
alex.

março 18, 2006 4:44 PM  

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