UM PERSONAGEM II
O cenário era a sede do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação. Seu Presidente foi militante do PCB, perseguido pelo Regime Militar e na época um dos fundadores do PT em Limeira.
Zé Nascimento, que hoje mora na Bahia, foi Vereador por um Partido de direita nos anos 90 e é avó do Jornalista Felipe Woigt. O seu vice é o atual Presidente da entidade Artur Bueno de Camargo. Presentes naquela noite (acho que uma terça-feira), alem dos anfitriões, militantes e dirigentes do PT, inclusive ex-militantes do Partidão, que estavam inseridos no Partido e que mais tarde voltam ao PCB, então na clandestinidade.
As pastorais da Igreja se faziam presentes, com vários militantes acompanhados pelos Padres Luis Carlos do Nascimento e Wilson Zanetti, representantes do Projeto de Periferia. O assunto o aumento assustador da tarifa de transporte coletivo.
Todas estas lideranças reunidas tinham como objetivo, organizar formas de resistências ao reajuste da passagem de ônibus.
Com muito atraso, adentra-se no recinto, uma figura toda corpulenta, fumando um cigarro sem filtros e acompanhado por um séqüito de umas 10 pessoas. A maioria dos presentes não conhecia pessoalmente o distinto cavalheiro, apenas os militantes do PCB e os mais velhos, sabiam de quem se tratava. Chegou e não pediu licença para falar.
Foi deitando falação contra o governo, ainda da ARENA, no município, que tinha a frente da Prefeitura o Professor Waldemar Mattos Silveira- O Memau. Dizendo-se integrante do MDB, o manda brasa e perseguido pelos militares (e foi), soubemos pelos cochichos dos mais velhos de quem se tratava. Jurandir Paixão, ex Prefeito e deputado cassado pelo golpe militar de 1964 voltava a cena política Limeirense.
Tinha um tom de voz grave e forte, conseguia cobrir as vozes dos demais naquela sala, pequena e apertada onde estávamos. Fez discursos dos mais raivosos, contra os Arenistas e os Militares. Parecia um militante de esquerda e era tido por muitos, como de esquerda.
Topou a proposta da maioria, de realizar um Ato no coreto da Praça Toledo de Barros e após o manifesto, uma passeata pelas ruas da cidade. Foi neste dia que comecei a ter contato com o Populismo. Mas isto é História para amanhã.
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