terça-feira, janeiro 17, 2006

DOIS LADOS DA MOEDA

I

Tudo gira em torno da Paz
O patrão quer paz,
Por isto explora o empregado
O empregado quer paz,
Por isto não reclama da exploração

A Paz pode representar enganação
Em nome dela ser humano torna-se ladrão
Ladrão da paz de seu irmão
Aprontando para obter vantagens
De montão

A Paz remonta aos tempos de antigamente
Quando um irmão sentia ciúme dos dotes do outro
E matar era o jeito
Para livrar-se do incomodo e reinar soberano

Soberanamente a Paz foi selada
Com a escravidão negra nas Américas
Para senhores viverem em paz
Negros para a chibata foram
E humilhados por séculos e
Quando a liberdade veio com ela a fome imperou

A paz justificou a inquisição
Invenções de bruxarias e endemoninhados
Foram de praxe para os príncipes da religião
Que para fogueira condenaram Joana a D´Arc
E para o ostracismo Galileu, o Galilei

A Bastilha foi derrubada em nome da Paz
Que não existia aprisionando servos
E Burgueses
Mas com a Paz da Liberté, Egalité, Fraternité
Uma nova classe de senhores surgiu
E com ela uma nova e imensa classe de famélicos
Se formou

Formou-se em nome da Paz conceitos
Tão opostos que agrupam até hoje
Milhares de seguidores, por um ou outro
Capitalismo Versus Socialismo
Nazismo Versus Humanismo
Judaísmo Versus Cristianismo
E por aí afora



A Paz usada foi por tiranos
Que tinham na violência e na intolerância
Sua máxima para exterminar e imperar
O que dizer de Idi Amin Dada, Pol Pot
Ditaduras Militares nas Américas, Caribe e África.

A Paz durante 44 anos viveu
No fio da navalha a espera de um colapso nuclear
Bastava o mundo capitalista contrariar o mundo socialista
Ou vice versa, para a humanidade viver na tensão
Até lenda criou-se
De dois botões, um de cada lado do planeta
Acionados, bum !

A dicotomia da luta do bem contra o mal
Coloca em cena a paz
Como argumento para invadir nações e vidas alheias
Excluir para tomar territórios,
Excluindo com discurso separatista e xenófobo

Enfim, a Paz é vendida de acordo
Com gostos e interesses
Profere-se esta palavra
Para justificar mortes, fome
E toda sorte de desilusão
A Paz torna-se luz para privilegiados
E trevas para a maioria