quarta-feira, janeiro 18, 2006

SEGUNDA PARTE DO POEMA: DOIS LADOS DA MOEDA

II

Maria nunca ganhou presente
No Natal, família pobre
Seu sonho era ganhar uma boneca
O dia que isto aconteceu, ela teve
PAZ

Joaquim carregava para o corte
De cana uma verdadeira cruz
Incomodava-o um calo no pé direito
Sabia que só médico dava jeito
O dia em que pode retirar a enfermidade
Viveu finalmente em PAZ

Juliana não brincava com Lucia
Porque era negra e os pais de Lucia não gostavam
De negros
Um dia as escondidas JU e LU
Se encontraram e brincaram
A partir deste dia a PAZ invadiu o coração
Das duas amigas

Carlos sofreu o acidente com 18 anos
Sua companheira é a cadeira de rodas
Desde a fatalidade não conseguia ir ao cinema,
Lá tinha escada para a sala de exibição
Um dia uma rampa foi construída
Carlos vestiu-se de branco
E em PAZ continuou sua vida

Marta apanhava do marido
Um dia sim e outro também
O medo a dominava e aquela situação
Não terminava
Um dia depois de quase morrer
Marta disse: Quero PAZ
e ela veio, com o marido fora de casa.

Jocemar vivia no sertão de Pernambuco
Nunca tinha visto televisão, na sua cidade
Não tinha eletricidade.
Um dia ele iluminou a terrinha
E Jocemar pode ver Regina Duarte
Na telinha instalada na praça da cidade
E aí em PAZ ficou com seu desejo realizado.

Lucia ansiava saber ler e escrever
Queria enviar uma carta pra Zé Teodoro seu noivo
Que mora no Rio de Janeiro.
Um dia aprendeu as letrinhas e escreveu
A palavra PAZ e assim pode
Terminar a missiva com um belo Eu Te amo.

Jurandir não se conformava com
O desaparecimento de Junior seu filhinho de 5 anos
Labutou durante anos atrás do rebento
Lagrimas derramou e humilhações sofreu
Um dia Juninho foi encontrado
Razão que só a busca da PAZ é capaz de explicar.

Rebeca queria abandonar as drogas
Tinha decidido,
Mas os anos de vicio destruíram confianças
E difícil era a recuperação
Um dia ela não agüentou e pediu uma oportunidade
E aí a Paz imperou em sua vida,
Pois incluída foi nas delicias do mundo.

Valdir sofria as mais terríveis privações
Mas a maior delas era a de não poder
Alimentar sua família
A miséria tomava conta do lugar
Um dia sua luta e persistência
O trouxeram um prato
Que saciou a fome e em Paz manteve
Os que ele amava