sexta-feira, maio 05, 2006

PERSONAGEM III

Foi em um sabado, que estive frente a frente com o Populismo de Jurandir da Paixão de Campos Freire. O Dr. Jurandir ou Paixão, como a população veio o conhecer e chama-lo, chegou mais uma vez com atraso. A minefestação ou Protesto Público, como se convencionava chamar estes Atos, que nas primeira metade do Regime Militar, eram escassos, reprimidos e proibidos.
E naquele dia de 1980, a ditadura já relaxada em função da luta democratica, não havia nem policia e nem temor por fazer um ato de manifesto contra a ordem estabelecida. A maioria das pessoas eram oriundas das comunidades Católicas, integrantes do Projeto de Periferia.
Jovens, Mulheres e Operários eram hegemonia na Praça Toledo de Barros. A frente do coreto que serviu como palanque, para as varias lideranças, inumeros cartazes e faixas, de protesto ao aumento abusivo do onibus, mas tambem palavras de ordem que nortearam todo o periodo da ditadura, como: Você aí parado, também é explorado- Abaixo a Ditadura e outras.
Na condução dos discursos, o então Petista Luís Caerlos Pierri e o a época Presidente do Sindicato da Alimentação José Nascimento. O desfile das falações, estava sendo executado, quando chegou Paixão e acompanhado por sua trupe.
De uma maneira que remetia aos anos 50, o ex Prefeito e Deputado, anistiado pelo Regime da Ditadura, abraçava e cumprimentava a todos naquela praça. Tapinhas nas costas, sorrisos para crianças e jovens, este era o estilo de caudilhos da extirpe de um Juan Peron, Getulio Vargas e outros, tão populistas como o Dr. Jurandir. Chamou a atenção de todos, o velho integrante do manda brasa, do Partido da Oposição consentida.
O grande momento de ouvirmos da boca daquela figura, um discurso, havia chegado. Subiu no coreto, com estilo. Mais uma vez os olhares eram para ele, afinal a maioria não conhecia o tal homem. Imediatamente, a trupe que acompanhava o Dr., tomou a frente dos populares, ocupando a primeira fila na manifestação. O discurso de Paixão, era cheio de chavões e carregado de emoção.
Com sua voz aguda e grossa, a agressividade era latente. O discurso quase nada disse respeito, a reivindicação de luta contra o abusivo preço da tarifa de onibus. Pura demagogia eleitoreira. Mas a cada frase mais eloquente e agressiva, o séquito batia palmas e brandava palavras, como bravo, este é o meu Doutor, viva Dr. Jurandir e por aí vai.
Com torcida organizada, Paixão falou mais do permitido pela organização do Protesto. Os mais experientes e que conheciam a fama do Dr. , comentaram seu visivel oportunismo. Mas o homem que anos mais tarde geraria varias polêmicas, terminou seu discurso sob o aplauso esfusiante de seus seguidores, desceu do palanque e.....Continua.....