sexta-feira, julho 07, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL II


Em 1986, estava a beira de acontecimentos que mudariam minha vida. Desempregado, vivia momentos terríveis, sem grana e com necessidade de buscar alternativas. Militava na igreja, mas via que um ciclo estava se fechando, pedindo para entornar o caldo em outras freguesias. Descobria os limites da santa madre, bem como lia Marx e Guevara. O Sindicalismo cutista encantava a mim e a minha geração. Engajei-me de corpo e a alma na luta do movimento de Oposição Metalúrgica, que revelou para a cidade nomes que hoje representam as esquerdas: Wilson Cerqueira, Zé Carlos Pinto, Osmar Lopes, Roldão e outros.

A luta sindical nos tomava tempo, pois apontava a necessidade de ganhar sindicatos para mudar o Sindicalismo, volta-lo para objetivos de lutas imediatas e estratégicas. A Oposição era prioridade e mais que isto, havia no conjunto dos sindicalistas uma resistência enorme ao PT. Muitos chegavam a acreditar que o Partido não tinha a mesma combatividade com o Capitalismo, que a recém fundada Central Única dos Trabalhadores, que sua ação resumia-se ao institucional, embora o PT dos anos 80, pregava o Socialismo e o fim da propriedade privada abertamente e sem meias palavras. Acredito que os Sindicalistas, principalmente os que vinham de organizações que fizeram a luta direta com o regime militar, faziam com este discurso luta interna. O fato é que futuras lideranças políticas, entre as quais alguns ao qual citei, filiaram-se ao PT, só no final da década.

Lula era o ícone principal dos Sindicalistas. O mestre. A luta fratricida no interior Partidário ainda engatinhava e o futuro Presidente da República, era considerado acima das correntes de opinião, a personalidade máxima, patrimônio Histórico da Classe Trabalhadora. A maioria das Lideranças Sindicais, encampou a candidatura de Luis Inácio para Deputado Federal. Estávamos próximos do Congresso Constituinte e o Partido analisou que seria importante lançar candidatos capazes de fazer a disputa, com qualidade e liderança popular. Nomes como o de Plínio Arruda Sampaio, Florestan Fernandes, Luís Eduardo Greenhalg e outros, disputaram aquele pleito, por serem em suas áreas necessários naquele momento. Lula representava não só o Sindicalismo Combativo e Classista, como um Partido que pretendia-se ser Socialista.

Como ainda estava na Igreja no primeiro momento, fui fazer campanha para duas candidaturas de indicação das pastorais e movimentos populares, entre eles o ainda nascente MST. Irma Passoni, com profundas raízes nas pastorais católicas, foi nossa candidata a Deputada Federal. Com vinculo com Lideranças em Limeira, como Ex Padre Wilson Zanetti e o Ex Seminarista Jonas Beltrão, a então Deputada Estadual, teve sua campanha aqui, em dobrada com o futuro Prefeito de Hortolândia, Ângelo Perugini, que meses antes liderou em nossa cidade uma greve de canavieiros, das Usinas Iracema e Ester. Foi a primeira campanha da qual coordenei e fui renumerado.

Mas o engajamento junto ao Sindicalismo, me fez ainda sem muita maturidade política, abandonar a campanha de Irma e Ângelo e enveredar na maciça campanha do ex Metalúrgico Lula. Aqui em Limeira o comitê Lula, dobrava para Deputado Estadual, para um outro Metalúrgico: Alcides Bianchi de Campinas. Meu voto foi para os dois, no Senado o Petista Jacó Bittar e para o Governo do Estado Eduardo Suplicy.

Esta eleição o PMDB, emplacou em todo o território nacional. Na rabeira do engodo do Plano Cruzado (seja um fiscal do Sarney), o Partido elegeu não só a maior bancada do Congresso, como de 24 estados da Federação, 22 Governadores eram Peemedebistas. Em Limeira não foi diferente o então Prefeito Municipal Jurandir Paixão de Campos Freire, elegeu seu filho Jurinha, com uma votação extraordinária para a Assembléia Legislativa. Jurinha teve um mandato pífio e suspeito de corrupção.

Os grupos petistas com campanha na cidade alem dos já citados, soma-se o da candidatura do Advogado George Nacaguma, apoiado pela então força majoritária no PT.

Lula elegeu-se com a maior votação da História, só superado em 2002, pelo falastrão Enéas Carneiro. Irma Passoni também foi Deputada Constituinte. Perugini e Nacaguma tiveram votação expressivas. Bianchi elege-se 2º Suplente, e iria assumir alguns anos depois.

Quanto a mim, fui definindo novos ciclos e me especializando em campanhas eleitorais.

CONTINUA