terça-feira, julho 25, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL III


Carlos Gilberto Roldão, tinha uma moto, nos idos de 1986. Metalúrgico da Newton, era um dos maias novos daquele grupo de Oposição Sindical, que após dois anos de Intervenção no Sindicato da Categoria, vencia o pleito eleitoral, e comanda a entidade até os dias de hoje.

Não o conhecia, fui ter contato com ele durante o mandato sindical, onde ele diretor e eu como funcionário. Nos tornamos amigos, companheiros de varias jornadas políticas, tanto na cidade, como no Estado. Roldão ou tripa para os íntimos, logo foi se destacando na diretoria sindical.

Logo pode-se notar, sua seriedade e disciplina. Muito observador, em pouco tempo, já utilizava o microfone para bons discursos na porta da fabrica e nas atividades do Sindicato. Foi um dos primeiros a compreender a importância de uma militância Partidária, filiando-se no PT, já em 1987, antes até de vários companheiros que há mais tempo atuavam no movimento.

Nesta época acirrava-se no País todo, os debates internos no Partido, sobre o projeto estratégico de sociedade, as alternativas ao Capitalismo. Em Limeira o grupo de Sindicalistas filiados ao Partido em conjunto com varias lideranças de pastorais e movimentos populares, fazem um movimento de questionamentos a concepção, prática de construção partidária, até então hegemônica no PT.

Os campos e tendências ainda não estavam claros no interior da agremiação, mas a dicotomia partido voltado para as lutas diretas versus partido da luta institucional, começa a se desenhar. Lembro que o primeiro documento que o futuro grupo de esquerda no Partido apresentou, foi escrito por mim e pelo Roldão, e tinha a singela denominação de Rumo ao Socialismo. Apresentamos este texto, no encontro municipal do PT, que renovaria seu diretório naquele ano de 1987.

No movimento sindical, o quadro não era diferente. As correntes sindicais, surgiam e se organizavam. Nós fomos integrar uma das maiores experiências de organização sindical, o CUT PELA BASE. Gilberto Roldão, foi um dos dirigentes desta corrente, bem como da Central Única dos Trabalhadores. Este forte clima de debates internos, também contaminavam o Sindicato dos Metalúrgicos, formando já no primeiro ano dois grupos: CUT PELA BASE, Hegemônico e a Articulação Sindical, cujo o principal expoente, era o hoje advogado Marcel Serpelone. Aproximava-se as eleições municipais de 1988.

No País, o sentimento é de que este processo poderia ser uma prévia das eleições Presidenciais, a primeira livre após o regime militar. O Presidente Sarney com o auxilio do grupo denominado Centrão, no Congresso Nacional, consegue 5 anos para seu mandato, adiando por mais um ano as Eleições diretas para Presidente da República.

No PT, crescia a expectativa de obter varias vitórias em todo o território nacional, conquistando varias Prefeituras Municipais. Em Limeira, o então do grupo da tese Rumo ao Socialismo, discutia que deveria avançar em sua representatividade na cidade, bem como de quebra evitar que uma candidatura da Articulação, no caso de Marcel, obtivesse sucesso, pois isto poderia custar o comando da principal organização de esquerda e popular no momento.

Conclusão, tínhamos que lançar e eleger um Vereador. Escolhido: Gilberto Roldão e eu fui ajudar na coordenação de sua campanha. Mas isto é assunto para o próximo texto.

CONTINUA......