quinta-feira, agosto 17, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL X


Naquele 17 de Dezembro de 1989, eu chorei. Os lutadores da geração dos 60, 70 e 80, choraram. Choramos porque o sonho de chegar lá nos foi tomado ou deixamos de atingi-lo. Eram 5hs da tarde quando soube no ponto de ônibus da praça do museu, que pesquisas de boca de urna, apontavam Fernando Collor como o primeiro Presidente da República eleito pelo voto popular, após o Regime Militar. Choramos, pois após uma campanha eleitoral em que entramos para marcar posição e durante o trajeto, a esperança tomou conta de nossa militância e fez possível passarmos para o segundo turno.

Um segundo turno repleto de ataques da Burguesia que resolveu seus impasses e desacordos, aliando-se ao garoto de Maceió, ao qual a classe dominante não acreditava, não depositava confiança. Porem foi o único capaz de derrotar a ameaça vermelha. Primeiro pelo fato da disputa final não ter sido entre LULA e BRIZOLA, que qualquer um que vence-se, traria de volta a ameaça comunista e esquerdista para o seio da família Brasileira. Depois ao impingir uma derrota ao sapo barbudo, o Homem que confiscaria os bens da classe média para dividir com os miseráveis.

Mas os últimos dias de campanha no segundo turno, foram de um lado de torpedos e mísseis para cima de LULA, do PT e toda a esquerda. Do outro, foi a festa da Democracia e da Participação Popular.

Collor tinha alem de todo o empresariado, Maluf, Pefeles, parte do PMDB e PSDB, continha com um apoio de peso e que foi decisivo no processo eleitoral. Roberto Marinho e as organizações Globo. Descaradamente em defesa de Fernando Collor, o papel do maior complexo de comunicação do Brasil, não titubeou, em abrir editoriais, matérias e artigos, em sua mídia impressa de elogios rasgados ao “caçador de marajás”. Na mídia falada e eletrônica, as matérias eram editadas, com o claro objetivo de favorecer a campanha Colorida. Mais tempo para Collor nos Tele Jornais, cortes em matérias de Lula e que comprometessem o favorito da família Marinho. Em 1989, não havia exceção na mídia. Toda ela tinha feito uma opção: Todos contra a ameaça Petista e seu projeto de governar para e com os pobres. Mas a Globo exagerou na tietagem.

Três dias antes das eleições. Frente a frente, Collor e LULA, para o ultimo debate eleitoral antes das urnas. A baixaria Collorida, com dados e informações levantados e forjados pelos Marketeiros de Collor correu solta. Mas Luís Inácio, se saiu melhor que no primeiro debate. Nossa avaliação a época é de que tínhamos arrasado com a trupe Collorida. Porem ainda nosso candidato defendia bandeiras Históricas, como Reforma, Redução da Jornada, Moratória da Divida Externa, de forma tímida. No caso da queda do muro de Berlin então, LULA foi um desastre total. Não soube enfrentar o problema, questionando o tipo de Socialismo do Leste e colocando a nu a situação de miserabilidade e exclusão social promovida pelo Capitalismo. No campo dos ataques a campanha Collorida, LULA também deixou a desejar. Há noticias de que a coordenação de campanha, tinha nitroglicerina pura contra Collor, entre elas, o envolvimento de PC Farias no levantamento de fundos para a campanha Collorida. LULA teria dito não a proposta de apresentar o dossiê que alem de PC, trazia denuncias sobre o envolvimento de Collor com drogas.
No dia seguinte, dois episódios vão modificar a História desta Eleição. Mas vou falar deles no próximo texto.

CONTINUA...........