sexta-feira, agosto 18, 2006


Véspera do dia 17 de Dezembro de 1989. O Brasil amanhece, com a noticia de que o empresário Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar, tinha sido seqüestrado. Passamos todo o dia para saber, detalhes do fato. Eis que no final da tarde, a Vênus platinada, como é chamara a TV Globo, anuncia que a Policia de São Paulo, tendo á frente o então Secretário Estadual de Segurança Pública, Luís Antonio Fleury Filho, teria descoberto o cativeiro e libertado o empresário. Embora a modalidade seqüestro ainda era nova como expediente do crime organizado, o que realmente chamou á atenção, não foi a crueldade do fato e sim o que vestiam os seqüestradores. Camisetas do PT e da campanha de LULA. A platinada não perdeu tempo. Ajudada pelo secretario Fleury, que passou os resultados de sua suposta investigação, de que o seqüestro poderia ser político e aí todos os tele jornais da emissora, deram muito mais destaque a suposição e as camisetas, do que a origem mesmo do seqüestro e como ele terminou.

Mas as insinuações e tentativas de majorar a campanha petista, teria seu grand finale no instituto de maior envergadura da rede globo. O Jornal Nacional teve sua primeira edição em 1969. Presente do Regime Militar, a Globo surgiu em 1967, fruto de uma fraude na Constituição. Bancada com Capital Estrangeiro, a líder de audiência uma década depois, descaradamente ludibriou com o total apadrinhamento dos militares nossa lei máxima, que proibia e proibi até hoje, K Internacional nos meios de Comunicação. Com a generosidade dos Militares, Roberto Marinho, precisava retribuir. Com a necessidade de atingir todos os territórios do Brasil, com sua política, a Ditadura, precisava de um órgão de propaganda que tive-se este alcance. Eis que surge o primeiro programa de tele jornalismo, que levava imagens do Oiapoque ao Chuí, em tempo real, sem vídeo tape. O Jornal Nacional, que teve como primeiros ancoras Cid Moreira e Hilton Gomes, vai se estabelecer por todo o regime como um diário oficial da ditadura. E assim o é a TV Globo, naquele 16 de Dezembro de 1989, com a candidatura da Burguesia.

A edição daquele fatídico, dia foi tomada pelos melhores e piores momentos do ultimo debate eleitoral antes das eleições. Expert em edições, o pacote de imagens ridicularizou LULA e endeusou o Fernando Collor. Todos ou quase todos os piores momentos foram reservados a LULA e todos os melhores momentos á Collor de Mello. As técnicas de editar uma matéria e vinculá-la em um programa ao vivo, principalmente se este for um tele jornal, foi e tem sido, marca registrada da Rede Globo. O aspecto psicológico de uma cena editada a vontade pelo seu editor tem quase sempre o resultado esperado. E o esperado era mostrar um LULA, um Operário analfabeto, inseguro, incompetente para administrar, radical e violento e que no máximo podia dirigir um sindicato e não uma nação. E alem do mais tinha um Partido de “Porras Loucas”, que invadiriam os apartamentos e casas financiadas para a classe média, tomando ou dividindo os imóveis.

Pois bem esta somatória de investidas da direita, principalmente com o auxilio precioso da mídia e em particular da rede globo, foi minando a campanha Petista.

Mas o dia 17 de Dezembro, nasceu vermelho. Parecia que finalmente os de baixo, teriam vez, apesar da artilharia pesada dos dias anteriores. Pelas ruas sentíamos, que podíamos chegar lá. Havia colorido, nas bandeiras e camisetas vermelhas. Um colorido de vida e de esperança. O instituto data folha, no dia anterior apontava uma ligeira vantagem de Collor sobre LULA, 3%. Considerando a margem de erros das pesquisas, havia um empate técnico, que com a força da militância Petista, podíamos virar o jogo. Pesquisas internas do PT, davam conta de que LULA estaria na frente.

Mas apesar da garra e amor dos militantes Petistas, perdemos. Talvez porque não fomos ousados? Porque não enfrentamos de peito aberto a discussão do muro de Berlin? Ou será que nosso Programa já era Reformista e isto não empolgou as massas mais pobres, que esperavam soluções rápidas, urgentes e quem sabe de mudanças?.

1989 o ano que não quis terminar, vai ficar na memória de todos os lutadores socialistas. 1989 jamais esqueceremos, porque foi um marco do final de um ciclo, de resistência e de construção de um instrumentos de classe, para a luta contra o Capitalismo e para a construção do Socialismo. Os instrumentos foram criados- PT- CUT-MST-, mas a década seguinte vai mostrar o esgotamento destes, principalmente do PT.

CONTINUA.....