quarta-feira, setembro 27, 2006

MEU SENADOR


Era um sábado, não me lembro o mês exato, acho que julho, finalzinho. Tínhamos ido a uma caminhada pelo calçadão da Rua Treze de Maio, em Campinas. O PT de lá, organizou e combinamos, encontrar com o Senador e de lá ir para a atividade em Pedreira. Na época morava e trabalhava na cidade dos bibelôs de porcelana. Era o Presidente do Partido e coordenador da campanha do advogado José Antonio Cremasco, para Prefeito. Seria a primeira vez que o município, receberia figura tão importante para a História do País. Até então, apenas a direita tinha presenteado (presente de grego), com visitas inóspitas, como a de Maluf e Quércia.

Não era a primeira vez que estive com Eduardo Matarazzo Suplicy. Há dez anos antes, em 1986, quando de sua candidatura ao Governo do Estado, pude conhece-lo em um comício na Praça Toledo de Barros. Mas esta que relato, não me saiu da mente. Após a caminhada, nos dirigimos a comitiva que acompanhava Eduardo (ele prefere que o chame assim). Nos apresentamos e perguntamos se podíamos ir. Ele nos disse: Temos tempo para um sanduíche?. Imediatamente nos olhamos, a perguntar? Onde?. Ele avistou um boteco, destes de final de linha ou de noite, e disse: pode ser aqui mesmo. Ali tive um contato, com uma de minhas principais referencias, pude constatar sua simplicidade e singeleza, no trato com as pessoas. Dirigia-se a nós, como companheiros ou amigos. Ao longo do trajeto, Supla, como acostumamos a chama-lo, pouco falou, até porque era nítido seu cansaço por conta da campanha em todo o Estado para as Prefeituras Municipais. Alem disto, quis um RX da cidade de Pedreira, principais problemas sociais, como estava indo a campanha e o que ele falaria aos presentes na atividade.

Sua postura humilde continuou, por todo o caminho e ao chegar ao comitê de campanha do PT, as 100 pessoas que o aguardavam vieram á loucura. Suplicy, é um homem desengonçado fisicamente, embora bonito que atraí, desde as mais jovens, as mais idosas. Tem dificuldade ao falar, gagueja um pouco e divaga demais nos pensamentos em voz alta. Mas seu comportamento, faz as pessoas se identificarem com ele. Foi inesquecível meu encontro com o autor do Renda Mínima, que colocou pela primeira vez na História do País, a discussão do combate á fome.

Mais tarde, revi o Senador no último encontro do Partido que participei, foi em Serra Negra, em um dos hotéis fazendas, local típico dos tempos de Delubio Soares e Silvio Pereira. Na oportunidade Supla, estava sofrendo um bombardeio da corrente majoritária do Partido, porque ousou disputar as prévias para Presidente da República, com Lula. Onde já se viu, indagavam algumas lideranças. Isto é uma afronta. Neste Encontro Suplicy fez uma pesquisa, perguntando se ele teria ou não direito de disputar as prévias. Votei no direito, pois a atitude da maioria Partidária era de cercear a democracia, o debate das diferenças. Mais uma vez, o Senador, marcou pontos no conceito democrático. A ultima vez que nos deparamos, foi em 2005, em uma Plenária de Avaliação do Mandato do Deputado Renato Simões. Estávamos no meio da crise do mensalão. Antes dele João Paulo Cunha, um mensaleiro, discursou justificando que inocência e que havia uma conspiração com o PT e o governo Lula. Suplicy, que não tem nada haver, com dinheiro em cuecas, mensalões, sanguessugas e outras m…, discursou falando de ética, direitos humanos, solidariedade entre companheiros. Desfilou seu carinho pela militância Petista e mais uma vez fez um golaço, contra a hipocrisia e o cinismo, que antes dele tinha ocupado os microfones.

Suplicy não é um Socialista. É um humanista, destes que querem um mundo melhor, sem entender muito de luta de classes. Vejo nele o Homem que abomina a miséria, o preconceito, a fome. De todas as lideranças nacionais, o Senador Eduardo, passou ileso pelo mar de lama e nojo que invadiu o PT. Nunca foi um homem de corrente interna, sempre esteve acima delas. Sua prioridade é o Partido, os movimentos populares, os pobres. Ele é meu eterno Senador.