terça-feira, setembro 19, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XVII

Inicio o ano de bem com a vida. Meu romance com a Nadir, finalmente se consolida e a gente após varias experiências, redescobrimos que nos amávamos. Este amor era naquela época um dos motivos que me ligavam a Limeira e que com isto aumentava minha vontade de ficar mais próximo, aos amigos, companheiros de velhas batalhas nos anos 80. Minha relação com a Nadir sempre teve uma ligação estreita e marcante com a militância. A conheci na igreja, lá juntos nos formamos para uma consciência de engajamento social e de transformação da sociedade. Meu reencontro com ela após mais de hum sem se ver, não podia deixar de acontecer no terreno da militância política.

Era um domingo, e no Brasil inteiro estava ocorrendo as prévias e os encontros municipais do Partido dos Trabalhadores, fóruns definidores das candidaturas á Prefeito e Vereadores, para a disputa á Prefeitura e a Câmara municipal em outubro daquele ano de 2002. Estava em casa de minha mãe, e tinha me esquecido completamente das eleições internas. Por volta das quatro da tarde, alguns companheiros, me tiraram da cama, pois dormia após maravilhosa comida de Dona Rita, para votar e festejar a vitória de Wilson Cerqueira nas prévias para Prefeito e do então Fórum do Interior para o Diretório Municipal. Ao chegar na sede do PT, na época na Senador Vergueiro em frente a escola Einstein, me deparo com a Nadir, linda e radiante e nossa História que tinha iniciado lá nas Pastorais da Igreja Católica, recomeçava.

Alem do clima de recomeço no Amor, senti que recomeçava minha História Política com a cidade. Pude rever naquele encontro velhos camaradas de imensas lutas, como o próprio Cerqueira, Osmar Lopes, Silvaninha, grande incentivadora de meu romance com a Nadir, Roldão, o velho tripa e outros. A disputa encerrava um ciclo de poder da Articulação na direção do PT Limeira. Ciclo este iniciado na fundação do Partido em 1980. A Articulação disputou o processo, com Pierri nas prévias, que ao saber que seria derrotado, retirou sua candidatura, para o segundo turno, aja vista que o quorum de votantes não foi atingido, pois a própria corrente até então majoritária, manobrou, impedindo que seus eleitores votassem. Pratica escrota, que marcaria as disputas internas por toda a década de 90. Já o Fórum do Interior, planejou uma estratégia, que teve inicio dois anos antes. Consistia basicamente em apostar na nucleação e na filiação de militante e lideranças de movimentos populares e sindicais, ampliando o que se chamava de núcleo de metalúrgicos, para se consolidar em uma corrente Partidária.

Organizou na época mais de 20 núcleos de base do PT, espalhados por toda a cidade, resgatando a proposta de organização Partidária da Fundação. Alem disso, o discurso embora não tão bem elaborado, era classista e socialista. A disciplina e a coerência entre o discurso e a pratica imperava entre os militantes do FI. A realidade do Partido na cidade era gritante. A Articulação não conseguia dar organicidade ao Partido, muito menos buscar Unidade, para construir um projeto de poder no município. A estrutura interna muito precária, tinha sido fechada, pela Articulação. Sede não havia mais, os dois Vereadores eleitos em 1988, Marcel e Pierre, não contribuíam mais financeiramente com o Partido e nem discutiam mais seus mandatos com o coletivo da militância. O Partido ficou refém da inoperância e da letargia política. O FI assume meses antes das prévias eleitorais o Partido, até para preparar a militância para o processo eleitoral. O PT Limeira afastado das bases desde o final da década de 80, começa a renovar-se, e a voltar-se para princípios norteadores que fundaram o Partido.

A festa da vitória, foi regada a muita cachaça, muito forró e MPB, dois estilos predominantes naquela militância, oriunda das pastorais da Igreja, das lutas populares e da convivência com os pobres. Saí da direção, um orientação elitista e voltada para a classe média e iniciava-se um ciclo com maior preocupação com a luta direta, do que com a institucionalidade. Saí o bancário Pierre e entra o Metalúrgico Cristão e cantador Wilson Cerqueira. Sindicalista de primeira hora, Cerqueira começa naquele momento a abandonar uma concepção Anarco-Sindicalista, para pensar um projeto de Partido, muito mais amplo que a direção de um Sindicato.

Eu embora não tivesse naquele dia sido convidado para a Campanha e este projeto, me sentia parte daquela vitória e daquele recomeço. Recomeço que enfrentaria muitas batalhas, entre elas o caso PC-Collor.

CONTINUA...............