sexta-feira, outubro 13, 2006

UM POEMA INÉDITO



ESTRANHO

Estranho ver pequerruchos
E pequerruchas sem ensino
Estranho vê-los as escondidas
Com olhos vermelhos e narizes
Escorridos.

Estranho ver criaturas
Lindas com feições estragadas
Estranho encontra-las
Cumprindo tarefas estranhas
Para pessoas estranhas.

Estranho encontrar pequeninos
Com maçaricos e outros apetrechos
Estranho ouvir deles
“È pro leite lá de casa”.

Estranho ouvir autoridades
Desfiar rosários de promessas
Estranho vê-las dizer
“Elas são prioridades”.

Estranho não vê-las mais
Nas ruas brincando de bola ou bafo
Estranho constatar que o lar
Virou prisão e a TV mestre.

Estranho saber que elas
Morrem de fome tão cedo
Estranho conhecer que
Poucos comem demais.

Estranho que a PAZ
Não é mais sinal
A guerra e o ódio
São cartilhas dos pequenos.

Estranho a hipocrisia
De campanhas de ajuda
Estranho que é só
Imagem e fama.

Estranho que Taiguara
Não esteja certo
E que as crianças
Jamais cantem livres.