A PEQUENA NICA
No Sindicato dos Metalúrgicos em Limeira, até a pouco tempo havia um quadro com a foto de uma mulher, amamentando uma criança e nos ombros carregava uma metralhadora. O titulo do quadro: “Pequena Nica”. Não sei se o quadro ainda existe. Mas sua imagem foi a das mais marcantes de minha geração. Marcou mais que a lendária foto do Che Guevara, fotografado por jornalista europeu. Ou mais forte, que a pintura “Os Trabalhadores” de Candido Portinari.
Quando a Revolução Sandinista que derrubou, Anastásio Somoza em 1979, pouco sabia sobre a Nicarágua vê seu povo. Fui conhecer em detalhes, ao longo da década de 1980. Li coisas de poetas como Ernesto Cardenal, o padre que como quase toda a igreja Católica apoiou a Revolução e trabalhou durante os dez anos de governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Vi os esforços de um povo, tentando se livrar do jugo imperialista e Capitalista, que destruiu uma nação, jogando-a na miséria e na fome. Presenciei uma campanha massiva de alfabetização, para erradicar de um mal social que assolava mais de 80% da população. Mais que isto, pude conhecer a História de Augusto César Sandino, o primeiro mártir da campanha pela derrocada da ditadura Somoza. Ouvi muita música produzida por compositores nicaragüenses e por outros, falando da Revolução e da população. A poesia sempre foi o marco de um povo, que não sabia escrever, mas que faz versos, de sua própria História. A Nicarágua tem uma das melhores Constituições do mundo, democrática, plural e de opção pelos pobres.
Eu apenas questionava e não entendia o porque, as elites que sempre se beneficiaram do poder na época do Ditador Somoza, ainda manteve na Revolução, os bens conquistados as custas do suor e sangue do povo Nicaragüense. Isto me inquietava. A Revolução Sandinista, foi tão Democrática, que não cassou Partidos Políticos de Direita e pró Americanos, permitiu que órgãos de imprensa francamente oposicionistas, funcionassem como linha editorial de ataques ao novo regime. Os Sandinistas não fecharam as instituições, acreditaram que podiam muda-las através do aumento da consciência política do povo e do convencimento dos setores organizados da sociedade .
Mas o que a Revolução não previu, foi a violenta campanha ideológica e física, patrocinada pelos Estados Unidos. Os contra Revolucionários, Somozistas, contrataram mercenários, que armados, provocaram uma guerra civil, que começou no dia seguinte a tomada do poder pelos Sandinistas. As TVs a cabo Americanas, vendiam campanhas anti revolucionárias e espalhavam terror por todos os cantos do País. A Guerra assolou a nação por dez anos. O governo se viu privado de investir em políticas sociais, para defender sua gente e sua terra.
Em 1990, fui passar o carnaval, na Praia Grande, na Baixada Santista. Junto comigo o casal Ivete e Carlão, sindicalistas de Campinas e outras pessoas. Combinamos que durante os quatro dias de folia, sol e cerveja, nossas mentes estariam desligadas para qualquer assunto que envolve-se política. E assim foi até o terceiro dia, quando o encarregado de comprar o pão e fazer o café, foi este que vos escreve. A padaria na Praia Grande era á alguns metros do Apartamento onde estávamos. Ao lado dela uma banca de Jornais. Ao passar em frente, não pude conter a curiosidade, ao passar os olhos pelas manchetes: SANDINISTAS PERDEM NA NICARAGUA. Não acreditei. Chorei. Resisti comprar o jornal. Acabei comprando, mas não sabia se informava ou não, meus companheiros de férias. Cheguei ao Apartamento, tentei esconder a tragédia. Mas, não quis deixar meus amigos na ignorância da informação. Luto total. Ninguém conseguia entender. Violeta Chamorro, dona do maior órgão de imprensa oposicionista, aliada numero um dos Estados Unidos, derrotava a Revolução nas Urnas.
A FSLN, cumpriu sua tradição democrática, realizou eleições, mesmo tendo motivos de sobra para não faze-la: a guerra e a fome que ela trazia. Os Sandinistas não perceberam que o povo, ainda não conseguia compreender o sentido da Revolução. Preferiu a PAZ sem Guerras, mas com miséria, do que derramamento de sangue e com sacrifícios para construir um País dos Trabalhadores.
Chamorro e os Americanos, destruíram todas as conquistas da Revolução. Afundaram ainda mais o País na fome e na morte social. A poesia deu lugar, ao canto fúnebre. Foram dezesseis anos, de atrelamento ao imperialismo Norte Americano. Mas o povo não perdeu sua fé e sua esperança. Se em 79, precisou derramar sangue para poder ter vida, agora usou da paciência e esperou o momento certo para reconduzir ao poder os seus representantes. A Frente Sandinista, esta de volta e com ela o renascimento da esperança.
Quando a Revolução Sandinista que derrubou, Anastásio Somoza em 1979, pouco sabia sobre a Nicarágua vê seu povo. Fui conhecer em detalhes, ao longo da década de 1980. Li coisas de poetas como Ernesto Cardenal, o padre que como quase toda a igreja Católica apoiou a Revolução e trabalhou durante os dez anos de governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Vi os esforços de um povo, tentando se livrar do jugo imperialista e Capitalista, que destruiu uma nação, jogando-a na miséria e na fome. Presenciei uma campanha massiva de alfabetização, para erradicar de um mal social que assolava mais de 80% da população. Mais que isto, pude conhecer a História de Augusto César Sandino, o primeiro mártir da campanha pela derrocada da ditadura Somoza. Ouvi muita música produzida por compositores nicaragüenses e por outros, falando da Revolução e da população. A poesia sempre foi o marco de um povo, que não sabia escrever, mas que faz versos, de sua própria História. A Nicarágua tem uma das melhores Constituições do mundo, democrática, plural e de opção pelos pobres.
Eu apenas questionava e não entendia o porque, as elites que sempre se beneficiaram do poder na época do Ditador Somoza, ainda manteve na Revolução, os bens conquistados as custas do suor e sangue do povo Nicaragüense. Isto me inquietava. A Revolução Sandinista, foi tão Democrática, que não cassou Partidos Políticos de Direita e pró Americanos, permitiu que órgãos de imprensa francamente oposicionistas, funcionassem como linha editorial de ataques ao novo regime. Os Sandinistas não fecharam as instituições, acreditaram que podiam muda-las através do aumento da consciência política do povo e do convencimento dos setores organizados da sociedade .
Mas o que a Revolução não previu, foi a violenta campanha ideológica e física, patrocinada pelos Estados Unidos. Os contra Revolucionários, Somozistas, contrataram mercenários, que armados, provocaram uma guerra civil, que começou no dia seguinte a tomada do poder pelos Sandinistas. As TVs a cabo Americanas, vendiam campanhas anti revolucionárias e espalhavam terror por todos os cantos do País. A Guerra assolou a nação por dez anos. O governo se viu privado de investir em políticas sociais, para defender sua gente e sua terra.
Em 1990, fui passar o carnaval, na Praia Grande, na Baixada Santista. Junto comigo o casal Ivete e Carlão, sindicalistas de Campinas e outras pessoas. Combinamos que durante os quatro dias de folia, sol e cerveja, nossas mentes estariam desligadas para qualquer assunto que envolve-se política. E assim foi até o terceiro dia, quando o encarregado de comprar o pão e fazer o café, foi este que vos escreve. A padaria na Praia Grande era á alguns metros do Apartamento onde estávamos. Ao lado dela uma banca de Jornais. Ao passar em frente, não pude conter a curiosidade, ao passar os olhos pelas manchetes: SANDINISTAS PERDEM NA NICARAGUA. Não acreditei. Chorei. Resisti comprar o jornal. Acabei comprando, mas não sabia se informava ou não, meus companheiros de férias. Cheguei ao Apartamento, tentei esconder a tragédia. Mas, não quis deixar meus amigos na ignorância da informação. Luto total. Ninguém conseguia entender. Violeta Chamorro, dona do maior órgão de imprensa oposicionista, aliada numero um dos Estados Unidos, derrotava a Revolução nas Urnas.
A FSLN, cumpriu sua tradição democrática, realizou eleições, mesmo tendo motivos de sobra para não faze-la: a guerra e a fome que ela trazia. Os Sandinistas não perceberam que o povo, ainda não conseguia compreender o sentido da Revolução. Preferiu a PAZ sem Guerras, mas com miséria, do que derramamento de sangue e com sacrifícios para construir um País dos Trabalhadores.
Chamorro e os Americanos, destruíram todas as conquistas da Revolução. Afundaram ainda mais o País na fome e na morte social. A poesia deu lugar, ao canto fúnebre. Foram dezesseis anos, de atrelamento ao imperialismo Norte Americano. Mas o povo não perdeu sua fé e sua esperança. Se em 79, precisou derramar sangue para poder ter vida, agora usou da paciência e esperou o momento certo para reconduzir ao poder os seus representantes. A Frente Sandinista, esta de volta e com ela o renascimento da esperança.
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