terça-feira, outubro 31, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XXIII


O Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira, ficou nas mãos de diretorias comprometidas com os patrões e os governos, inclusive os do regime militar, durante 20 anos. Foram anos de penosas traições de dirigentes, as lutas por direitos da categoria. Durante todo este período, os trabalhadores, foram intimidados a organizarem-se por reivindicações, que melhorassem suas vidas. A vitória dos meninos da CUT, como assim eram chamados os membros da Oposição, reacendeu na Categoria, a disposição, em organizar, lutar e conquistar. O primeiro grande desafio, foi a greve geral de 12 de Dezembro de 1986, contra os Planos Cruzados de Sarney e CIA. Não só os Metalúrgicos, aderiram, como toda a cidade, desligou maquinas, baixou portas de lojas, supermercados, recolheu os ônibus e assim realizou-se um dos maiores movimentos de massa da História do município. A partir deste dia, os metalúrgicos não pararam mais. Fabricas que nunca deflagraram movimentos grevistas, fizeram a água borbulhar, como se um sal de fruta ali fosse derramado. Fumagalli, Gurgel em Rio Claro, Invicta, Industrias Rocco e outras tantas, descobriam que só com luta se chega a vitórias. Outro aspecto relevante, é o habito em que os trabalhadores, foram criando, participando e aderindo a Assembléias, passeatas e reuniões.

Naquele 30 de Setembro de 1992, já em sua zero hora, os Metalúrgicos, iniciam sua mobilização de Protesto, para exigir o Fora Collor. Assembléias foram realizadas, nas portas de fabrica, com o turno da noite. As adesões não eram massivas, como o foram em 1986. Perfeitamente compreensível, pois a do impedimento do Presidente Fernando, as reivindicações não eram econômicas e sim de cunho ético e político. Mas mesmo assim, a madruga do ultimo dia de Setembro, torna-se movimentada por toda a cidade. O comando do movimento, apesar de outros sindicatos e movimentos populares, era mesmo dos dirigentes Metalúrgicos. Uma concentração estava marcada, para acontecer nas escadarias da Catedral de Nossa Senhora das Dores, a partir das 13hs. A votação no Congresso, para o impchement de Collor, aconteceria por volta das 15hs.

O protesto com paralisação de 24hs, resumiu-se a categoria metalúrgica e mesmo assim algumas fabricas, em torno de uns 2mil trabalhadores. O comando do movimento, que basicamente era a coordenação da campanha eleitoral de Wilson Cerqueira, decide manter os grevistas, no distrito industrial, onde localiza-se as fabricas maiores, até ás 10hs da manhã.

A partir deste horário, decidiu-se realizar uma passeata até o local da manifestação do Fora Collor. Esta passeata, em minha opinião atrapalhou a candidatura Cerqueira. Na época não tínhamos a dimensão de que eleição é pragmatismo, resultado, alem é claro de marcar posição, e buscar aumentar a consciência política da população. Mas basicamente a luta pela institucionalidade, é resultado pratico, literalmente votos. Entendo que embora legitimo e importante naquele momento, a greve serviu apenas como protesto e marcação de posições. Tirou votos do PT. A Articulação que nunca teve interesse por movimentos de massa, não participou da greve de protesto, limitou-se a distribuir um jornal nas agencias bancarias onde concentrava sua base sindical e eleitoral. Lá o Vereador Pierre, que fazia uma campanha paralela, inclusive com material sem o nome dos majoritários, destoava do discurso da esquerda Petista, que alem do aspecto ético, trabalha bandeiras históricas como a Reforma Agrária, o não pagamento da divida externa e caracteriza o governo de Collor de Mello como Neo Liberal. Pierre e seu grupo, regionalizam o debate e centravam seu discurso na questão moral. Digo que foi um erro, não o Protesto, mas a presença dos candidatos majoritários, a frente da passeata, comandando o fechar de portas do comercio. Para uma cidade extremamente conservadora aquele foi encarado como um ato de vandalismo, do qual discordo, mas que do ponto de vista do voto, não podia ser feito.

A hora do fim da era Collor estava se aproximando. Em Limeira, vários manifestantes, acomodavam-se nas escadarias da Catedral e em frente oradores revezavam-se nos discursos. Era um ato supra partidário. Quase próximo do inicio da votação no Congresso, uma figura empunhando a bandeira do Brasil, entra na praça da Igreja.................

CONTINUA........................