terça-feira, janeiro 13, 2009

REFLEXÕES DE UM VELHO MILITANTE

ESQUERDA E DIREITA? ISTO EXISTE?

JANJÃO

Nasci na política, ouvindo que a mesma divide-se, no espectro ideológico, entre esquerda e direita. A esquerda, caracterizada assim pelo fato de ter posições de ruptura com o Capitalismo e de propor uma sociedade alternativa, que tivesse um período de transição denominado de Socialismo. Esta sociedade nova a ser atingida, Karl Marx a intitulou de Comunismo, uma referencia, as comunidades cristãs que tinham a divisão de bens materiais e espirituais feita de forma comum. Também Marx bebeu na fonte dos Socialistas Utópicos, do final do século 18 e da primeira década do dezenove, que tinham como característica a vida em comunidade, onde tudo era compartilhado em partes iguais. Para o Alemão, o Comunismo seria uma sociedade sem classes, onde não haveria a dicotomia explorados e exploradores. Nenhum pensador Marxista, nem mesmo Karl, elaboraram uma experiência desta sociedade. Quanto ao Socialismo, o século 19, promoveu teorias das mais diversas e o século 20, abrigou modelos em varias nações. Esta pode ser a definição clássica de esquerda.

Em relação á direita, podemos visualizar que é a manutenção da ordem do Capital. Para este espectro, a sociedade baseada na competição e na produção, é geradora de lucros, capazes de manter uma classe detentora de meios de produção, que protege os que fabricam estes meios. Nenhum Capitalista mesmo clássico vai admitir que a concentração de renda é fundamental para avançar na proteção da classe de proprietários. A direita costuma ser conservadora em valores humanos, como casamento indissolúvel, sociedade patriarcal, e os violentos, disseminando o racismo, a homofobia, o xenofobismo, o machismo. Sua intenção é clara e objetiva, mesmo em tempos de crise, não há nenhuma chance de abrir da concepção de acumulação, o máximo que ocorre é métodos diferentes do usual para a superação de problemas. A direita é fundamentalista e pragmática ao extremo. Esta queridos, leitores, é a síntese da clássica definição de direita.

Mas após a derrubada do Muro de Berlim, posso notar, que estas definições tem caído em desuso, pelo menos na pratica de lideranças políticas. A retórica do Fukyuama, quando em 1990, afirma que “Era o Fim da História”, o Capitalismo teria vencido, ou o discurso de Lula em 2002, justificando sua defesa da aliança com setores de direita, que o mundo mudou, portanto ela também teria mudado, vai elaborar uma concepção política, que não considera mais princípios ideológicos. Parece que estão decretando o fim das Utopias. È proibido sonhar com um mundo diferente e alternativo até as esquerdas tradicionais e a direita. A agenda que se coloca, não é mais de se acreditar em coletivos, sejam partidários ou não. O culto á personalidade é a bola da vez. O que importa é acreditar na figura, no personagem que se apresenta no titulo de autoridade. Suas crenças políticas não interessam. Vale mais o que tem para oferecer de paliativo e assistencialista, do que a luta para que não haja mais fome e miséria. Partidos há muito são siglas apenas, condomínios temporários de políticos.

A dualidade vem fazer parte do cenário mundial, vide o desastre George W Busch, em nome da retórica de destruir com o “mal”, estrangulou a sociedade Americana. Mas sustentou a contradição entre o discurso e a pratica, no decorrer de seu mandato.
O mesmo político que diz ser um árduo combatente do trafico de drogas, tem sua campanha financiada pelo crime organizado. O mesmo político que institui programas assistencialistas como o bolsa família, facilita uma política monetária que engorda banqueiros.

O que importa é o resultado no final das contas. Não importa com que se alia, não importa quais os meios utilizados, para se chegar a objetivos. Fala-se que os pobres são prioridades, mas defende-se a pena de morte, a maioridade penal e outras tranqueiras.

Este ideário, tem sido notado tanto na “esquerda”, como na “direita”, não há mais privilegiados ou excluídos desta comum concepção.

Hoje o viva é a morte as Ideologias, ao direito de Sonhar e o abre alas, para o fisiologismo e o pragmatismo sem escrúpulos.