quarta-feira, novembro 23, 2005

A BURGUESIA OCIOSA

Desde que o mundo é mundo, uma discussão pula de boca em boca entre os seres humanos. O pobre trabalha, o rico não, apenas administra seus lucros. Quando conheci a literatura Marxista, entendi que o sistema em que vivemos é o da acumulação de riquezas e sua conseqüente concentração.

A classe social que utiliza deste expediente, leva o nome de Burguesia, origem de Burgos, aldeias, cidades onde se concentravam na idade média, os comerciantes, banqueiros e futuros empresários da grande indústria, que formavam a classe média daquele período, que embora tivesse dinheiro e posse dos meios de produção não possuía o poder político, que permanecia nas mãos da monarquia e da igreja.

A Revolução Francesa em especial, vai alçar os Burgueses à categoria de classe dominante. Os Burgueses no sistema feudal, antes das Revoluções liberais, estavam a um degrau acima dos pobres (servos), mas submetidos à vontade dos Reis e Papas.

Um escritor do século XVI, escreveu que: "Os servos carregam os burros nas costas, os burgueses pagam as despesas dos Burros, os padres rezam para que servos e burgueses continuem a serviço do Rei e o Rei come, dorme e explora, deixando os servos na miséria, burgueses sem poder político, padres alimentando espiritualmente esta idéia e os nobres vivendo no ócio".

As constantes transformações que vieram com as Revoluções Liberais, mudaram um pouco esta ordem. Derrubaram os Reis, que substituídos foram pelos Burgueses no poder agora político e econômico.

Quando iniciei minha militância no movimento sindical, perguntava sempre se o patrão trabalhava ou apenas regozijava-se das riquezas roubadas de nosso trabalho. Reflito ao longo dos anos, que o principal objetivo do burguês é a ociosidade. Ganhar dinheiro sem precisar trabalhar muito, a fim de sustentar suas ambições. O Burguês trabalha, isto não tenho a menor dúvida. Mas seus objetivos são completamente diferenciados dos trabalhadores. Enquanto em uma família de operários, Pai, mãe e filhos trabalham já desde o inicio da adolescência, em uma família de Burgueses, raramente dois ou mais membros entram no mercado de trabalho antes dos 25 anos, com formação acadêmica.

A acumulação por intermédio da exploração do trabalho alheio, é meta da Burguesia, que descobriu nos aparelhos do Estado, uma forma de viver com dinheiro público ou beneficiando-se das influencias e benesses deste mesmo Estado.

Tenho observado uma parcela desta classe social, que se beneficia do poder público. Sua principal intenção é viver cada vez mais ociosa e de preferência com muita ostentação. Para isto necessita que os pobres façam o trabalho pesado, sujo e humilhante, sobrando-lhe tempo para dedicar-se a outras atividades, nem sempre intelectuais, quase sempre espalhafatosa e de uma gastança e tanta.

Este setor da Burguesia não acumula patrimônio, pensa muito no hoje e agora. Com as crises econômicas e a globalização da economia, este segmento quebrou, vindo à bancarrota, perdendo empresas e enrolando-se em enormes dividas, por conta de que
o interessante é as viagens a passeio, mulheres e bebidas. Com isto tem agarrado na vida pública, vendo nela a saída para continuar na ociosidade.

Ideologicamente este segmento, é retrogrado, truculento, autoritário e preconceituoso. Repugna o moderno, mesmo que o novo venha da própria classe. Com o dinheiro público, são relapsos e corruptos ao extremo. Este setor tem se escasseado, nas últimas décadas, sendo alijados do poder.

Um outro grupo tem emergido e substituído este segmento. Feroz e cruel com os pobres, mas aberta ao conhecimento e habilidosa na propaganda. Esta nova Burguesia que surge no final dos anos 70, é muito mais concentradora de renda. Porem tolera com maior freqüência.

Defende integração e não inclusão, mas faz um discurso que às vezes parece até Revolucionário.

Collor de Mello, embora seja integrante do setor feudal da Burguesia Brasileira, quando na Presidência ensaiou discursos que o aproximavam deste novo modelo. Por exemplo, chamar o fusca produzido no Brasil de carroça, denunciava o atraso tecnológico em que vivia nossa indústria. No governo FHC, o moderno era defender o estado mínimo e não interventor na economia, realizando uma sangria privativa, jamais vista em nenhum outro País, contrapondo-se ao discurso da Burguesia "nacional", estatizante.

As duas como os Reis e os Papas exploram os pobres, e seu objetivo único é sempre acumular, para lucrar e viver na OCIOSIDADE.