terça-feira, agosto 29, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XIV


Itália 1990. A seleção Brasileira de Futebol, comandada por Sebastião Lazaroni, passava as oitavas de final daquela Copa do Mundo, com o coração na mão, jogando muito mal. O adversário era a Argentina, igualmente mal na fase inicial perdendo para Camarões no primeiro jogo. Apesar de não convencermos na primeira fase, éramos favoritos, pois os “hermanos”, desempenharam um papel pior que o nosso. Mas dizem que o futebol é reflexo, da situação político, sócio, econômico de seu País. Não tínhamos Maradona e Caniggia, tínhamos um punhado de jogadores vaidosos e arrogantes, que o único objetivo, estava em fechar contratos milionários com agencias de publicidade e salários com clubes Europeus.

A era Collor que iniciava-se, apontava este sentimento, de baixo astral, de desapego as coisas da terra. A frase que mais tarde fez sucesso em bocas de jovens de todo o País, “Pagando Bem que Mal Tem”, aliado ao “Levar Vantagem”, da década de 70, inicia um furor, naquele inicio de década.

Eu inicia uma nova vida, em uma cidade que, naquele junho/julho, já tinha me adaptado, enturmado. Buscava conhecer a realidade da categoria em que trabalhava. Os trabalhadores da Construção Civil consistiam em um Universo, diferente e desafiador para mim. Mais da metade dos operários, eram semi ou analfabetos. Mais de 40%, vinham de outros Estados, aqui ficavam no Maximo 1ano, até terminar a obra pela qual foram contratados. Eram chamados peões do trecho. A categoria como um todo, carecia de direitos trabalhistas, que já eram precários e flexibilizados, ficariam mais ainda na era Collorida e no anos FHC. Mais de 60% dos Trabalhadores não tinham carteira assinada e os acidentes de trabalho e as mortes eram (e ainda são), constantes. Levei exato um Semestre para entender esta intricada situação, de um setor econômico, que sobrevivia, do dinheiro público, vencendo licitações, nem licitas. È com a preocupação de despertar uma consciência cidadã, nestes migrantes excluídos e marginalizados, ajudei a produzir um vídeo, o qual me orgulho de ter tido a idéia da concepção, que trabalhava, as raízes estruturais e conjunturais desta categoria de trabalhadores. Falarei especificamente sobre a fita, em outro texto.

Este final de semestre, alem da Copa do Mundo, sediou o 7º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores. Muito esperado, este evento, pois foi a primeira vez após a derrota para Collor, que o PT, reunia-se para auto avaliar-se, analisar o governo Collor e preparar o futuro, que em um prazo curto, tinha como agenda as Eleições de outubro, para todos os cargos, menos para a Presidência da Republica. Parte da Esquerda, defendia que o 1º Congresso, adiado em virtude das eleições de 1989, deveria ocorrer neste inicio de anos 90, por entender que havia necessidade, de capitalizar os ganhos políticos com o quase lá de Lula. Mas a corrente majoritária, desenhando já suas características, de impor sua concepção reformista, aceita convocar o Encontro Nacional e remeter a ele a convocação do Congresso, que ficaria para 1991. Apesar das já referidas, mudanças comportamentais e ideológicas de alguns dirigentes, já abordada nesta serie, o conjunto Petista, consegue conformar uma resolução que ainda mantem princípios, importantíssimos de construção Partidária. A melhor formulação sobre o Socialismo que o PT, deseja, foi aprovado no sétimo encontro.
A critica ao Socialismo Burocrático do Leste Europeu, e a rejeição á Social Democracia, caracterizando-a como o braço liberal do Capitalismo, estão definidos no texto, alem de reafirmar que a Democracia, o Pluralismo e a Solidariedade de Classes, são fundamentais para a construção do Socialismo Petista. Neta toada á de se destacar em Construção Partidária, o limite de 10% de representação nas instancias de direção Partidária, que no ano seguinte no 1º Congresso, a um avanço com a conquista da proporcionalidade direta e qualificada.

O 7º Encontro Nacional, define que o Governo Collor, é Neo Liberal e tem como objetivo, o aprofundamento da exclusão social. A década começa a conhecer uma das maiores recessões de toda nossa História. Com isto o Partido se coloca na oposição radical a este governo.

Terminávamos o primeiro semestre, com o 7º Encontro e com a criação do Fórum do Interior, tendência interna do PT, a qual fui um dos fundadores, e que lançaria nas eleições de outubro, seus primeiros candidatos: Renato Simões e Durval de Carvalho.

CONTINUA...........