quinta-feira, agosto 24, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XIII


O estardalhaço que Fernando Collor de Mello, fez no período de preparação para sua posse, fez muitos de nós (a Esquerda), acreditar, que seu governo “deixaria a direita perplexa e a esquerda surpresa”, como ele mesmo afirmou, em pronunciamentos e entrevistas a imprensa. Seu ministério, trouxe algo inédito na vida republicana, uma mulher assumiria o segundo posto mais importante de um governo, o de Ministro da Fazenda ou da Economia, como ele preferiu. Sua assessora econômica, durante a campanha, Zélia Cardoso de Mello, assumiria o cargo e já de cara protagonizaria, um dos maiores golpes aos bolsos da classe média e do trabalhador Brasileiro.

Na véspera da Posse, os jornais anunciavam, feriado bancário, pois o primeiro governo Eleito pós final da Ditadura Militar, lançaria um pacote econômico, de assustar a Burguesia e fazer a esquerda morrer de inveja. O clima de apreensão e expectativa era muito grande. A esperança pelo menos dos mais pobres, era imensa. A vitória do caçador de marajás, teve o voto maciço das camadas pobres e excluídas da sociedade. Esperava-se de Fernandinho, não só a proteção de valores familiares como ele mesmo afirmou variadas vezes durante o processo eleitoral. Mas que o Presidente eleito, resolve-se de vez com os problemas sociais, acumulados durante décadas e que jogavam milhões de pessoas na miserabilidade. O que o povo Brasileiro, esperava de Collor de Mello, é que o apelo que ele tanto fez na campanha eleitoral ao povo, o mesmo Collor cumpri-se em relação a massa excluída: Não Deixa-se o povo só.

E o dia da Posse chegou. 15 de Março de 1990. Collor e Rosane sua mulher, postavam-se para subir a rampa do Palácio do Planalto, quando a noticia começou a espalhar-se ou vazar na linguagem das redações. Correria total. Lembro que estava na sala da diretoria do Sindicato da Construção Civil, quando a noticia, foi dada pelo plantão Globo. O Plano Econômico de Fernando Collor de Mello, com a argumentação de derrotar a inflação, que chegava naquele principio de março a 84%, confiscava a poupança dos Brasileiros. Inflação Zero, retroativa a 1º de março, riscava do mapa e dos salários dos Trabalhadores, o repasse inflacionário, terminando com a única política salarial daqueles tempos. As cadernetas de poupança, até 50mil cruzeiros novos (moeda criada pelo Plano de Estabilização), foram apreendidas pelo banco Central, em outras palavras, sumiram do mapa e dos bolsos, principalmente da classe média.

O choque foi enorme. O Plano de Estabilização foi anunciado, um dia após a posse, embora tenha vazado. Demorou-se muito para que os Brasileiros entendem-se o que queria o Presidente e seu Plano Econômico. Sua Ministra, foi a sensação nos primeiros dias dos anúncios econômicos, tentando convencer o País todo, de que nunca na História do Brasil, ocorreu medidas tão certeiras, que levariam a nação a incorporar e fazer parte do primeiro mundo em menos de 5anos.

Confesso que no primeiro momento, houve certo apoio ao Presidente. O então economista Aloísio Mercadante, chegou a afirmar, que LULA, eleito faria o mesmo que Collor. Pasmem, assim ficamos depois de compreender que o Plano nada mais era que um roubo as economias de milhões de Brasileiros e o implantar do Projeto Neo Liberal no Brasil. Muito arrocho salarial e muita recessão. E mais não daria para concordar com o futuro Senador da República, por duas razões: a primeira já exposta, que o pacote de Collor, foi o maior presente de um amigo da onça, poderia dar. Segundo, o próprio Collor disse que não tomaria medidas como essas e acusou LULA, de querer aplicar o golpe da caderneta de poupança.

O Brasil começa a conhecer o Presidente que elegeu, por medo ao PT e á LULA. O Cineasta Walter Salles, consagrado mais tarde por Central do Brasil, foi captou, o clima que se criou com o inicio do Governo de Fernando Collor. Seu filme Terra Estrangeira, retrata em um roteiro, em que um Brasileiro desiludido com o País, após o confisco da Poupança, vai tentar viver em um exílio voluntário em Portugal. A película é de 1995. Vários artistas e personalidades, pronunciaram que não queriam mais viver aqui. Xuxa a rainha dos Baixinhos foi uma delas.

O Plano econômico, mergulhava o País no Caos. O PT passava por transformações ideológicas, iniciava uma das maiores crises, que a esquerda mundial já enfrentou. Eu vivia novas experiências, e sentia o baixo astral que se formava naquele inicio de década.

CONTINUA.......