terça-feira, outubro 24, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XXI



A Coordenação da Campanha Wilson Cerqueira Prefeito, naquele ano de 1992, era formada basicamente, pelo primeiro time do então Fórum do Interior. Osmar Lopes assumiu o Programa de Televisão, Gilberto Roldão ainda não pensava em ser Jornalista, dirigiu o marketing impresso da campanha, Nadir minha companheira, o trabalho de articulação com a militância, os núcleos de base e os cuidados com a sede do Partido. Para mim sobrou o Programa de Radio e acidentalmente a assessoria política ao candidato nos embates dos debates e entrevistas.

Apesar desta divisão de tarefas, as dificuldades eram enormes, desde falta de grana, até de experiência eleitoral. Afinal de contas, o FI, assumia pela primeira vez o comando de um pleito eleitoral, a Articulação que dirigiu o Partido em toda a década de 80, abandonou a candidatura majoritária e foi fazer campanha para os seu proporcionais.

No inicio de campanha, como relatei no capitulo anterior, um dossiê veio cair no colo da campanha Petista. O documento tinha como fonte, ex. Partidários do Deputado Federal Jurandir Paixão. Os motivos da “vingança”, não sei qual eram, talvez tivessem sido descartados dos esquemas do Deputado. O conteúdo do Dossiê Arapongas por nós apelidado, trazia uma serie de informações, sobre políticos, lideres de movimentos populares, sindical e comunitário. Inclusive a “espionagem”, ia alem das atividades políticas do vigiado, a vida pessoal era desnudada por lentes de maquinas fotográficas e de vídeo, tudo registrado em relatórios entregues á Paixão e seus auxiliares. No campo da esquerda, os maiores espionados eram o Ex Padre Wilson Zanetti, agora o vice na chapa de Cerqueira. O próprio Wilson Cerqueira e vários militantes sindicais, o Ex Vereador Luis Carlos Pierre e outros. Soube que até o escriba aqui, teve sua devassada pela arapongagem de Paixão e seu grupo.

Os Arapongas, todos eles, tinham cargos comissionados, ou na Prefeitura e após a derrota do PMDB, em 1988, no esquema BANESER, iniciado no Governo Quércia e teve continuidade no de Luis Antonio Fleury Filho. O Baneser, funcionava como uma espécie de agencia de empregos de nomeados. Para aumentar seu exército de cabos eleitorais e cumprir promessas de campanha, Orestes Quércia, criou esta empresa, a qual não necessitava de concorrer em concursos públicos. O Baneser inchou a máquina estatal, em mais de 100mil comissionados, um verdadeiro cabide de emprego, favorecimento á parentes e cabos eleitorais. Com esta legião de fieis “militantes”, o PMDB Quercista dominava e controlava todo o Estado de São Paulo. Em Limeira, que me lembro pelo menos 02 lideranças políticas, tinham nomeação no esquema de contratação: o Ex Vereador e hoje Chefe de Gabinete do Prefeito Silvio Félix e o filho do Ex Vice Prefeito do próprio Paixão Oscar Breda.

A Campanha Petista explorou o documento o máximo que pode, durante o processo. Caracterizando os esquemas, de invasão de privacidade, típico dos tempos da ditadura, fomos compondo uma linha de campanha, de ataques constantes á Jurandir Paixão, intitulando-o como o Coronel e seus métodos autoritários e repressivos.

O Slogan da Campanha dos Wilsons era “Limeira vai Optar pelo Novo”. A escolha deste tema, tinha como analise, o fato do poder na cidade ser alternado por dois grupos: O de Paixão e sua filosofia autoritária e populista, e o de Paulo D’Andréa, com fortes ligações nas lojas maçônicas e com uma política de centralizar ações em um corporativismo e de favorecimento a pequenos grupos econômicos. Exalava neste grupo em particular, o preconceito com cidadãos de outras localidades, em particular nordestinos e negros.

Com este quadro eleitoral definido, concentrou-se desde a elaboração do Programa de Governo, até os Programas de TV e Radio, com esta tática e concepção de campanha.