quarta-feira, maio 16, 2007

CRÔNICA DA CIDADE


LIMEIRA DOIS

Desde criança ouvia dos adultos a frase: “Se pudesse iria embora desta cidade”. As falas carregavam uma angustia e uma magoa enorme. Cresci, adquiri consciência do mundo e continuei ouvindo, esta frase e similares, como aqui não dá para viver, nada dá certo em Limeira. Fui registrando ao longo dos anos estas manifestações de baixo astral. Mas um dia resolvi não só ouvir e sim tentar entender aquelas pessoas com sua tristeza nas palavras. Fui para os questionamentos. Mas porque deixar esta terra. Porque não acreditar que aqui é possível ser feliz?.

As respostas não me surpreenderam. Aqui diziam : “ Os políticos estão interessados apenas em seu bem estar”, “Empresas de grande porte, não se interessam em aqui se instalar”, “Universidades passam longe daqui”, “Tudo é precário, desde o transporte coletivo, ao sistema de saúde”, “ A violência urbana toma conta de nossos bairros”.

Fiquei anos matutando e comparando minha cidade, com outras que trabalhei e visitei. Já encontrei climas de pessimismo em muitos lugares, mas Limeira parece que é insuperável, bate todos os recordes de negatividade e desânimos.

Concluí que as Elites decadentes desta cidade, não entendem nada de proporcionar qualidade de vida para a população pobre e maioria em todos os cantos do município.

Concluí que o baixo astral, é produção do detentores de poder, sanguessugas da positividade e da felicidade.

Interessa as elites, que as pessoas pensem em ir embora ou caiam em depressão. Os três anos que vivi em Pedreira, fiquei espantado, com a quantidade de mulheres e homens pobres, que recorriam a psiquiatras para sessões de analise. Em uma cidade sem emprego e sem perspectivas de futuro leva a problemas próximos a loucura e a anulação do ser humano. Em minha cidade não sei qual a estimativa de pessoas que procuram ajuda profissional, para conter depressões e tristezas.

Só sei que aqui, o monstro do poço fundo é maior que o anjo da luz do fundo do túnel.