terça-feira, setembro 04, 2007

METALÚRGICOS 4

Os anos noventa do século passado, foram de desafios e mutações para o movimento sindical brasileiro, os quais os Metalúrgicos de Limeira, não ficaram impunes. Dois fatores externos, contribuíram para mergulhar as esquerdas e seu campo sindical em uma das maiores crises políticas de toda a História. A queda do muro de Berlin em 1989, produziu milhares de homens e mulheres, sem rumo e referencial ideológico. Por maiores que fossem as criticas, ao chamado Socialismo Real, os Países do Leste Europeu, a União Soviética, Cuba e China, eram os espelhos, tanto para o bem, como para o mal. Só o fato, das experiências rejeitarem o Capitalismo, o Socialismo Real, era este espelho, de uma sociedade diferente. Vários dirigentes sindicais, passaram toda a década de 80, em viagens de intercambio e conhecimento, com diversos Paises Socialistas. Passavam temporadas, estudando as economias, a sociologia, o modo sindical dos socialistas, enfim, estes Países, passam a ser laboratórios para os sindicalistas Brasileiros.

Alem do que, os Países principalmente do Leste Europeu, eram fonte de recursos, para o Terceiro Mundo e em especial para as esquerdas, que investiam o dinheiro, em programas de formação política, criando instituições especificas. As mais famosas eram: Treze de Maio, com uma linha marxista leninista. A entidade tinha como publico as esquerdas Trotskistas e oriundas dos movimentos populares. Outra instituição de peso, foi o Instituto Cajamar. Bancado com recursos da Europa do Leste e por Centrais Sindicais Italianas, entre elas uma Social Democrata, Cajamar, localizado na cidade de mesmo nome, próxima de Jundiaí, foi o centro formativo do PT e da CUT, com orientação revisionista e ao mesmo tempo Stalinista. Servia as tendências mais a direita do movimento, em especial ao Campo Majoritário. Os Metalúrgicos, preferiam o 13 de Maio, mas através de programas da CUT, freqüentavam Cajamar. Vários dirigentes Limeirenses, participaram destes programas.

No inicio da década de noventa, o campo de esquerda o qual os Metalúrgicos de Limeira se articulavam, criou um outro centro de formação: O Nativo da Natividade. O nome em homenagem ao Sindicalista, Presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, Goiás, que foi assassinado nos anos 80, por matadores de aluguel, a mando de fazendeiros grileiros de terra. O Nativo, tinha uma orientação Marxista, mas trabalhava conceitos e concepções de forma básica, pois seu publico, nunca tinha ouvido falar do Velho Alemão. A diferença do NN, em relação ao Cajamar e ao Treze de Maio, consistia, em uma visão preparatória para o dia a dia sindical, ainda com praticas anárquicas e uma novidade, a discussão da Ética Revolucionária, confundida as vezes com a Ética Cristã. O Nativo, teve em seu inicio recursos externos, mas foi durante quase dez anos, financiados por Sindicatos da Esquerda Cristã, entre eles os Metalúrgicos de Limeira, que fizeram parte de sua direção.

Um velho companheiro nosso e dos Metalúrgicos dos tempos de Nativo, o hoje Prefeito de Várzea Paulista, o Professor Eduardo Tadeu Pereira, o Edu, escreveu em sua dissertação de mestrado, sobre a experiência de formação Política no Brasil, com base em sua vivencia no NN. O trabalho, intitulado "Educação e Formação Política: um estudo histórico-analítico e institucional da Fundação Nativo da Natividade", procura apresentar aos movimentos sociais uma experiência de Formação de abrir consciências para a luta de classes e seus meandros.

A derrubada do Muro, interrompeu até os dias de hoje, os intercâmbios e os programas formativos com as esquerdas Socialistas. Tal situação, empurrou parte deste contingente, a outras concepções e experiências. Em particular com a Social Democracia Européia. Conceitos como pragmatismo, reformas e fazer o que é possível. O outro fator e externo, comento no próximo capitulo.

CONTINUA...........................