terça-feira, agosto 21, 2007

METALÚRGICOS 3

O final dos anos oitenta, para a categoria metalúrgica, foi de muita luta e da revelação de um novo jeito de fazer sindicalismo. Um mês após a posse da nova diretoria, os metalúrgicos, pararam a cidade na maior greve geral, de nossa História. Convocada pela CUT, a greve, tinha como objetivo, protestar contra os planos econômicos, do Governo Sarney, que apresentou-se como um engomo, depois de uma breve euforia e porque não eufemismos, com o primeiro daquela gestão o Plano Cruzado, que congelou moedas e preços. Era o primeiro desafio, daquela diretoria, formada por jovens, o mais velho, não passava dos 45 anos, de mostrar seu compromisso com os interesses dos trabalhadores. Tudo parou, desde as metalúrgicas, passando pelo Transporte Coletivo e desembocando no funcionalismo público. Foi a primeira de muitas naquele período.

A categoria, vivia o novo intensamente, confia em sua nova direção. Votou nela, pondo o fim em mais de vinte anos, de Peleguismo e entreguismo, no sindicato. Os trabalhadores começam, a ter novos hábitos, a conhecer novas culturas de relacionamento com seu Sindicato. A começar, pela presença quase que diária dos dirigentes, nas portas de fábricas e as assembléias para discutir tudo que dizia respeito a vida dos operários. Na administração da maquina sindical, o assistencialismo é logo substituído por uma estrutura que privilegia, a luta e a organização dos trabalhadores. Não há neste período, nenhum traço corporativo e excludente. O Sindicato é literalmente a casa da classe trabalhadora. Independente se é metalúrgico ou não, o atendimento e acolhida era para todos sem discriminação.

A diretoria, embora tivesse uma concepção definida, de como fazer sindicalismo, ainda era inexperiente, afoita e carente de formação política, que aponta-se para uma estratégia histórica. Assim as contradições do novo, com o velho da estrutura herdada, era nítida naqueles primeiros anos.

Mas apesar disto, logo nos primeiros momentos um núcleo dirigente se forma, toma a frente da direção e inicia mudanças profundas na estrutura. Já de cara, muda os estatutos da entidade. Põe fim a estrutura Presidencial, instituindo a direção colegiada, com revezamento nas funções e tarefas. Em tese some a centralização de poder nas mãos de uma figura e democratiza a administração sindical. Os estatutos celebram uma estrutura de tomada de decisões que tem o Congresso da categoria como instancia máxima de deliberações. Na comunicação, as informações chegam mais rápido as fabricas, através de folhetos, volantes e praguinhas, alem de um carro de som, para a disseminação das noticias. A categoria sem muita tradição em ler os informativos de seu Sindicato, no inicio teve um pouco de dificuldades, depois isto passa a fazer parte de seus hábitos. As assembléias nos locais de trabalho, também assustam no inicio, depois bastava encostar o carro de som para os operários, aderirem ao chamamento sindical.

Esta nova forma de sindicalismo, estava empolgando a imensa massa de trabalhadores. Despertava a cada dia a necessidade de se organizar e lutar por condições melhores de vida, trabalho e salário. Na primeira greve da Gurgel Motores de Rio Claro em 1987, após dois dias do movimento, um trabalhador confessa á dirigentes sindicais, o que tinha e estava aprendendo: “Descobri que os Patrões nos exploram, tiram tudo de nós e que a única forma de mudar isto, é a união através da luta dos próprios trabalhadores”. Este operário com certeza não leu o Manifesto Comunista, nem tão pouco a maioria dos dirigentes, tinha lido até então. Este despertar, se fez sentir em outro movimento paredista. Em 1989, em plena Campanha Salarial, os trabalhadores da Rockewel Fumagalli, decidem em uma assembléia, parar a produção no dia seguinte. A diretoria do Sindicato, ficou apreensiva e temerosa, com aquela decisão. Primeiro porque não havia tradição no estilo de greve que os trabalhadores da Fumagalli, propunham: A greve de dentro para fora, com um arrastão do fundo para frente dos barracões da empresa. Segundo porque nem dez por cento dos operários, tinham comparecido, naquela assembléia e nas atividades de preparação. E mais o combinado é que apenas dois ou três dirigentes do Sindicato deveriam estar na porta da fabrica a espera da massa trabalhadora. A surpresa é que a tática deu certo, e a primeira greve, na maior empresa de rodas de autos da América Latina, estava deflagrada. E aqui é o mesmo exemplo do caso Gurgel: os trabalhadores nunca tinham lido a respeito, das greves da Revolução Russa ou dos operários Franceses.

Porém, os patrões que no primeiro momento assustaram-se com a vitória da esquerda no maior Sindicato da cidade, não viam com bons olhos, as mudanças de comportamento e concepção na categoria. A reação viria, rápida como um Cometa.

CONTINUA.........................