quinta-feira, janeiro 24, 2008

METALÚRGICOS X


A tradição de luta dos trabalhadores brasileiros, sempre foi baseada em reivindicações imediatas e que batem diretamente no estomago e no bolso de suas famílias. Na verdade uma mobilização, seja ela, uma greve, uma passeata, sempre teve no topo da motivação aumento de salário, como meta prioritária. Bandeiras como estabilidade no emprego, redução de jornada de trabalho e segurança no chão de fabrica, que constantemente o movimento sindical, trabalha nas campanhas salariais, são jogadas para segundo plano, por mais prioridade que as lideranças possam dar aos temas.

Agora imagina uma luta para garantir que um instrumento de representação como o Sindicato, permaneça sob a condução de uma diretoria combativa e totalmente desatrelada dos patrões. Dificilmente, isto ocorre. Eu mesmo conheço pouquíssimos casos de categorias que se organizaram para defender seu Sindicato, de tentativas de divisão da base territorial, ou outros ataques da direita e dos patrões.

Depois da Constituição de 1988, com a garantia de Liberdade e Autonomia Sindical, cabe aos trabalhadores, decidirem como será sua organização e quem o represente. Embora a Consolidação da Leis Trabalhistas, ainda mantenha, uma Estrutura Sindical, dividida por ramo de atividade. No entanto a liberdade de constituição de entidades sindicais, ficou muito mais flexível. Varias categorias, que anteriormente a 88, não tinham representação sindical, constituíram após a promulgação da Constituição, suas instituições. É caso, dos trabalhadores e trabalhadoras domésticos, funcionários públicos, trabalhadores da economia informal e outros. Por outro lado, a Constituição, garantiu também, que uma base territorial de um Sindicato, pode ser desmembrada e outro, ou até mais que um. Bem como, Sindicato cujo ramo de atividade, há mais de um segmento profissional, possa ocorrer a fundação de outra entidade. Só como exemplo: No ano passado, depois de muitas lutas, a categoria de motoristas do transporte coletivo de Limeira, resolveram fundar um outro Sindicato, por conta do comprometimento do Sindicato tradicional com as empresas de ônibus. Como o Sindicato “oficial”, representa os segmentos do ramo, como trabalhadores de carga, fretamento e outros, os agora Sindicato Cutista, utilizou para desmembrar, o setor motoristas e cobradores de Limeira.

Esta flexibilidade, também é usada pelos patrões e seus aliados no Movimento Sindical. No dia de ontem os trabalhadores Metalúrgicos de Rio Claro, base territorial de Limeira, deram uma demonstração de organização e consciência política.

A Força Sindical, com o apoio explicito dos empresários da cidade Azul, em particular, da MultiBras e Brascabos, ambas do grupo Brastemp, tentaram fundar um novo Sindicato de Metalúrgicos e assim na linguagem sindical, rachar a base de Limeira. A direção do Sindicato, quando soube destas pretensões, imediatamente, iniciou um processo de mobilização para garantir que a base não fosse cair nas mãos patronais.

Em uma greve Histórica, os Trabalhadores da Torque, maior empresa metalúrgica de Rio Claro, cruzaram os braços, para defender que seu Sindicato, continuasse sendo dirigido por lideranças comprometidas, com garantias de manutenção, ampliação de direitos.

A assembléia marcada em um local, onde funciona atividades de lazer e entretenimentos, com uma festa regada a Churrasco e bebidas, os pelegos Sindicais, acreditavam que podiam, atingir seus objetivos. Mas os trabalhadores, não só da Torque, mas de varias outras, inclusive do grupo Brastemp, compareceram a Assembléia, e votaram contra a fundação de um novo Sindicato, pois compreenderam, que o mesmo seria um instrumento dos patrões, para cortar direitos e aumentar a exploração.

E assim, a consciência de classe dos trabalhadores, vai se construindo rumo a transformação da sociedade.