TEXTO DE AMIGOS
Da série: vale a pena postar de novo
Zuzi, Nina e o Mar
Nina e Zuzi se entregaram lentamente à conversa. Diziam "hum-hum" para perguntas inocentes como "Vocês gostaram de ver pela primeira vez o mar?". Depois, soltavam uns risinhos e contorciam as mãos pequenas com unhas roídas num sinal claro de vergonha mesmo diante de perguntas tolas como "O que vocês mais gostaram lá?".
De quando em quando, elas se olhavam com aquele olhar cúmplice como quem diz "vai, fala você". Nina seria a primeira a quebrar o gelo por ser a mais velha - tem 10 anos - e ficou surpresa ao saber que a água do mar é salgada. Mas foi justamente Zuzi, 8, que falou: "a gente brincou de pique-esconde". A voz saiu miúda enquanto ela se contorcia sentada em um sofá branco na recepção da Casa da Criança Santa Teresinha, em Limeira.
Antes, durante e depois da resposta, ambas continuavam rindo de tudo o que era perguntado. Aos poucos, foram contando as aventuras de oito dias em que estiveram em Caiçara, na Praia Grande, com outras 33 coleguinhas e as "tias" - monitoras da casa. E quais eram as outras brincadeiras? Aí foi a vez de Nina responder: "pezinho" (as crianças ficam de braços esticados uma para outra e ganha quem conseguir pisar no pé da adversária). A campeã dessa brincadeira, continuou ela, foi Angélica. "Ela tem o pé rápido", justificou.
Agora sentadas em um dos lances da escada da Casa da Criança, elas disseram que gostaram também de conhecer Júnior. Acharam ele engraçado. Júnior era o guarda-vidas da praia. "Ele deu uma pulserinha azul para a gente. Tinha o nosso nome, o endereço daqui e o telefone", contaram. E o que ele disse para vocês? Nina falou num tom sapeca: "Não lembro, mas ele não conseguia falar o nome da Lali (outra interna da Casa que esteve na viagem). Ele fala Eulali", disse, rindo. Além de Júnior, a duplinha conheceu Amali e Amélia, vizinhas da casa mantida pelo padre Arlindo Degaspari em Caiçara.
A aventura já começou no primeiro dia, quinta-feira (3). Descer a Serra do Mar e passar pelos túneis da rodovia eram adrenalina pura. "Quando a gente passava no túnel dava um medo", confessou Zuzi. Nina teve medo da altura da serra, mas achou muito bonita aquela imensidão verde. Nem bem chegaram à praia, estavam eufóricas para ver o mar. E o que era para ser apenas um primeiro passeio para molhar os pés na água do mar virou um banho com roupa e tudo. "É, no primeiro dia a gente entrou de roupa e tudo", contou Nina, rindo. E elas não paravam mais de contar histórias.
Como a das meninas grandes que sempre se atrasavam para ir à praia e deixavam chateadas as menores. Nina e Zuzi desembestaram a falar - ao mesmo tempo e desorganizadamente - o que faziam das 8h até o final da tarde nas férias. Disseram até da saudade que sentiam da tia Benê, que dá aula de reforço; saudade da cama na Casa das Crianças; e também da experiência de tomar água de coco. "Eu não gostei não", falou Zuzi, retornando com a vergonha inicial da conversa. Já Nina confessou sem pudor: "Gostei tanto que nem queria voltar. Achei o mar muito bonito". Nina e Zuzi são nomes fictícios, mas o fascínio delas é real e mágico.
EXTRAÍDO: http://www.pautalivri.blogspot.com/ do Jornalista Paulo Corrêa
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