segunda-feira, maio 28, 2007

MINHA MÚSICA FAVORITA


PARE DE TOMAR A PILULA

Como curti este clássico do chamado brega romântico. Canção que inundava o dial das rádios AM, naquele inicio dos anos 70, Pare de Tomar a Pílula, foi para mim um dos marcos, da rebeldia e ousadia na musica Brasileira. Minha mãe detestava, minhas tias odiavam, as beatas da igreja, acendiam fogueiras para queimar discos e fotos de Odair José. Eu ainda um pré adolescente, achava graça daquilo tudo, não entendia bem, o porque da rejeição de muitos aquele música. Nem sabia pra que servia a tal pílula, tão endemoniada, por Católicos ou não, como dizia Caetano Veloso.

Sabia a letra de cor. Não perdia um programa de televisão que anunciava a ida do autor da pílula. Anos mais tarde pude descobrir, o quanto foi corajoso, o goiano Odair José, que com dezoito anos veio para o Rio de Janeiro, para tentar viver de música. Aqui comeu o pão que diabos e deuses amassavam. Algo curioso que descobri recentemente, é que o futuro terror das empregadas domésticas, titulo que obteve, por ter neste público uma grande aceitação, é que no inicio de carreira, Odair José, quase foi militante de esquerda.

O cantor e compositor de Cadê Você, freqüentava o restaurante calabouço, local de reuniões e manifestações estudantis na década de sessenta. Junto com estudantes e lideranças de esquerda, participou de inúmeras mobilizações contra a ditadura militar.

Ditadura esta que Odair José foi vitima, varias vezes, inclusive tendo Pare de Tomar, censurada alguns meses pelo regime militar.

Falar de anticoncepcionais, naqueles anos, era comprar briga com a igreja católica, defensora do método da tabelinha, como convenciona-se chamar até hoje. Pare de tomar, significou a ruptura com tabus, e uma moral cristã burguesa.

Odair foi na época um estouro de vendagens e um símbolo de um estilo musical, que em suas letras, falava de um universo, descriminado até então. Eram Prostitutas, como no primeiro sucesso Vou tirar você deste lugar, as já citadas domésticas, beberrões, mães solteiras e por aí vai.