sexta-feira, abril 25, 2008

UMA HOMENAGEM


OPERÁRIO CONSTRUÍDO

Para o nosso sempre companheiro Carlúcio Castanha- In Memorian

O operário saiu de seu aconchego. Não porque quis, mas porque forças maléficas e violentas encarregaram-se de criar a distância, entre ele e os seus. Doeu deixar para trás a cidade do frevo e do mangue. Foi um ferimento profundo, arrumar o possível e fugir, sem ninguém ver. Mochila nas costas, pouca grana, desempregado, o jeito era a terra da garoa. Lá teria lugar, para o trabalho, para o tempo e depois para a luta.

O operário sempre acreditou em um mundo novo. Não no mundo dos capitalistas, cheio de ilusões e movido pela força da grana. Muito menos em um mundo comandado por castas autoritárias e violentas. Desde o início de sua peregrinação terrena, rechaçava esses dois caminhos.
Pensava e lutava por uma sociedade que dividia o pão nosso de cada dia em partes iguais, que praticava a solidariedade e o afeto. Uma sociedade onde não haveria o mínimo para os muitos, e sim a abundância para todos. Uma sociedade onde sonhos se tornariam realidade no dia seguinte. Onde o amanhã seria sempre o hoje.

O operário pautou sua existência nesta profissão de fé. Com certeza, suas influências nordestinas, como os inconfidentes da Revolução Baiana, Lampião e Maria Bonita, Graciliano Ramos, os poetas do Cordel, lhe encheram de motivação para contribuir na proliferação da semente da transformação social.

O operário, nunca se resignou ou submeteu-se aos mandos e desmandos de poderosos. Detestava injustiças, as combatia com toda a força e coragem. Diz a lenda, que foi preciso um grande exército para tirá-lo do chão de fábrica, após uma demissão sumária e injusta.

O operário tinha lado, opções e partido. Nunca aceitou os muros, nem os vacilos e indecisões. Concordava que na defesa de um mundo melhor não há meio termo, nem tão pouco obstáculos que não possam ser transpostos e derrubados. Era firme e radical nessas posições. Da tese do direito à vida, não abria mão, nunca.

O operário era ternura. Conta-se de sua eterna generosidade. O seu distribuir e socializar o pouco que tinha, foi marca registrada. Não se furtava em dividir a comida ou um leito para o sono com aqueles que não os tinha. Quebrava todo o mito de que revolucionário é sisudo e chato.

O operário era simpático e otimista. Sua simpatia se comprovava na acolhida aos novos passageiros da luta pela transformação. Suas habilidades culinárias era um atrativo de sua personalidade.

O operário abominava a intransigência e a intolerância. Só tinha uma paixão, a qual sectarizava qualquer discussão: seu Corinthians. Por ser um apaixonado, seus olhos eram quase que cegos por este ícone da cultura popular.

O operário fez História. Ajudou a fundar um Partido, que em sua gênese, mostrava ser diferente dos demais, ao defender os pobres e os oprimidos e ao propor uma revolução socialista. Igualmente, ajudou a criar uma central sindical que em seus princípios mostrava-se classista e com um sindicalismo solidário e combativo.

O operário foi um guerreiro. Primeiro no enfrentamento aos poderosos. Depois, ao motor do corpo humano, que insistiu durante muitos anos, a apresentar defeitos. Lutou contra esta enfermidade. Sofreu com ela, mas a compreendeu e com alegria a enfrentou.

O operário se foi. Seu coração insistiu em parar de bater. O operário deixa a terra, mas seu currículo fica.

O operário deixa discípulos que com ele aprenderam, que a vida só tem sentido, quando a felicidade é construída com luta.

O operário deixa admiradores, alguns que não o conheceram no estágio físico, mas seus feitos e conquistas.

O operário nos deixa neste plano e se junta a uma constelação de lutadores da classe trabalhadora: Santo Dias, Arsênio, José Bonifácio e tantos outros.

O operário nos deixa ensinamentos e bons fluidos.

O operário para sempre estará entre nós. Viva a luta da classe trabalhadora. Companheiro Carlúcio Castanha sempre presente.

QUEM ERA CARLUCIO CASTANHA: Carlucio Castanha, Pernambucano, Metalúrgico, primeiro no recife depois em São Paulo, onde durante vários anos militou na Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. Em 1987 encabeçou a Chapa da Oposição ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, bem como fez parte das instâncias da CUT Nacional. Faleceu recentemente, em Recife, para onde tinha retornado, a fim de colaborar com o Prefeito do petista J Paulo, também um ex-metalúrgico.

terça-feira, abril 22, 2008

PARA MARCIEL- III


JECA TATU E A QUESTÃO AGRÁRIA

Monteiro Lobato, antes da fama de escritor, e de encher de sonhos, com o mundo de fantasia do Sitio do Pica Pau Amarelo, a imaginação das crianças e também dos adultos, foi fazendeiro. Herdou em 1911, uma fazenda e nela conheceu seu fracasso como fazendeiro. Neste período, teve vários conflitos com os trabalhadores de suas terras. Conflitos trabalhistas e fundiários. Comenta-se, que embora nacionalista, Lobato defendia a concentração de renda e terras. Após a falência de sua fazenda, Monteiro Lobato, dedica-se exclusivamente a literatura. É justamente sobre este período como Patrão, que Lobato, cria o personagem Jeca Tatu. De acordo com seus biógrafos, o escritor de Taubaté, traçou o perfil de um trabalhador rural, preguiçoso demais, para promover transformações em seu modo de vida. Seria este perfil, para justificar seu autoritarismo e concepção de vida.

Durante décadas o trabalhador Rural, foi mistificado pelas elites deste País como um Jeca Tatu, representante máximo do atraso agrícola. A tese é para defender em primeiro lugar a industria, a urbanização e o conseqüente êxodo rural, provocado por expulsões de pequenos agricultores, banhado de muitas mortes no campo. Esta política criou o latifúndio, onde menos de 0,8% de propriedades rurais de mais de 1000 hectares, ocupavam 42,6% das áreas, enquanto as propriedades com até 10 hectares que representavam 52,3%, ocupavam 2,8% das áreas. Estes dados são de 1975. A fonte é a Comissão Pastoral da Terra, e estas informações estão disponíveis no site: http://www.cptnac.com.br/ . Esta situação, demonstra no inicio da década de 80 do século passado, um quadro, em que as cidades começam a inchar com as famílias enxotadas de suas terras e frente ao desemprego. A fome e a miséria, vão se constituindo, como os grandes problemas do século passado e em grande parte causado pela ausência de uma Política de Reforma Agrária, capaz de equilibrar a população, gerar empregos, aumentar nossa produção de alimentos, bem como barateá-los. O Brasil é o único País da América Latina que ainda não fez uma Reforma Agrária para valer. Nós ainda convivemos com pastos enormes que nada produzem e que estão nas mãos de poucos. A concentração de terras em nosso País tem inicio mesmo com as Capitanias Hereditárias. A divisão das terras, em formato de lotes a particulares, sendo que maioria deles eram condenados a viver aqui, para cumprimento de penas. Ou seja eram criminosos, ladrões, estelionatários, corruptos, assassinos, que a coroa enviava para cá, como forma de punição. Como punição, ganharam terras. E com as Capitanias, inicia-se o latifúndio no Brasil.

Bom para defender minha tese, de que a luta pela terra no Brasil é justa, fiz estas considerações. Acho interessante as elites insistirem, que o povo quando reinvidica seus direitos, é bandido. Agora quando, esta mesma elite, expropria e mata para acumular, isto não é bandidagem.

Caro Marciel, vejo que você continua reproduzindo, a concepção daqueles que querem lucrar as nossas custas. Não quero te chamar de preconceituoso, quando usa o artifício, de que quem ocupa terras é vagabundo. Vou limitar-me a te chamar de equivocado e mal informado e para isto já te disse que estou a sua disposição para socializar o pouco que acumulei na vida.

Ninguém gosta de ficar meses, debaixo de uma lona ou barraco. O faz por não ter alternativas, as quais as autoridades é que deveriam lhes oferecer. A Reforma Agrária, não é do interesse do Capitalismo Brasileiro, que para mim é atrasado e não aceita o desenvolvimento. Como as elites de nossa cidade, também não querem o desenvolvimento. Distritos industrias não são sinônimo de progresso. Agora soluções que criem empregos com rapidez e possa alimentar nosso povo, com custo barato é estritamente possível. A vários exemplos em nosso País, os quais conheço e posso organizar uma visita a estas experiências, importantes, inclusive do MST.

A Reforma Agrária, foi um dos pontos para o desenvolvimento econômico dos Estados Unidos, ainda no século Dezenove, como foi importante para a Europa, quando do fim dos Impérios e o surgimento dos Estados Nações.

Quanto a violência no campo, sugiro que você consulte o site já citado aqui da CPT, e veja quem matou mais nos conflitos agrários.

O MST só existe, porque não há distribuição justa de terras neste País e a questão é tratada a base da bala. Cabe ao Estado Brasileiro promover a Paz no Campo, para isto, fazer uma RA para valer, se faz mais do que necessário.

Por ultimo, não se conquista nada sozinho. Feliz daquele, que ainda não precisou, ocupar terras, para poder ter direitos a cidadania. Se você esta entre os felizardos, erga as mãos para os céus e agradeça. Mas nunca deixe de lutar por direitos e isto só é possível com organização e unidade.



quinta-feira, abril 10, 2008

AFETO QUE TE QUERO AFETO




Em tempos de globalização, o que temos presenciado, é a aceleração do individualismo, do cada um por si, do o importante é garantir o meu, o resto que se lasque. Este fenômeno criado, por uma concepção econômico cultural, promove a exclusão e o preconceito social e afetivo e joga para os altares a xenofobia, o racismo, o machismo e a violência de todas as ordens.

Recentemente assisti, a duas obras que ao mesmo tempo denunciam, esta lavagem cerebral nas mentes e corações das novas gerações, como apontam o AFETO e a SOLIDARIEDADE, como virtudes, ainda em moda, e capazes de criar uma unidade em torno do coletivo.

A primeira obra, é a Minissérie da TV Globo, de autoria de Maria Adelaide Amaral, Queridos Amigos. A História de um grupo de amigos, que se conhecem e vivem intensamente em um período mais difícil da vida Brasileira, a Ditadura Militar. O horror, a censura e as torturas, não dividiram estes amigos, pelo contrario, os uniram muito mais, criando cumplicidades e ajuda mutua. Mas entra a década de 80 e com ela a redemocratização, os amigos tratam de viver liberdades, entre elas a da individualidade. Fatos e casos, os afastam um do outro. Barreiras se formam e conflitos vão se amaranhando e o respeito e a generosidade, vão se perdendo. Até que um deles, ao descobrir que iria morrer, faz outra descoberta. Seu maior tesouro, eram aqueles amigos, diferentes um do outro, conflituosos entre si, cheios de impurezas e defeitos, mas ligados no passado por um sentimento de amor. “A Família”, como eles se rotulavam, começa a se juntar novamente, tendo como elo o amigo o qual todos eram unânimes em dizer, era o líder. E aí a trama se desenvolve, embalada por uma trilha sonora, fantástica. A primeira cena é aberta por Janis Joplin, atacando de Cry Baby. Mas a minissérie, tem de tudo de bom que foi produzido nos 70 e 80 na Musica Popular Brasileira. A abertura é o Clube da Esquina, Beto Guedes, Milton Nascimento, interpretando Nada Será Como Antes. Uma pena que a rede globo, transmita uma obra desta tão tarde da noite e sem muita badalação, ao contrario do que faz com seus Big Brothers.

O Afeto, também é o tema, da segunda obra prima que assisti nos últimos meses. Pequena Miss Sunshine, foi indicada ao Oscar de Melhor Filme em 2006. Vi esta perola com um acerto atraso, mas na hora certa, no momento que reflito sobre a importância da amizade e de virtudes tão necessárias a convivência humana. Aqui a afetuosidade, age como uma forma de combater preconceitos. Olive a garota da família abordada na fita, tem sete anos, é gordinha e tem um sonho, o de participar de concursos de danças. Sua família vive, momentos dificieis. O Pai esta quase desempregado, o irmão faz votos de silencio porque a família não permite sua entrada nas forças armadas. O tio é rejeitado por ser homossexual e suicida, o avô então, foi expulso do asilo, por ser viciado em drogas. Mas é esta trupe, toda confusa e que se maltrata, diariamente, que saí em uma viagem longa até o local de concurso de misses infantis. No trajeto, todos ficam com seus sentimentos, segredos e medos nus. É Olive a responsável, por estas mudanças, principalmente no Pai, que não admitia derrotas. Pequena, é um canto lírico, um poema dos céus. Destroem as convenções e as regras de uma sociedade consumista e individualista. Demonstra que a solidariedade ainda é uma dádiva divina e que sozinhos ninguém chega a lugar algum.


Recentemente tive saudades de minhas trupes e famílias. Saudades do afeto, do generoso, do coletivo. A gente fazia muito mais pela humanidade, quando reuníamos no meio fio das calçadas, debaixo de arvores e vários outros lugares.

terça-feira, abril 08, 2008

PARA MARCIEL- II


SOBRE A GREVE DOS SERVIDORES MUNICIPAIS- A RÉPLICA


Vamos nos reportar a História novamente. Os Sindicatos são frutos do Capitalismo, não surgiriam sem o advento da extração da Mais Valia e do lucro. Portanto as greves foram na Revolução Industrial Inglesa, instrumento não só de pressão sobre os patrões para a conquista de condições dignas de vida, trabalho e salário, mas as mesmas foram fontes motivadoras para a criação das Trade Unions, os primeiros Sindicatos na Inglaterra.

Como fruto do conflito K versus Trabalho, a natureza sindical é econômica, reivindicatória e pode ser Histórica, mas tem limites, entre eles o de fazer revoluções políticas. Um Sindicato, não é e não deve ser correia de transmissão Partidária, até porque engloba no conjunto de trabalhadores, varias visões e concepções de mundo. A pluralidade e a democracia devem prevalecer no cotidiano sindical.

É preciso confessar que nem sempre este principio é seguido. Na maioria das vezes, o centralismo e o autoritarismo tomam conta de nossas instituições, diga-se de passagem não só sindicais.

Vamos á outra discórdia do texto publicado no blog no Marciel, www.politicanaveia.blogger.com.br. A de que a greve ocorreu por interesses políticos partidários do PT, com a intenção de aparecimento na mídia. Ora meu garoto, você não deve ter tido acesso a Pauta de Reivindicações, muito menos participado ou acompanhado o processo de discussão da campanha salarial que reuniu mais de mil servidores por encontro. Não havia na Pauta nenhuma conotação política, muito menos na condução do processo. Todas as reivindicações, são necessidades da Categoria, questões que os diversos Prefeitos sequer deram atenção. Posso admitir que o percentual de 25%, foi exagerado pedir logo de cara, a inexperiência da direção levou a este erro. Mas a intransigência não foi do Sindicato e sim da Prefeitura, que tinha o rol de pedidos há mais de um mês em sua mesa e sequer agendava rodadas de negociação.

Continuemos as discórdias. Um Prefeito que diz que tudo que é contra ele é político eleitoral, demonstra sua incapacidade de propor o dialogo, no sentido de busca de soluções. É do conhecimento de todos, que o Plano de Carreira aprovado no ano passado, a toque de caixa, sem nenhuma consulta aos trabalhadores, teve um único objetivo o de favorecer a então diretoria do Sindicato, na época amiga e parceira de todos os chefes do executivo, que pela Prefeitura passaram. Este mesmo plano trouxe distorções enormes para os trabalhadores e trabalhadoras que ganham o piso salarial ou um pouco mais. Isto representa a maioria do serviço público. Estas injustiças, aliadas a necessidades Históricas, e o fato de acreditarem em uma direção que desde a Campanha Eleitoral, se propôs ser de luta e compromissada com os interesses da Categoria.

È óbvio que em qualquer instituição da sociedade civil, a interesses partidários. Os militantes de cada agremiação, disputam no interior de suas organizações a hegemonia política de seu grupo. O Silvio faz bem isto, nas igrejas evangélicas, onde predominam lideranças que o apóiam, inclusive cometendo aberrações como a pratica do nepotismo e outras mazelas. Cito as igrejas, mas posso perfeitamente, citar outras entidades, como a do antigo Sindicato dos Motoristas, que sempre esteve aliado aos Prefeitos de Plantão. Vou te dizer uma coisa: acho perfeitamente normal estas disputas, só não dá para aceitar, benesses pessoais ou dinheiro publico investido de forma irregular em instituições ou Partidos Políticos. E aí Marciel, desafio você com muita tranqüilidade a provar se alguém do PT ou o Partido se beneficia materialmente destes processos de luta.

Por ultimo a greve não teve nada de ilegal. Foi justa, ouve erros que devem ser avaliados pela Categoria. E digo que a população vem perdendo não com as greves, mas com a falta de políticas publicas em vários setores. As filas para exames médicos e consultas continuam enormes, remédios faltam a toda hora, escândalos de corrupção estão aos montes para contar História e nenhuma política eficaz de geração de trabalho e renda, foi implantada.

Não é as greves que prejudicam o município, é o Caudilhismo.

terça-feira, abril 01, 2008

PARA MARCIEL- I


SOBRE A GREVE DO SERVIÇO PÚBLICO

A Greve é um direito do Trabalhador, não só garantido nas Convenções Internacionais da OIT- Organização Internacional dos Trabalhadores-, como na própria declaração universal dos Direitos Humanos, bem como em nossa Constituição Federal. È natural que o trabalhador, tenha a seu dispor, um mecanismo de pressão as negativas e intransigências patronais. Quando o dialogo é interrompido, não há outra saída, para a força de trabalho senão a greve.

Nenhum trabalhador gosta de fazer greve. Quem é que tem prazer, em ficar debaixo de sol, chuva, lona preta em um calor de 40graus. Quem é que tem prazer, em correr o risco, de nada conseguir e ainda por cima ser demitido(situação da Iniciativa privada), ou sofrer retaliações. As greves são um instrumento do Capitalismo. Em outras sociedades, haviam outras formas de luta.

Foi na Inglaterra, do século XIX, que os operários descobriram, que quando o empregador é intransigente, o melhor é mexer com aquilo que lhe dá lucro. Parar a produção, foi para os trabalhadores Ingleses, uma forma eficaz, de reduzir jornada de trabalho, conquistar um salário mais digno e outras reivindicações. As greves são políticas sim. Como tudo na vida. Uma paquera por exemplo, há necessidade de se ter táticas e estratégias, para cupidar um coração. As greves não são um método de se fazer Revolução. Elas tem objetivos imediatos, como aumento de salário e condições de trabalho. Ninguém propõe, tomar o poder durante uma paralisação, nem tão pouco tomar a fabrica/prefeitura. As greves, como afirma Vladimir Lênin, em seu Sobre as Greves, são apenas batalhas e não a guerra.

Esta enorme introdução, sintetizada, ao que penso da atual greve dos Servidores Públicos Municipais, é apenas para responder em alto nível, as baixarias da direita conservadora e truculenta desta cidade, que tem muitas dificuldades de conviver com a democracia. Na Democracia, os conflitos são necessários, para na pluralidade de idéias e concepções, possa-se construir uma sociedade melhor. As greves, não matam ninguém, como as guerras.

O Prefeito Silvio Félix, tem agido com o funcionalismo, como um empresário Inglês do Século Dezenove. Não dialoga com as categorias, faz descaso com os Sindicatos e toma medidas autoritárias. Quando um movimento paredista explode ou ele é contrariado em suas posições e ações, ataca os opositores de estarem fazendo política, se aproveitando dos trabalhadores. O cinismo governista, vai a raia do absurdo. Quem ouviu ou viu a sessão da câmara dos Vereadores de ontem(31/03), pode ouvir ou ver duas cenas hilariantes de um governo que tem uma base de sustentação desastrada e fisiológica.

Estava em discussão as contas do ex Prefeito Pejon. O parecer do Tribunal de Contas era pela rejeição, pois o mesmo não cumpriu com as metas de investimento em Educação e deixou um montante de 17milhões de dividas para a atual gestão pagar. A base do Prefeito, sabe-se lá porque, tinha interesse em aprovar, porem pouco conhecimento da matéria ou precisavam de tempo para convencer os demais a votar pelo Sim a Pejon. Pediram ao relator do processo Vereador José Carlos Pinto de Oliveira, o adiamento da votação. Pedido negado, aja vista que todos tiveram acesso a documentação do processo. E aí, a segunda cena, lamentável. A mesma Vereadora que pediu o adiamento, para estudar melhor, foi a que fez a defesa mais entusiasmada do Ex Prefeito e suas contas. Em uma noite, em que o funcionalismo, lotava a câmara para pedir dignidade, questão de o próprio José Carlos Pejon é um dos culpados, pela defasagem salarial e péssimas condições de trabalho no serviço público.

A greve é justa. Saiu porque o governo trata, as questões sociais, com um reio na mão. Um governo que tem dificuldades de conviver com o diferente, o diverso. E outros conflitos podem aparecer, se este modo de administrar, continuar.