UMA HOMENAGEM
OPERÁRIO CONSTRUÍDO
Para o nosso sempre companheiro Carlúcio Castanha- In Memorian
O operário saiu de seu aconchego. Não porque quis, mas porque forças maléficas e violentas encarregaram-se de criar a distância, entre ele e os seus. Doeu deixar para trás a cidade do frevo e do mangue. Foi um ferimento profundo, arrumar o possível e fugir, sem ninguém ver. Mochila nas costas, pouca grana, desempregado, o jeito era a terra da garoa. Lá teria lugar, para o trabalho, para o tempo e depois para a luta.
O operário sempre acreditou em um mundo novo. Não no mundo dos capitalistas, cheio de ilusões e movido pela força da grana. Muito menos em um mundo comandado por castas autoritárias e violentas. Desde o início de sua peregrinação terrena, rechaçava esses dois caminhos.
Pensava e lutava por uma sociedade que dividia o pão nosso de cada dia em partes iguais, que praticava a solidariedade e o afeto. Uma sociedade onde não haveria o mínimo para os muitos, e sim a abundância para todos. Uma sociedade onde sonhos se tornariam realidade no dia seguinte. Onde o amanhã seria sempre o hoje.
O operário pautou sua existência nesta profissão de fé. Com certeza, suas influências nordestinas, como os inconfidentes da Revolução Baiana, Lampião e Maria Bonita, Graciliano Ramos, os poetas do Cordel, lhe encheram de motivação para contribuir na proliferação da semente da transformação social.
O operário, nunca se resignou ou submeteu-se aos mandos e desmandos de poderosos. Detestava injustiças, as combatia com toda a força e coragem. Diz a lenda, que foi preciso um grande exército para tirá-lo do chão de fábrica, após uma demissão sumária e injusta.
O operário tinha lado, opções e partido. Nunca aceitou os muros, nem os vacilos e indecisões. Concordava que na defesa de um mundo melhor não há meio termo, nem tão pouco obstáculos que não possam ser transpostos e derrubados. Era firme e radical nessas posições. Da tese do direito à vida, não abria mão, nunca.
O operário era ternura. Conta-se de sua eterna generosidade. O seu distribuir e socializar o pouco que tinha, foi marca registrada. Não se furtava em dividir a comida ou um leito para o sono com aqueles que não os tinha. Quebrava todo o mito de que revolucionário é sisudo e chato.
O operário era simpático e otimista. Sua simpatia se comprovava na acolhida aos novos passageiros da luta pela transformação. Suas habilidades culinárias era um atrativo de sua personalidade.
O operário abominava a intransigência e a intolerância. Só tinha uma paixão, a qual sectarizava qualquer discussão: seu Corinthians. Por ser um apaixonado, seus olhos eram quase que cegos por este ícone da cultura popular.
O operário fez História. Ajudou a fundar um Partido, que em sua gênese, mostrava ser diferente dos demais, ao defender os pobres e os oprimidos e ao propor uma revolução socialista. Igualmente, ajudou a criar uma central sindical que em seus princípios mostrava-se classista e com um sindicalismo solidário e combativo.
O operário foi um guerreiro. Primeiro no enfrentamento aos poderosos. Depois, ao motor do corpo humano, que insistiu durante muitos anos, a apresentar defeitos. Lutou contra esta enfermidade. Sofreu com ela, mas a compreendeu e com alegria a enfrentou.
O operário se foi. Seu coração insistiu em parar de bater. O operário deixa a terra, mas seu currículo fica.
O operário deixa discípulos que com ele aprenderam, que a vida só tem sentido, quando a felicidade é construída com luta.
O operário deixa admiradores, alguns que não o conheceram no estágio físico, mas seus feitos e conquistas.
O operário nos deixa neste plano e se junta a uma constelação de lutadores da classe trabalhadora: Santo Dias, Arsênio, José Bonifácio e tantos outros.
O operário nos deixa ensinamentos e bons fluidos.
O operário para sempre estará entre nós. Viva a luta da classe trabalhadora. Companheiro Carlúcio Castanha sempre presente.
QUEM ERA CARLUCIO CASTANHA: Carlucio Castanha, Pernambucano, Metalúrgico, primeiro no recife depois em São Paulo, onde durante vários anos militou na Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. Em 1987 encabeçou a Chapa da Oposição ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, bem como fez parte das instâncias da CUT Nacional. Faleceu recentemente, em Recife, para onde tinha retornado, a fim de colaborar com o Prefeito do petista J Paulo, também um ex-metalúrgico.
Para o nosso sempre companheiro Carlúcio Castanha- In Memorian
O operário saiu de seu aconchego. Não porque quis, mas porque forças maléficas e violentas encarregaram-se de criar a distância, entre ele e os seus. Doeu deixar para trás a cidade do frevo e do mangue. Foi um ferimento profundo, arrumar o possível e fugir, sem ninguém ver. Mochila nas costas, pouca grana, desempregado, o jeito era a terra da garoa. Lá teria lugar, para o trabalho, para o tempo e depois para a luta.
O operário sempre acreditou em um mundo novo. Não no mundo dos capitalistas, cheio de ilusões e movido pela força da grana. Muito menos em um mundo comandado por castas autoritárias e violentas. Desde o início de sua peregrinação terrena, rechaçava esses dois caminhos.
Pensava e lutava por uma sociedade que dividia o pão nosso de cada dia em partes iguais, que praticava a solidariedade e o afeto. Uma sociedade onde não haveria o mínimo para os muitos, e sim a abundância para todos. Uma sociedade onde sonhos se tornariam realidade no dia seguinte. Onde o amanhã seria sempre o hoje.
O operário pautou sua existência nesta profissão de fé. Com certeza, suas influências nordestinas, como os inconfidentes da Revolução Baiana, Lampião e Maria Bonita, Graciliano Ramos, os poetas do Cordel, lhe encheram de motivação para contribuir na proliferação da semente da transformação social.
O operário, nunca se resignou ou submeteu-se aos mandos e desmandos de poderosos. Detestava injustiças, as combatia com toda a força e coragem. Diz a lenda, que foi preciso um grande exército para tirá-lo do chão de fábrica, após uma demissão sumária e injusta.
O operário tinha lado, opções e partido. Nunca aceitou os muros, nem os vacilos e indecisões. Concordava que na defesa de um mundo melhor não há meio termo, nem tão pouco obstáculos que não possam ser transpostos e derrubados. Era firme e radical nessas posições. Da tese do direito à vida, não abria mão, nunca.
O operário era ternura. Conta-se de sua eterna generosidade. O seu distribuir e socializar o pouco que tinha, foi marca registrada. Não se furtava em dividir a comida ou um leito para o sono com aqueles que não os tinha. Quebrava todo o mito de que revolucionário é sisudo e chato.
O operário era simpático e otimista. Sua simpatia se comprovava na acolhida aos novos passageiros da luta pela transformação. Suas habilidades culinárias era um atrativo de sua personalidade.
O operário abominava a intransigência e a intolerância. Só tinha uma paixão, a qual sectarizava qualquer discussão: seu Corinthians. Por ser um apaixonado, seus olhos eram quase que cegos por este ícone da cultura popular.
O operário fez História. Ajudou a fundar um Partido, que em sua gênese, mostrava ser diferente dos demais, ao defender os pobres e os oprimidos e ao propor uma revolução socialista. Igualmente, ajudou a criar uma central sindical que em seus princípios mostrava-se classista e com um sindicalismo solidário e combativo.
O operário foi um guerreiro. Primeiro no enfrentamento aos poderosos. Depois, ao motor do corpo humano, que insistiu durante muitos anos, a apresentar defeitos. Lutou contra esta enfermidade. Sofreu com ela, mas a compreendeu e com alegria a enfrentou.
O operário se foi. Seu coração insistiu em parar de bater. O operário deixa a terra, mas seu currículo fica.
O operário deixa discípulos que com ele aprenderam, que a vida só tem sentido, quando a felicidade é construída com luta.
O operário deixa admiradores, alguns que não o conheceram no estágio físico, mas seus feitos e conquistas.
O operário nos deixa neste plano e se junta a uma constelação de lutadores da classe trabalhadora: Santo Dias, Arsênio, José Bonifácio e tantos outros.
O operário nos deixa ensinamentos e bons fluidos.
O operário para sempre estará entre nós. Viva a luta da classe trabalhadora. Companheiro Carlúcio Castanha sempre presente.
QUEM ERA CARLUCIO CASTANHA: Carlucio Castanha, Pernambucano, Metalúrgico, primeiro no recife depois em São Paulo, onde durante vários anos militou na Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. Em 1987 encabeçou a Chapa da Oposição ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, bem como fez parte das instâncias da CUT Nacional. Faleceu recentemente, em Recife, para onde tinha retornado, a fim de colaborar com o Prefeito do petista J Paulo, também um ex-metalúrgico.