sexta-feira, fevereiro 24, 2006

MINHAS PREFERIDAS- EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA

Esta sempre entendi como uma canção de estourar os limites. Seu autor Sergio Sampaio, capixaba, conterrâneo de Roberto Carlos em Cachoeiro do Itapemirim. Desde cedo apaixonado pelo samba.

Mas foi ao conhecer Raul Seixas então produtor da CBS, que entra no mundo do Rock In Rool. Foi esta mistura que o influenciou em suas composições. Antes do bloco, Sergio gravou ao lado do amigo Raul, de Edy Star e Miriam Batucada, um LP experimental e anárquico, que não vendeu nada e que passou para o universo dos Cults e raros. "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez", é lançado em Setembro de 1971.

Mas foi com “Eu quero é botar meu bloco na rua”, que veio a consagração. Em outubro de 1972, Sergio concorre ao VII Festival Internacional da Canção. Festival vencido por Fio Maravilha de Jorge Bem cantada pela então desconhecida Maria Alcina.

O bloco não venceu o certame, mas estouro em todas rádios. Vivíamos o período do Regime Militar, mas duro e complicado, o de Médici, com torturas, Atos Institucionais, desaparecimentos e assassinatos, alem da censura. A letra do Samba partido alto de Sergio arrepiava quem a ouve, pois convida sair da pressão e vencer o medo. Com uma metáfora (o bloco de carnaval), Sergio chama a reagir. Bela canção. De 0 a 10, ela entra entre as 07 melhores em minha opinião.

O Bloco foi titulo do primeiro disco de Sergio em 1973. Outra curiosidade: no FIC, Sergio teve o acompanhamento de Renato Piau no violão, Ivan Machado no baixo, os "Cream Crackers" na percussão, Raul Seixas e membros dos Golden Boys no coro.

PREPARANDO O DIA INTERNACIONAL DA MULHER

DIVINAS MULHERES ATO II

JANJÃO/Março 2005


DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divina seja a mãe de Jesus
Pobre e humilde deu a luz
Ao Homem que denunciou
As injustiças no mundo
E trouxe a boa nova do Reino de DEUS

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divina seja Santa Joana D´arc
Guerreira em nome dos pobres
Sedenta por justiça pelos injustiçados
Morta pelas mãos assassinas da mesquinharia

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divina seja todas as mulheres
Que desafiaram a estupidez
O preconceito, a discriminação da Inquisição
E que acusadas como Bruxas na fogueira tiveram sua redenção

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divina seja Xica da Silva e Dandara
Ícones da luta por libertação da raça negra
Mulheres fortes no propósito
Da busca da felicidade, com o ser humano LIVRE

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divinas sejam as 129 operárias
De Chicago, que não temeram
Organizar e lutar por seus direitos
E assim as forças da maldade tal como
A inquisição, queimadas foram no interior da tecelagem

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divinas seja Clara Zetkin
Com sua sensibilidade e compromisso
Com os direitos das mulheres
Lançou a idéia do Internacional
Dia das mulheres, em homenagem
A todas que lutam por uma vida mais digna

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divinas sejam as mulheres que romperam
Convenções, regras autoritárias,
E que como Chiquinha Gonzaga e PAGU
Tomaram partido em causas sociais e libertárias

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divina seja Olga Benário e Rosa de Luxemburgo
Que por AMOR ao compromisso para mudança
E a seus companheiros
Sacrificaram suas vidas em prol de vidas mil

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divina seja as mulheres que fizeram
Da arte sua forma de contribuição ao mundo mais humano
Simone de Bevoaer, Leila Diniz, Elis Regina
Frida Karlo, Tarsila do Amaral, Cecília Meirelles, Cora Coralina
E muitas outras.

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

Divina sejam as que dedicaram suas vidas
A PAZ transmitindo Humildade e Perseverança
Salve, salve, Indira Gandhi, Teresa de Calcutá,
Irmã Dulce, Dorothy Stang.

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

As lavadeiras, as passadeiras, as cozinheiras
As desempregadas, as da vida, as sacoleiras,
As vovós, as donas de casa, as jovens e adolescentes
As que levantam cedo, levam filhos na creche
E labutam o dia inteiro e a noite labutam de novo

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES

As latinas Americanas, Africanas, mulçumanas
Sofridas com a exploração e massacre de séculos
As suas culturas e tradições
E divinas são as que brigam por igualdade de direitos
E oportunidades
Pois só elas é que com sensibilidade repudiam a guerra, a competição
O egoísmo. Delas com certeza por sua divindade saíra uma terra que transborde
O leite e o mel

DIVINAS SEJAM TODAS AS MULHERES. AMÉM, AXÉ, SHALON e outras saudações de outras fés.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

CHEGA DE CROCK

Confesso que quando pequeno apanhei de meu pai, pouco, mas apanhei. Tomava crock na cabeça, eram murros dados com os dedos indicador e mediano. Doíam pra chuchu. Depois que ele parou com esta mania besta, fui muito mais obediente. Os crocks me deixavam furioso e com muito medo, não educavam em nada.

Conto esta experiência pessoal, para afirmar que educação e violência não combinam. Meu pai aprendeu com o tempo, a ponto de abandonar e reconhecer que errava. Quem pensa que cascudos tapas na bunda não machucam esta enganado. Conheço casos de violência doméstica, que deixam hematomas e seqüelas nas crianças. Os pais achavam que educavam espancando.

Assim o Projeto de Lei de autoria da Deputada Maria do Rosário (PT/DF), vem em boa hora, para promover um repensar de conceitos e atitudes. O PL foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Câmara Federal. Agora será apreciado e votado pelos Senadores. O texto aplica punição a familiares, professores ou responsáveis por medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Policiais, Juizes), que agredissem fisicamente crianças e adolescentes.

O curioso é de que há leis que proíbem toda e qualquer forma de agressão física a adultos, a crianças não.

Nesta semana escutei pasmo declarações de ouvintes no Programa Bom Dia Mix, de que um tapinha não faz mal a ninguém. Teve gente que declarou que se um adolescente envolvido com drogas toma-se um corretivo dos Pais, não estaria mais na vida do crime. Violência pura e sem sentido. Um tapinha dói, por fora e por dentro. Machuca o ego e constrói magoas e ódios.

Estive lendo nos últimos dias relatos de Histórias que beiram a tortura e a crueldade. Mas vou contar um trecho de um conto de Eduardo Galeano, baseado em História Verídica, da Alemanha Nazista:

“Todos a mesa para o jantar. Garoto deixa cair sopa em sua roupa. Pai com voz suave, diz ao filho, suba e troque de roupa, mais tarde irei te ver para rezarmos junto. Onze da noite, os convidados vão embora. Mãe vai para seus aposentos. Pai sobe ao quarto do filho. O garoto estava acordado. Pai diz a filho, vire-se de bruços. Garoto vira e começa a chorar. Pai tira o cinto da calça e diz: Hoje vais apanhar para aprender a ter bons modos. Espancou o filho durante 10 minutos”.

Bem espero que a Lei ante tapinha, castigo corporal, torturas, seja aprovada e inicie-se um período de PAZ E AMOR.

AMOR NO ESCURINHO DO CINEMA

Marylin, Greta, Marlene -
deusas que EU amei com as mãos
na fumaça azul do cinema...
poeira de estrelas, de sexo/ ilusão.
menina, quanta saúde,
FACINATION...Hollywood
de cartão postal Lamê!
tesouro da juventude,
Cuba- libre Anti - ilha do tesouro
que eu ganhei na matinê.
ié, ié, ié, ié, ié, ié, only you (bis)
(Trecho de Beijo Molhado de Belchior)

terça-feira, fevereiro 21, 2006

FÈRIAS, PREGUIÇA, 15 ANOS DE MINHA FILHA E OUTRAS COISITAS MAIS.

Estou sem postar a um tempaço. Ocorre que estive de Férias do trabalho e o stres de alguns anos sem descanso, bateu criando uma preguiça sem precedentes. Não li nenhum livro nos vinte dias de papo pro ar.

Corri atrás de questões pessoais, puxei e gravei vários CDS na Internet, entre eles uma seleção de Janis Joplin e Etta James. Alem disto ajudei na preparação do aniversario de 15 anos de minha filha Ruani. Vou postar com maior regularidade a partir de hoje. Destaque no descanso é o niver da fia.

Nunca vi tanto adolescente junto, como na festa no último dia 18. Foi fantástico e ao mesmo tempo terrível. Todas as tribos e bandas, estiveram por lá. Certa predominância para o Rock In Rool. Mas percebia-se a presença de outros ritmos e grupos. Tive que censurar duas músicas que o DJ pôs a tocar. Apelativas e pornô.

Outro destaque foi o quadro de fotos, que minha filha organizou, contando um pouco de sua vida. A foto de minha mãe, mexeu com a saudade. Descobri que preciso buscar o equilíbrio, para ajudar a trabalhar este período em que a Ruani vem passando. Período de descobertas e conflitos, principalmente com Pai e Mãe.

Às vezes acho que não contribuo, perco o tino e as estribeiras e assim complicando ainda mais. Na política, uma matéria desagradável publicada no Jornal È foi o destaque do período de descanso.

Do resto, vamos produzir, conhecimento e luta.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

COMO O PCB SUPEROU SUA CRISE DE 1935- FINAL


A Intentona Comunista, movimento liderado pelo PCB em 1935, trouxe a tona uma das maiores crises de perspectiva ideológica, que as esquerdas em particular o Pecebão.

Primeiro que com a derrota, o governo Vargas promove uma verdadeira devassa e destruição física e propagandistica do Partido. Na primeira, ocorreram inúmeras prisões, mortes e deportações, onde esta última teve como vitima famosa a esposa de Luís Carlos Prestes, Olga Benário assassinada pelo Nazismo. A segunda, com a intenção de ganhar corações e mentes dos Brasileiros, infunde através dos aparelhos de comunicação do estado, concepções de que o movimento comunista Internacional representava o fim das instituições, entre elas a família.

Mas o que mais caracterizou este período de perseguições, foi o terror. Getulio Vargas aproveita a crise da Intentona e instala a Ditadura, que vai ser conhecida como o Estado Novo. Eram épocas de ditadores com perfil populista, demagógico e cruel. !937 até 1945, é a duração do regime de Vargas. O PCB em particular, sofre toda a mão pesada do Estado. Duas obras em especial, ilustram este momento da História Brasileira: “Memórias do Cárcere”, de Graciliano Ramos, onde o próprio narra, o tempo em que passou na prisão de Ilha Grande no Rio de Janeiro, presídio para os presos políticos do Regime. O segundo “Olga”, de Fernando de Morais, conta a trajetória da esposa do cavaleiro da esperança, no contexto do regime de Vargas.

O PCB, praticamente é extinto, durante este período, embora a resistência na cidade e no campo, existia, tímida, mas viva. O livro do então comunista Jorge Amado “Subterrâneos da Liberdade”, trabalha como se organizava o Partido, em um período de clandestinidade e de muito perigo. O Estado Novo avançava no populismo. A criação da CLT- Consolidação das Leis do Trabalho- cópia fiel da carta Del Lavoro de Benito Mussolini, engessa sindicatos, proclama a aliança capital e trabalho, Além disto coopta vários dirigentes e militantes operários para o Sindicalismo de Estado e de cooperação. O PCB vai perdendo sua referencia e força junto as camadas populares, iludidas com as promessas do populismo.

Enquanto isto, Vargas mantinha uma relação secreta, porem promiscua com o Nazi Fascismo, em franca ascensão na Europa e prontos para deflagrar o que viria a ser a Segunda Guerra Mundial. Esta relação durou até os Japoneses, bombardearem Peal Harbor em 1942. Após o ataque, a Burguesia Nacional ligada ao capital industrial, pressiona para que o Brasil tome posição no conflito bélico.

Com a entrada dos Americanos na Guerra, as pressões aumentaram sobre o Governo Brasileiro. Até que uma ano depois de Peal Harbor, o Brasil entrava em definitivo na guerra, ao lado dos aliados, enviando para a Itália a legião da FEB, onde centenas de pracinhas morreram ao solo Italiano. Vargas ganha com esta decisão recursos para criar um de seus marcos desenvolvimentistas, a companhia siderúrgica nacional.

Na Europa, Josef Stalin, desenvolve a tática da sobrevivência do Socialismo em um País só. Com temor de que a União Soviética, ficasse fragilizada após o conflito, Stalin fecha um acordo de cooperação com os Aliados, que vai custar a vida de milhares de militantes comunistas e de esquerda no mundo inteiro. O caso Italiano, o qual relatamos aqui em outro texto é típico desta estratégia. Mas a Yogoslavia do Marechal Tito, não aceitou as determinações de Moscou e não se entregou a Burguesia Local, aproveitando o conflito e realizando a Revolução que levou ao poder os Comunistas naquele País dos Bálticos. Uma obra interessantíssima intitulada “A Crise da III Internacional Comunista”, cujo autor não me recordo desenvolve bem o tema.

No Brasil a ordem de Moscou foi atendida sem resistências. Prestes ainda preso celebra com o Estado Novo, um acordo em que o PCB, passa a apoiar as políticas de Vargas em troca da Liberdade dos dirigentes do Partido e sua legalização. Mas o que Prestes e seus companheiros não exigiram do regime fascista de Vargas foi a reparação das perdas humanas, entre elas a de Olga Benário, morta nas câmeras de gás de Hither.

O PCB, na figura de Prestes, busca com esta atitude saída para sua crise. Uma saída que entrega a classe e sua luta ao inimigo, com o discurso de que era o possível a ser feito. Nada muda na política social, econômica do Estado Novo, que ainda dura mais dois anos.

OBS: Próximo Texto: DENTRO DO POSSÍVEL, A VIDA NA LEGALIDADE DO PCB.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

COMO O PCB SUPEROU SUA CRISE DE 1935- PARTE 1

O Partido Comunista Brasileiro foi fundado no Brasil em 1922, na emplogação que tomou conta do mundo com a Revolução Russa de 1917. De lá até a metade da década de 30 o Partido de Luís Carlos Prestes, articula a Revolução social, que derrotaria o Capitalismo e instalaria no Brasil o Socialismo.
A Revolução a qual sonhava o Partidão, teria data, o ano de 1935, em pleno governo de Getúlio Vargas, que naquele momento oscilava entre os Americanos, recém saídos da crise de 29 e o Nazi Fascismo, em franco desenvolvimento na Alemanha e na Ítalia.
Prestes que liderou por 4 anos uma coluna de soldados e oficiais do éxercito Brasileiro, exigindo condições de vida e trabalho para as tropas e para o povo, após o movimento que levou seu nome, exilou-se na União Sóviética e lá filia-se ao PCB.
È em Moscou que o futuro Secretário Geral do Pecebão, recebe treinamento, instruções para a tão sonhada Revolução e conhece Olga Benário, que será sua mulher e companheira de militancia.
No Brasil no inicio dos anos 30, ocorria discussões acerca do caráter do Governo Getulista, inclusive no interior dos oficiais que lideraram a coluna Prestes.
Alguns cooptados ou convencidos acreditavam que o velho populista, poderia representar a mudança rumo ao desenvolvimento, principalmente industrializando o País, essencialmente agrário até então. Outros filiaram-se no PCB, e aderiram a concepção da Revolução Socialista, aguardando seu lider, Luís Carlos Prestes, para conduzi-los a vitória.
Os dirigentes do Partido, embora quisessem Prestes, acreditavam que o capitão da coluna, carecia de compreensão da ideologia Marxista e do projeto de tomada do poder.
O que os unia era o caminho a ser adotado para a Revolução: A luta Armada, através da insurreição dos quartéis, com os colunistas a frente e a partir da tomada das cooporações, incitar greves, mobilizações populares, até a derrota de Getulio e da Burguesia dominante.
Prestes e Olga vieram ao Brasil, com esta orientação e convicção. Aqui chegando, por um momento chegaram a pensar em desistir do intento, ao entender que não havia unidade suficiente no exército e em particular, com os ex companheiros do cavaleiro da esperança na famosa coluna Prestes. O casal estava certo.
A Intentona, como foi denominada mais tarde a tentativa de insurreição, foi derrotada, com relativo sucesso em Natal no Rio Grande do Norte onde o Partido manteve-se no poder por alguns dias, sendo derrotado pelas forças federais.
Com a derrota da Revolução, o PCB na ilegalidade começa a ser exdtirpado pela ditadura Vargas, que aproveita de uma suposta ameaça comunista e instala o regime que vai durar dez anos, até 1945, intitulado de Estado Novo.
O intento do governo com o Partidão, faz prisões, assassinatos, deportações, onde a mais famosa é a de Olga Benário, que em 1942 morre nas câmeras de Gás no campo de concentração Nazista na Alemanha. Prestes preso, junto com toda a direção do Partido. Sindicatos de trabalhadores fechados e manifestações populares proibidas, além de leis anti greves e anti migrações.
Este conjunto de situações coloca o PCB em uma de suas maiores crises, que dura até 1945, com um grande acordo entre Prestes e Vargas. Mas esta História conto na segunda parte amanhã.

domingo, fevereiro 05, 2006

O AMOR (episódio 1)


ROTEIRO

Cenário: Decoração de Selva, floresta.

Som: Uivos de animais, canto de pássaros.

Em Cena: Índio Peri, Índia Poti, Macaco e Macaca

Entram no Palco, se olhando com curiosidade por alguns segundos, o Índio Peri e a Índia Poti (som dos animais e pássaros).

Índio Peri: Tu tens dois melões abaixo do pescoço e te cortaram?

Índia Poti: Não sempre fui assim e não são melões, talvez sejam melancias, pois são grandes.

Índio Peri: Acho que tens um corte grande no meio de suas pernas, não dói?

Índia Poti: Não, nem um pouco.

Índio Peri: Sai algo de dentro deste buraco? Sangra?

Índia Poti: As vezes sangra e quando a barriga dói, me agacho e faço força para sair uma água amarela.

Índio Peri: Então, deixa ver.

Peri começa a examinar Poti (Música: Algo balada ou New Age). A olha bem de perto, toca-lhe com seus dedos o corpo da companheira. Abaixa-se e verifica uma chaga aberta, por entre as pernas. Coça a cabeça e diz:

Índio Peri: Não comas mandioca, nem bananas e nenhuma fruta que se abra ao amadurecer.

Índia Poti: Mas porque Peri? Gosto tanto destas frutinhas, destas plantinhas?

Índio Peri: Você esta doente. Vou te curar.

Índia Poti: Mas nem um bocadinho, um pedacinho destas coisas?

Índio Peri: Não daqui pra frente, vais deitar na rede, descansar. Vou cuidar de ti.

Índia Poti: Como pretendes fechar este corte?

Índio Peri: Não sei, vou pensar no que fazer.

( Escurece o palco alguns segundos. Ao acender as luzes, Poti esta deitada na rede, enquanto Peri, lhe dá mingau de ervas na boca, lhe aplica pomadas e os ungüentos. De fundo uma Música, que reflita carinho e cuidados). A cena prossegue durante uns 2 ou 3 minutos.

Índio Peri: Minha linda, não te preocupes, você vai sarar. Eu vou te curar. (Poti, aperta os dentes para não rir e diz)

Índia Poti: Não estou preocupada, apenas com um pouco de fome. (Para si mesma, confessa: “Tá muito bom ter este homão, cuidando de mim. Ele é tão doce. Apesar de não poder comer as frutas, tou me sentindo o máximo.

Índio Peri: Bem. Acabou as ervas, vou ter que buscar mais um pouco, para fazer os chás e os mingaus. Você está melhor, posso ir?

Índia Poti: Vai meu Homem. Vou dormir um pouco e sonhar contigo (em off: e com as bananas e as mandioquinhas)

As luzes se apagam, novamente e em segundos a cena seguinte aparece o Índio Peri em conversa com um Casal de Macacos que estavam empoleirados no galho de arvore. O papo é animado. O casal de animais estão abraçados e se beijando a cada instante. Música de fundo: Um Pop Rock. Peri, com cara de que descobriu a América, correu até sua cabaninha, onde se encontrava sua Índia.

Índio Peri: Encontrei, Encontrei.

Índia Poti: Calma Homem. Vais ter um enfarto. O que encontrastes de tão fabuloso?

Índio Peri: A cura para tua doença. Vamos fechar este corte.

Índio Poti: Como Peri.

Índio Peri: Assim Poti.

Música de Ana Carolina ou Adriana Calcanhoto de fundo, os dois se abraçam e simulam uma relação de amor. Exala pelo palco, um perfume de flores. Cortinas se abaixam.

BAIXOU A PREGUIÇA

Estou desde terça-feira, sem postar nada. Entrei de férias na quarta e a partir daí baixou preguiça e vontade apenas de procurar música na rede. Porém atendendo pedidos, voltamos a lida.
Inicio hoje e até o final de março, postando textos referentes as Mulheres, em função do Internacional período.
O texto acima é na verdade um roteiro para um espetacúlo que estou escrevendo há um ano estou escrevendo. Trata-se de uma peça de teatro de nome por enquanto de simplementes "Mulheres que dizem Não, mas também dizem Sim".
Cada ato, refere-se a um episódio da peça. A inspiração foi um livro de Eduardo Galeano Jornalista e Escritor Uraguaio, editado pela L&PM, de nome "MULHERES".
A obra traz Histórias e Homenagens a mulheres da América Látina, India e Negra. Inclusive basei o post acima no primeiro conto do livro de Galeano. Chupei até o titulo, a idéia e adaptei para roteiro. È o que vocês estarão lendo.