segunda-feira, agosto 27, 2007

POEMA INÉDITO

EL CAMINO DE TINOCO

Passos muito calmos
É o tempo que assim quer
Faz refletir sobre cores
Dos seres vivos

A ilusória lentidão
Maqueia o raciocínio
Rápido e preciso
Fruto das pedras da vida

A coerência, tão cobrada
Em momentos passados
Hoje não é mais vigiada
Flui com sensatez

Esta mesma firmeza
Faz largar o vicio
Mas não o viço
Prazeroso do amor

Amou muito e pecou muito
Chorou e fez chorar
Mas tudo intensamente
Cada minuto, segundo

A solidão é valorizada
Não como antes
Quando fazia sofrer
E jorrava sangue

Ah a alegria, é um detonador
De esperança, de sonhos
Faz o rir a toa
Aguçar o olfato

Caminha a passos calmos
A pressa é inimiga do viver
Deixa o paladar das coisas
Com gosto poluído

Não espera a morte chegar
Riscou tão sentimento
De seu caderno
Hoje, o viver não é renascer

É continuar, continuar.........................

Obs.: Poema dedicado ao Dr. Tinoco, um dos poucos advogados que conheci e que não gostava de ganhar dinheiro. Não o vejo há muito tempo, nem sei se esta entre nós, mas não esqueço nunca seus gestos, carinhosos e generosos. Este soube viver o passar dos anos.




quinta-feira, agosto 23, 2007

HOMEM PRIMATA. CAPITALISMO SELVAGEM


Primus, ave Primus. Primeiro de uma raça?. Darwin, dizia que sim, e muitos acreditavam, dizendo que Deus estava morto em suas mentes e que a criação e evolução nada tinha de divino. Mas teorias feitas, credos professados, o que importa, que o Primus ou o macaco, animal, de bilhões de anos, em seu habit vivia intensamente a Liberdade, não se importava com convenções ou dogmas, apenas com as leis que a natureza, lhe reservou.

Primus é também, o titulo de um espetáculo teatral. Não é um espetáculo qualquer. Trata-se de uma maravilha de História, que através da alegoria, da metáfora e da simbologia, propõem-se á contar como um Macaco, saia de seu estagio liberto, transforma-se em quase humano, após resistir a prisão, torturas, á escravidão e seu amestramento, tudo para tornar-se quase Homem.

Há sete anos em cartaz, a peça baseada no conto Comunicado para a Academia de Franz Kafka, o autor checo, da literatura fantástica e trágica, tem a encenação da Boa Companhia de Campinas. O espetáculo abriu o 3º Festival Nacional de Teatro de Limeira.

Um cenário simples, o qual os atores, em numero de quatro, trocavam de vestuário durante as cenas, era composto de caixas de um metro mais ou menos de altura por uns 20cm de largura, as quais eram movimentadas, ora servindo como instrumento de percussão, ora, palco, ora biombo, ora cela de prisão. Além disto, atabaques são usados para complementar os números de percussão. Ao fundo do palco, um telão, que não foi desligado um minuto sequer. Na tela, grande, imagens as quais interagiam com o que acontecia no tablado. A sonoplastia, complementava, os urros, sussurros e gritos dos atores.

A História desenvolve em um ato apenas, com duração de um pouco mais de uma hora. Os atores não pararam um segundo sequer. Sua caracterização como animais, chega quase a perfeição. Nos esqueçamos, de que o que vemos são seres humanos. Em especial, destaque para o ator Moacir Ferraz, que este sim deu um show de caracterização de personagem.

Os atores cantam. A interpretação em dialeto africano, arrepiou a todos os presentes no Teatro Vitória, local da apresentação. Eles fazem números de sapateado. Mas o golaço, é a utilização corporal e facial, a estética do espetáculo é magnífica, em grande parte pela movimentação dos atores.

A peça, tira risos da platéia, mas não é uma comédia. É um drama de reflexão. Reflexão da alma humana e de sua capacidade, de destruição da própria vida humana.

O nazismo passava pela tela, enquanto Primus, era acorrentado e humilhado. As guerras entre elas a do Vietnã, desfilavam no telão, enquanto Primus, era torturado e encarcerado. A miséria e a fome, eram projetadas na tela, quando os algozes de Primus, o forçavam a escolher entre a humilhação e a cooptação do Show Bussines.

Primus em uma frase desesperadora “Eu buscava uma saída: pela esquerda ou pela direita, fosse por onde fosse”, dá o tom das encruzilhadas de um mundo globalizado e capitalista. O macaco, escolhe o que acha ser o caminho mais fácil e claro duradouro: o Show. E dá lhe Xuxas, cachorras e outras mazelas alienadoras.

Primus é um primor recortes sobre duvidas e anseios humanos, o da fama e do dinheiro versus o da Liberdade e da Dignidade. Belo que merece ser revisto varias vezes, quem sabe Darwin tinha a razão e nossa evolução seja a volta ao Homo Macaco.

PS: A Boa companhia tem um site na rede: http://www.aboacompanhia.art.br/.

terça-feira, agosto 21, 2007

METALÚRGICOS 3

O final dos anos oitenta, para a categoria metalúrgica, foi de muita luta e da revelação de um novo jeito de fazer sindicalismo. Um mês após a posse da nova diretoria, os metalúrgicos, pararam a cidade na maior greve geral, de nossa História. Convocada pela CUT, a greve, tinha como objetivo, protestar contra os planos econômicos, do Governo Sarney, que apresentou-se como um engomo, depois de uma breve euforia e porque não eufemismos, com o primeiro daquela gestão o Plano Cruzado, que congelou moedas e preços. Era o primeiro desafio, daquela diretoria, formada por jovens, o mais velho, não passava dos 45 anos, de mostrar seu compromisso com os interesses dos trabalhadores. Tudo parou, desde as metalúrgicas, passando pelo Transporte Coletivo e desembocando no funcionalismo público. Foi a primeira de muitas naquele período.

A categoria, vivia o novo intensamente, confia em sua nova direção. Votou nela, pondo o fim em mais de vinte anos, de Peleguismo e entreguismo, no sindicato. Os trabalhadores começam, a ter novos hábitos, a conhecer novas culturas de relacionamento com seu Sindicato. A começar, pela presença quase que diária dos dirigentes, nas portas de fábricas e as assembléias para discutir tudo que dizia respeito a vida dos operários. Na administração da maquina sindical, o assistencialismo é logo substituído por uma estrutura que privilegia, a luta e a organização dos trabalhadores. Não há neste período, nenhum traço corporativo e excludente. O Sindicato é literalmente a casa da classe trabalhadora. Independente se é metalúrgico ou não, o atendimento e acolhida era para todos sem discriminação.

A diretoria, embora tivesse uma concepção definida, de como fazer sindicalismo, ainda era inexperiente, afoita e carente de formação política, que aponta-se para uma estratégia histórica. Assim as contradições do novo, com o velho da estrutura herdada, era nítida naqueles primeiros anos.

Mas apesar disto, logo nos primeiros momentos um núcleo dirigente se forma, toma a frente da direção e inicia mudanças profundas na estrutura. Já de cara, muda os estatutos da entidade. Põe fim a estrutura Presidencial, instituindo a direção colegiada, com revezamento nas funções e tarefas. Em tese some a centralização de poder nas mãos de uma figura e democratiza a administração sindical. Os estatutos celebram uma estrutura de tomada de decisões que tem o Congresso da categoria como instancia máxima de deliberações. Na comunicação, as informações chegam mais rápido as fabricas, através de folhetos, volantes e praguinhas, alem de um carro de som, para a disseminação das noticias. A categoria sem muita tradição em ler os informativos de seu Sindicato, no inicio teve um pouco de dificuldades, depois isto passa a fazer parte de seus hábitos. As assembléias nos locais de trabalho, também assustam no inicio, depois bastava encostar o carro de som para os operários, aderirem ao chamamento sindical.

Esta nova forma de sindicalismo, estava empolgando a imensa massa de trabalhadores. Despertava a cada dia a necessidade de se organizar e lutar por condições melhores de vida, trabalho e salário. Na primeira greve da Gurgel Motores de Rio Claro em 1987, após dois dias do movimento, um trabalhador confessa á dirigentes sindicais, o que tinha e estava aprendendo: “Descobri que os Patrões nos exploram, tiram tudo de nós e que a única forma de mudar isto, é a união através da luta dos próprios trabalhadores”. Este operário com certeza não leu o Manifesto Comunista, nem tão pouco a maioria dos dirigentes, tinha lido até então. Este despertar, se fez sentir em outro movimento paredista. Em 1989, em plena Campanha Salarial, os trabalhadores da Rockewel Fumagalli, decidem em uma assembléia, parar a produção no dia seguinte. A diretoria do Sindicato, ficou apreensiva e temerosa, com aquela decisão. Primeiro porque não havia tradição no estilo de greve que os trabalhadores da Fumagalli, propunham: A greve de dentro para fora, com um arrastão do fundo para frente dos barracões da empresa. Segundo porque nem dez por cento dos operários, tinham comparecido, naquela assembléia e nas atividades de preparação. E mais o combinado é que apenas dois ou três dirigentes do Sindicato deveriam estar na porta da fabrica a espera da massa trabalhadora. A surpresa é que a tática deu certo, e a primeira greve, na maior empresa de rodas de autos da América Latina, estava deflagrada. E aqui é o mesmo exemplo do caso Gurgel: os trabalhadores nunca tinham lido a respeito, das greves da Revolução Russa ou dos operários Franceses.

Porém, os patrões que no primeiro momento assustaram-se com a vitória da esquerda no maior Sindicato da cidade, não viam com bons olhos, as mudanças de comportamento e concepção na categoria. A reação viria, rápida como um Cometa.

CONTINUA.........................

segunda-feira, agosto 20, 2007

SÉRIE INTOLÊRANCIA: CANSEI DA BURGUESIA


Em um Mundo de Sofia, no Capitulo dedicado a Karl Marx, a personagem principal Sofhia, depara-se com o ultra empresário do texto Um Conto de Natal, de Charles Dickens, o velho sofina e capitalista, Srooge. Sofhia, assusta-se e fica indignada, quando uma garota, entra na História. Pobre e maltrapilha, a vendedora de fósforos, relata, a estudante de Filosofia, sua vida de pobreza e miséria. Incentivada por Sofhia, a menina, procura Srooge, que nega qualquer tipo de ajuda e apoio, dizendo, uma frase antológica, própria das elites: “Só a ajuda entre os iguais”.

Esta citação do famoso romance que conta a História da Filosofia, em sua referencia ao conto de Dickens, reflete como pensa e age as elites concentradoras de renda, ao longo dos séculos. A insensibilidade, e o interesse com a acumulação de riqueza é iminente traço de nossas classes dominantes.

E aí, a gente observa, o nasci morto movimento Cansei, chamado e organizado pela OAB/SP.

Fragorosamente aderido pelas elites, representadas por madames freqüentadoras de lojas como a Daslú, não tem nada de popular e de causas mais próximas a quem compra roupa intima na Daspú.

Em 1964, (sem alarmismos), mulheres da alta sociedade e donas de classe média, aliadas a Igreja, aos militares, políticos e empresários, fizeram a Marcha com Deus, a Família e a Propriedade. Três lemas, essenciais, para a disseminação da Hipocrisia, Burguesa. A marcha, contribuiu para o golpe militar e para vinte um anos de regime totalitário.

A nova marcha, encabeçada pelas elites, não fala em derrubar presidentes ou regimes. Nem as reais freqüentadoras dos chás beneficentes ou bingos, utilizam, terços ou bíblias nas mãos. As faixas e cartazes falam de chega, basta e estamos cansados, de corrupção, desmando e outras coisas. Uma ou outra, resvala em Lula e seu governo. Os organizadores insistem em dizer, que o movimento não é contra nenhum governo ou Partido. A marcha em 64, não só escancarou suas preferências ideológicas, como quis desfrutar das benesses no pós golpe. No movimento golpista, as madames tinham pó de arroz no rosto, nem imaginavam que suas sucessoras, iriam para o Cansei, de Botox e Silicone.

Na marcha, Srooge de Dickens não teria duvidas quanto os propósitos do movimento. Se fosse personagem da vida real, abriria os cartazes, rezaria o terço e empunharia as escrituras sagradas. Já no Cansei, diria que não tinha tempo para frescuras, de senhoras que nada tinham a fazer e de advogados e empresários que querem promoção pessoal á custa de ações inconsistentes.

O Cansei não é nem de longe um movimento golpista. Acho até que alguns sonham com isto.

Na democracia, tudo é justo e legal. A Burguesia parece que cansou, de acumular riquezas nas costas dos Pobres?. Enojou-se com suas próprias atitudes de promover exclusão e discriminação?. Será que D’Urso da OAB, um dos principais promotores do Cansei, esta sensível as agruras Burguesas?. È de se pensar sobre estes e outros questionamentos.

Por ultimo, a transcrição abaixo de uma Historia, ocorrida durante o Protesto, feito na praça da Sé em São Paulo na ultima sexta-feira, dia de um mês do acidente com o avião da TAM, ilustra que o povo não é nem um pouco bobo e sabe quem é e o que querem suas elites:

“Faltavam cinco minutos para o ato começar. Um senhor simples, carregando um saco plástico com alguns mantimentos dentro chega atrás do palanque e fica olhando como se não estivesse entendendo nada. Pára, olha pros lados, e como vê muita gente de preto, pergunta para um bem postado engravatado: "Ué, o que ta acontecendo, morreu alguém?". O engravatado, olha de cima pra baixo, faz uma cara de nojo, vira as costas e sai andando. Este jornalista, que acompanhava a cena, explica para o senhor o que está acontecendo. Ele devolve com uma outra pergunta: "então é coisa contra o Lula?". Dou um sorriso. Ele balança a cabeça, faz cara de nojo e sai andando.


terça-feira, agosto 14, 2007

UM POEMA CLÁSSICO




ODE AO BURGUÊS Mário de Andrade

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel

o burguês-burguês!

A digestão bem-feita de São Paulo!

O homem-curva! O homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!


Eu insulto as aristocracias cautelosas!

Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!

Que vivem dentro de muros sem pulos,

e gemem sangue de alguns mil-réis fracos

para dizerem que as filhas da senhora falam o francês

e tocam os "Printemps" com as unhas!


Eu insulto o burguês-funesto!

O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!

Fora os que algarismam os amanhãs!

Olha a vida dos nossos setembros!

Fará Sol? Choverá? Arlequinal!

Mas à chuva dos rosais

o êxtase fará sempre Sol!


Morte à gordura!

Morte às adiposidades cerebrais!

Morte ao burguês-mensal!

Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!

Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!

"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?

— Um colar... — Conto e quinhentos!!!

Más nós morremos de fome!


"Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!

Oh! purée de batatas morais!

Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!

Ódio aos temperamentos regulares!

Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!

Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados

Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,

sempiternamente as mesmices convencionais!

De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!

Dois a dois! Primeira posição! Marcha!

Todos para a Central do meu rancor inebriante!


Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!

Morte ao burguês de giolhos,

cheirando religião e que não crê em Deus!

Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!

Ódio fundamento, sem perdão!


Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

PS: Não conhecia este texto, até assistir o bom Planeta Cidade, programa de TV Cultura, que vai ao ar, todo o domingo, ás 19h. Na edição do ultimo dia 12, dia dos Pais, um quadro, fez uma reportagem especial, sobre os 180 anos de vida da mais importante faculdade de Direito do Brasil. A Faculdade São Francisco e seu diretório acadêmico XI de Abril. No Programa soube que o Poeta Modernista Mario de Andrade, recitou pela primeira vez Ode ao Burguês, das escadarias da Faculdade. Por isto não poderia deixar de registrar.

segunda-feira, agosto 13, 2007

CRÔNICAS DA CIDADE

LIMEIRA OITO

Karl Marx, tornou celebre uma frase: “Trabalhadores do Mundo, Uni-vos”. A frase encerra com chave de ouro, um dos textos mais significados não só das ciências políticas, mas de toda a humanidade. Ela é tão profunda, que rompe conceitos até então em vigência até hoje. A unidade de todos os operários, do campo e da cidade. A unidade de raças, como negros, brancos, índios e amarelos. Uma unidade que rechaça, a exclusão e a segregação. Os objetivos pessoais, dão espaço, as metas e interesses comuns do coletivo. Em Limeira, costumamos dizer, que a União não faz só açúcar, ela pode levar a conquistas.

A primeira noção que a Igreja nos passa, por mais institucionalizada e dogmática, que seja, é da unidade. Perante Deus somos todos iguais. Embora a Burguesia, fale desta concepção da boca para fora. Na militância política, a expressão é maior valorizada. Mesmo com lutas internas quase o tempo todo, há momentos, em que a unidade prevalece.

A Unidade, faz romper fronteiras, sair de isolamentos. Faz sentir-se parte de um todo. Deixar de ser Robison Crusoé, para abraçar mundos. Na Unidade, nos deparamos com a diversidade. Aprendemos a conviver com o diferente. Saímos do local e entramos no nacional, até atingirmos o Internacional.

A sociedade Brasileira, embora tenha em seu bojo, uma diversidade de culturas, advindas da miscigenação, as elites governantes, implantam nas consciências dos mais pobres, a idéia do corpo. Cada corpo tem necessidade varias, portanto, cabe a cada cabeça de um corpo, cuidar para solucionar seus problemas. O Sindicalismo no Brasil, foi e ainda o é, pautado, pela estrada do corporativismo. Primeiro cuido de minha categoria, minha fábrica, minha seção, minha linha de montagem, minha máquina. As outras categorias, segmentos, não interessa. Eles que procuram sanar suas dificuldades.

Quem não se lembra, da expressão levar vantagem em tudo. Consagrado por fazer propaganda da marca de cigarros, Villa Rica, o Tricampeão Mundial Gerson, terminava aquele comercial, enaltecendo o fator de sempre se levar e ter vantagens. O canhota de ouro, não é culpado disto. Mas a sociedade faz analogia deste episódio. Tirar vantagem do trabalho e de outras atividades humanas, descaracteriza, o trabalhadores Uni-vos ou na versão do século XXI: “Pobres e Excluídos do Mundo: Uni-vos”.

Em Limeira, um conceito que mais irrita é o do bairrismo, pai e mãe do corporativismo. Há um coro, que insiste em propagar que o bom é o nascido aqui, feito pelos filhos da terra ou que aqui moram. Há um sentimento de torcedor fanático, daqueles que não conseguem enxergar o bom futebol em outros times, o bom é o seu.

Na ex terra da laranja, as elites e seus aliados insistem nesta tecla. Nas eleições de 2006, havia candidatos que diziam que Limeirense votava em Limeirense. O lema excluía até candidatos que vivem aqui, há muitos anos e que muito fizeram pela terrinha.

Mas água mole em pedra dura, tanto bate que um dia fura.

sexta-feira, agosto 10, 2007

METALURGICOS 2

Durante vinte e um anos á frente do sindicato, o atual grupo dirigente, buscou passar para a categoria e a população em geral, uma identidade com os anseios e reivindicações dos mais pobres. No inicio, a referencia de atuação era um sindicalismo muito próximo do anarco-sindicalismo, do inicio do século passado, com uma tintura católico-cristã. A maioria dos integrantes da oposição metalúrgica que venceu o sindicato, em 1984 e 1986, vinha das Pastorais Populares da Igreja Católica, referenciava-se nas Oposições Sindicais Históricas, com destaque para a de São Paulo e Campinas, que desenvolviam praticas, que rejeitavam os Partidos Políticos, falam de Socialismo, mas viam nos Sindicatos o instrumento principal de mudanças e rejeitavam sutilmente ou não qualquer tipo de estado dirigente.

O PT recebia criticas, por já naquela época optar por uma combinação institucional e ação direta, sendo que para o novo sindicalismo que surgia nos anos 80, São Bernardo do Campo por advir do modo sindical tradicional, dentro das máquinas e aparelhos sindicais, também era visto com cautela e olhar critico. Lula por exemplo, era acusado de ser um pelego moderado, nunca de esquerda, muito menos socialista. E não o era e não o é. Na contra partida os acusados de institucionalização e reformista, acusam as Oposições e direções oriunda delas de vanguardista, distantes daquilo que a base realmente precisava, que era o imediato, isto sim era importante, a revolução estava muito distante do chão de fabrica.

A ligação com as Pastorais da Igreja Católica, trazia para o novo Sindicalismo, virtudes e defeitos, inerentes as organizações religiosas. Entre as virtudes, o espírito solidário e de fraternidade, muito mais forte que a camaradagem dos militantes de orientação comunista ou anarquista. Este sentimento solidário, podia se notar nas portas de fábrica e em seu interior, ouvindo com calma e espírito acolhedor as reivindicações e os dramas dos trabalhadores. Outras formas de solidariedade eram manifestadas, como defender trabalhador de chefes, e patrões, combatendo as injustiças diárias na fabrica. Entre os defeitos, a centralização de poder. Mesmo fazendo a critica a estrutura sindical de atrelamento e dependência de patrões e governo, o novo sindicalismo, praticava e pratica, uma forma de tomada de decisões, que embora pareça democrática e descentralizada, no fundo, é dominada, por poucos, aqueles que detem bons cargos ou condições políticas de intervenção.

Outro aspecto daquele inicio, era o voluntariado e a espontaneidade. Os objetivos eram definidos, mas com tiro muito curto e sem um planejamento melhor aprofundado. Assim o que prevalecia, era o improvisado, o por a cara para bater. Para aquela conjuntura, estas ações de improviso, cheias de chavões e palavras de ordem, eram perfeitas e eficientes, aja vista que vínhamos de um período de 20 anos de ditadura e de proibições ao sindicalismo de massas e de esquerda.

Por fim, a dedicação quase 24hs por dia ao movimento, tal qual Paulo em suas viagens apostólicas, colocava em segundo plano, a família, a escola e toda a vida pessoal. Isto ocasionou muitos conflitos familiares. A Tonica era lutar por todos estaria lutando pela família.

A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, teve este perfil em seu inicio.

CONTINUA..........................................

quarta-feira, agosto 08, 2007

INTERPRETAÇÕES GRAMATICAIS- III



1. PESSOA COM DEFICIÊNCIA: A terminologia referente ao deficiente, é Historicamente muito vasta. Quase sempre os deficientes eram denominados, com expressões carregadas de preconceito e exclusão. Na idade média, eram considerados ao lado dos leprosos, pragas do inferno. Muitos eram assassinados pela inquisição, nas fogueiras, reservadas aos “inimigos”, da igreja. No nazismo, junto á judeus e negros, eram considerados uma raça impura. Ainda hoje, muitos deficientes, ganham diversos pejorativos: Aleijado, pernetas e outros. No movimento organizado dos deficientes, três terminologias, tem ganho destaque para o debate: Pessoas com necessidades especiais, Portadores de necessidades especiais e Pessoas com deficiências. Faço coro com a maior parte dos militantes da área que entendem que a melhor denominação é a ultima. As duas primeiras são de mais abrangentes e não limitam apenas ao universo da deficiência. Um exemplo: O diabético necessita de atenção especial, mas não é um deficiente, pois tem todos os seus órgãos em perfeito estado. Definir o conjunto das deficiências, tem na expressão Pessoa com deficiência, a melhor delas e sem pejorativos que levam ao cometimento de preconceitos.

2. PESSOA HOMOSSEXUAL: Outro segmento que Historicamente, sofreu com as terminologias toda forma de preconceito foram os Homossexuais. Alias ainda sofrem, desde expressões clássicas com viado e bicha, remetendo-os a condição de animais e não seres humanos. Como os deficientes os Homossexuais, foram perseguidos tanto em regimes totalitários, como os ditos liberais. Na sociedade moderna, há uma certa tolerância, mas o preconceito ainda vigora e a terminologia renovada, contribuem para isto, como BIBAS e outros. A expressão Pessoa Homossexual, coloca-os na condição de seres humanos e impõe respeito.

terça-feira, agosto 07, 2007

METALURGICOS 1

O sindicato dos metalúrgicos, são para as classes operarias e populares da cidade de Limeira, uma referencia de luta por direitos e de defesa deles, desde que em 1986, o peleguismo sindical foi derrotado, após mais de vinte anos encastelados naquela entidade. Os serviços prestados pelo grupo de esquerda aos pobres e excluídos do município, são enormes e relevantes. Foi a partir daquela entidade, que sem casa, sem terra, outras categorias e outros segmentos, como negros, mulheres e criança e adolescente, se organizaram para buscar condições melhores de vida. Não há como negar esta bonita e extraordinária História, de apresentar para a população, que é possível conquistar, a partir da consciência de classe dos trabalhadores.

Porem erros foram cometidos, nos últimos anos, decorrentes em partes de uma crise das esquerdas mundiais na sua perda de identidade e perspectiva, bem como no esgotamento de instrumentos da classe, como a CUT e o PT, que deixam de ser elementos essenciais de mudanças estruturais e radicais na sociedade Brasileira. A outra parte, deriva da burocracia e do acomodamento de maioria dos dirigentes sindicais, as estruturas físicas e materiais, bem como uma rápida institucionalização da pratica, embora o discurso continue combativo e “revolucionário”. Alem disto, a ausência de um repensar o País, consiste em algo grave e que empurra a direção a um abismo de elaboração e ao gueto. Comportamentos sectários entre companheiros e o pecado da anti ética, são outros predicados deste sindicalismo, de novo, atuante nos anos 80 até meados dos 90, torna-se ineficiente e paralisado no século XXI.

Os companheiros de Limeira, não ficaram imunes aos reflexos desta crise. Trancaram-se em seu mundo corporativo, embora em alguns momentos empurrados pelas ondas que vão e voltam, estavam na linha de frente de um ou outro movimento da classe. Mergulhados em um sectarismo que as vezes beira a exclusão, afastaram muitos militantes de suas hostes e liderança.

Mas esta entidade ainda é de muita valia para a luta de classes.

Em Setembro, ocorrerá eleições, que mudaram sua direção. Uma chapa montada e financiada por pelegos sindicais, empresas metalúrgicas e de outras categorias, procura com ações terroristas, como invasão da casa do Administrador do Sindicato, aterrorizando sua família, e depredando e colocando em risco o patrimônio e a integridade física, desestabilizar a esquerda e tentar criar condições judiciais para travar o processo. Atitude irresponsável de nossas elites, questão que não surpreende, aja vista o perfil de nossas classes dominantes: violentas, golpistas e outras qualificações que não cabe neste texto.

Apesar das criticas, as quais faço, penso que a direção deva aproveitar este momento suigeneris, e que não ocorria, desde 1989, para fazer uma autocrítica de sua pratica, as mulheres e os homens de bem devem apoiar a Chapa de Esquerda e não medir esforços para garantir que esta entidade permaneça nas mãos da classe, mesmo que após o processo, façamos um necessário balanço não só sobre o Sindicato dos Metalúrgicos, mas da esquerda como um todo.

Que há interesses das elites em tomar de assalto este instrumento de classe, isto esta bem nítido. Cabe aos que querem dias melhores evitar esta catástrofe.

Prossigo este assunto em outro post.

quarta-feira, agosto 01, 2007

INTERPRETAÇÕES GRAMATICAIS- II


Mais dois Verbetes, de expressões que entendo corretas. Não se trata de censura, mas de orientação, para não incorrer em constrangimentos a outrem ou pratica de preconceito:

1- INVASÃO DE TERRA: Um conceito político de esquerda á qual concordo, que é o de substituir invasão por OCUPAÇÃO. Os argumentos, são os de que em um sistema capitalista, o qual estimula, grilagem de terras e especulação imobiliária, a terra perde sua principal função, a de produzir alimentos e utensílios para a sobrevivência do ser humano. No Brasil a concentração de terras é enorme, ocasionando êxodo para as cidades, que incham e assim promovem fome, desemprego e miséria. A terra de acordo com os princípios Cristãos, é Deus, que designou aos Seres Humanos, sua utilização. Portanto o MST e outras organizações, sustentam que os movimentos por terra, são atividades de ocupação, daquilo que é do homem e da mulher e principalmente, para aqueles que nela querem trabalhar e dela tirar seu sustento. Na visão Marxista, o que é produzido pela força de trabalho, deveria ser dos trabalhadores e não extraído pelos patrões e grileiros de terra. Portanto o termo ocupar, é tão somente, retomar o que já é do povo pobre e trabalhador.

2- O TERMO HOMEM: Até pouco tempo, a humanidade, referia-se a ela mesma, como os Homens ou o Homem destroem a natureza. A expressão homem, vem do sexo masculino, não contempla o feminino. Tal situação perdurou, por séculos, por conta de uma visão machista, preconceituosa e de detenção do poder. Poder dominado culturalmente por Homens. Livros famosos, como a Bíblia, ao referir-se a humanidade, utiliza a palavra Homem ou no plural. Recentemente, o novo código civil Brasileiro, alterou esta postura gramatical, para Seres Humanos ou a palavra no singular. Tal expressão é de maior abrangência e descarta preconceitos e injustiças. A própria ONU, precisa no texto da declaração Universal, aplicar esta expressão: SERES HUMANOS.

UM POEMA, UMA UTOPIA POSSÍVEL

Ao João Geraldo Lopes

TERRÁ! – de PAULO CORRÊA

Qui bom seria ventú si tu ventasse

ventasse forti
I mi jogasse pros cofins da Lua
lá pra pertu das estrela

praquela lonjura devi di ter um lugar
donde si prantá
Nem carecia di fazê muita força,
tô só carne e osso
mais leve qui uma maria-doida e
tão faminto quantu um carcará

Por aqui tá tudo ocupado
Num tem chão livri
Tá tudo cercadu com
gradi portão portera e cadiado
Quem é os dono? É aquele povo de
gratva... é Renan, o
seu Sivirino, o seu Silvinho Pereira,
seu Marco Aurélio, seu Valdemar...
Qui tem um mundão di terra só pra
criá gado

I quando agenti resorve si acomodar
nos confins do sertão,
ondi a terra é dura feito chumbo,
ondi o sol é sujo
Ondi os passarinho nem avoa e até
as nuvem foge do lugar

Us juiz manda os homi tira nois do
sussego
Ai enfureci
Aí é mão na foice, machado e
terçado
I então o sangue inunda o cerrado
Pra modi cumpri a profecia,
do sertão virá mar
Mar vermeio

Se mãe tivesse mi tido mais cedo
talvez encontrasse um dedo de
chão sobrando por ai

Mas matutando mió
a curpa num é bem dela não,
puisquê mi alembro qui quandu
era piá
minha mãe mi
dizia que a vó i ú vô
também num tinha chão pra ficar.

Ahh! Ventú
mi leva logo pra banda de lá

Mi leva pra Lua
Chegando lá eu arava as terra,
cerqueiava tudo e construía uma
casinha
I ia viver a vida regando as estrelas
Pra modi ter trabalho
afim di colher um cadim de
dignidade à
centenas de milhas daqui

PS: Magnífico poema, do meu camarada Paulinho Corrêa. Foi postado no seu blog www.pautalivri.blogger.com. Um misto de Guimarães Rosa, Vinicius de Moraes da fase engajada e Dom Pedro Casaldaliga. Fico lisonjeado, com a dedicatória. Obrigado Paulinho.