terça-feira, outubro 31, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XXIII


O Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira, ficou nas mãos de diretorias comprometidas com os patrões e os governos, inclusive os do regime militar, durante 20 anos. Foram anos de penosas traições de dirigentes, as lutas por direitos da categoria. Durante todo este período, os trabalhadores, foram intimidados a organizarem-se por reivindicações, que melhorassem suas vidas. A vitória dos meninos da CUT, como assim eram chamados os membros da Oposição, reacendeu na Categoria, a disposição, em organizar, lutar e conquistar. O primeiro grande desafio, foi a greve geral de 12 de Dezembro de 1986, contra os Planos Cruzados de Sarney e CIA. Não só os Metalúrgicos, aderiram, como toda a cidade, desligou maquinas, baixou portas de lojas, supermercados, recolheu os ônibus e assim realizou-se um dos maiores movimentos de massa da História do município. A partir deste dia, os metalúrgicos não pararam mais. Fabricas que nunca deflagraram movimentos grevistas, fizeram a água borbulhar, como se um sal de fruta ali fosse derramado. Fumagalli, Gurgel em Rio Claro, Invicta, Industrias Rocco e outras tantas, descobriam que só com luta se chega a vitórias. Outro aspecto relevante, é o habito em que os trabalhadores, foram criando, participando e aderindo a Assembléias, passeatas e reuniões.

Naquele 30 de Setembro de 1992, já em sua zero hora, os Metalúrgicos, iniciam sua mobilização de Protesto, para exigir o Fora Collor. Assembléias foram realizadas, nas portas de fabrica, com o turno da noite. As adesões não eram massivas, como o foram em 1986. Perfeitamente compreensível, pois a do impedimento do Presidente Fernando, as reivindicações não eram econômicas e sim de cunho ético e político. Mas mesmo assim, a madruga do ultimo dia de Setembro, torna-se movimentada por toda a cidade. O comando do movimento, apesar de outros sindicatos e movimentos populares, era mesmo dos dirigentes Metalúrgicos. Uma concentração estava marcada, para acontecer nas escadarias da Catedral de Nossa Senhora das Dores, a partir das 13hs. A votação no Congresso, para o impchement de Collor, aconteceria por volta das 15hs.

O protesto com paralisação de 24hs, resumiu-se a categoria metalúrgica e mesmo assim algumas fabricas, em torno de uns 2mil trabalhadores. O comando do movimento, que basicamente era a coordenação da campanha eleitoral de Wilson Cerqueira, decide manter os grevistas, no distrito industrial, onde localiza-se as fabricas maiores, até ás 10hs da manhã.

A partir deste horário, decidiu-se realizar uma passeata até o local da manifestação do Fora Collor. Esta passeata, em minha opinião atrapalhou a candidatura Cerqueira. Na época não tínhamos a dimensão de que eleição é pragmatismo, resultado, alem é claro de marcar posição, e buscar aumentar a consciência política da população. Mas basicamente a luta pela institucionalidade, é resultado pratico, literalmente votos. Entendo que embora legitimo e importante naquele momento, a greve serviu apenas como protesto e marcação de posições. Tirou votos do PT. A Articulação que nunca teve interesse por movimentos de massa, não participou da greve de protesto, limitou-se a distribuir um jornal nas agencias bancarias onde concentrava sua base sindical e eleitoral. Lá o Vereador Pierre, que fazia uma campanha paralela, inclusive com material sem o nome dos majoritários, destoava do discurso da esquerda Petista, que alem do aspecto ético, trabalha bandeiras históricas como a Reforma Agrária, o não pagamento da divida externa e caracteriza o governo de Collor de Mello como Neo Liberal. Pierre e seu grupo, regionalizam o debate e centravam seu discurso na questão moral. Digo que foi um erro, não o Protesto, mas a presença dos candidatos majoritários, a frente da passeata, comandando o fechar de portas do comercio. Para uma cidade extremamente conservadora aquele foi encarado como um ato de vandalismo, do qual discordo, mas que do ponto de vista do voto, não podia ser feito.

A hora do fim da era Collor estava se aproximando. Em Limeira, vários manifestantes, acomodavam-se nas escadarias da Catedral e em frente oradores revezavam-se nos discursos. Era um ato supra partidário. Quase próximo do inicio da votação no Congresso, uma figura empunhando a bandeira do Brasil, entra na praça da Igreja.................

CONTINUA........................

segunda-feira, outubro 30, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XXII


A Campanha Eleitoral de 1992, foi até então, a melhor que o PT de Limeira, organizou. Primeiro que os movimentos populares assumiram desde o inicio, criando núcleos de base, contribuições financeiras, através de festas, rifas, bingos e outras formas de ajuda a campanha Petista. Segundo uma coordenação liberada, 24hs por dia, algo completamente impossível nos anos 80. Terceiro a importância do Sindicato dos Metalúrgicos, dando suporte militante e intelectual. Os tempos eram de marcar posição, mas galgar degraus maiores na institucionalidade. O grupo que negava, quase que por completo a luta eleitoral, começa a discursar, a combinação, da luta direta com o institucional. Era preciso ter voz pública e utilizar os instrumentos da maquina estatal a serviços das lutas populares e Revolucionárias. Ainda falava-se de Revolução. O que não percebia-se, é que a luta sindical, em que a maioria se empenhava, nada mais era do que a luta no campo institucional.

O Fórum do Interior, monta sua estratégia, para as eleições. Centrou-se todos os esforços na campanha dos majoritários. Embora no fundo da alma de cada militante, sabíamos que Wilson Cerqueira não tinha a mínima chance de vitória, as avaliações com os pés no chão não existiam. Não podíamos frustrar e esfriar os ânimos militantes. O ufanismo tomava conta de todos nós. Somado a ele a ausência de instrumentais de analise capaz de nos apresentar um quadro real do processo. Assim toda a força foi concentrada na eleição para Prefeito. Foi aí que o FI, cometeu seu primeiro erro. Se havia necessidade de ampliar a referencia da principal liderança do grupo, este mesmo agrupamento, não podia ficar sem uma representação na câmara de Vereadores. Em 1988, por conta dos próprios erros, Gilberto Roldão não foi eleito. Agora o erro repetia-se de outra forma. O grupo lança 04 candidatos ou 06, não me lembro com exatidão o numero. Só sei que no mesmo campo de atuação, brigaram por votos os companheiros José Carlos Pinto e Luis Carlos de Oliveira, ambos dirigentes Metalúrgicos. Do outro lado do espectro Petista, a Articulação agora minoria no PT/Limeira, concentrava quase todos os seus quadros em uma única candidatura, a reeleição do então Vereador Luís Carlos Pierre, presidente do Sindicato dos Bancários. Alem disto, a linha discursiva, ficou na maioria das vezes nos chavões e palavras de ordem. Outro aspecto, é que as campanhas dos proporcionais do Fórum do Interior, não focaram uma base especifica, trabalharam muito no geral. Resultado: Pierre que centrou seu discurso e ações para a classe média foi eleito. Os candidatos da Esquerda Petista, dividiram votos de suas bases, e no Maximo conseguiram uma primeira suplência para o companheiro José Carlos Pinto.

Mas estas foram falhas, inerentes a falta de experiência e os objetivos que se tinha a época. As mesmas nos próximos pleitos não repetiram-se.

Talvez o maior erro eleitoral, foi o do dia o Impeachment de Fernando Collor. A CPI conclui que o esquema Paulo César Farias, beneficiou com caixa 2 não só a eleição de Collor, como PC foi o financiador particular do Presidente. As negociatas com empresas, empreiteiras, levaram entidades da sociedade civil, como a OAB e a ABI- Associação Brasileira de Imprensa- protocolarem o pedido de impedimento ao Presidente e assim abrir um processo para sua cassação. O governo resisti dentro do Congresso, com sua tropa de choque, liderada pelo Deputado Roberto Jefferson, ACM e fora das linhas parlamentares, surpreendentemente, o Governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, que classificou o movimento de golpe a institucionalidade e a legalidade.

Pois bem o dia D para Collor e a nação, foi marcado: 30 de Setembro. O movimento cívico, formado por varias organizações, marcou varias atividades para este dia. A CUT orientou uma dia de paralisação. Em Limeira ela ocorreu. Mas isto é assunto para o capitulo vinte e três.

sexta-feira, outubro 27, 2006

UM POEMA



O Padre Ernesto Cardenal, foi um dos principais responsáveis pela Revolução Sandinista na Nicarágua em 1979. Revolução que derrubou uma ditadura de Anastásio Somosa e família, que durava mais de 40 anos. Regime sangrento, entreguista (Nicarágua, igualmente como toda a América Central e Caribe, serviam como quintal para os negócios escusos e ilegais dos Estados Unidos) e explorador. A participação de Ernesto e de toda a Igreja Católica no Movimento de Libertação do País, foi fundamental, para que a vitória fosse atingida. Preso por varias vezes, o Padre Cardenal, utilizou-se de sua poesia, para denunciar as mazelas do Imperialismo, conscientizar o povo, pela luta para uma nação independente e livre. O poema abaixo, na verdade é um Salmo, escrito como os do Antigo Testamento. Os Salmos, são cânticos e orações, de suplica, louvor, contestação, a Deus, feita por profetas e crentes. Ernesto Cardenal, é um destes profetas, contemporâneos. Encontrei esta obra prima, no livro “Cartas da Prisão”, de Frei Betto, escrito no período em que foi preso político do regime militar.

Salmo 15: NÃO HÁ ALEGRIA PARA MIM FORA DE TI !

Eu lhe disse:
Não há alegria para mim fora de Ti!

Eu não rendo culto ás estrelas de cinema
Nem aos lideres políticos
E não adoro ditadores.

Não assinamos os seus jornais
Nem estamos inscritos em seus partidos
Nem falamos com slogans
Nem seguimos suas determinações.

Não escutamos seus programas
Nem cremos em seus anúncios.

Não nos vestimos com suas modas
Nem compramos seus produtos.

Não somos sócios de seus clubes
Nem comemos em seus restaurantes.

Eu não invejo o cardápio de seus banquetes
Não limparei eu suas sangrentas libações.

O Senhor é minha parcela de terra na
TERRA PROMETIDA.
Coube-me por sorte bela terra
Na divisão agrária da Terra Prometida.

OBS: Este poema foi escrito antes da Revolução Sandinista.

quinta-feira, outubro 26, 2006

UM CONTO DE CLASSE


Fui alçado da cama, pelo barulho estridente e irritante do despertador, ás 4:30 da manhã, hora melhor para o sono de um mortal. Um mortal que no dia anterior, desgastou suas forças até 9 da noite, na maquina de corte de chapa. Rotina de todos os dias. Também pudera, 04 filhos para criar, só fazendo extras mesmo. E foi um dia tenso. Os camaradas de agonia diária, quase não trabalharam, apesar de tentar faze-lo para esquecer. No dia seguinte, seria detonada uma bomba e com ela estilhaços seria soltos. Cheguei em casa, moído, tal carne e com uma dor de cabeça, agravada por dois copos de cachaça e 1maço e meio de cigarros consumidos no dia. Meus filhos dormiam e sonhavam com deuses e anjos. Minha mulher, á frente da TV, assistia a novela, que esbanjava a vida dos ricos e lançava por terra a vida dos pobres. Sonolenta, levantou-se e me beijou. Disse: “Vou esquentar a comida, tome um banho, sua toalha está no pé da cama”. Comi, pouco, pois a cabeça estava ao ponto de estourar. Não troquei nenhuma palavra com minha esposa, só dei um boa noite, quando ela dirigiu-se para o quarto. Fiquei só, pensativo.

Pensativo estava, quando levantei naquela madrugada. Tomei o café puro, sem açúcar, como o médico recomendou. Glicose alta. Recebi a marmita quente de minha mulher, lhe dei um beijo. Seus lábios estavam frios e roxos, como num leito de morte. Não era frio, era medo. Antes de abrir a porta, ouvi sua suplica: “Não vá hoje, fique em casa”. Não respondi, calado estava, mudo fiquei. Dirigi até o ponto de ônibus, era o primeiro a ser apanhado. Uma dor no fígado, me incomodava, acho que era os efeitos da pinga com jurubeba, da noite passada. Estava em meu horário, a condução é que não estava. Disse em voz alta: “Será que interceptaram os ônibus?”. Esperei alguns minutos e nestes fumei dois Derby. Já arquitetava minha volta, quando o motorista do Mercedes, buzinou. Entrei e ele disse: “Não há ninguém nos outros pontos, eles foram mais cedo, você não foi? Vai entrar?”. Não respondi apenas, acenei com as mãos pedindo que toca-se em frente. Ele falou o caminho todo. Disse que estava o maior fundurcio a frente da fabrica: “Os home tão lá”, falou “mas ta tudo em paz”.

Não tinha uma alma viva, nos abrigos de ônibus e muito menos nas ruas. A dor no fígado aumentava e aquele condutor do veiculo não parava de falar. Os quinze minutos que separavam meu bairro da industria, pareceram uma eternidade. Não dava para ver muita coisa. Um caminhão enorme, fechava o portão da fabrica. Uma multidão de camaradas, á frente, conversando ao mesmo tempo, em que um rapaz bem novo discursava, em cima da carroceria do veiculo. Acho que era do Sindicato. Não conheço ninguém. Nunca quis ser sócio. Meu chefe dizia que era bobagem. Eles incentivavam a baderna e pudiamos perder o emprego. Mas parece que alguma coisa me dizia, que eu devia ouvir aquele jovem. Mas outra falava o contrario: “Pense nos seus filhos”. Mas as vozes insistiram em travar um debate, em minha consciência. Isto fazia arder de dor meu fígado. A primeira, gritou “Se você embarcar nessa, vais morrer de fome, nunca mais arruma trabalho”. A outra berrava, do lado esquerdo, “Com este salário, você e sua família já estão morrendo de fome”. A outra rebatia: “Para de bobagem, melhor um passarinho na mão do que dois voando, não faça isto, estes caras não ligam para nada só querem tirar proveito político”. A da esquerda com um tom mais forte, “Você não quer um futuro melhor para seus filhos? Não quer uma vida sem sacrifícios? Ter condições para pagar suas contas e comer decentemente? Veja estas há 10 anos, aqui o que o Patrão te deu?.

Estava zonzo, com cada frase das vozes. Tinha decidido no bar no dia anterior, que entraria. Mas comecei a pensar. Porque? Que ganho com isto? O chefe berra comigo todo dia, quase perdi a mão na maquina, meu pagamento fica todo para pagar farmácia, meus filhos vivem doentes, porque não comem direito e outras necessidades que não posso lhes dar. Segurar emprego?. Vejo dezenas de camaradas serem demitidos, todos os dias, e não tinha parada. Não tenho dinheiro para nada. Meus sapatos que uso, serve para trabalhar e ir á missa. Minha mulher não tem um vestido novo há muitos anos. A prestação da casa da atrasada e já tem ação de despejo. Pedi um aumento, me negaram. Pedi um empréstimo para pagar o tratamento médico de minha filha, negaram. Minha casa caindo aos pedaços. Não sei como pagar a água e a energia, tão atrasados. Mas o meu patrão não anda de ônibus, tem um Honda Civic, mora em uma mansão em um condomínio fechado. Deve comer filé mignon, eu como mingual de fubá com Chuchu.

Parem de falar não agüento mais. Calem a boca. As vozes cessaram. Desci do ônibus. Fui cumprimentando um a um de meus camaradas, que retribuíam com sorrisos e abraços. Eles sim são meus amigos. Eles são meus pares. Aproximei do caminhão e pedi: “quero falar”. O garoto que discursava, passou o microfone: “Uma água viva e cristalina, inundou meu coração e minha cabeça, estou pronto”. Aquele dia foi o primeiro, de muitos em minha vida por um mundo melhor.

quarta-feira, outubro 25, 2006

DECLARAÇÃO DE APOIO A LULA


D. Pedro Casaldáliga: A candidatura de Lula constitui um espaço popular, ambíguo, é verdade, com muitas falhas no primeiro mandato, mas é um espaço popular. A candidatura de Alckmin é um espaço abertamente neoliberal, a serviço das elites. O modo como estão atuando os grandes meios de comunicação revela muito bem onde estão os interesses do tucano, e a serviço de quem ele está. A política precisa ser realista. O que está em jogo não é o "tudo ou nada", mas sim o tudo possível.

Frei Betto: O governo Lula reforçou a soberania do Brasil. Repudiou a Alca proposta pelo governo Bush; condenou a invasão do Iraque; visitou a cada ano países da África; abriu as portas de nossas universidades a negros e indígenas; estendeu energia elétrica aos mais distantes rincões; manteve a inflação sob controle; impediu a alta do dólar; reduziu os preços dos gêneros de primeira necessidade; ampliou o poder aquisitivo dos mais pobres, através do aumento do salário mínimo.Lula ainda nos deve muito do que prometeu ao longo de suas campanhas presidenciais, como a reforma agrária. Porém, o Brasil e a América Latina serão melhores com ele do que sem ele. Se você está convencido disso, trate de convencer também outros eleitores.
Emir Sader: FHC nunca mais, nunca mais ricos governando em nome dos ricos, com falsas promessas para os pobres. Nunca mais um governo vassalo dos EUA. Nunca mais um governo que criminaliza os movimento sociais. Nunca mais um governo que desmantela o patrimônio público pela privatização de empresas estatais. Nunca mais um governo que dissemina a educação privada em detrimento da educação pública, que promove a mercantilização da cultura. Nunca mais FHC. Nunca mais tucanos-pefelistas. Nunca mais governos que concentram ainda mais a renda no Brasil, que vendem a Amazônia para ser vigiada pelas raposas do Império.
Dom Mauro Morelli: Espero que o Presidente Lula receba mais um mandato e que possa superar as contradições que caracterizam o Estado Brasileiro e afetam seu governo. Não se trata apenas de combater a corrupção, mas cultivar uma proposta ética de desenvolvimento. Impossível servir a dois senhores, o Mercado e o Povo. Voto por uma economia com mercado, justa e solidária. Reine a Ética, governe a Política e submeta-se o Mercado. (...) Presidente Lula, cultivando a sabedoria, a coragem, a ousadia e a humildade, com a graça de Deus e a participação do povo, poderá fazer um grande governo.
Intelectuais: Reconhecemos que o governo Lula fez de menos em áreas vitais, como a reforma política e a reforma tributária. Há motivos para estas falhas, sendo o principal a falta de apoio parlamentar, a partir dos escândalos, que eclodiram na área do PT e do governo. Achamos que os escândalos são graves e o fato de refletirem a cultura política dominante não é uma escusa aceitável. O governo de Fernando Henrique Cardoso foi autor de escândalos piores e mais numerosos, mas conseguiu engavetar numerosos pedidos de CPI e teve muito mais beneplácito da mídia. A indignação de parte da opinião publica contra Lula, seu governo e seu partido é compreensível: ela se deve à atuação rigorosa e severa do PT enquanto oposição aos governos anteriores. Com estes antecedentes, a prática de ações delituosas por alguns dirigentes do PT foi e é chocante, inclusive para nós, que somos membros ou simpatizantes do partido.
Movimentos Sociais: Excelentíssimo Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva :
Os movimentos sociais de todo o país saem às ruas em defesa de seu segundo mandato na expectativa do avanço das lutas pelo fortalecimento de um Projeto Popular para o Brasil, que só será possível com a participação efetiva do povo e suas organizações sociais. Estamos cientes do perigo que representa para o povo brasileiro o outro projeto, direitista e neoliberal, do candidato Alckmin. A intolerância, a insensibilidade social e a criminalização dos movimentos, certamente estão no pacote do “choque de gestão” dito pelo candidato das elites. Assim, reafirmamos nosso compromisso e disposição pela intensificação das lutas populares e democráticas no país e apresentamos, ao mesmo tempo, nosso manifesto por um Brasil justo e independente, conduzido pelo povo e dirigido por Lula presidente!

terça-feira, outubro 24, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XXI



A Coordenação da Campanha Wilson Cerqueira Prefeito, naquele ano de 1992, era formada basicamente, pelo primeiro time do então Fórum do Interior. Osmar Lopes assumiu o Programa de Televisão, Gilberto Roldão ainda não pensava em ser Jornalista, dirigiu o marketing impresso da campanha, Nadir minha companheira, o trabalho de articulação com a militância, os núcleos de base e os cuidados com a sede do Partido. Para mim sobrou o Programa de Radio e acidentalmente a assessoria política ao candidato nos embates dos debates e entrevistas.

Apesar desta divisão de tarefas, as dificuldades eram enormes, desde falta de grana, até de experiência eleitoral. Afinal de contas, o FI, assumia pela primeira vez o comando de um pleito eleitoral, a Articulação que dirigiu o Partido em toda a década de 80, abandonou a candidatura majoritária e foi fazer campanha para os seu proporcionais.

No inicio de campanha, como relatei no capitulo anterior, um dossiê veio cair no colo da campanha Petista. O documento tinha como fonte, ex. Partidários do Deputado Federal Jurandir Paixão. Os motivos da “vingança”, não sei qual eram, talvez tivessem sido descartados dos esquemas do Deputado. O conteúdo do Dossiê Arapongas por nós apelidado, trazia uma serie de informações, sobre políticos, lideres de movimentos populares, sindical e comunitário. Inclusive a “espionagem”, ia alem das atividades políticas do vigiado, a vida pessoal era desnudada por lentes de maquinas fotográficas e de vídeo, tudo registrado em relatórios entregues á Paixão e seus auxiliares. No campo da esquerda, os maiores espionados eram o Ex Padre Wilson Zanetti, agora o vice na chapa de Cerqueira. O próprio Wilson Cerqueira e vários militantes sindicais, o Ex Vereador Luis Carlos Pierre e outros. Soube que até o escriba aqui, teve sua devassada pela arapongagem de Paixão e seu grupo.

Os Arapongas, todos eles, tinham cargos comissionados, ou na Prefeitura e após a derrota do PMDB, em 1988, no esquema BANESER, iniciado no Governo Quércia e teve continuidade no de Luis Antonio Fleury Filho. O Baneser, funcionava como uma espécie de agencia de empregos de nomeados. Para aumentar seu exército de cabos eleitorais e cumprir promessas de campanha, Orestes Quércia, criou esta empresa, a qual não necessitava de concorrer em concursos públicos. O Baneser inchou a máquina estatal, em mais de 100mil comissionados, um verdadeiro cabide de emprego, favorecimento á parentes e cabos eleitorais. Com esta legião de fieis “militantes”, o PMDB Quercista dominava e controlava todo o Estado de São Paulo. Em Limeira, que me lembro pelo menos 02 lideranças políticas, tinham nomeação no esquema de contratação: o Ex Vereador e hoje Chefe de Gabinete do Prefeito Silvio Félix e o filho do Ex Vice Prefeito do próprio Paixão Oscar Breda.

A Campanha Petista explorou o documento o máximo que pode, durante o processo. Caracterizando os esquemas, de invasão de privacidade, típico dos tempos da ditadura, fomos compondo uma linha de campanha, de ataques constantes á Jurandir Paixão, intitulando-o como o Coronel e seus métodos autoritários e repressivos.

O Slogan da Campanha dos Wilsons era “Limeira vai Optar pelo Novo”. A escolha deste tema, tinha como analise, o fato do poder na cidade ser alternado por dois grupos: O de Paixão e sua filosofia autoritária e populista, e o de Paulo D’Andréa, com fortes ligações nas lojas maçônicas e com uma política de centralizar ações em um corporativismo e de favorecimento a pequenos grupos econômicos. Exalava neste grupo em particular, o preconceito com cidadãos de outras localidades, em particular nordestinos e negros.

Com este quadro eleitoral definido, concentrou-se desde a elaboração do Programa de Governo, até os Programas de TV e Radio, com esta tática e concepção de campanha.

segunda-feira, outubro 23, 2006

ENTRE O MODERNO E A PUREZA


O Cinema Brasileiro é um dos maiores do mundo. Chego a esta conclusão toda vez que assisto, a uma obra prima. Ao contrario de muitos, nosso cinema é recheado de sensibilidade e plasticidade artística e humana. Se tecnicamente, a sétima arte no País, ainda não evoluiu ao nível de Hollywood , em conteúdo estamos dando de goleada.

Não conhecia a diretora Ana Muyalerte. Alias sei quase nada dela. Apenas que conseguiu fazer um filme, que superou a nostalgia que aparentemente a película propõe, para por na ordem do dia a quebra de valores em troca de uma modernidade que afasta o ser humano do ser humano. Durval Discos, é um destes filmes, que penetram na alma, fazem pensar e admirar os personagens e as imagens que passam pelas lentes de nossos olhos. A ambientação da loja/casa de Durval, perdida no meio de arranhas céus, bem no centro de São Paulo, dá uma noção de resistência de Homens e Mulheres, ao status quo de uma Burguesia, que concentra renda e para te-la esmaga os pobres.

A recusa de Durval, a vender em sua loja os discos digitais, o faz defender os vinis, como algo que se sumir será apagado da História. Durval não nega a importância do CD, mas não concorda que o Bolachão desapareça. Ambos podem conviver harmoniosamente. Durval Discos permiti a Democracia, a modernidade parece que não. A casa do personagem principal, é toda anos 60 e 70. Durval é fascinado por carne de panela com cenoura e doce de ovos queimados. Não dispensa um bom feijão. Suas vestimentas são alá setentistas, com um enorme cabelo. Sua mãe, dedicada ao filho e as economias da família. A trilha sonora, não tem nadinha de saudosista. É boa música popular, da década do Tri Campeonato no México. Jorge Ben, Gal Costa cantando London, London, Gilberto Gil, Os Novos Baianos, Zé Rodrix, Sá e Guarabira e assim vai. To loco pra ter o CD. Os ruídos, as passagens de cena, todas tem a mão genial de André Abujamra, que faz uma ponta como o amigo baterista do DJ encarnado pelo DJ de verdade Téo Werneck.

Falando em pontas, o filme tem como coadjuvante a extraordinária Marisa Orth, que é o elo entre o moderno e o mundo de Durval. Alem disto a linda Letícia Sabatella, vai mexer com o coração e a libido do personagem central, bem como com os nervos.

Bem deixei para o fim, para falar de Durval e sua mãe, brilhantemente protagonizados por Ary França e Etty Fraser. Ary o conheço de programas infantis e humorísticos da TV Cultura, um cara engraçado, começando pela cara. Feio que dói, mas um extraordinário Ator. Etty, a gordinha mais charmosa das telenovelas Brasileiras, assisti inúmeros folhetins com ela, ou como mãe, avó ou empregada boazinha e amiga da moçinha.

Durval Discos, é um filme sobre pureza. A pureza de preservar valores, como a solidariedade, a ternura, a amizade. A pureza que não pode confundir-se com ingenuidade, de serem os personagens principais, enganados por um rosto bonito e delicado como a da empregada contratada para serviços domésticos. Ou a pureza de com felicidade andar de carroça pelo centro do Capitalismo Paulistano, a Avenida Paulista. È esta pureza e inocência que faz a diferença com a modernidade, que é fria, produz distancia e individualidade. Ódio ao invés de Amor. Apesar de um final triste, o filme que assisti com um certo atraso, no ultimo sábado na TV Cultura é um poema lírico e cheio de esperanças de um mundo melhor.

quinta-feira, outubro 19, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XX


Os Caras Pintadas é que iniciam as mobilizações de massa, pelo impchemam do Presidente Collor. Até inicio de agosto, Partidos Políticos, com exceção do PT, PCdoB, os demais, ou faziam a luta na CPI PC/Collor ou ficavam em cima do muro. É neste período, que as eleições municipais, começam a pegar fogo. Na capital o Senador Eduardo Suplicy era o favorito, em virtude da boa aceitação do governo Petista de Erundina e o de seu próprio carisma ético. Em Campinas, o PT vivia um inferno astral. Um ano antes o Partido rompeu com o Prefeito Jacó Bittar, envolvido em escândalos de corrupção. O candidato era o assessor sindical e uma das lideranças da tendência interna Fórum do Interior, Renato Simões. Os Petistas teriam pela frente o então tucano Magalhães Teixeira, Prefeito da cidade nos anos 80 e de uma popularidade tremenda. O PT tinha um desafio, resgatar a referencia política e eleitoral, perdida na população, em virtude da desastrosa administração de Jacó. O Partido estava em frangalhos. Em Limeira, organizamos o time de campanha do Sindicalista Wilson Nunes Cerqueira. Foi minha segunda experiência em coordenação eleitoral, mas desta vez de uma candidatura majoritária.

A coordenação formada quase toda por Sindicalistas Metalúrgicos, associava a espontaneidade de militantes ao fato de ser a primeira grande batalha contra a Burguesia local, que não fosse no campo sindical. Tivemos que aprender quase na raça a construir uma campanha. Sem dinheiro, sem experiência, mas com uma militância aguerrida e representativa, em sua maioria organizados em núcleos do PT, em associações de moradores e Pastorais da Igreja Católica. As finanças da campanha, foram constituídas, por rifas, bingos e festas. Nada era de graça, dado. O militante organizava as atividades e pagava por elas. Lembro que na pré campanha, juntamos mais de 200 pessoas nos arrastas pés que realizávamos. A sede do Partido e comitê da campanha, tinha o endereço na Rua Senador Vergueiro, próximo a ponte do suspiro, que ainda estava em pé. Nossa primeira tarefa foi definir o vice. A articulação, logo após o resultado destas prévias para Prefeito, procurou organizar uma campanha paralela, pratica que vigorou por todas as demais eleições, exceto a de 2004. A primeira opção era ter um vice que fosse desta tendência, afim de unificar o Partido. Mas varias tentativas foram feitas, mas sem sucesso. A segunda opção era a de ter uma mulher na chapa, que tivesse um perfil diferenciado do Peão Cerqueira, com o intuito de atrair a classe média e as mulheres. Naufragamos. Restou a opção do próprio Fórum do Interior. O vice terminou sendo o ex Padre Wilson Zanetti, que apesar de ter perfil diferenciado, mas era da mesma turma. Mas não teve jeito. Assim concluímos que a campanha seria conduzida por uma concepção ideológica, do inicio ao fim.

Esta foi a eleição com o maior numero de candidatos á Prefeito na História do município dos últimos 20 anos. O PT com Cerqueira/Zanetti, o PDT com o ex Secretário de Transportes e Vereador Silvio Félix, o PRN/PFL com o Presidente da câmara José Carlos Pejon, identificado como candidato do Prefeito Paulo D’Andréa, Ademar Textener, por um Partido pequeno que não me lembro, Pedrinho Kulh pelo PSDB, Presidente da Associação Comercial de Limeira, identificado com as lojas maçônicas e o favorito para aquele Pleito o então Deputado Federal, o ex Prefeito Jurandir Paixão pelo PMDB.

Atores em cena, a disputa tomava corpo. O PT já de cara assumia o papel de oposição que tem coragem de denunciar e por a cara para bater. Nos primeiros dias, através de ex aliados de Paixão e desafetos do ex Prefeito, chegou as mãos da campanha Petista, um dossiê que ..........

CONTINUA.........................

quarta-feira, outubro 18, 2006

SÉRIE: OS INDECENTES


VEJAM O COMANDO DA GESTAPO, ALIADA COM O COMANDO STALINISTA

terça-feira, outubro 17, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XIX


Eram meados de junho ou julho de 2002, não me lembro, datas não são meu forte. Pedro Collor já tinha botado a boca no trombone. Suplicy, o PT e vários outros Partidários, articulam a CPI, Collor-PC. Brasília começa a fervilhar, o Presidente Collorido, negando as acusações do irmão rebelde, dizendo que era despeito, e aí comete uma vingança destas. Quanto a Paulo César Faria, nosso então chefe do Executivo, disse que não conhecia seu Tesoureiro de campanha, que esteve com ele duas ou três vezes, que há anos não o via. Contradições em pencas. Até que...um certo motorista, de origem simples, com um dos menores salários da Capital Federal.

Eriberto, o homem que falou para o País inteiro, que o Príncipe das Alagoas, mentia, ao dizer que nada tinha a ver com esquemas de corrupção, muito menos com um sujeito careca, de bigodões, responsável por caixa de campanha e por negociatas de contratos e facilidades governamentais. Eriberto rasgou o verbo, falou do milionário Jardim da Casa da Dinda, onde milhões foram investidos, para o deleite da então primeira dama. Começa a cair a mascara do caçador de marajás, que se apresentava agora em público, como um perfeito pacha e rei das mordomias.

O humilde motorista desencadeava, uma verdadeira febre de mobilização popular, que não se via desde as diretas já em 1984. Alguns meses antes, pequenas manifestações vinham sendo organizadas e realizadas. Mas apenas pequenos grupos do PT e da CUT é que acreditavam nisto. Aliás foi a CUT Regional da Grande São Paulo, que em 2001, em seu Congresso deliberou uma Campanha pelo Fora Collor. Portanto foi a primeira instituição, que antes mesmo de toda a esquerda, definia sua agenda de luta. Fora estas iniciativas isoladas, ninguém mais poderia imaginar, que um movimento de proporções de massa, poderia repetir-se em menos de dez anos.

Lembro que assim, que Eriberto, falou na CPI, um comício foi marcado na Histórica Praça da Sé de inúmeras batalhas cívicas e democráticas. Chamada pela Central Única dos Trabalhadores, reuniu um pouco mais de quatro centenas de pessoas. Mas ali já se via, alguns rostos colloridos de verde amarelo, com bandeiras com a inscrição de Fora Collor. Estes rostos, eram de meninos e meninas de no máximo 20 anos. A maioria estudantes secundaristas, organizados pela UBES-União Brasileira de Estudantes Secundaristas- braço da UNE no ensino médio e profissionalizante. Dias depois tomo conhecimento, de que o movimento secundarista, começa a crescer em varias partes do País. Passeatas com milhares, vão tomando ruas, avenidas e praças das principais capitais.

Começo a comparar estes moços e moças, com os de 1968, que com faixas, cartazes, exigiam o fim da ditadura militar. Vestidos com roupas de diversas cores, e com rostos pintados, estes novos manifestantes de inicio dos anos 90, carregavam palavras de ordem sobre ética na política, moralidade com a maquina pública. Mas o som mais ouvido era do Fora Presidente Collor. As multidões vão ganhando, espaço na mídia. Neste momento a toda poderosa Rede Globo, que mantem-se governista até o pescoço, ao contrario da maioria da imprensa falada, televisiva e escrita, coloca no ar a míni série Anos Rebeldes. A novela exibida ás 22hs, conta em capítulos de pouco mais de uma hora diária, os anos de chumbo da ditadura. É a globo tentando resgatar prestigio junto á população, pois até então uma das responsáveis, pela eleição de Fernando Collor, e sustentáculo de seu governo.

Se a série influenciou ou não, aqueles jovens, não sei dizer. Mas que a mesma aguçou as manifestações, há isto sim aconteceu. Ao som de Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, a Juventude organizada pelas entidades estudantis, assume que não é rebelde, talvez nem revolucionária, pois ao invés da musica de protesto Daniela Mercury e o recém Axé Music, davam o tom dos comícios, passeatas e carretas.

Um jovem, Presidente da União Nacional dos Estudantes, surgi como uma nova liderança, da juventude no fim de século. Pelo menos é o que prometia. Lindeberg Faria, militante do PCdoB, era uma rapaz de uns 21 anos na época. Boa oratória, presença física, de impressionar as garotas, comandou os jovens naqueles dias. Era mais um personagem na caminhada do Movimento do Fora Collor. Os políticos ainda resumiam sua atuação á CPI, mas já davam alguns passos, rumo às ruas. A bancada de Collor, desmoronava. Mas o pouco que sobrava, organizava-se. O Deputado Roberto Jefferson, figura que hoje, desencadeou denuncias contra o Governo Lula, era o chefe da tropa de choque do Presidente, que tentava agir para segura-lo no poder. No meio disto tudo estavam às eleições municipais.

CONTINUA.................

sexta-feira, outubro 13, 2006

UM POEMA INÉDITO



ESTRANHO

Estranho ver pequerruchos
E pequerruchas sem ensino
Estranho vê-los as escondidas
Com olhos vermelhos e narizes
Escorridos.

Estranho ver criaturas
Lindas com feições estragadas
Estranho encontra-las
Cumprindo tarefas estranhas
Para pessoas estranhas.

Estranho encontrar pequeninos
Com maçaricos e outros apetrechos
Estranho ouvir deles
“È pro leite lá de casa”.

Estranho ouvir autoridades
Desfiar rosários de promessas
Estranho vê-las dizer
“Elas são prioridades”.

Estranho não vê-las mais
Nas ruas brincando de bola ou bafo
Estranho constatar que o lar
Virou prisão e a TV mestre.

Estranho saber que elas
Morrem de fome tão cedo
Estranho conhecer que
Poucos comem demais.

Estranho que a PAZ
Não é mais sinal
A guerra e o ódio
São cartilhas dos pequenos.

Estranho a hipocrisia
De campanhas de ajuda
Estranho que é só
Imagem e fama.

Estranho que Taiguara
Não esteja certo
E que as crianças
Jamais cantem livres.

quarta-feira, outubro 11, 2006

ACERTEI


Assisti do inicio ao fim o debate entre os candidatos a Presidência da Republica, na TV Bandeirantes no último domingo. Não vi nenhuma surpresa. Tudo aconteceu como as assessorias das duas campanhas, planejaram ao longo da semana. Alckmin, adotou o estilo boxear para matar. Utilizou de discursos, que já o vinha fazendo no primeiro turno, principalmente depois do escândalo do Dossiê Serra/Sanguessugas. Falou muito pouco de programa de governo. Mesmo do seu em São Paulo não deu muito destaque. Elegeu a discussão da Ética, para atacar o governo Lula e o PT. Alias só atacou, pois em nenhum momento politizou o debate, sobre a profundidade da concepção sobre ética na política. Penso que o picolé de chuchu, presta um desserviço a nação Brasileira, com esta Tonica moralista e conservadora, sobre decência e honestidade com a coisa pública. Alem do que suas gestões no Palácio dos Bandeirantes e a conduta do PSDB no Brasil durante o mandato de FHC, não são exemplos de lisura, transparência e ética, na administração pública. Como um patrão que comunga aos domingos, reza o padre nosso de mãos dadas com o trabalhador da favela e na segunda-feira, explora este mesmo trabalhador, em Geraldo Alckmin, transborda hipocrisia.

Lula me pareceu nos primeiros dois blocos, nervoso e despreparado. Mas foi só uma impressão. A postura do Presidente no inicio do debate, foi estratégico. Como em uma partida de futebol, Lula esperou o adversário tomar a iniciativa e a partir daí contra atacou. Buscou primeiro fazer a discussão de Programa, que para o PT são os quatro anos de gestão. Não tocou nas crises e nos escândalos do governo. Declinou-se sobre este assunto e só respondeu com maior firmeza e autoridade, quando o tucano começou a disparar seus torpedos. Lula desta vez não resumiu a dizer que nada sabia. Foi contundente ou ensaiar que exercer a ética é punir os que a desrespeitam. Foi pro contra ataque varias vezes, ligando o ex governador Paulista a FHC e as políticas neo liberais de seu antecessor. O populismo exarcebado de Lula, e seu despejar de números não agradou. Porem vi um candidato, longe do Luís Inácio dos anos 80, classista e fazendo o divisor de águas. O pragmatismo esta impregnado no Presidente, ganhar a todo custo é mudar de estratégias conforme o vento sopra.

No geral houve, digamos um empate técnico. Nem Lula perdeu os votos que já tinha, nem o Picolé os seus. O debate também não serviu para esclarecer ou contribuir para a consciência política da população. Conceitos, Concepção e Programa, pouco se discutiu. Mas disse antes da primeira pesquisa após o debate, que o evento poderia ajudar os indecisos, a optarem. Penso que o eleitor nesta condição, tinha duas formas de enxergar o debate: 1- Se esperava firmeza no denuncismo, mesmo com arrogância e falta de respeito, então Alckmin seria o escolhido; 2- Mas se o que esta esperando o eleitor indeciso era um mínimo de discussão de Programa de Governo, Lula absorveu este voto.

O anuncio da pesquisa eleitoral do instituto Data Folha, dando ao Presidente Lula uma vantagem de 11% sobre o seu adversário e o fato dos outros institutos estarem sinalizando resultados semelhantes, constata minhas observações e analises. Os eleitores de Lula e do Picolé do primeiro turno, mantiveram-se fies. Porem indecisos e o eleitorado de Heloisa Helena, migram para a candidatura Petista. Minha tese estava correta e acertada também o fato de escrever sobre o debate após a primeira pesquisa ser anunciada.


terça-feira, outubro 10, 2006

UM CONTO


SEU NOME: SE NÃO ME ENGANO É JESUS


Maria Madalena, andava pelo barraco arrastando o barrigão de 8 meses. O rebento seria ao nascer o sexto de seu ajuntamento, como ela mesmo diz de 8 anos com o negão Jesus. Estava agoniada, pois já passava das dez e seu homem ainda não tinha voltado do trabalho. Trabalho, fixo e seguro, a um tempão Jesus não tinha, o cara tava no bico e nos biscates fazia anos. Drogas e bugigangas roubadas, nem pensar.
Apanhou de Herodes o chefe do bando de Pilatos no morro, várias vezes por não aceitar virar mula ou soldado da gangue.Tinha a sua turma, gente da melhor qualidade da favela: Pedro era mecânico de autos da oficina do Senhor Zaqueu, homem rude e que só pensava em dinheiro, até que conheceu Jesus, resolveu empregar os amigos do sangue bom e distribuir comida para o povo que passava fome.
João era como irmão para Jesus, que o protegia de tudo e de todos. Era o mais jovem da turma, trabalhava no armazém de Lázaro, também da turma e a noite incentivado por Jesus e os outros fugia das drogas e do crime, indo a escola. Eram em treze Amigos, entre elas, Tiago, Matheus, Lucas, o indeciso, porem gente boa Tomé. Todos Trabalhadores, honestos que labutavam com as injustiças do mundo.
Jesus era sem dúvida o mais inteligente de todos. Participava da Associação de Moradores da Favela e lá aprendeu que a única forma de termos justiça neste mundo é o povo se unir e lutar por uma vida melhor.
Jesus era o orador do bairro, várias lutas foram travadas sob sua liderança. Aquela contra a empresa Fariseus, que como uma grileira, apresentou escritura falsa do terreno e dizendo, que os barracos iam ser derrubados e o povo que se virasse, que naquele lugar um Shopping Center seria construído. O povo se uniu, com o apoio de advogados dos Direitos Humanos, os padres da Igreja e alguns Vereadores do Partido dos Zelotas, gente como eles lá do morro, a vitória chegou e nada foi derrubado.
Jesus era o cara que tudo via, tudo sabia, que procurava proteger sua gente. As crianças eram sua prioridade, não admitia que as maltratassem, denunciava para as autoridades quem isto fizesse. Os amigos, o povo do morro, adorava ouvir Jesus, ele que muito lia, informado socializava com sua gente. Não tinha condescendência com político safado, que vive o tempo todo enganando os pobres.
Adorado pelo morro, admirado pelos grupos progressistas, Jesus era odiado pelo Tráfico e pelos políticos que só queriam explorar.
Esta situação de ódio, materializou-se em ameaças de morte, tentativa de desmoralização pessoal, moral. Os amigos alertavam Jesus, para que não andasse sozinho, os moderados solicitavam que diminuísse o fel da língua, mas Jesus dizia que não iria calar.
Já eram mais de 10 da noite e Jesus não chegava. Madalena começa ficar aflita, preocupada. No dia anterior Pedro ao tomar um café na casa da comadre, confidenciou a ela, que não confiava no vendedor ambulante Judas, pois o viu várias vezes a conversar com o traficante Herodes e uma assessor do Prefeito César.
O tempo passava e nada do negão. Mais tarde a mãe de Jesus, Maria, amparada por João é que dá a noticia: o Filho amado, o marido amado, o irmão amado, o amigo amado, foi dedurado por Judas, que ganhou 300 reais e morto foi com várias rajadas de metralhadora, por Traficantes e Policiais Militares.
O povo chorou, ficou com medo, achou que a esperança tinha morrido. No entanto Jesus e sua fé em um mundo novo continua firme na memória e na vida do povo do Morro de Jerusalém.
OBS: Este conto publicado pela primeira vez no extinto site Tiro e Queda em 2003, foi inscrito no concurso Cantos e Contos da Secretária Municipal de Cultura.

segunda-feira, outubro 09, 2006

O QUE ESTOU OUVINDO?


Hoje postarei sites e blogs na rede, que tocam música:

1. http://www.larrosa.com.br/: site da radio da rede do músico Humberto Efe, ex Picassos Falsos. A radio tem uma Programação variada, de Blues, Black Musica, misturas pop, que vão de uma banda que nunca tinha ouvido de nome Camel, até o primeiro disco da Cor do Som, todo instrumental. E radio tem mais: Tears For Fears disco dos anos 80, o Traffic de 1968 e muito mais.

2. A Vitrola da BethS: http://bethsalgueiro.multiply.com/music- Um blog que apresenta raridades fantásticas. Você pode ouvir clicando no playlist ou fazer Download e salvar no computador. Alias o site multiply te dá estas alternativas. Mas lá no blog da Beth você encontra, o quadrinista R. Crumb com sua banda de Country ou o segundo disco de Arrigo Barnabé, Tubarões Voadores. E tem mais, os discos de Chorinho de Paulinho da Viola, a música instrumental de Almir Sater, a Banda de um disco só de Eric Clapton e George Harrison e muito mais.....

3. Bela Caleidoscópica: http://belacaleidoscopica.multiply.com/ - Um blog que mistura música com literatura e vídeo. Lá você vai encontrar, coisas maravilhosas, como Guimarães Rosa, Clarice Lispector. Canções de Bethânia, Aretha Franklin, Nina Simone, Alan Parsons Project e outros.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O QUE PRETENDE A MÍDIA?


O controle do poder político e econômico, Historicamente em qualquer País do mundo, depende decisivamente do aspecto cultural. A disseminação de idéias, conceitos e concepção, são fundamentais para gerar uma visão de mundo. O cidadão age e constroem sua personalidade, através de uma somatória de valores existentes no meio em que convive. Valores familiares, religiosos, concebidos na escola e nos locais de trabalho, vão formando opiniões e posturas, éticas, morais e políticas. Quem detêm o poder político/econômico, tem enormes possibilidades de controlar o aspecto da cultura do povo.

A mídia seja ela eletrônica e escrita, tem fabuloso poder de produzir opiniões que se espalham rapidamente para imensas massas. A decisão do Regime Militar em afiançar, a criação do Jornal Nacional da Rede Globo em 1969, cumpria este objetivo. Uma emissora que pudesse chegar aos grandes centros e aos rincões mais afastados do acesso as oportunidades que a classe média usufruía. Em tempo real, em horário nobre e com uma programação, que levava á população noticias do sul maravilha e do Planalto Central. O JN inaugura no Brasil o diário oficial do poder de plantão e cumpriu este papel durante toda a ditadura militar. A partir desta experiência bem sucedida, as demais mídias, correram e correm para copiar o projeto da Vênus platinada.

Assisti recentemente um Programa de uma emissora local e pude constatar que a função dos meios de comunicação no Brasil, com raras exceções, prestam um desserviço a consciência cidadã e para a democratização da mídia. O Programa ao qual me refiro, é de cunho sensacionalista e faz cotidianamente apologia a violência. No dia em que assisti (não costumo faze-lo), um rapaz foi encontrado morto as margens de uma rodovia. Seu corpo era todo tomado por tatuagens. O repórter da emissora, induzindo a resposta do investigador do caso, o fez afirmar, que o corpo encontrado, provavelmente era de um marginal com varias passagens pela polícia, unicamente por ter partes do corpo tatuados. Senti nojo do que ouvi e presenciei. Hipoteticamente, iniciei um raciocínio. Então todo o ser humano, que carregada tatuagens, logo é taxado ou suspeito de ser criminoso?. Imaginei, o trabalhador, sua esposa e filhos, ás 6 da tarde, em frente ao aparelho, supondo que o vizinho, o amigo da escola, do trabalho, um parente, por ter o corpo pintado, logo é um perigoso marginal.

Não é de hoje que a sociedade escolhe a cor da pele, a opção sexual, a condição social, para fazer julgamentos sobre caráter. É comum termos conhecimento de negros serem abordados na rua pelas Policias, revistados e as vezes humilhados e confundidos com criminosos.
Este pré julgamento, é feito quase que diariamente pela maioria das mídias, que com esta intenção, reforça o preconceito e a exclusão social. Lamentavelmente só interessa as classes abastadas, que os pobres, façam juízos de si mesmos. Assim as origens dos problemas sociais e em especial da violência urbana, não são discutidas pela sociedade, pois a massificação de verdades absolutas pelas mídias, impedem que a consciência política e cultural de nosso povo, seja depreendida de qualquer julgamento que joga as pessoas á marginalização social.

quinta-feira, outubro 05, 2006

MINHA MÙSICA PREFERIDA- CONSTRUÇÃO

Demorei para compreender esta canção e sua linguagem, cheia de metáforas e simbolismos. Por ser de Chico Buarque de Holanda e o período em que foi escrita, concluía ser de esquerda e de critica social. Chico para mim é o compositor de seu tempo e do cotidiano. Sua capacidade de compor letras com sentido dialético é de uma genialidade a toda prova. Com esta, Chico encerra de vez uma fase de sua carreira, envolta entre canções líricas e com apelo simples, como A Banda, Carolina, Quem Te viu Quem Te Vê, Sabía, com obras de conteúdo social e político, á destacar: Pedro Pedreiro (Anti Tese de Construção) e Roda Viva.

Com Construção ele inicia a fase com letras engajadas na realidade Brasileira, de um Regime de Repressão e medo. Chico deixa de ser o menino bonito de olhos azuis e passa a ser o Chico Político, contestador, amado pela esquerda e odiado pela direita. Tentando driblar a censura implacável da Ditadura Militar, Francisco Buarque de Holanda, chegou utilizar pseudônimo (Julinho da Adelaide), para ter suas obras veiculadas na mídia. Em uma delas, Jorge Maravilha (1974), Chico provoca um general cuja filha era sua fã.

Construção, traz a História de um operário da industria da Construção Civil, seu dia a dia, ilusões, desilusões, sonhos e sua morte no canteiro de obras. Mas o que mais surpreende na letra, é o jogo de palavras que o compositor utiliza. Escreve como um Fernando Pessoa ou um Camões, tendo a presteza de brincar a sério com a língua Portuguesa. Chico usa e abusa das proparoxítonas, encaixa o Operário nesta forma de criação e discuti a situação do País, neste espetáculo de uso da língua.

Construção ainda é premiada no arranjo. O samba com cara de obra erudita, tem a assinatura do então na época maestro Tropicalista, Rogério Duprat. O bruxo do movimento que lançou Gil, Caetano, Gal, Mutantes e Tom Zé, só para ficar em alguns. O compasso rítmico dado por Duprat, nos faz entrar na canção como em uma ópera ou parte da tragédia cantada por Chico.

A canção é de 1971, há um ano da volta de Chico Buarque de seu exílio “voluntário”, na Itália. È lançada em um disco fantástico, com grandes músicas, quase todas de teor militante e de enfrentamento aos militares e seu regime. Entre as obras primas, há de se destacar: Deus lhe pague, uma espécie de segunda parte de Construção, Samba de Orly, em parceria com Vinicius e Toquinho, canção dos que partiam para o exílio forçado, cotidiano, música que pode ser considerada de teor machista ou de discussão de gênero, e outras como a versão Italiana Minha História, a bela e única lírica Valsinha. Sem medo de errar, Construção pode seguramente figurar entre as 10 ou 20 melhores canções Brasileiras de todos os tempos.

quarta-feira, outubro 04, 2006

UM POEMA



VIA CRUCIS


Como é pesada esta cruz, manchada de sangue e escorrendo suor por
Toda sua extensão.
Também pudera, são horas e horas de total estranhamento
Funciona mecanicamente sem muito sentido
O relógio desperta, interrompendo um sono tranqüilo
Apesar das contas e da falta de coisas e coisas

A mulher tá ali, juntinho, desperta junto
E levanta junto.
O café preto é naquele momento a única certeza
De que algo faz sentido, nem a mulher ou nem o marido
Completa e satisfaz como aquele liquido.
Caminha até a senzala, com os ouvidos em constante
Zumbido provocado pela sirene/apito, que mais
Lembra quartel ou jogo de bola.

Nunca chegou atrasado, mesmo depois de uma cachaçada
Daquelas no dia anterior, fazia questão de mostrar pontualidade
Tal qual um inglês, mas isto no final das contas
Só servia para inglês ver, não tinha valor para ninguém.
A máquina vicia com os movimentos, são unos e únicos,
É um vaivém de mãos, pés ou pernas, não há variantes
A rotina leva a ter os mesmos pensamentos todo o santo dia
Ou a nada pensar, nem ao menos prevenir em relação a própria máquina.

Tudo é parecido como a programação de uma TV, monótona e
Padrozinada.
Até depósito de urina e fezes, é determinada pela produção, se não
Tomar cuidado, o vexame é na certa a cena seguinte.
Estilhaços e chumaços de carne e as vezes de ossos, já voaram
Por entre maquinários, ferros, aço e gente, apinhada nos corredores
Perde-se partes da anatomia ou ela inteira e
Ninguém liga, a vida continua e os botões também.

As vezes a monotonia é interrompida, por urros, berros, mal criações
Tudo em nome hierárquico e soberano, que na soma diária não tem
Nada de anormal, tudo legal e sem jurisprudência.
Nunca se sabe a origem de dores, das mais diversas,
Quando se está na flor da idade, deixa-se e não se nota
Nada, seqüelas ou hematomas,
Mas quando os pelos branqueiam-se, a pele enruga, tudo submerge
E fica transparente na superfície.

Fim do expediente, a peça a frente do monstro metálico
Não raciocina de forma lógica ou lúcida.
Cansaço que dinamiza no corpo e que chama
Para o esquecimento,
Fantasioso e místico, alucinógeno liquido e verbal
Para o escancarar nos fracos e inocentes,
Surras sem sentido e lógica, metamorfoseadas
No senhor do engenho e feudal.

A máquina é o souvenir do Rei, quando
Ao contrário poderia supor.
Com isto imensos abismos de sonhos
São criados e nacos de carnificina
Vão surgindo e solapando esperanças.

OBS: Este texto concorreu no concurso Contos e Contos da Secretária de Cultura, na categoria poemas.

terça-feira, outubro 03, 2006

UM CONTO

O PAPA NÃO É POP E È DA OPUS DEI II

Um garoto, de seus 17 anos, segundo grau completo, faz uma entrevista, com o reitor de Seminário Católico, formador de presbíteros para a santa madre:
- Bom dia excelência. Cumprimenta o vigário
- Bom dia. Vejo que tem fala fina e macia.

- O senhor acha?.
- O homem que é homem, tem voz forte e grossa.

- Sou de uma família com muitas mulheres.
- Único Varão?
- Não, tenho mais dois irmãos.
- São afeminados com você?
- Não eu não sou...Interrompido pelo padre
- Não contrarie a posição da igreja, ela é santa e por isto não mente. Você tem trejeitos femininos. Quando criança, brincastes com boneca ou revolver?.
- Se... desculpe excelência, eu sempre gostei de brincar com todo mundo, menina, menino, para mim não importava.
- Já fez sexo?
- Excelência, esta é uma pergunta embaraçosa..
- Responda

- Não
- Nem solitário
- Como?
- Masturbação, sabe que é pecado?
- Algumas vezes...
- Em quem pensastes, enquanto masturbava-se...
- È muito embaraçoso. Em fotos
- De homens ou Mulheres.
- Por favor, eu tenho vergonha...
- Já entendi. Quando ficaste nu perante outros homens, o que sentes?
- Nunca fiquei nu perto de outras pessoas.
- Mas já viu outro homem pelado, em fotos, TV..
- Sim, mas...
- O que sentiu, o que sente...
- Padre eu não sei porque este interrogatório.
- Responda, em nome de Deus.
- Vergonha, acho, arrepio, não sei...
- Não tem certeza ou esta escondendo o que sentes.
- Não sei.
- Você é Gay?
- Não excelência, não...
- Mas homem não masturba, pensando em outro homem, nem vê fotografia ou filme de homens nus...

- Não, não sou.
- Você é, porque brincava de bonecas e com meninas.
- Não eu não sou.
- A igreja não permite bichas. Bichas são espectros do demônio...
- Ex....
- Não você não será aceito. Você tem tendências Homossexuais.
- Senhor eu....
- Passe bem.

O reitor indica a porta da sala, o garoto de cabeça baixa, sai pela porta afora.

E a Inquisição esta de volta.
OBS: Este texto foi inscrito na Categoria contos, no Concurso Cantos e Contos, da Secretária Municipal de Cultura. Porém foi postado aqui, quando o Papa Bento XVI, em uma de suas primeiras enciclicas, determinou que jovem com "tendência" Homossexual. Posto novamente em virtude da inscrição e para os que não leram na época.

segunda-feira, outubro 02, 2006

A VITÒRIA DA EXTREMA DIREITA


A direita ganhou as eleições no Brasil, no dia de ontem. Não só a direita tradicional Capitalista e comprovadamente aliada ao Imperialismo. Falo também da direita do PT, daqueles que para manterem no poder e dele desfrutar, tudo fazem, desde pagamentos mensais a parlamentares fisiológicos, passando por carregar dólares na cueca com destino incerto, até trapalhadas como a compra de um dossiê. O eleitor escolheu o caminho do atraso, do retrocesso e do conservadorismo. A imprensa fala que o Congresso passa por uma renovação, pequena mas significativa. Que renovação é esta? Que elege, Maluf “ O rouba mas faz”, Clodovil “Um cidadão que não tem Histórico de contribuição efetiva a nação” e a mais esfuziante das eleições, a de Fernando Collor “o príncipe da República das Alagoas e do Jardim da Dinda”.

Renovação que recoloca no Congresso os envolvidos nos escândalos do Mensalão, Sanguessugas e outras mazelas deste pobre governo Lula. Figuras estranhas como Waldemar da Costa Neto, José Roberto de Arruda eleito governador do Distrito Federal, e os “Petistas”, José Mentor, Genuíno, Pallocci e João Paulo Cunha. Triste esta renovação, que vai contar com velhos caciques da política, afeitos a negociatas e armações, como José Sarney e Jader Barbalho. Se durante os escândalos, provou-se a afirmação de Lula, há alguns anos atrás de que o Parlamento Brasileiro estava repleto de picaretas, esta eleição demonstra que a picaretagem vai aumentar.

A incompetência Petista e sua ânsia de poder, foram responsáveis pela realização do segundo turno, com um Geraldo Alckmin, que há duas semanas atrás estava sendo abandonado por seus Partidários. E hoje surgi como a alternativa para vencer Lula. O homem militante da OPUS DEI, responsável pela violência urbana em São Paulo, pela destruição da Educação, pelas FEBENS e pela construção de Presídios e Pedágios, tem a ousadia de invadir nossos lares e dizer, que agora no segundo turno vai mostrar para o País, que Lula e o PT são corruptos e que com ele haverá desenvolvimento. Quase 41% dos Brasileiros, votaram neste sujeito, não porque acreditam em suas mirabolantes conversas, mas porque o PT, degenerou-se, sua cúpula perdeu o senso de ética, levou-se pelo pragmatismo eleitoral e político, permitindo que figuras obscuras e inexpressivas, tomam-se de assalto o Partido, falando em seu nome e negociando em seu nome.

O Brasil escolheu o caminho velho, não porque não o conhece, ou porque o compreende. Escolheu o conservadorismo e as posições de direita extremistas, porque o PT não soube ao menos trabalhar a consciência política de nosso povo. Que este governo não faria mudanças profundas na sociedade Brasileira, eu já sabia e já o dizia em minhas palestras e cursos de Formação. Lembro-me em especial, do 1º Curso de Férias para a Juventude do PT, onde o tema era todos os ISMOS políticos: Socialismo, Anarquismo, Capitalismo e Petismo. Dizia com todas as letras, que esperava duas coisas deste governo: que ele dialoga-se e fortalece-se as lutas dos movimentos sociais. E em segundo lugar pude-se fazer avançar a consciência no mínimo cidadã e de participação política do povo. Lula e o PT não fizeram nada disso. Fecharam-se e distaciaram-se dos Movimentos Sociais, centralizaram ações, inclusive a revelia do Partido. O assistencialismo e o Populismo tomaram conta das iniciativas governamentais e partidárias. O bolso família, passou a ser mais importante que reformas estruturais como a Reforma Agrária.

Que a direita após o soco no estomago que tomaram, com a eleição de Lula em 2002, se rearticularia e tentaria a qualquer custo, estar no poder novamente, não era novidade para ninguém. Agora permitir que parte desta gente que como carcará, sempre mordeu o pescoço dos pobres, foi um dos maiores desvios ideológicos cometidos por este governo. Trazer os PLS e PTBs da vida, demonstraram que o PT não precisa brigar com o PSDB e o PFL, tinha inimigos em sua própria base aliada.

Tenho medo da vitória Tucana. Medo de que este País, retorne a uma situação de Barbárie que não tenha mais saída ou solução. Medo que a Democracia custada, com a morte, a humilhação de milhares de companheiros e companheiras, esteja ameaçada por uma direita raivosa, vingativa e imperialista.

Por isto vou votar em Lula no segundo turno e vou fazer campanha.