quinta-feira, agosto 31, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XV


O Deputado Alcides Bianchi, foi eleito 3º suplente em 1986. Com a vitória do PT em varias Prefeituras em 1988, varias vagas foram abertas na Assembléia Legislativa e o metalúrgico Bianchi assume uma cadeira. Nós aqui em Limeira, apoiamos Alcides, na dobrada com Lula. Os dois anos como Deputado Estadual, Bianchi fez um mandato de presença constante nas lutas dos movimentos populares e sindical. Era nosso candidato natural naquele ano de 1990, em uma dobrada com o igualmente Metalúrgico, Durval de Carvalho, Presidente do Sindicato da Categoria em Campinas. Os dois remanescentes da oposição sindical metalúrgica, que derrubou o peleguismo de Cid Ferreira, encastelado no prédio da Dr. Quirino, há mais de 20 anos.

Era para todos nós a dupla perfeita, para representar naquele momento a tendência recém formada “O Fórum do Interior”, que congregava, militantes de vários movimentos, popular, pastorais, sindical e de diversas cidades do Estado de São Paulo. Nascia ali a tese de que este grupo, de pessoas, necessitava ter vozes no legislativo, com o intuito de defesa de uma concepção partidária baseada na ética na política, na construção do socialismo na luta e na organização da classe trabalhadora. Fiz parte da primeira coordenação do FI, representando Limeira. Oficialmente a corrente foi apresentada ao conjunto do Partidário, no 1º Encontro do Interior realizado, naquele principio de segundo semestre de 90, se não me engano, mês de Julho.

O momento de definição de candidaturas, estava aberta. Para o Senado, Eduardo Suplicy, então Vereador da Capital, foi o escolhido. Para o governo do Estado, Plínio de Arruda Sampaio, hoje no PSOL e a época Deputado Federal Constituinte. Faltava para nós do Fórum do Interior, fechar a dobrada, que disputaria, aquelas eleições. Reuniões nas cidades, foram feitas, para as definições. A decisão final se daria em uma Plenária geral na cidade de Campinas. Nossa surpresa é que ao chegarmos á Plenária, soubemos que Alcides Bianchi, teria desistido da candidatura. Situação que não foi devidamente esclarecida até hoje. O núcleo da tendência campineira, indicou o nome do então assessor do Sindicato dos Metalúrgicos, o Filosofo Renato Simões. Houve no interior da nova tendência do PT, um certo desconforto, não com a substituição, mas com a renuncia de Bianchi, nunca esclarecida. Mas a vida continua e tínhamos uma eleição para disputar.

A Conjuntura nacional se desenhava, de tempos dificieis. Após os primeiros meses de convivência com o Plano de Estabilização de Collor, que confiscou as poupanças da classe média e do Trabalhador Brasileiro, o País vivia, naquele segundo semestre do ano, em compasso de expectativa, quanto aos desdobramentos das medidas tomadas pelo príncipe de Alagoas. Já anunciava-se ainda timidamente, esquemas de favorecimento a políticos da já denominada República de Maceió ou de Alagoas. Alem disto alguns escândalos da Republica, no campo das relações amorosas, chamavam mais a atenção dos noticiários, que os rumores, de que PC Farias agia no sub mundo, do Planalto Central. Ou as trapalhadas, do Ministro do Trabalho de Collor, o arqui Pelego do Sindicalismo de Resultados, Rogério Magri, que cunhou expressões inimagináveis, como o imexivel. Para terminar as banalidades, de um governo medíocre, o assessor de imprensa do governo, Cláudio Humberto, mostrava ao País que uma cavalo bravo era mais educado e fino que ele no trato com as pessoas.

A campanha eleitoral de 1990, foi morna, chata e sem vida. O PT ainda vivia a ressaca de 89, e os desdobramentos daquela derrota. A decisão de Lula de não concorrer a nenhum cargo eletivo, foi um balde de água fria, para a militância, que acreditava, que podíamos iniciar com aquele processo o terceiro turno, fortalecer o Partido com a Eleição de Deputados, Senadores e Governadores e acumular para 1994.

A esquerda e o PT em especial, foram mal naquele processo. Não elegemos nenhum governador, embora nossas bancadas no Congresso e nas Assembléias Legislativas, cresceram. Suplicy venceu para o Senado em uma disputa acirrada com o apresentador de TV Collorido e Malufista, Antonio Ferreira Neto (PDS). A diferença foi de míseros 400mil votos. Plínio Arruda ficou em 4º lugar no primeiro turno, em uma eleição em que a surpresa foi o secretário de segurança pública do então governador Orestes Quércia, Antonio Fleury Filho, que desbancou o Senador Mario Covas(PSDB), no posto de desafiante de Paulo Salim Maluf no 2º Turno. Não só passou para a reta final, como todo mundo, inclusive setores do PT, que com o discurso de que para vencer Maluf vale tudo, pois ele é o mal maior, como venceu o processo eleitoral, consistindo em uma das maiores zebras eleitorais dos últimos anos.

Collor não se empenhou muito neste processo. Acreditava que a força do governo era capaz de fazer maioria no Congresso.

Já os candidatos do Fórum do Interior, fizeram uma campanha razoável, errada na tática que fechou para alianças eleitorais para ampliação de votos.

1990, fecha com as eleições. Eu estava em Campinas, fiz campanha para Renato e Durval, sem muito empenho, pois priorizava o Sindicato. Fechei o ano com muita saudade de minha terra Limeira e de meu Amor, Nadir.

CONTINUA...............

CHICO BUARQUE MAIS OU MENOS COMO ESCRITOR


Meu amigo Mauro José, enviou vários livros de seu acervo on line. Informei aqui no Blog, sobre as mais de 500 obras que o garoto, baixou da rede. Entre estas perolas, três li com muita expectativa. Falo de 2 livros e um roteiro de espetáculo teatral, assinados por Chico Buarque de Holanda. O velho Chico, é para mim o maior letrista do mundo. Sua capacidade para escrever canções em língua portuguesa, chega a perfeição de um Fernando Pessoa, de um Plabo Neruda ou Gabriel Garcia Márquez. Em algumas obras, o filho de Sergio, chega a reinventar a língua, com expressões do ideário popular, do folclore, do cotidiano e assim por diante.

As Histórias de Chico, nas músicas, fizeram referencias na política, no amor, na cultura popular. Embalaram passeatas, noites nas prisões da ditadura militar, filhas de generais. Ditaram momentos conjunturais e estruturais. Chico Buarque é nosso patrimônio Histórico e deve ser cultuado e lembrado, no agora e sempre. Porem como escritor, o poeta é mais ou menos.

Em duas semanas li Estorvo seu primeiro Romance(), Budapeste seu segundo e Opera do Malandro, seu quarto espetáculo teatral. Vou descrever um por um, um na ordem em que foi lido.

ESTORVO

Uma narrativa, lenta porem cria uma atmosfera, de suspense o tempo todo. É um texto sobre manias e medos, que o ser humano, cultua, uns mais outros menos. Eu por exemplo, tenho a mania, de narrar partidas de futebol ou programas esportivos, enquanto estou pensativo. Mania de passar o tempo e relaxar. Estorvo, faz pensar que determinadas manias, são perniciosas as pessoas, perniciosas e perigosas. Um sujeito, que não trabalha ou não quer nada fazer, transforma em um entrave, um estorvo mesmo, ao caminhar da vida. Esperava mais deste argumento, talvez um desenvolvimento que envereda-se por organizações políticas, criminosas, questão que a obra ensaia trabalhar, quando o personagem principal, esbarra em seu sitio com traficantes de drogas e outros perpedicalhos. Tanto este como Budapeste tem três características idênticas: 1- As Histórias são contadas pelo próprio personagem principal, que cumpre o papel de narrador; 2- Elas são Universais, percorrem vários lugares do planeta; 3- Terminam sem um epílogo final, dando a impressão de continuísmo ou seqüência da História. As vezes, fiquei cansado com a narração. Parecia uma corrida sem linha de chegada. Uma correria sem conta. Não gostei do roteiro, podia ter sido melhor.

BUDAPESTE

A mesma lentidão, apesar da correria, de Estorvo. Aqui o enredo, ousa mais do que no Romance de estréia. Trabalha vários temas, entre eles o Internacionalismo, contra a Xenofobia, a futilidade e principalmente a exploração. Chico desenha um personagem, que dá vida a pessoas, que aparentemente são medíocres, em suas áreas de atuação, bem como em suas vidas. Políticos, que fazem carreira, com discursos e artigos, escritos pelo Silva, o narrador da História. Sujeitos classe média, que tentam dar maior sentido na vida, contando Histórias vividas ou não. Escritores e poetas, ridículos, que se transformam em grandes best sellers, através da escrita de Silva. Tanto a vida do escritor anônimo, como a de seus fregueses, é uma farsa, um engodo, para ganhar dinheiro e fama. Neste conteúdo de farsas, entramos no universo do Leste Europeu, em especifico Budapeste, capital da Hungria. Na verdade os Húngaros, entram no livro, para alegoricamente, e Chico gosta de usar símbolos, por na pauta o que aconteceu depois da queda do muro de Berlin. Budapeste não é um Romance político, mas questiona as manipulações e artimanhas políticas feitas em todos os setores da sociedade. Gostei mais que Estorvo. Porem carece ainda de maior dinâmica. Alguns trechos são confusos, atrapalhando o desenrolar da História. Como em Estorvo, Chico alterna o tempo real com Flachs Back. Mas no primeiro foram perfeitos, aqui prejudicaram um pouco para compreender o que estava rolando na estória.

OPERA DO MALANDRO

A melhor das três obras lidas. Um roteiro, que alegoricamente, como sempre nas canções e livros de Chico, a Opera repleta de musicas fantásticas e de sucessos, como Geni e o Zepellin, Folhetim, Teresinha, Meu Amor, Malandro, A Volta do Malandro, Pedaço de Mim, traz a discussão da modernidade e do desenvolvimento Capitalista. Ambientado nos anos 30, em pleno Estado Novo, a peça, incute o que foi aqueles anos de Americanização do Brasil, na definição de Luís Werneck Viana, na apresentação do roteiro. A industrialização em aversão ao mundo agrário, coloca em pauta não só temas como imperialismo e concentração de renda, mas também o cultural, que modifica-se a partir da nova concepção de poder. O Brasil de Getulio Vargas, narrado por Chico Buarque, é retratado no submundo do crime, onde o novo, o moderno é representado, pelo contrabandista de bugigangas estrangeiras. O atraso tecnológico e cultural, tem em um dono de uma rede de prostíbulos e casa de espetáculos, sua personificação. A policia e as autoridades eletivas, servem a estes dois senhores. Os trabalhadores, aqui retratados pelas prostitutas, gays e gângsteres, são usados e abusados pelos 2 lados de uma mesma moeda, o Capital. O Espetáculo é montado em 1978, as vésperas da proclamação da Anistia e em plena efervescência, contra a ditadura. Temas como de mudanças visando um futuro para o povo, sofre uma nova alegoria, com este espetáculo. Chico capricha no vocábulo e nas canções. O elenco desta primeira montagem é simplesmente sublime: Otavio Augusto, Marieta Severo, Ari Fontoura, Elba Ramalho, Claudia Gimenez e outros, com a direção competente de Luis Martinez Corrêa.

terça-feira, agosto 29, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XIV


Itália 1990. A seleção Brasileira de Futebol, comandada por Sebastião Lazaroni, passava as oitavas de final daquela Copa do Mundo, com o coração na mão, jogando muito mal. O adversário era a Argentina, igualmente mal na fase inicial perdendo para Camarões no primeiro jogo. Apesar de não convencermos na primeira fase, éramos favoritos, pois os “hermanos”, desempenharam um papel pior que o nosso. Mas dizem que o futebol é reflexo, da situação político, sócio, econômico de seu País. Não tínhamos Maradona e Caniggia, tínhamos um punhado de jogadores vaidosos e arrogantes, que o único objetivo, estava em fechar contratos milionários com agencias de publicidade e salários com clubes Europeus.

A era Collor que iniciava-se, apontava este sentimento, de baixo astral, de desapego as coisas da terra. A frase que mais tarde fez sucesso em bocas de jovens de todo o País, “Pagando Bem que Mal Tem”, aliado ao “Levar Vantagem”, da década de 70, inicia um furor, naquele inicio de década.

Eu inicia uma nova vida, em uma cidade que, naquele junho/julho, já tinha me adaptado, enturmado. Buscava conhecer a realidade da categoria em que trabalhava. Os trabalhadores da Construção Civil consistiam em um Universo, diferente e desafiador para mim. Mais da metade dos operários, eram semi ou analfabetos. Mais de 40%, vinham de outros Estados, aqui ficavam no Maximo 1ano, até terminar a obra pela qual foram contratados. Eram chamados peões do trecho. A categoria como um todo, carecia de direitos trabalhistas, que já eram precários e flexibilizados, ficariam mais ainda na era Collorida e no anos FHC. Mais de 60% dos Trabalhadores não tinham carteira assinada e os acidentes de trabalho e as mortes eram (e ainda são), constantes. Levei exato um Semestre para entender esta intricada situação, de um setor econômico, que sobrevivia, do dinheiro público, vencendo licitações, nem licitas. È com a preocupação de despertar uma consciência cidadã, nestes migrantes excluídos e marginalizados, ajudei a produzir um vídeo, o qual me orgulho de ter tido a idéia da concepção, que trabalhava, as raízes estruturais e conjunturais desta categoria de trabalhadores. Falarei especificamente sobre a fita, em outro texto.

Este final de semestre, alem da Copa do Mundo, sediou o 7º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores. Muito esperado, este evento, pois foi a primeira vez após a derrota para Collor, que o PT, reunia-se para auto avaliar-se, analisar o governo Collor e preparar o futuro, que em um prazo curto, tinha como agenda as Eleições de outubro, para todos os cargos, menos para a Presidência da Republica. Parte da Esquerda, defendia que o 1º Congresso, adiado em virtude das eleições de 1989, deveria ocorrer neste inicio de anos 90, por entender que havia necessidade, de capitalizar os ganhos políticos com o quase lá de Lula. Mas a corrente majoritária, desenhando já suas características, de impor sua concepção reformista, aceita convocar o Encontro Nacional e remeter a ele a convocação do Congresso, que ficaria para 1991. Apesar das já referidas, mudanças comportamentais e ideológicas de alguns dirigentes, já abordada nesta serie, o conjunto Petista, consegue conformar uma resolução que ainda mantem princípios, importantíssimos de construção Partidária. A melhor formulação sobre o Socialismo que o PT, deseja, foi aprovado no sétimo encontro.
A critica ao Socialismo Burocrático do Leste Europeu, e a rejeição á Social Democracia, caracterizando-a como o braço liberal do Capitalismo, estão definidos no texto, alem de reafirmar que a Democracia, o Pluralismo e a Solidariedade de Classes, são fundamentais para a construção do Socialismo Petista. Neta toada á de se destacar em Construção Partidária, o limite de 10% de representação nas instancias de direção Partidária, que no ano seguinte no 1º Congresso, a um avanço com a conquista da proporcionalidade direta e qualificada.

O 7º Encontro Nacional, define que o Governo Collor, é Neo Liberal e tem como objetivo, o aprofundamento da exclusão social. A década começa a conhecer uma das maiores recessões de toda nossa História. Com isto o Partido se coloca na oposição radical a este governo.

Terminávamos o primeiro semestre, com o 7º Encontro e com a criação do Fórum do Interior, tendência interna do PT, a qual fui um dos fundadores, e que lançaria nas eleições de outubro, seus primeiros candidatos: Renato Simões e Durval de Carvalho.

CONTINUA...........

segunda-feira, agosto 28, 2006

INTOLERÂNCIA, A SÉRIE. O TAPA NA INTOLERÂNCIA


KEN LOACH, VENCEDOR DA PALMA DE OURO, PEDE BOICOTE A ISRAEL

O diretor britânico, que ganhou o principal prêmio de Cannes este ano com um filme político, aderiu ao pedido de boicote das manifestações culturais de Israel lançado por cineastas e artistas palestinos
MILÃO - O diretor britânico Ken Loach, vencedor da Palma de Ouro no 59.º Festival de Cinema de Cannes por "The Wind That Shakes the Barley", realizado em maio, se posicionou contra Israel, aderindo a um pedido de boicote das manifestações culturais deste país lançado por cineastas e artistas palestinos. O diretor de "Apenas um Beijo" e "Pão e Rosas", que rejeitou o convite do Festival de Haifa, pede também aos seus colegas para se unirem na campanha contra o estado judeu.
"Aceito o convite de diretores, artistas e outros palestinos de boicotar as instituições culturais patrocinadas pelo estado de Israel e convido outros a se unirem a esta campanha", escreveu Loach em uma declaração publicada pelo site da "Campanha palestina pelo boicote acadêmico e cultural de Israel". O diretor de "Terra e Liberdade", conhecido por seu empenho político, explica que "os palestinos foram levados a este pedido de boicote depois de 40 anos de ocupação da sua terra, de destruição das suas casas, de seqüestros e assassinatos de seus civis, e não têm esperança imediata que esta opressão tenha fim", salienta.
"Como cidadãos britânicos, devemos reconhecer a nossa responsabilidade, devemos condenar os governos inglês e norte-americano porque apóiam e armam Israel. Devemos nos opor às atividades terroristas dos governos inglês e norte-americano em continuar com as ocupações e guerras ilegais", prosseguiu Loach. "É impossível ignorar o pedido dos palestinos e por isto, rejeitarei qualquer convite do Festival de Cinema de Haifa ou de qualquer outra ocasião", concluiu.
A notícia, publicada no domingo pelo jornal israelense Haaretz, provocou uma avalanche de comentários na versão do jornal na internet. Muitos leitores israelenses afirmaram que boicotarão por sua vez os filmes de Loach, chegando a premiá-lo com a "Palma da intolerância".
OBS: Notícia enviada pelo companheiro Alípio Freire

sexta-feira, agosto 25, 2006

MINHA MÙSICA PREFERIDA- ORAÇÃO DE UM JOVEM TRISTE


Esta canção de 1972, foi mais uma em que aprendi com o Tio Joaquim. Este meu Tio é o que toca violão, tinha vários cadernos de cifras musicais e esta ela uma delas. Neste momento dos anos 70, havia na Igreja Católica, dois movimentos para atrair a Juventude, dividida entre ir para luta armada contra a ditadura militar, as comunidades Hippies e a alienação.

O primeiro introspectivo, apolítico, a margem do que estava acontecendo no Brasil e no Mundo, caracterizava-se por salvar almas perdidas nas drogas e na perdição das baladas, com orações e bênçãos. È o que convencionou-se a chamar de Movimento Carismático, que hoje voltou incluindo no nome Renovação. Para este movimento a Libertação, se daria através da Religião e das orações. Não havia estimulo para discussões sociais e reflexões sobre quem era culpado pela miséria, pela fome. O outro movimento, era o do Concilio Vaticano Segundo, que defendia uma Revolução na Igreja Católica. È a opção pelos pobres que começa a crescer através das Comunidades Eclesiais de Base e as Pastorais Populares, que a partir da fé e a espiritualidade, discutindo e avaliavam os porquês de uns ter muito e muitos ter pouco.

Oração de um Jovem Triste, faz parte do arsenal musical, do primeiro Movimento, que tentava atrair os jovens com musica, teatro e dança. È desta época um guru espiritual de nome Neimar de Barros, que manteve por muito tempo um programa de Televisão e radio, alem de ter editado vários livros de mensagens e orações Carismática. Neimar caiu no ostracismo, quando anos mais tarde foi denunciado, mas nunca provado seu envolvimento com drogas, situação que era peça chave de suas pregações.

Oração é composição de Alberto Luís, membro do movimento, mas que foi consagrada na interpretação de um dos maiores cantores do Brasil, em minha opinião Antonio Marcos. Recém casado com a cantora Vanusa, Antonio se converte ao Catolicismo, depois de passar experiências com drogas. Inicia sua relação com o Movimento Carismático, onde alem de Shows e participações em atividades religiosas, grava canções que vão ser hinos,religiosos, embora comercializados no mercado.

Oração de um Jovem Triste é do disco SEMPRE e inaugura uma nova fase do cantor, que teve inicio na Jovem Guarda, já em seu final, e enveredou pela música Romântica.

A canção é cantarolada nas igrejas até os dias de hoje, embora “O Homem de Nazaré”, outra do período e com a interpretação de Antonio, fez maior sucesso. Sabia a letra de um jovem triste, que procura Jesus Cristo, pede perdão e procura se identificar com o crucificado. Linha adotada para atrair fiéis.

quinta-feira, agosto 24, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XIII


O estardalhaço que Fernando Collor de Mello, fez no período de preparação para sua posse, fez muitos de nós (a Esquerda), acreditar, que seu governo “deixaria a direita perplexa e a esquerda surpresa”, como ele mesmo afirmou, em pronunciamentos e entrevistas a imprensa. Seu ministério, trouxe algo inédito na vida republicana, uma mulher assumiria o segundo posto mais importante de um governo, o de Ministro da Fazenda ou da Economia, como ele preferiu. Sua assessora econômica, durante a campanha, Zélia Cardoso de Mello, assumiria o cargo e já de cara protagonizaria, um dos maiores golpes aos bolsos da classe média e do trabalhador Brasileiro.

Na véspera da Posse, os jornais anunciavam, feriado bancário, pois o primeiro governo Eleito pós final da Ditadura Militar, lançaria um pacote econômico, de assustar a Burguesia e fazer a esquerda morrer de inveja. O clima de apreensão e expectativa era muito grande. A esperança pelo menos dos mais pobres, era imensa. A vitória do caçador de marajás, teve o voto maciço das camadas pobres e excluídas da sociedade. Esperava-se de Fernandinho, não só a proteção de valores familiares como ele mesmo afirmou variadas vezes durante o processo eleitoral. Mas que o Presidente eleito, resolve-se de vez com os problemas sociais, acumulados durante décadas e que jogavam milhões de pessoas na miserabilidade. O que o povo Brasileiro, esperava de Collor de Mello, é que o apelo que ele tanto fez na campanha eleitoral ao povo, o mesmo Collor cumpri-se em relação a massa excluída: Não Deixa-se o povo só.

E o dia da Posse chegou. 15 de Março de 1990. Collor e Rosane sua mulher, postavam-se para subir a rampa do Palácio do Planalto, quando a noticia começou a espalhar-se ou vazar na linguagem das redações. Correria total. Lembro que estava na sala da diretoria do Sindicato da Construção Civil, quando a noticia, foi dada pelo plantão Globo. O Plano Econômico de Fernando Collor de Mello, com a argumentação de derrotar a inflação, que chegava naquele principio de março a 84%, confiscava a poupança dos Brasileiros. Inflação Zero, retroativa a 1º de março, riscava do mapa e dos salários dos Trabalhadores, o repasse inflacionário, terminando com a única política salarial daqueles tempos. As cadernetas de poupança, até 50mil cruzeiros novos (moeda criada pelo Plano de Estabilização), foram apreendidas pelo banco Central, em outras palavras, sumiram do mapa e dos bolsos, principalmente da classe média.

O choque foi enorme. O Plano de Estabilização foi anunciado, um dia após a posse, embora tenha vazado. Demorou-se muito para que os Brasileiros entendem-se o que queria o Presidente e seu Plano Econômico. Sua Ministra, foi a sensação nos primeiros dias dos anúncios econômicos, tentando convencer o País todo, de que nunca na História do Brasil, ocorreu medidas tão certeiras, que levariam a nação a incorporar e fazer parte do primeiro mundo em menos de 5anos.

Confesso que no primeiro momento, houve certo apoio ao Presidente. O então economista Aloísio Mercadante, chegou a afirmar, que LULA, eleito faria o mesmo que Collor. Pasmem, assim ficamos depois de compreender que o Plano nada mais era que um roubo as economias de milhões de Brasileiros e o implantar do Projeto Neo Liberal no Brasil. Muito arrocho salarial e muita recessão. E mais não daria para concordar com o futuro Senador da República, por duas razões: a primeira já exposta, que o pacote de Collor, foi o maior presente de um amigo da onça, poderia dar. Segundo, o próprio Collor disse que não tomaria medidas como essas e acusou LULA, de querer aplicar o golpe da caderneta de poupança.

O Brasil começa a conhecer o Presidente que elegeu, por medo ao PT e á LULA. O Cineasta Walter Salles, consagrado mais tarde por Central do Brasil, foi captou, o clima que se criou com o inicio do Governo de Fernando Collor. Seu filme Terra Estrangeira, retrata em um roteiro, em que um Brasileiro desiludido com o País, após o confisco da Poupança, vai tentar viver em um exílio voluntário em Portugal. A película é de 1995. Vários artistas e personalidades, pronunciaram que não queriam mais viver aqui. Xuxa a rainha dos Baixinhos foi uma delas.

O Plano econômico, mergulhava o País no Caos. O PT passava por transformações ideológicas, iniciava uma das maiores crises, que a esquerda mundial já enfrentou. Eu vivia novas experiências, e sentia o baixo astral que se formava naquele inicio de década.

CONTINUA.......

quarta-feira, agosto 23, 2006

INTOLERÂNCIA, A SÉRIE

Os últimos dias tem sido de um festival de xenofobia, de dar inveja, á Nazistas, Fascistas, ao Presidente George Busch e é claro aos governantes de Israel. Não sei o que é pior, o tal racismo e separatismo, descarado dos Israelitas, ou a famigerada “Democracia Racial”, Brasileira.

Na semana passada, recebemos no gabinete do Vereador José Carlos Pinto, uma carta, com remetente, assinando Z.A.C, talvez iniciais do nome, e com endereço R: Santa Cruz nº.134- Centro Limeira. A missiva tinha como saudação inicial a frase: Prezados Amigos Limeirenses e Irmandade. Ao ler esta frase, concluí que o mesmo se dirigia a quem nasceu em Limeira e a irmãos. Resta saber se são manos de sangue, de credo religioso, de seitas ou grupos políticos, que se tratam com esta expressão. A referida é um amontoado de bobagens e um desfilar de ódio e preconceito, aos que na ex Terra da Laranja, não nasceram, a escolheram para viver.

O sujeito, o tal Z.A.C. afirma que por um descuido dos “Limeirenses Natos” e das “Irmandades” da cidade, Limeira começou a viver um pesadelo a partir de 1983, quando pessoas inadequadas começaram a dirigir o município e aí responsabiliza os novos governantes e os forasteiros, pelos enormes problemas sociais que foram surgindo. Os de fora, citados pelo sujeito, são Brasileiros, que vieram do Paraná, de Minas Geraes, Pernambuco, Ceará, Bahia e outros. Após tecer criticas ao ex Prefeito Jurandir Paixão (o qual ele não cita o nome da carta), o culpando pelo que ele chama de causador da vinda dos Forasteiros, o Z.A.C, começa a atacar o Ex. Vereador Francisco Maurino dos Santos, o Ceará, Nordestino. Os ataques são ferozes e nojentos. O golpe de misericórdia esta no final da carta, quando o nosso Z.A.C, pede a todos os Limeirenses e a Irmandade, para levantar uma bandeira, contra o forasteiro e se possível faze-lo voltar da terra onde veio.

Nasci nesta cidade, amo esta terra, onde conheci a mulher que amo (que é Paranaense) e onde minha filha nasceu e esta crescendo. Em meus 44 anos de vida, devo muito aos Brasileiros, de todos os cantos que aqui vieram, para trabalhar e sustentar suas famílias. Muitos foram e são explorados por empresários, que visam apenas o lucro. A maioria dos Homens e Mulheres, que aqui vieram para construir suas famílias, são responsáveis pelo acumulo de riquezas de pouquíssimas famílias, que nos últimos 30 anos só fizeram crescer seu patrimônio. Tenho orgulho desta gente, que trabalha de sol a sol, para buscar a sobrevivência, que andam em ônibus lotado e de péssima qualidade. Se sujeitam a trabalhar por baixos salários e condições horríveis de trabalho.

Sr. Z.A.C, somos uma nação que formou-se com a mistura de varias raças e culturas. Somos o que somos, por conta desta miscelânea, da qual acredito que vossa senhoria tenha nascido. Se temos fome, miséria, pobreza, é por conta de pouquíssimos quererem ter muito e espertamente, concentrar renda, morar em palácios e oferecer não as casas de pombos, como o senhor afirma na carta, mas as pontes e a morte.

Não professo a mesma fé política do Ex Vereador Ceará, nem tão pouco, fui partidário das praticas e concepções políticas do Dr. Jurandir Paixão e em relação este ultimo até concordo que tenha responsabilidades, sobre o aprofundamento da miserabilidade no município. Porem entendo que não me dá o direito, de disparar ofensas e agressões a condição de raça, gênero, local de origem, como Z.A.C, desferiu em sua carta.

Pensei que apenas José Serra, ao justificar sua incompetência em administrar a cidade de São Paulo, culpou os migrantes, tivesse o senso de ressucitar sentimentos tão perigosos e repugnantes como a da xenofobia.

Há situações que não há tolerância. O desrespeito as diversas culturas e experiências, leva ao atraso e a violência. Portanto não quero que sujeitos como esse, me chamam de irmão, porque aqui nasci. As vezes me envergonho de ouvir ou ler declarações tão espúrias como essa.

terça-feira, agosto 22, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL XI


O ano de 1990, começa agitadíssimo. No campo pessoal, iniciou minha trajetória profissional e política, que vai durar, 12 anos sem trabalhar em Limeira. Começo uma carreira á qual exerço até hoje. Á assessoria política, tive como primeira experiência ainda no Sindicato dos Metalúrgicos, embora por falta de compreensão no mínimo, nunca tive o tratamento de assessor, no Maximo um secretário executivo. Mas valeu, pois tive a oportunidade de aprender muito, sobre o movimento sindical Brasileiro, daquela maravilhosa década, que foi a dos anos 80 do século passado, alem é claro, de amadurecer minha consciência de classe e de ter contato com o mundo. Devo muito aos companheiros de Limeira, e em particular aos Metalúrgicos, daquele tempo, por me proporcionar um vasto e possibilidades de conhecimento.

Porem um novo ciclo pessoal iniciava-se e eu me encontrava em uma cidade á qual conhecia pouco, tinha poucos amigos e iria trabalhar com um universo de pessoas das quais conhecia muito pouco, sua realidade. Sempre gostei de Campinas. Tinha naqueles tempos, idéia de viver toda a minha vida naquele município. Pretendia aproveitar o vôo profissional, e estudar, questão que infelizmente não consegui, por erros e relaxos próprios. Fui assessorar a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, que um ano antes tinha vencido por um voto, a chapa bancada pela Articulação Sindical, majoritária na CUT, até hoje. Contribuí com a vitória, preparando os mesários e fiscais daquele pleito. De cara pude constatar que tinha pela frente enormes desafios em todos os sentidos.

Outro fato que agitava, os primeiros meses do ano, eram as avaliações internas do Partido dos Trabalhadores, após a derrota de LULA para Collor no segundo turno. As esquerdas Petistas, defendiam que o quase lá, foi a vitória das classes populares e democráticas, que com os quase 35milhões de votos, dividia o País ao meio. Para isto era preciso capitalizar este resultado, para o enfrentamento ao Governo Collor e ao Projeto Neo Liberal, ainda incompreensível para a maioria das lideranças. A esquerda do PT, defendia o terceiro turno, a extensão das vitoriosas lutas dos anos 80, colocando a massa na rua, exigindo mudanças significativas no País. Luís Inácio cumpriria o papel de comandar estes movimentos de mobilização, por terra, emprego, salário. Era pregar na pratica o Programa do PT de 89, mais ousado e socialista. Naquele momento, meados de janeiro, não se pensava no processo eleitoral, de outubro, para os Parlamentos e Governos do Estado. A expectativa era se organizar e fortalecer as lutas contra o governo da Burguesia que tomaria posse em 1º de Março.

Mas as esquerdas começam a sentir a mão dos reformistas, do PT. Primeiro havia a proposta, de realiza-se naquele ano o 1º Congresso do Partido, que teria a missão de pensar um projeto de País e de Revolução. Um Congresso que pude-se estruturar o PT, rumo a sua tarefa de conduzir a classe a lutas contra o Capital. Derrotada, a esquerda ainda muito forte no Partido, representava, entre 45 a 48% da agremiação, viu a direita partidária, aprovar a realização do fórum congressual só em 1991. Á alegação é de que não havia elementos conjunturais e estruturais para analisar o novo governo, ainda era prematuro, alem é claro de ser um ano eleitoral. No fundo as forças majoritárias, não queriam que o debate da queda do Socialismo do Leste, suas influencias e conseqüências no PT, fossem colocadas no debate. Segundo, uma nova concepção de fazer política partidária estava em gestação, no interior da direita do PT. O Congresso poderia interromper a conclusão deste processo ou até implodir o Partido em uma luta interna que faria as esquerdas faturarem em cima.

Esta gestação de uma política reformista, burocrática e institucional, começamos sentir alguns anos antes, que falaremos em outro texto e oportunidade. Mas naquele 1990, presenciamos ex lideranças de esquerda, como José Genoino Neto, Tarso Genro e outros, publicarem textos e artigos, onde abandonam francamente e descaradamente o discurso de lutas de classe e de visão da divisão de classes. Genoino protagonizou naqueles dias do primeiro semestre do ano, dois episódios importantes. O primeiro em declarações e artigos na grande imprensa, onde ele abandona o tom “radical”, de um ex Guerrilheiro e integrante de organizações clandestinas (mesmo nos da redemocratização Genoino, era líder do PRC- Partido da Revolução Comunista- um minúsculo Partido, que organizava-se no PT, convencionou-se chama-los de Partido dentro do Partido) e afirma que a Democracia é um valor universal e que o convívio entre os diferentes se faz necessário. Em uma das matérias sobre o assunto, o então deputado federal, aparece abraçado com o então deputado Jarbas Passarinho, militar e ex ministro dos governos da ditadura e algoz de muitos militantes do período. A foto com Passarinho, simbolizava o discurso de que não há motivos para luta de classes, pois a sociedade estava apenas com algumas divergências e que a democracia (Burguesa), seria capaz de buscar o consenso.

Aliado a esta formulação política, as alternativas de priorizar a luta eleitoral e institucional, tomavam corpo no interior do Partido. Outra indefinição dizia respeito ao futuro de LULA. Após a derrota, nossa principal liderança, parece que caiu em um depressão. Falou-se até que LULA, estaria disposto a abandonar a vida pública. Desgastes pessoais e políticos, teriam derrubado Luís Inácio.

Mas a expectativa do País, estava voltada para a posse de Fernando Collor. Mas isto no próximo texto.

CONTINUA.....

segunda-feira, agosto 21, 2006

MINHAS MÚSICAS PREFERIDAS- FIO MARAVILHA


Sou apaixonado por futebol. Desde pequeno tenho contato com este esporte que atraí milhões de Brasileiros, todos os dias, para as telas, caixas de som de rádios, para os estádios de futebol. Fio Maravilha foi uma das primeiras canções que falam sobre o esporte bretão, que tive conhecimento e qual passei a gostar. Um samba rock, dos melhores do repertório do então Jorge Ben, hoje acrescido do Jor.

Ben Jor, Flamenguista doente acompanhava uma partida no Maracanã nos idos de 1972. Jogavam o Fla e o Benfica de Portugal, em uma Partida Amistosa. Naquele dia o centroavante, negro com lábios grossos, estatura, passando do 1metro e 90, típico para um atacante de área, Fio como era conhecido, naquele dia, teria acrescentado e passaria para a História mais tarde, como Maravilha.

O desempenho do atleta, inspirou Jorge Ben Jor, a compor uma canção em sua homenagem. E saiu Fio Maravilha. A música foi inscrita no VII Festival Internacional da Canção, o último da safra organizado pela TV Globo, desde 1966.

Ben tem sua música defendida na interpretação de um cantora, desconhecida do grande público. Maria Alcina, é mineira de Cataguases. Sua voz grave, seu estilo irreverente, com um guarda roupa exótico, foi comparada, a outra estrela da MPB, Carmem Miranda. Alcina e Jorge Ben, venceram o Festival e tornaram Fio Maravilha, o boleiro conhecidíssimo no mundo inteiro, pelas inúmeras gravações que a canção adquiriu.

Quando a música deixou de ser executada a exaustão, Fio orientado por advogados, processou Jorge Ben Jor, alegando que deveria receber direitos autorais, pela utilização de seu nome. Jorge Ben, mudou de fio para Filho Maravilha. O jogador mais tarde, arrependeu-se do que fez, desculpando-se com o artista.

Entre 10 canções executadas em banheiros, barzinhos, calçadas e roda de amigos, Fio esta entre elas. Não tanto pelo atleta retratado, o qual as novas gerações nem sabem quem é, mas pela força e apelo dançante desta obra prima de Jorge Ben Jor.

sexta-feira, agosto 18, 2006


Véspera do dia 17 de Dezembro de 1989. O Brasil amanhece, com a noticia de que o empresário Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar, tinha sido seqüestrado. Passamos todo o dia para saber, detalhes do fato. Eis que no final da tarde, a Vênus platinada, como é chamara a TV Globo, anuncia que a Policia de São Paulo, tendo á frente o então Secretário Estadual de Segurança Pública, Luís Antonio Fleury Filho, teria descoberto o cativeiro e libertado o empresário. Embora a modalidade seqüestro ainda era nova como expediente do crime organizado, o que realmente chamou á atenção, não foi a crueldade do fato e sim o que vestiam os seqüestradores. Camisetas do PT e da campanha de LULA. A platinada não perdeu tempo. Ajudada pelo secretario Fleury, que passou os resultados de sua suposta investigação, de que o seqüestro poderia ser político e aí todos os tele jornais da emissora, deram muito mais destaque a suposição e as camisetas, do que a origem mesmo do seqüestro e como ele terminou.

Mas as insinuações e tentativas de majorar a campanha petista, teria seu grand finale no instituto de maior envergadura da rede globo. O Jornal Nacional teve sua primeira edição em 1969. Presente do Regime Militar, a Globo surgiu em 1967, fruto de uma fraude na Constituição. Bancada com Capital Estrangeiro, a líder de audiência uma década depois, descaradamente ludibriou com o total apadrinhamento dos militares nossa lei máxima, que proibia e proibi até hoje, K Internacional nos meios de Comunicação. Com a generosidade dos Militares, Roberto Marinho, precisava retribuir. Com a necessidade de atingir todos os territórios do Brasil, com sua política, a Ditadura, precisava de um órgão de propaganda que tive-se este alcance. Eis que surge o primeiro programa de tele jornalismo, que levava imagens do Oiapoque ao Chuí, em tempo real, sem vídeo tape. O Jornal Nacional, que teve como primeiros ancoras Cid Moreira e Hilton Gomes, vai se estabelecer por todo o regime como um diário oficial da ditadura. E assim o é a TV Globo, naquele 16 de Dezembro de 1989, com a candidatura da Burguesia.

A edição daquele fatídico, dia foi tomada pelos melhores e piores momentos do ultimo debate eleitoral antes das eleições. Expert em edições, o pacote de imagens ridicularizou LULA e endeusou o Fernando Collor. Todos ou quase todos os piores momentos foram reservados a LULA e todos os melhores momentos á Collor de Mello. As técnicas de editar uma matéria e vinculá-la em um programa ao vivo, principalmente se este for um tele jornal, foi e tem sido, marca registrada da Rede Globo. O aspecto psicológico de uma cena editada a vontade pelo seu editor tem quase sempre o resultado esperado. E o esperado era mostrar um LULA, um Operário analfabeto, inseguro, incompetente para administrar, radical e violento e que no máximo podia dirigir um sindicato e não uma nação. E alem do mais tinha um Partido de “Porras Loucas”, que invadiriam os apartamentos e casas financiadas para a classe média, tomando ou dividindo os imóveis.

Pois bem esta somatória de investidas da direita, principalmente com o auxilio precioso da mídia e em particular da rede globo, foi minando a campanha Petista.

Mas o dia 17 de Dezembro, nasceu vermelho. Parecia que finalmente os de baixo, teriam vez, apesar da artilharia pesada dos dias anteriores. Pelas ruas sentíamos, que podíamos chegar lá. Havia colorido, nas bandeiras e camisetas vermelhas. Um colorido de vida e de esperança. O instituto data folha, no dia anterior apontava uma ligeira vantagem de Collor sobre LULA, 3%. Considerando a margem de erros das pesquisas, havia um empate técnico, que com a força da militância Petista, podíamos virar o jogo. Pesquisas internas do PT, davam conta de que LULA estaria na frente.

Mas apesar da garra e amor dos militantes Petistas, perdemos. Talvez porque não fomos ousados? Porque não enfrentamos de peito aberto a discussão do muro de Berlin? Ou será que nosso Programa já era Reformista e isto não empolgou as massas mais pobres, que esperavam soluções rápidas, urgentes e quem sabe de mudanças?.

1989 o ano que não quis terminar, vai ficar na memória de todos os lutadores socialistas. 1989 jamais esqueceremos, porque foi um marco do final de um ciclo, de resistência e de construção de um instrumentos de classe, para a luta contra o Capitalismo e para a construção do Socialismo. Os instrumentos foram criados- PT- CUT-MST-, mas a década seguinte vai mostrar o esgotamento destes, principalmente do PT.

CONTINUA.....

quinta-feira, agosto 17, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL X


Naquele 17 de Dezembro de 1989, eu chorei. Os lutadores da geração dos 60, 70 e 80, choraram. Choramos porque o sonho de chegar lá nos foi tomado ou deixamos de atingi-lo. Eram 5hs da tarde quando soube no ponto de ônibus da praça do museu, que pesquisas de boca de urna, apontavam Fernando Collor como o primeiro Presidente da República eleito pelo voto popular, após o Regime Militar. Choramos, pois após uma campanha eleitoral em que entramos para marcar posição e durante o trajeto, a esperança tomou conta de nossa militância e fez possível passarmos para o segundo turno.

Um segundo turno repleto de ataques da Burguesia que resolveu seus impasses e desacordos, aliando-se ao garoto de Maceió, ao qual a classe dominante não acreditava, não depositava confiança. Porem foi o único capaz de derrotar a ameaça vermelha. Primeiro pelo fato da disputa final não ter sido entre LULA e BRIZOLA, que qualquer um que vence-se, traria de volta a ameaça comunista e esquerdista para o seio da família Brasileira. Depois ao impingir uma derrota ao sapo barbudo, o Homem que confiscaria os bens da classe média para dividir com os miseráveis.

Mas os últimos dias de campanha no segundo turno, foram de um lado de torpedos e mísseis para cima de LULA, do PT e toda a esquerda. Do outro, foi a festa da Democracia e da Participação Popular.

Collor tinha alem de todo o empresariado, Maluf, Pefeles, parte do PMDB e PSDB, continha com um apoio de peso e que foi decisivo no processo eleitoral. Roberto Marinho e as organizações Globo. Descaradamente em defesa de Fernando Collor, o papel do maior complexo de comunicação do Brasil, não titubeou, em abrir editoriais, matérias e artigos, em sua mídia impressa de elogios rasgados ao “caçador de marajás”. Na mídia falada e eletrônica, as matérias eram editadas, com o claro objetivo de favorecer a campanha Colorida. Mais tempo para Collor nos Tele Jornais, cortes em matérias de Lula e que comprometessem o favorito da família Marinho. Em 1989, não havia exceção na mídia. Toda ela tinha feito uma opção: Todos contra a ameaça Petista e seu projeto de governar para e com os pobres. Mas a Globo exagerou na tietagem.

Três dias antes das eleições. Frente a frente, Collor e LULA, para o ultimo debate eleitoral antes das urnas. A baixaria Collorida, com dados e informações levantados e forjados pelos Marketeiros de Collor correu solta. Mas Luís Inácio, se saiu melhor que no primeiro debate. Nossa avaliação a época é de que tínhamos arrasado com a trupe Collorida. Porem ainda nosso candidato defendia bandeiras Históricas, como Reforma, Redução da Jornada, Moratória da Divida Externa, de forma tímida. No caso da queda do muro de Berlin então, LULA foi um desastre total. Não soube enfrentar o problema, questionando o tipo de Socialismo do Leste e colocando a nu a situação de miserabilidade e exclusão social promovida pelo Capitalismo. No campo dos ataques a campanha Collorida, LULA também deixou a desejar. Há noticias de que a coordenação de campanha, tinha nitroglicerina pura contra Collor, entre elas, o envolvimento de PC Farias no levantamento de fundos para a campanha Collorida. LULA teria dito não a proposta de apresentar o dossiê que alem de PC, trazia denuncias sobre o envolvimento de Collor com drogas.
No dia seguinte, dois episódios vão modificar a História desta Eleição. Mas vou falar deles no próximo texto.

CONTINUA...........

quarta-feira, agosto 16, 2006

OLHEM O QUE È A EXTREMA ESQUERDA


DO SITE DO PCO- Partido Comunista Operário.


PSol Voto de Garotinho em Heloísa Helena

Uma candidatura dos empresários, dos exploradores e assassinos da classe trabalhadora
12 de agosto de 2006
O mais novo entusiasta da campanha burguesa do PSol nas eleições é Anthony Garotinho (PMDB), ex-candidato do partido às eleições presidenciais e ex-governador do Rio de Janeiro, cogitado pelo PSDB como aliado. A intenção de voto de Garotinho de longe não foi apenas individual, mas foi oficialmente declarada por parcela da legenda do PMDB, entre eles por Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES no governo Lula, que inclusive soltou um manifesto explicando a posição de Garotinho, intitulado “Por que Heloísa Helena?”. A declaração de voto foi feita em palanque, durante um comício do partido em prol da candidatura de Geraldo Pudim, candidato a deputado federal pelo PMDB do Rio de Janeiro. “Não farei campanha em favor de nenhum presidenciável, mas voto em Heloísa Helena” disse o candidato (Diário do Grande ABC, 28/7/2006) e completou comentando que seus apoiadores votarão em conjunto na candidata. A notícia de que um dos maiores inimigos da classe trabalhadora, que comanda no Rio de Janeiro um governo da Polícia Militar, foi comemorado com entusiasmo pelo PSol. “Quem quiser que volte à ditadura, onde as pessoas não podem sequer expressar o seu voto, não conte comigo." defendeu Heloísa Helena, (Agência Estado, 30/7/2006). “Garotinho pode estar se identificando com o projeto econômico do PSOL, construído também por dois economistas sérios do país", disse Heloísa Helena se referindo a César Benjamin, seu vice e a Carlos Lessa, do PMDB (A Tarde, 28/7/2006). O PSol comprova mais uma vez não ser uma candidatura dos trabalhadores, e nem mesmo de esquerda, mas da direita, parte de uma manobra dos setores mais venais dos empresário do país. Entre estes estão os economistas do BNDES que são contratados pelos governos e pelos capitalistas nacionais e internacionais para praticar o roubo da população trabalhadora. Após declarar que defenderá o uso do dinheiro do BNDES para as montadoras, um aberto apoio à reivindicação das próprias multinacionais no país, além de defender a queda dos juros, uma reivindicação dos patrões, o PSol vai se firmando como uma candidatura dos empresários propriamente dita. São estes que bancam em sua campanha uma grandiosa cobertura na imprensa capitalista.

terça-feira, agosto 15, 2006

EM PAUTA: DIREITOS HUMANOS


O QUE É DIREITOS HUMANOS?

No Brasil o conceito é extremamente desvirtuado e atribuído, a defesa de criminosos ou de atos de infração contra a lei. Geralmente os defensores desta tese, são os mesmos que propagam a pena de morte, a redução da idade penal e outras medidas repressivas e extremistas.

Estes debates sobre o assunto são falsos. Enquanto se discute se os militantes e ativistas dos DH, protegem bandidos, esconde-se por trás desta falácia, o verdadeiro conceito de Direitos da Pessoa Humana.

Por incrível que pareça, a primeira vez que se ouve falar em Direitos Humanos, foi na chamada era das Revoluções Européias. O mundo ocidental, derrubava através do surgimento de novas classes sociais, as monarquias e o sistema de feudos. Entrava no cenário, entre os séculos XVII e XVIII, a Burguesia (Burgos) e os Trabalhadores ou Proletários (Prole: muita gente). São estas Revoluções que vão, construir conceitos como igualdade, segurança, liberdade de expressão e de opinião.

É a época de preservar as liberdades individuais perante as leis do Estado. Os Historiadores vão intitular esta fase de primeira geração de Direitos Humanos. Fase em que os direitos civis e políticos, foram contemplados, nas lutas e manifestações populares. Duas Revoluções que são exemplos deste período, foi a Revolução pela Independência dos Estados Unidos(1783) e a Revolução Francesa(1789).

Um segundo momento ou como os Historiadores gostam de nomear, segunda geração de Direitos Humanos, é o que começamos a viver, do final da segunda guerra mundial, 1945 do século XX, até os dias atuais. Trata-se dos direitos econômicos, sociais e culturais, que exigem do Estado sua prestação de serviços, promovendo o direito ao trabalho, á educação, saúde, e a um mínimo de bem estar social, bem como acesso a cultura e o lazer.

Esta segunda geração, passa a conviver terrivelmente com regimes políticos, de arrocho salarial, desemprego, aprofundando a fome e jogando milhões na miséria. Este estado de coisas, faz com que a pessoa Humana, procure a proteção do Estado e cobre dele políticas em primeiro lugar de sobrevivência, depois de vida cidadã. O Estado de Bem estar social, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, protegia com políticas públicas parcelas da população, principalmente as classes médias. No final dos anos 70, inicio dos 80, este modelo de bem estar social, deu lugar, ao chamado estado mínimo, onde tudo é privatizado e os serviços públicos são precarizados e sucateados.

Entendo que ainda vivemos esta segunda geração de DH, porem com a recusa do Estado em oferecer proteção aos seus cidadãos, talvez uma nova fase esteja surgindo, a da luta por um Estado que ofereça Liberdades não só individuais, mas coletiva.

Alem disto da segunda metade do século XX em diante, aos Direitos da Pessoa Humana, foi incluído, outras reivindicações, como a questão racial, a questão da diversidade sexual, a questão dos direitos da mulher, temas que foram discutidos através de diversos movimentos em todo o mundo, como direitos fundamentais para a dignidade humana. Nos anos 80 e 90 do século passado, a estes direitos somou-se a da proteção á criança e ao adolescente, principalmente em Países pobres, como o Brasil, onde este segmento não tinha nenhuma forma de proteção. A questão da violência a mulher é um tema que deve ser estudado pelos defensores dos DH, pois não envolve só aspectos sociais e sim culturais, como o machismo e a disputa de poder entre os sexos.

Portanto o conceito de Direitos Humanos, não pode e não deve ser dilapidado, como setores da mídia, da política, tentam fazer. O conceito não é simples, porque engloba, tudo o que promove a vida com paz e tranqüilidade. Por outro lado, defender Direitos Humanos não há meio termo, ou você é a favor ou é contra. É preciso ter claro a universalidade que implica em que todo o ser humano, independente de classe, raça, credo, opção sexual, tem direitos e que os mesmos devem ser respeitados, em qualquer lugar do mundo. Uma segunda questão diz respeito a indivisibilidade, palavra que defende que todos e todas devem ter acesso a todos os direitos, econômicos, políticos, culturais. Por último a interdependência, que significa um direito é a somatória do outro, não se pode separar ou dividir. Eles estão ligados ou seja se uma criança passa fome, ela terá dificuldades em assimilar o aprendizado e assim não conhecerá os conceitos de cidadania, democracia e liberdade.

Termino com o primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948: Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
OBS: Texto acima fruto de entrevista concedida a estudantes, que pesquisam sobre o tema.

segunda-feira, agosto 14, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL IX

Esperamos mais de uma semana, para confirmar a ida de LULA para o segundo turno, com o almofadinha de Alagoas, Fernando Collor de Mello. A esta altura do campeonato, a direita toda se unifica, em torno da trupe collorida. ACM o sempre coronel da Bahia, puxa a tropa, que inicia sua estratégia de destroçar a campanha da Frente Brasil Popular, que já nos primeiros dias, recebe apoios de Brizola, de Covas, do quase ex Comunista Roberto Freire, de Fernando Gabeira. A Esquerda e Centro Esquerda, juntos para derrotar, a aventura, o apadrinhado de Maluf, mais novo Amor, de caciques do PFL e companhia.

Enquanto isto, a campanha do LULA LÀ, decantava e encantava. Dezenas de artistas e intelectuais, juntavam-se a operários, donas de casa, estudantes, que não se cansavam de cantarolar, “Lula lá, brilha uma estrela, Lula Lá, nasce esperança, Lula Lá, de um Brasil criança, na alegria de se abraçar. Lula com sinceridade, lula lá, com toda a certeza, pra você meu primeiro voto, pra fazer brilhar nossa estrela”. Acho que foi o Jingle de maior sucesso na História de campanhas eleitorais no Brasil. Pelo menos, para mim o mais bonito e correto, em termos de música eleitoral.

Mas do outro lado imperava, o ganhar a todo custo, na marra, fazendo terror, mentindo e por aí vai. A primeira lascada na campanha da FBP, agora ampliadissima, foi a declaração do a época Presidente da FIESP, Mario Amato. Disse o empresário, entusiasta da campanha Collorida: “Se Lula vencer, 300mil empresários, deixarão o País”. Terror que foi estampado nas manchetes de jornal e revistas de todo o País. O mesmo Mario Amato, quando o aí Presidente Collor confiscou as poupanças da classe média e dos pobres não utilizou, a mesma disposição de franco atirador, como fez naquele final de novembro de 1989.

A campanha de Collor, não parou por aí. Desde declarações de que o PT no poder, até o apartamento de sala e banheiro, seria dividido, com os sem terra e os sem nada, até o golpe de misericórdia do candidato de ACM: Mirian Cordeiro, ex namorada de Lula, lá nos anos 70, entra em cena e em prantos no horário eleitoral, despeja o veneno. Luís Inácio me engravidou, e pediu para que eu aborta-se a criança, alem é claro de me abandonar. O filho do nordeste já tinha sido acusado de tudo um pouco. Estava sofrendo humilhações de todo o tipo, de analfabeto e agitador irresponsável. Agora esta do Aborto, foi na jugular. Um País católico e cristão, com um forte e cristalino conservadorismo, não perdoaria o Torneiro mecânico, que veio do Nordeste, passou tudo na vida, fome, demissões, prisões.

Errado. Quando achávamos que a campanha de Collor, tinha encontrado o tiro certo, o povo nas ruas demonstrava que não, que não colava aquela baixaria. E a campanha da esperança, continuava, como continuava a baixaria do outro lado. E aí, caia o muro de Berlim. Caia um sistema que embora condenássemos, foi referencia para muitos. Embora já dizíamos que éramos contra aquele regime, autocrático e autoritário, a direita, rolou, rolou, usou e abusou. Collor já não sabia o que fazer, as baixezas não estavam funcionando. Dez dias antes da eleição, Lula estava na frente, embora as pesquisas não revelavam. Aí veio o muro, e eles usaram e abusaram e nós ficamos como na música do Chico vendo a banda passar.

O primeiro round da grande decisão foi o debate numero um do pool de televisões, cara a cara o operário e o mauricinho. Collor não titubeou, soltou o verbo: Este homem minha gente, vai fazer deste País, o que os comunistas fizeram no leste Europeu, lá ninguém tinha casa, carro, tudo era do estado. Ninguém podia tomar coca cola, comprar tênis da Nike e por aí afora. E Lula, tentava responder, o inexplicável para aquela massa, que atrás de milhares de televisores acompanhava o duelo: O PT nunca concordou com o muro. Justificativas e não ataques ao Capitalismo e suas mazelas. Nenhuma defesa concreta do Socialismo, de um sistema sem explorados e exploradores, nada nadinha. A militância Petista esperava um ataque a Burguesia e sua política de destruição do pobres, jogando-os na completa miséria e exclusão. Mas o que vimos, um Lula abatido, cabisbaixo, na defensiva.

È começávamos a perder a primeira eleição para Presidente após o regime militar. Mas ainda vai ter mais.

CONTINUA.......

sexta-feira, agosto 11, 2006

UMAS CURTINHAS



1. Minha Filha assistiu pela primeira vez o Show dos competentes, porém machistas e apelativos Velhas Virgens no Festival Motorcicle no Horto Florestal. Não sei o que ela achou, pois quando escrevo este post ainda não tinha falado com ela sobre o assunto. Se a conheço, gostou do ritmo Rock e Blues na veia e detestou as letras e provocações. Posto a opinião dela, outro dia.

2. Fui assistir três espetáculos do 2º Festival Nacional de Teatro. João Pacifico o Poeta do Sertão, Magika Merluza e Consumato Est, de um grupo do Rio de Janeiro. A peça da Magika, um espetáculo de rua, foi para mim de longe o melhor que presenciei. Pretendo ir amanhã, que ocorrerá a premiação e o espetáculo convidado o Canto das Baleias. Semana que vem comentários sobre os espetáculos.

3. Falando no Festival, conversei pelo MSN, rapidinho com o Secretário de Cultura Farid Zaine. Ele me perguntou o que estava achando do evento. Disse e repito que a iniciativa é ótima, pois procura trabalhar um processo de consciência cultural que aponta perspectivas de maior conhecimento, criando mentes e corações cidadãos. Cultura de boa qualidade, faz romper com a massificação do lixo cultural que vemos todos os dias na telinha das TVs. Alem disto, o preço dos espetáculos, facilitam o acesso dos mais pobres a agenda cultural. Porém ainda acho com todo o respeito que tenho ao Farid, que a política cultural em nossa cidade, ainda é voltada para um setor privilegiado que pode pagar para ter acesso cultural. Talvez a descentralização da agenda, das oficinas, bem como a integração da comunidade cultural na política da secretária, pude-se contribuir em muito para popularizar as artes como um todo.

4. Estou lendo o Romance Estorvo de Chico Buarque de Holanda. Recebi do meu amigo Maurinho, que esta organizando um site na rede com mais de 1000 livros para baixar e ler. Por enquanto quem quiser obras que o menino ta juntando, mandem um e-mail para ele no seguinte endereço: mauro_j_pires@yahoo.com.br . Ele me enviou alem de Estorvo, Budapeste e Opera do Malandro do Chico, Assim Falou Zaratustra de Friedrich Nietzsche e Idade da Razão do moderno existencialista Jean Paul Sartre.

5. Ganhei dois belíssimos CDS. Um do arquiteto e meu amigo Alex Rosa. Me presenteou com um MP3, com artistas Africanos contemporâneos que misturam o batuque da áfrica, com guitarras distorcidas e metais. Fantástico, ouço todos os dias. Em outro post passo os nomes que agora não me lembro. O segundo CD, me foi presenteado por meu cunhado, Adriano. È um disco ao vivo do Rock Sinfônico da Banda Ian Anderson JETHRO TULL. Contem uma coletânea de sucessos, com versões diferentes das originais e a bela Aqualung. Dois belos presentes.

6. Falando em presentes, meu irmão Paulo Sérgio, me presentou com uma obra prima. Tres DVS do mestre de contar Histórias sobre sentimentos humanos, como ciume, ódio, amor, ansia de poder, cobiça. Sou fã de STANLEY KUBRICK, desde que assisti, Laranja Mecânica, em meados dos anos 80. Filme que alias foi proibido no Brasil, durante todo o regime militar. Assisti quase toda a obra deste inglês, que infelizmente nos deixou em 1999. Realizou treze obras cinematográficas, fabulosas. Nunca venceu o Oscar. A caixa que ganhei, é o Vol. 2 da coleção do mestre e traz na verdade 4 discos: Documentário sobre a vida do diretor com locução de Tom Cruise, astro do último filme de Kubrick, de Olhos Bem Fechados, segundo da caixa. O terceiro da caixa é o épico sobre ambição, cobiça Barry Lyndon de 1975 e o quarto é o maravilhoso Laranja Mecânica de 1971, futurista, denunciador de sistemas totalitários, precursor e influência do movimento Punk e é claro anti violência, marca registrada do diretor. Que tal fazermos um dia de Festival Kubrick?.

quinta-feira, agosto 10, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL


Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós

E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz.

Leci Brandão, carioca da gema, com os braços abertos, cantava á capela, o refrão deste samba enredo, do carnaval de 1989. Samba da escola Imperatriz Leopoldinense. Tínhamos acabado de chegar a Praça da Sé, cenário de inúmeras batalhas por Liberdade, igualdade e democracia. A Sé era é um manto sagrado para os lutadores por uma vida mais digna e justa.

Foi neste cenário e com a voz linda de Leci, acompanhada por um coro de mais de 300mil pessoas, que realizava-se naquele domingo de Dezembro, o comício final do 1º Turno da Campanha LULA Presidente. De limeira, saíram dois ônibus, de militantes dos movimentos populares e sindical, imbuídos de esperança de que a hora dos pobres, marginalizados e excluídos, terem vez e voz neste País, poderia estar próxima.

Chegamos e já de cara, ficamos todos arrepiados. Havia um atmosfera, de alegria, solidariedade e de muita convicção de que o impossível, não era tão inatingível assim. Aquela reunião de velhos combatentes somados aos novos lutadores, nos contagiava. Eu chorei durante todo o comício, bem como minha companheira Nadir e todos a minha volta. Víamos desfilar pelo palanque, lideranças que foram nossas influencias: Erundina, Suplyci, Fernando Gabeira e outros. Foi a primeira e ultima vez que vi o cantor Taiguara, cantando canções lindíssimas sobre liberdade. Taiguara sempre foi meu ídolo.

Aquela celebração dos de baixo, espremidos um no outro, nos fez recordar dos empregos perdidos, das perseguições e prisões, das humilhações sofridas, pelos companheiros e companheiras, mortos. A luta por um Brasil de justiça e Paz, justificava todas as perdas, obtidas ao longo dos anos. Víamos naquela praça, sonhos e esperanças personificados no operário Luís Inácio, nossa maior referencia. Nos anos 80, que militante não se espelhava em LULA para suas ações e atitudes?. LULA representava aquela massa. Não era para nós o salvador da pátria, mas consigo levava a História dos Oprimidos.

O Socialismo ainda era majoritário nas mentes e corações de todos. Apesar das noticias vindas do Leste Europeu, em que a burocracia estava destruindo um sistema, acreditávamos e ainda acredito, que um regime que haja distribuição das riquezas produzidas pela maioria, ainda era viável. Nunca achei que LULA fosse Socialista. Já produzia algumas analises sobre o metalúrgico de São Bernardo.

Apesar do desfile de lideranças e de artistas de primeiro time, a população daquele comício, esperava com ansiedade nosso comandante máximo. Ouvir um discurso de LULA naqueles tempos, era importantíssimo. Sua oratória nos envolvia e emocionava. Sempre aguardávamos novidades em sua fala e elas viam. Já tínhamos a consciência de que seu conteúdo não era Revolucionário, passeava por palavras de ordem de rupturas com o sistema, mas no geral era Reformista. Porem era o líder máximo que a nós se dirigia.

O cair da tarde, anunciava que o sol daria em alguns minutos lugar a lua, para iluminar a noite que chegava. Aquele dia foi mágico, até a entrada de LULA no palanque. De mágico, se transformou em esplendido, espetacular, inimaginável. LULA não decepcionou. Disse no inicio e no fim de sua fala: Já estamos no segundo turno. Agora é vencer para mudar o Brasil, um Brasil dos Pobres e Oprimidos. Um País sem fome e sem miséria. A Luta companheiros e até a vitória. O jingle da campanha começa a ser tocado e as milhares de vozes acompanham, a melhor música eleitoral de todos os tempos. Voltamos para casa de alma lavada e renascida. Prontos para a batalha do Segundo Turno.

Porém os tempos de bonança, dão lugar aos tempos das trevas. A tropa Collorida, vai as ruas dispostas a vencer a qualquer custo e doa a quem doer. Foi a hora e a vez da baixaria. Mas isto conto no próximo texto.

CONTINUA............



quarta-feira, agosto 09, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL VII


Fernando Collor de Mello, foi Prefeito Biônico de Maceió e votou em Paulo Maluf no Colégio Eleitoral em 1984, quando da vitória de voto indireto de Tancredo Neves, para Presidência da República, pondo fim ao Regime Militar. Sua família com a ajuda generosa dos militares, construiu, um verdadeiro império das comunicações no Estado de Alagoas. Afiliadas da Globo, tanto em rede de TV e Rádio, como em Jornais e Revistas. Com este império nas mãos, Collor preparava-se para ser a alternativa Burguesa, ao Brizolismo e ao Petismo, que aquela altura do campeonato, meados de Setembro de 1989, eram a ameaça de fato aos projetos e objetivos da classe dominante.

Com um discurso de apresentar-se como alternativa á direita que até então governava o País e a esquerda comunista e socialista, Collor inundava nossos lares, com a voz firme, cheia de promessas entre elas á de acabar com os marajás do serviço público, ensaiando a plataforma neo liberal, de alguns anos mais tarde, de estado grande e ineficiente, necessitando enxuga-lo para torna-lo competente. Portava-se como o defensor da moral, dos bons costumes, da família e da tradição. Na outra ponta de sua performance, esta o moderno, onde dizia que levaria o Brasil em 5 anos ao Primeiro Mundo. Marketing é o que não faltou, nesta campanha recheada, de matérias editadas, por exemplo sobre suposto ataque de Petistas a comício de Collor, em Caxias do Sul, quando na verdade, os militantes vermelhos, não passavam de contratados do candidato collorido, para forjar a tal situação. Com o auxilio dos Marketeiros, tudo foi possível. Alias a campanha de Collor inaugurava, a entrada das agencias de publicidade em processos eleitorais.

Do outro lado, o PT já tinha consciência de que podia ir ao segundo turno. A disputa naquele momento era com Leonel Brizola, símbolo de resistência a ditadura, mas extremamente populista. A campanha de Lula, crescia, principalmente, entre os operários e a intelectualidade e os artistas.

Constatei que algo estava para acontecer, ao reparar o aumento de carros, com adesivos de LULA LÁ. Limeira sempre foi considerada conservadora, em todos os aspectos, inclusive eleitorais. Paulo Maluf, tinha até aquele momento, vencido na cidade todas as eleições que disputou. O revezamento de poder na Prefeitura Municipal, sempre foi feito entre dois grupos, conservadores, um de direta e o outro de centro direita. O primeiro representado pelo então Prefeito Paulo D’Andréia e o segundo por Jurandir Paixão. Durante toda a década, greve era sinônimo de baderna, perda de emprego e fuga de empresas do município, este era o discurso das elites da cidade.

Mas os adesivos cresciam, nos automóveis. Nos esforçava-mos para reconhecer as pessoas ou não, morrendo de medo que fosse militante ou simpatizante do PT, mas a maioria não o era. A sede do PT, começou a receber, muita gente que lá ia para pedir material, do LULA LÁ. Como a direção não acreditava, que íamos muito longe, quase não havia material de campanha. Porem o crescimento, fez as lideranças saírem da toca, organizarem o comitê Lula Presidente e elaborar um calendário de atividades. Uma delas foi a visita da então Prefeita de São Paulo Luíza Erundina.

Só para se ter uma idéia, da falta de confiança de que podíamos chegar lá é que a visita de Erundina, foi no mesmo dia em que a Chapa Cutista, dos Metalúrgicos tomava posse, para seu segundo mandato.

Marcou-se um Ato Público, na sede do PT, a época prédio acanhado na Rua Dr. Trajano próximo ao Sindicato do Papelão. Tamanha foi a surpresa, que mais de mil pessoas compareceram ao evento, tendo a direção que fechar a rua, arranjar um aparelho de som, para realizar o ato. Neste momento, os Metalúrgicos realizavam sua festa de posse, que reunia mais de 2mil pessoas. Nisto alguém informou, de que a Prefeita da Capital, estava na cidade e reunia uma multidão. Porque não convida-la para a festa?. Uma carreata improvisada foi organizada até a sede do PT. Lá Erundina foi convencida a falar para os Operários no clube dos Metalúrgicos.

Foi uma loucura. Não sei quantas pessoas lá estavam para ouvir, Luíza dizer que íamos para o segundo turno, ganharíamos as eleições e o Brasil teria pela primeira vez em sua História, um Presidente vindo do Povo. A massa foi a loucura, aos gritos de LULA LÁ, a Prefeita nordestina foi ovacionada. Detalhe, acho que não temos nenhum registro fotográfico deste momento Histórico em nossas vidas. Como Histórico, foi o comício de encerramento do 1º Turno na Praça da Sé e o segundo turno, quando quase chegamos lá.

CONTINUA.........


segunda-feira, agosto 07, 2006

SÉRIE INTOLÊRANCIA


Outro dia conversando com meus amigos, Professor Joaquim Lazari, da AINDA, associação de Pessoas com Deficiência Física, o Alex Rosa, arquiteto e o David, do Fórum de Entidades de Deficientes, chegamos a conclusão de que Limeira, em comparação a outras cidades da região e do Estado, esta há milhões de anos luz, da modernidade, do progresso com justiça social.

A razão para isto é a configuração das elites ou classe dominante, como designa com muita propriedade o Alex. Nossa Burguesia, alem de conservadora, mantem com as classes média e pobre, uma relação de muita violência e de imposições, buscando submeter a todos e a todas as suas vontades. Por aqui, o monopólio e os trustes, são comuns, e com isto o desenvolvimento é freado, por conta dos interesses e conveniências destas elites. E quando há confronto entre eles, saí de baixo, que um passa por cima do outro.

Os métodos não são nada cordiais ou dentro dos limites da democracia. Chantagem, tentativas de corrompimento e outras formas são muito comum, em todos os setores da sociedade.

Uma vez escrevi um texto, para o finado site tiro e queda, intitulado luzes da cidade, onde narro, o dialogo que eu e minha mulher, tivemos com um taxista. Neste dialogo, tudo inicia, com o comentário do motorista, de que nossa cidade era escura, fazendo uma alegoria ao abandono em que o município, encontrava-se. Passado dois anos ainda se encontra. Concluímos daquela conversa, que cada cidade é o reflexo, de suas elites dominantes. Se uma elite se preocupa com o desenvolvimento, com modernidade e distribuição de renda, as luzes da cidade, serão claras, e coloridas. Mas quando esta mesma elite, pensa em desenvolvimento, apenas para si em detrimento da maioria, então teremos trevas.

E para conseguir resultados que as beneficiem, estas elites tudo fazem.

O que vem ocorrendo no Hospital Dia, antiga Beneficência Limeirense, é o retrato, desta política que não considera o bem comum, mesmo que os recursos para atender a população sejam oriundos do próprio povo.

A intolerância chegou neste episódio e parece que não quer parar. Métodos truculentos, como findar um contrato sem aviso que o vai fazer, trocar fechaduras de portas e gavetas, sem avisar seus usuários, bem como retirar equipamentos do hospital, alegando ser de propriedade particular, sem provas disto é de uma violência, que beira o ridículo.

Quem perde com esta violência?. A população que não sabe se será atendida ou não, crescendo filas, para consultas, cirurgias e exames. Alem disto é igualmente violento, não prestar esclarecimentos ao público, sobre os porquês destas atitudes, a origem dos recursos e dos programas.

Parece que a intolerância, esta vencendo mais uma.

sexta-feira, agosto 04, 2006

TÔ APAGANDO VÉLINHAS


Faço anos hoje, 04 de agosto, dia do Padre.

Me perguntaram, porque eu e não meu irmão, se nasci no dia do sacerdote e em uma família Católica?. Minha praia sempre foi a contestação. A igreja limita esta condição de militância Socialista e Revolucionária.

Outra pergunta que hoje não quer calar. Qual a sensação de fazer 44 anos? Respondo: não sei, talvez um amadurecimento em relação a que quero para mim e as pessoas que gosto.

Continuo cada vez mais intolerante com injustiças e malandragens. Não suporto sujeito que faz de tudo para obter vantagens, inclusive enganando pessoas.

Confesso que preciso buscar equilíbrio emocional. Perco o controle á toa e chego a magoar as pessoas que amo e gosto.

Dividas? Foi a época em que perdia o sono por conta de dívidas.

Acho que mereço curtir estas 4 décadas e meio de luta pela vida.

SÉRIE INTOLÊRANCIA

quinta-feira, agosto 03, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL VI

O Programa de Governo de Luís Inácio Lula da Silva, para a disputa Presidencial de 1989, não primava por maravilhas Revolucionárias, já apresentava tinturas reformistas. Porem, era agressivo até quando se propunha reformar. A palavra ruptura, com um modelo de desenvolvimento, foi marca registrada, daquela campanha, embora o aprofundamento do sistema capitalista responsável por este modelo, não foi feito, em momento algum. Mas estavam lá, no Programa, auditoria da dívida externa, Reforma Agrária, Salário Mínimo do Dieese, e outras bandeiras, não Socialistas, mas fundamentais para contribuir com o acumulo da sociedade.

Nossa coligação, tinha o PSB e o PCdoB, aliados Históricos e de Esquerda. O PSB, nos presenteava, com o bom José Paulo Bisol, um vice, progressista e que transitava, por setores da intelectualidade e médios da sociedade. Bisol era gaúcho, e isto importava, pois nosso principal adversário para uma possível ida ao segundo turno era o ex. governador do Rio e de Porto Alegre, Leonel Brizola. Até meados de julho, inicio de agosto, Brizola e Lula, lideraram as pesquisas de opinião pública.

Foram se não me engano, mais de 20 candidatos no primeiro Turno. Tinha para todos os gostos e ideologias. No chamado campo de esquerda ou centro esquerda (ainda não se utilizava este termo), além de Lula e Brizola(PDT), foi a última vez que o PCB, em sua primeira eleição como Partido legalizado, aparecia ainda falando de Socialismo, após o Pleito, o Partidão deixa de existir (temporariamente) e vai dar lugar ao PPS. Mas em 1989, Roberto Freire, era seu candidato. O PV, lançava Fernando Gabeira, ícone da luta contra a ditadura, autor do livro “O que é isso Companheiros”, narrativa do seqüestro do Embaixador Americano em 1969, do qual Gabeira participou. Alem destes o PMN, um Partido interessante, que trabalhava idéias da inconfidência Mineira, tendo Tiradentes como seu inspirador. Não me lembro o primeiro nome do candidato, cujo sobrenome era Brant.

Em uma situação intermediaria, com um discurso para pequena e média Burguesia, trafegavam, Ulisses Guimarães, o senhor diretas, que após a oficialização da não candidatura Quércia, vence a queda de braços dentro do PMDB. O então Senador Mario Covas, representava o recém fundado PSDB, que de um racha a esquerda do PMDB, proferia um discurso Social Democrata, com reformas muito próximas do PT.

Na direita, tínhamos o vice-presidente do ultimo governo militar, Aureliano Chaves do PFL, com um discurso moderado, mas á direita e de representação de camadas médias altas do empresariado Brasileiro. Na toada corporativa e de direita, vinha Guilherme Afif Domingues do PL, defensor do empresariado com fortes ligações com o capital internacional. Na época Presidente da Associação Comercial e Industrial de São Paulo. Feroz adversário do PT e das esquerdas. Na ponta da extrema direita, capitaneando esta política, estava Paulo Maluf que dispensa comentários. Ao seu lado o então deputado federal Ronaldo Caiado, Presidente da recém fundada UDR- União Democrática Ruralista- unanimente contra a Reforma Agrária, Latifundiária e violenta.

Entre os nanicos, um a destacar. Enéas Carneiro, do PRONA, que virou folclore no processo eleitoral, pois só tinha uns míseros 10 segundos, que só dava para dizer Meu nome é Enéas. Bem votado, foi alternativa em outras eleições para voto de protesto, quando em 2002, teve próximo de 1milhão de votos para a câmara federal, tornando-se o recordista da História. O Brasil só foi conhecer o que pensava anos depois, podemos constatar sua veia retrograda e conservadora.

Mas a direita ideológica, capitalista e imperialista, estava órfã. Nenhum dos candidatos de direita ou de centro direita, eram capazes de sintetizar seus interesses. De repente surge, o ex. Prefeito Biônico de Maceió e Governador de Alagoas: Fernando Collor de Mello. Surge em um pequeno Partido, o PRN, o qual em Limeira, o Prefeito Municipal de então Paulo D’Andréia, vai se filiar um ano depois. Surge e vai crescendo nas pesquisas. Seu discurso é de caçar marajás, de dizer que a classe política é corrupta. Trajava-se de forma impecável, se dirigia as pessoas como meu povo. Prometia botar na cadeia os maledicentes com a coisa pública e resolver todos os males da população.

A direita encontrava seu candidato, não era o ideal, mas era o único que podia evitar Brizola ou LULA. Entravamos no mês de Setembro com Collor na dianteira e Lula e o Ex governador do Rio de Janeiro, disputando o 2º lugar. Em Limeira, criávamos o comitê de sindicalistas e militantes de Lula. O jingle Lula Lá começava a contagiar nossas mentes.

O quase Lá começava a ser realidade.

CONTINUA……


quarta-feira, agosto 02, 2006

EU E A HISTÓRIA ELEITORAL V


O Presidente José Sarney com o apoio fisiológico de metade do Congresso Constituinte, conseguiu emendar o texto da Constituição, garantindo com distribuição de favores, cinco anos para seu desastroso mandato. Assim a primeira Eleição livre e direta para Presidente da República, após o regime militar, não ocorreria em 1988, mas um ano depois.

Iniciávamos 1989, com uma agenda repleta de lutas, principalmente para o Movimento Sindical, que preparava para o primeiro semestre, uma greve geral contra mais um Plano Econômico do Governo Sarney, o Verão, que arrochava ainda mais os salários dos trabalhadores e apontava para uma enorme recessão. Alem da inflação estar naquele momento batendo recordes mensais, em média 30 a 40%.

Em Limeira nosso empenho era em preparar esta greve, que de razões imediatas, tinha cunho político de enfrentamento ao governo Sarney. Entre nós, a esta altura não havia motivações para a candidatura de Luís Inácio, para a disputa Presidencial. Nos concentrávamos, na agenda da CUT e na doméstica. Realizou-se neste período, o 1º Congresso dos Metalúrgicos de Limeira, que reafirmou princípios como Sindicalismo autônomo, independente, classista e socialista. Já havia neste momento definições da maioria da diretoria dos Metalúrgicos, pelo campo de esquerda da CUT, o CUT pela BASE. A greve geral foi analisada e o processo eleitoral recebeu a analise de que era uma momento de discutirmos e marcarmos posições Socialistas e de Lutas de Classes. Ninguém imaginava que podíamos quase chegar lá.

O País parou no mês de março. Limeira nem tanto. Não foi uma paralisação total como a de Dezembro de 1986, logo após a posse da diretoria Cutista no Sindicato dos Metalúrgicos. Porém foi importante para reafirmar o caráter de luta da esquerda na cidade, pelo menos do pólo que gravitava no CPB. No País, a greve foi vitoriosa, com paralisações em vários cantos e recantos, demonstrando o descontentamento dos Trabalhadores, com as políticas de Sarney e da Burguesia que o apoiava.

As vésperas do Congresso Metalúrgico, recebemos pela primeira vez na cidade o então Deputado Federal José Genoino Neto, que a convite da Secretária de Formação do Sindicato, nos brindou com uma analise de Conjuntura. Genoino, ainda falava como uma liderança á esquerda do campo majoritário do PT, embora já notávamos traços de abandono em posições como luta de classes, socialismo de classe e assim por diante.

No entanto, José Genoino era nosso ídolo, pela conotação firme de seu discurso e sua História de luta contra a ditadura. Na exposição o deputado afirmava que acreditava em na candidatura Lula, em virtude da divisão da direita, que estaria no processo, representada por vários pedaços, além do acumulo de lutas do PT, da CUT e dos movimentos sociais na década que então terminava.

Saímos da atividade, em sintonia com o discurso. Lula figurava com 4 ou 5% nas pesquisas naquele primeiro semestre. O líder das pesquisas de opinião era o ex governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, que reivindicava o espólio da esquerda populista dos anos 60. A Burguesia não se entendia. A ausência de uma definição quanto a uma candidatura era clara. Falava-se na imprensa e nos bastidores, em uma solução que não dividi-se a direita. O então governador de São Paulo Orestes Quércia, crescia em popularidade junto a setores das elites Brasileiras. Porém Quércia não carecia de credibilidade junto a Burguesia como um todo. Fama de corrupto e centralizador, o governador não era unanimidade.

Outros nomes como o de Mario Covas, candidato do recém racha do PMDB, o PSDB, era muito a esquerda para as elites. O Sr. Constituinte Ulisses Guimarães atraia para si setores progressistas e sua referencia eleitoral, não era suficiente para disputar e ganhar. A direita no espectro da Burguesia, estavam Maluf e o ex Vice Presidente da República da Ditadura Militar Aureliano Chaves. Nenhum destes era capaz, de derrotar a ameaça a democracia, que aquele momento não era Lula e o PT e sim Brizola.

Neste quadro de indefinições, surge pelas mãos de Roberto Marinho e de sua Rede Globo, o caçador de marajás de Alagoas. Mas isto a gente conta no próximo texto.

CONTINUA...........

terça-feira, agosto 01, 2006

EL COMANDANTE FIDEL


Fidel Castro adoece, será que com ele adoecerá a Revolução?. Cuba é exemplo de resistência a uma perseguição Imperialista, que dura 47 anos.

Não há na ilha indícios de relaxamento quanto aos objetivos de atingir uma sociedade sem classes e sem miserabilidade.

Fidel cometeu erros, entre eles de não promover maiores liberdades, não de mercado, mas de expressão. Liberdade no campo de classe, nunca para a Burguesia.

O Comandante de Sierra Maestra, esta doente. Dia 26 ultimo, comemorou, os 50 anos do assalto ao Quartel de La Moncada, onde de lá resgataram Fidel e um punhado de armas. Foi com esta ação que tudo teve inicio.

Sou cristão, rezarei pelo restabelecimento de uma das maiores lideranças dos pobres do século XX.