terça-feira, janeiro 31, 2006

POEMAS SOLONARES

TAMBÉM SOU AMIGO DA AMÉRICA

AMÉRICA
eu também sou teu amigo
há na minh'alma de poeta
um grande amor por ti

Corre em mim
o sangue do negro
que ajudou na tua construção
que te deu uma música
intensa como a liberdade

Eu te amo América
porque em ti também
virá a vitória Universal
onde o trabalhador
terá recompensa de labor
em igualdade de vida

Eu te amo América
e lutarei por ti
como o amante luta pela amada

Dou a ti
Minha força de proletário
Minh'alma de artista
Meu coração de guerreiro

Cantarei poemas de exaltação
A tua glória.
Construirei máquinas
Para tua vingança
Marcharei para defender-te.

CANTARES DA AMÉRICA
BLUES / swings / sambas / frevos / macumbas / jongôs

ritmos de angústia e de protestos
estão ferindo os meus ouvidos!...
São gemidos seculares da humanidade ferida
que se impregnaram nas emoções estéticas
da alma americana...
É a América que canta...

Esta rumba é um manifesto
contra os preconceitos raciais
Esta conga é um grito de revolta
contra as injustiças sociais
Este frevo é um exemplo de aproximação
e de igualdade...

Canta América
Não o canto de mentira e falsidade
que a ilusão ariana
cantou para o mundo
na conquista do ouro
nem o canto da supremacia dos derramadores de sangue
das utópicas novas ordens
de napoleônicas conquistas
mas o canto da liberdade dos povos
e do direito do trabalhador...

UM ACHADO

A internet é um maravilhoso caminho ao conhecimento. Infinito e nem um pouco desprezível. Estava navegando a procura de um poema para publicação no Blog. Tem dia que a gente ta sem condições de escrever inéditos. Mas não queria qualquer coisa.

Fui até um site de indicação de minha amiga Kelly Lucchesi, www.ufrgs.br/cdrom, e descobri dois poemas de um poeta que não conhecia. Fui ao pai dos desinformados virtuais, o www.google.com.br, e digitei o nome do autor dos dois textos. Descobri de quem se tratava.

Solano Trindade é pernambucano, e nasceu em 1908 no Recife. Tornou-se ativista no combate ao racismo. Na luta contra a discriminação, Solano ajuda a criar várias organizações negras e teve nesta luta à companhia de ilustres lutadores da causa, como Abdias Nascimento e Haroldo Costa.

Foi na arte que encontrou sua forma de expressar as dores e alegrias deste mundo. Chegou a ser comparado com escritores e poetas revolucionários de sua época como Nicolas Guilhem (cubano) e o Americano Langston Hughes.

Filiou-se ao Partido Comunista na década de 40, onde a célula Tiradentes, reunia-se em sua casa. Por sua militância foi perseguido, preso e torturado pelo governo do General Dutra na década de 50.

No teatro fundou ao lado da esposa e do amigo Edison Trindade o TPB-Teatro Brasileiro Popular-, ainda nos anos 50. Nos 60, trabalhou em filmes como Augusto Matraca e espetáculos teatrais como "GIMBA", de Gianfrancesco Guarnieri.

Viveu durante anos em Embu, aonde lá veio a falecer. Gostei de seus escritos e de sua História. Passo a conhecer mais um Herói brasileiro, que a História oficial, insiste em esconder. Acima posto dois poemas que retratam a visão de Solano sobre a América Latina. Os textos foram publicados em 1992, na coletânea "Poesia Negra Brasileira".

segunda-feira, janeiro 30, 2006

A CRISE DE ELABORAÇÃO TAMBÉM LEVA AO ESQUERDISMO

No segundo texto da série sobre a crise das esquerdas Brasileiras, levantei a polêmica da ausência de elaboração da militância. Detectei grupos no PT, os quais analiso neste trabalho que construíram teses, nenhuma decisiva para mudança de estrutura do sistema capitalista, mas que de alguma forma ajudaram e ajudam no aprofundamento da crise e não na busca de saídas e soluções.

Não quero deixar de admitir a importância destas tendências na construção de uma proposta diferente de se fazer política. Mas que se esgotou em 1989. Falei da corrente majoritária, hoje falo da chamada esquerda do PT. Estas tendências sempre estiveram no interior do Partido desde seu nascedouro.

Algumas são anteriores ao PT, como o Trabalho, corrente da IV Internacional Comunista, a Trotskista. Outras se formaram ao longo dos 26 anos de vida do PT. Algumas inclusive dissidência de outra da própria esquerda ou até da corrente majoritária. A configuração de todas elas iniciou-se em concepção de organização partidária.

Algumas defendiam um partido de quadros e menos de massa, onde os quadros centralizavam a elaboração e a massa seguia sob o aconselhamento das lideranças. A corrente O trabalho, e as Convergência Socialista (Hoje no PSTU) e a Causa Operaria (Hoje no PCO). Com menor centralização, mas adepta a esta concepção a Democracia Socialista, também integrante da IV Internacional. Estas citadas são chamadas no interior da esquerda, como tradicionais e até velhas ao aplicar a centralização ou centralização democrática, aplicada desde 1922 pelo velho Partidão e por sua dissidência o Pcdob.

Correntes oriundas da igreja, rachas da Articulação, como a AE (Articulação de Esquerda) e outras nascentes de movimentos populares e regionais, caracterizam por forte penetração nas lutas populares, mas com uma direção interna, que elabora muito pouco do ponto de vista da política estratégia, resumindo a assuntos localizados ou a luta interna.

Estas tendências não obtém nenhum mecanismo que centralize as decisões, bem como sua execução. Discute-se e aplica-se quem for extremamente disciplinado ou se for conveniente. A outras configurações entre as esquerdas petistas, mas que pelo tamanho de seus agrupamentos, não incidem diretamente na conjuntura da vida militante.

Estas correntes em comum tem o fato de defender um Socialismo, sem propriedade privada, com total controle dos meios de produção por conta dos trabalhadores. Outro ponto de unificação é a democracia interna e o pluralismo de idéias, dois pontos que a corrente majoritária procurou destruir, em suas constantes praticas de maioria.

A esquerda do PT, embora na retórica posta de moderna, não apresenta em seu cotidiano nada elaborado que oriente a militância a enxergar saídas para este momento de crise.

Enquanto critica o institucionalismo da corrente majoritária, prepara-se para disputar eleições e não larga o osso das instituições que controla que mantém os mesmos vícios e defeitos originários da burocracia.

O discurso condena as alianças sem critérios e espúrias. A pratica aponta uma inércia em buscar aliança com os pobres e marginalizados. O discurso condena a burocracia e o afastamento dos movimentos sociais. A prática denuncia o mesmo. O discurso condena o eleitorismo. A pratica lamentavelmente grita o mais do mesmo.

As esquerdas do PT sofrem de uma doença que ela mesma denunciou no passado e que Lênin, se não me foge a memória condena em uma de suas obras.

O esquerdismo afasta das massas, e proíbe pensar para elaborar. Cria bons oradores do discurso alheio. Não leva ao Socialismo.

OBS: Próximo Texto- Como o PCB superou sua crise de 1935?

domingo, janeiro 29, 2006

MEUS VINÍS XVII


MILAGRE DOS PEIXES

ARTISTA: MILTON NASCIMENTO

ANO: 1973

PRODUÇÃO: MILTON MIRANDA

DIREÇÃO MUSICAL: MAESTRO GAYA

MÚSICOS (DESTAQUES) : RADAMÉS GNATALLI (Arranjos e Regência na faixa “Tema dos Deuses”), PAULO MOURA (Sopro e Arranjos de Metais), Nana Vasconcellos (Percussão e Vocais ) Clementina de Jesus (Voz na Faixa “Escravos de Jó”) e a Turma do Clube da Esquina: Wagner Tiso, Nelson Ângelo, Novelli e outros.

GRAVADORA: EMI ODEON

MÚSICAS

LADO 1
ESCRAVOS DE JÓ- (Milton Nascimento e Fernando Brant)

CARLOS, LÚCIA, CHICO E TIAGO- (Milton Nascimento)

MILAGRE DOS PEIXES- (Milton Nascimento e Fernando Brant)

A CHAMADA- (Milton Nascimento)


LADO 2

PABLO Nº 2- (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)

TEMA DOS DEUSES- (Milton Nascimento)

HOJE É DIA DE EL REY- (Milton Nascimento e Marcio Borges)

A ÙLTIMA SESSÃO DE MÚSICA- (Milton Nascimento)




COMENTÁRIOS

Este é mais um trabalho de Milton Nascimento com a turma do Clube da Esquina. Milagre dos Peixes é o segundo disco após o sensacional “Clube da Esquina”, de 1972. Milagre viria a ter uma continuação, que é o disco ao vivo de 1974. Comprei este bolachão nos anos 90, quando ainda não tinha sido lançado em CD. O disco é em homenagem a atriz Leila Diniz, morta um ano antes e ao cantor Agostinho dos Santos, uma das influências de Bituca (apelido de Milton). Ambos morreram em acidente de avião. Obra obrigatória, para quem quer conhecer o que é música da boa, de vanguarda e brasileira. LP quase todo instrumental e vocalize, onde Milton brinca com sua voz, trabalhando inúmeros efeitos. Apenas uma canção , contem letra: Milagre dos Peixes. Destaque para todo o trabalho, mas com uma pequena vantagem para “Escravos de Jó” que tem a participação espetacular de Clementina de Jesus. Na edição em CD, há a inclusão de três faixas: Cadê (Ruy Guerra e Milton Nascimento), Pablo (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), e Sacramento (Nelson Ângelo e Milton Nascimento). Não sei porque na versão que tenho em vinil, elas não fazem parte.






COMO SERÀ A FACE DE DEUS?

Matava a fome junto a minha companheira
Chamou minha atenção um Pai com duas crianças
Uma no colo e outra no chão conduzida pelas mãos
Cena comum, mas linda.
As duas crianças sorriam ao brincar com o genitor
Eu fiquei admirando o momento
E no curto espaço de tempo
Uma indagação saiu de minha boca.
Disse a minha esposa:
Se DEUS tivesse formato humano
Entendo que deveria ser de uma criança
De uns 3 ou 4 anos, quando a inocência ainda impera,
Arremata minha cara metade.
Ficamos alí construindo teses:
Uma criança guarda até os 5 anos
Uma pureza e sensibilidade
Que quando adulta, dificilmente preserva
pois a vida "moderna" e egoísta, suga estes valores.
Penso que DEUS, por ser de bondade e justo
Nada mais correto e fantastíco
que sua forma fisíca
fosse de uma criaturinha santa
e sem pecado.
Mas acredito que aja vida
no Universo, as quais tenham o mesmo
Amor de DEUS
E DEUS não faz distinção e nem excluí.
Portanto pensar ou desejar
que o criador tenha face
humana? È muita pretensão.

sábado, janeiro 28, 2006

MEUS VINÍS XVI


VAMOS POR AÍ

ARTISTA: SÁ E GUARABIRA

ANO: 1990a

PRODUÇÃO: GUTI PRODUÇÕES

DIREÇÃO MUSICAL: SÁ, GUARABIRA, EDUARDO SOUTO NETO, RICARDO CRISTALDI E TAVITO CARVALHO

MÚSICOS (DESTAQUES) : TAVITO (Guitarra, Voz e Arranjos), ULISSES ROCHA (Violão na faixa “Estrela Natureza”), Artur Maia (Baixo na faixa “Quem saberia perder”) Ivan Lins (Teclados na Faixa “Quem saberia perder).

GRAVADORA: ELDORADO

MÚSICAS


LADO 1
ZRIGUIDUM TCHAN- (Sá & Guarabira)

MEU LAR È ONDE ESTÃO MEUS SAPATOS- (Sá & Guarabira)

ABRE ESSA PORTA- (Sá & Guarabira)

QUINTINHO E ZÉ MARIA- (Sá & Guarabira)

VAMOS POR AÍ- (Sá & Guarabira)

LADO 2

VOCÊ SE LEMBRA?- (Sá & Guarabira)

ATRÁS POEIRA (Ivan Lins e Victor Martins)

ESTRELA NATUREZA- (Sá & Guarabira)

QUEM SABERIA PERDER- (Sá & Guarabira)

BARULHOS- (Sá & Guarabira)


COMENTÁRIOS

Conheci pela primeira vez o trabalho de Sá e Guarabira em 1977, com a canção Sobradinho, que soube depois que foi feita em homenagem ao povos da cidade que leva o titulo e Remanso e Pilão Arcado, municípios baianos, que foram inundados pela barragem para energia elétrica, mais um elefante branco da Ditadura Militar, que não terminou até hoje. Pais do chamado Rock Rural, juntamente com Zé Rodrix, compuseram para vários nomes da MPB. Sá é carioca e Guarabira baiano. Emplacaram mega sucessos televisivos, como Roque Santeiro, Dona, Harmonia e outros. Este LP em particular é fraco, mais do mesmo. Não tem nenhuma novidade e foi na época um fracasso de vendas. Embora tenha grandes músicos em sua composição. Entre eles, Tavito, compositor de pérolas como Casa no Campo com Zé Rodrix e Rua Ramalhete. Destaque apenas a faixa titulo..






A CRISE DE ELABORAÇÃO DAS ESQUERDAS

No primeiro post sobre a crise da esquerda brasileira, comento que temos tido uma ausencia tremenda de elaboração que aponte novidades rumo a transformação.
Desde o final do regime militar, o que temos acompanhado, são construções teóricas que levam ou ao reformismo ou a capitulação ou ao esquerdismo, sem conseguências.
Nenhuma destas teses apontam ou apresentam elementos novos, capazes de promover mudanças radicais na estrutura capitalista de dominação.
A tendencia majoritária no interior do PT, desenhou desde os anos 80 do século passado, a tese do aprimoramento da institucionalidade, disputando-a, acreditando ser possível com um conjunto de políticas paliativas e reformistas, alterar o jogo de forças na sociedade Brasileira. Tal concepção prega como ação diária o pragmatismo ou seja, fazer o possível, alem de defender sem nenhuma vergonha uma tática de alianças ampla e irrestrita.
Ao longo da década de 80, este mosaico foi trabalhado com muito cuidado junto a corações e mentes da militancia engajada no Partido e nos movimentos sociais.
A tese do possível e paupavel, sobrepôs ao do construir consciências socialistas e de alteração total nas estruturas de poder. Internamente esta forma era e é garantida com o estreitamento da democracia, com a exclusão de quem pensa e age diferente.
Esta peça trabalhada há no minimo 20 anos atrás, promove principalmente no PT, um processo de institucionalização de seus dirigentes e militantes. As lutas diretas e os movimentos sociais, são abandonados ou cooptados por esta lógica que desconsidera a utopia de um mundo novo, onde quem produz será efetivamente dono dos meios de produção.
A configuração do governo Lula, desde sua vitória em 2002, até o presente momento, aponta para o sucesso desta teoria. Porém ela não apresenta nenhuma novidade, apenas um aprimoramento e correção de erros (em tese), do praticado por outros agrupamentos de esquerda ao longo da História.
O massacre do PC Italiano um pouco antes da segunda guerra, pelo facismo, é um exemplo do erro. Stalin o todo poderoso, ordenou que os PCs no mundo inteiro, fizessem alianças com a chamada Burguesia Nacional para derrotar Hitler e Mussolini. Na Italía os trabalhadores estavam próximos de tomar o poder e construir o Socialismo. A aliança Stalin/Burguesia exigiu a entrega das armas ao comando aliado. Desguarnecidos, os comunistas e socialistas, foram dizimados pelo inimigo.
Dizimado quase o foi o PT e o governo Lula, fruto de erros nesta política de conquistar a conta gotas e tolerar o grande capital.
Obs: Próximo texto- A Crise de Elaboração também leva ao Esquerdismo.

terça-feira, janeiro 24, 2006

UM CICLO FECHOU. OUTRO DEVE SER ABERTO

Conversando com meu amigo Jonas Beltrão, ao qual não o via há 11 anos,afirmei que cada vez mais me convenço de que o ciclo para as esquerdas Brasileiras aberto em meados dos anos 70, esta esgotado, desde as eleições de 1989.

Este esgotamento, arrastou-se por toda a década seguinte, sendo reconhecido por alguns, aproveitado por outros e desconhecido pela imensa maioria da militância Brasileira. Vejo que é preciso repensar nossa pratica, nossas ações.

Não é possível continuar em um continuo processo de burocratização, de constante afastamento e institucionalização dos movimentos populares e sociais. A neoliberalização do Governo Lula é fruto de uma crise de projetos que assola as esquerdas desde a derrubada do muro de Berlim e do fim das referencias. A partir daí um pouco ou quase nada elaborou-se.

Alias as esquerdas não elaboram, há muito tempo. A crise de perspectivas parece que congelaram as mentes e os corações da militância combativa. Os que abandonaram a luta socialista, sem duvida elaboram para manter o sistema de dominação e seus privilégios.

Mas os que ainda intitulam-se socialistas, não conseguem apresentar alternativas ao pragmatismo e ao entreguismo. A crescente institucionalização de nossas lideranças, faz com que o interesse pelo estudo, pelo debate franco, aberto, torna-se peça de museu. A elaboração com ações que levem a volta a lutas populares e ao meio popular, é descartada e considerada segundo plano. O eleitorismo, passa a ser prioridade, tudo gira em torno do sufrágio eleitoral.

O olhar na História comprova que as esquerdas só resolveram suas crises, fechando ciclos e apresentando novidades para um novo ciclo. Para isto sempre foi necessário reconhecer a existência de crises, avalia-la, sugar os acertos, enterrar os erros e fechar o ciclo.

A dificuldade de fechamento desta etapa de nossa História, esta exatamente, em localizar e aceitar a crise e mais para poder elaborar políticas táticas e estratégicas que levem ao novo.

Esta é uma das maiores crises dos últimos 50 anos. Maior que a deflagrada com o massacre da ditadura após o AI5 (Ato Institucional) em 1968 as organizaões de esquerda.

Não reconhecer este momento é estar indo para o campo e braços do inimigo ou total ausência de instrumentos do materialismo Histórico Dialético, para compreender o que estamos passando. Vou daqui para frente postar textos sobre esta crise.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

POVO BOLIVIANO ELEGE EVO MORALES - UM AYMARA NA PRESIDÊNCIA

por Elaine Tavares

Quem já viu o povo o povo boliviano em rebelião sabe o que significa a vitória
de Evo Morales, neste dia 18 de dezembro, nas urnas de todo o país.O rosto
aymara, quadrado e de nariz majestoso, é um pouco a cara de cada um daqueles homens e mulheres que ao longo de mais de 180 anos de república vêm ensaiando esse momento de assumir, de verdade, o mando do país. Pela primeira vez, em toda a história da Bolívia, um muito digno representante da gente autóctone se faz presidente da nação com mais de 50% dos votos.

Portanto, sem passar pela votação do congresso, apenas pela mão das gentes.Por isso, pelas ruas, o que mais se vê é uma alegria sem igual e o balançar da sagrada "wiphala", a bandeira multicolorida que representa a nação aymara-quéchua.
"Uma outra América está em marcha", dizem os mais entusiasmados, enquanto outros recomendam: "Ojo!", que no linguajar latino-americano significa olho muito vivo. Enquanto isso, nos EUA, alguns tremem.

Quem é o novo presidente
Evo Morales nasceu em 29 de outubro de 1959, na pequena comunidade de Isallavi, distrito de Oruro, a mítica cidade mineira. Mas, sua família era de camponeses.
Durante toda a infância foi pastor de lhamas e amargou a vida dura de quem
habita as áreas rurais. Os pais Dionísio e Maria tiveram sete filhos, dos
quais apenas três sobreviveram. Destes tempos no ayllu (comunidade) Evo lembra das vezes em que a fome apertava e ele partia, com o pai, para buscar, bem longe, a farinha de milho que seria repartida entre todos no ayllu. Nestes
longos trajetos entre Oruro e Cochabamba, o pequeno aymara recolhia as cascas de laranja que os viajantes jogavam pelas janelas dos barcos, e que ficavam pela beira da estrada. Era o que lhe matava a fome. Naqueles dias sonhava em ter uma vida melhor para ele e os seus. Mas, no altiplano, tudo parecia muito distante.

Por outro lado, o garotinho já fazia das suas na escola. Era um diferente.
Convocado pela professora a desenhar um burro ele o desenhou e pintou de
vermelho, amarelo e verde. Foi motivo de riso por meses, mas sustentou sua
cria. Com 13 anos criou um clube de futebol, o Fraternidad, e junto com o
pai, tosquiava as lhamas para garantir dinheiro para a compra de bolas e
uniformes. Com 16, já era o técnico da seleção do distrito.

A mudança para Chapare, na região de Cochabamba, foi um passo importante
para o jovem que já havia servido ao exército. Queria estudar, tinha ganas
de fazer sempre mais. Mas, foi uma notícia cruel que dirigiu sua vida para
o rumo do sindicato. Era o governo de García Meza e, em Chapare, se soube
da história de um sindicalista que tinha sido queimado vivo. Aquilo serviu
para que a indignação se transformasse em ação e com outros jovens criou
grupos de apoio ao sindicato. Não demorou muito e lá estava ele, diretor,
fazendo a luta. Em pouco tempo já era uma liderança nacional, sempre enfrentando o debate sobre o direito de os autóctones cultivarem a coca, planta ancestral que praticamente sustenta as gentes do altiplano andino. "Quem inventou a cocaína não foram os aymaras, nem os quéchuas. O branco fez isso e agora quer destruir nossas plantações. Isso nunca!"

A política sempre foi seu espaço e esta não é a primeira vez que concorre
à presidência. Esteve no páreo quando o vencedor foi Sanchez de Lozada, o
"gringo" que foi defenestrado pelo povo em 2004. Desta vez, mesmo com a vergonhosa campanha anti-Evo feita pelos meios de comunicação de massa, o povo boliviano decidiu olhar-se no espelho e perceber que sim: podia! E foi por isso que durante todo o domingo, aymaras, quéchuas e mesmo os brancos enfrentaram as longas caminhadas pelos vazios bolivianos na busca do sonho de, finalmente, governar o país a partir de uma "mirada" diferente. Com quase 70% de população autóctone, a Bolívia quer ver ascender um novo jeito de governar, sob a marca de "Awyayala", a grande pátria originária. Evo Morales é essa promessa.

Os desafios a enfrentar
República desde 1825, a Bolívia não tem sido um país fácil de governar.Invadida e acossada pelo homem branco desde a conquista, mesmo a liberdade foi dura.
As guerras de libertação de Espanha ceifaram muitas vidas e foram conduzidas
pelos chamados "criolos", brancos nascidos no continente. Quando deixou de
ser colônia passou para a mão dos latifundiários, caudilhos e gente do dinheiro.
Nunca esteve sob o controle das gentes trabalhadoras. Apenas num breve período, no primeiro governo de Paz Estessoro, essa possibilidade se abriu e algumas conquistas foram alcançadas. Mas, o corrente são as ditaduras, os governos autoritários e os oportunistas.

É certo que cada um deles foi enfrentado com valentia pelos bolivianos. Desde
1825 o país já passou por mais de 200 golpes de Estado, rebeliões e conflitos.
E, em cada uma dessas situações o que mais se viu foi a força das gentes,
enfrentando fuzis, balas, fechando estradas, balançando as bandeiras e chutando para fora do governo aqueles que não cumpriram as promessas. Evo Morales é cria desse povo. Já enfrentou tudo. O preconceito, a discriminação, a prisão.

Agora é presidente e tem nas mãos um grande desafio. A América Latina se
levanta, quer recolocar em questão o que Hugo Chàvez, da Venezuela, chama
de "outra integração", porque de uma cor diferente, fora da área de influência
das cores do Tio Sam. Vai ser a hora de provar se o povo boliviano está mesmo representado nele.

"Votamos a vida toda, mas nunca elegemos. Agora sim, elegemos!" Essa é a
frase que ribomba na cabeça das gentes. E isso é uma tremenda responsabilidade.
No Brasil, o povo brasileiro passou por isso. Elegeu Lula e tem sofrido com
suas constantes guinadas neoliberais. Da mesma forma, há receios na Bolívia.
Quem pode saber o que vai acontecer? Se os Estados Unidos não vão interferir, como sempre fazem, acusando de alguma fraude ou usando seu argumento mais manjado: a falta de democracia. É, porque quando um povo, pobre, marginalizado e desprezado se levanta, sempre há quem ache que é preciso recoloca-lo em seu lugar de subserviência. Esta vai ser sempre uma ameaça.

Mas, por enquanto, na Bolívia, tudo é festa. A cara quadrada, de nariz majestoso, está em todos os jornais, nas ruas, nos bares. As gentes se olham no grande espelho e vêem-se refletidas, filhas de "awyayala", iguais. É, sem dúvida, um novo tempo. O gás, a integração latino-americana, a nacionalização das empresas mineradoras, a assembléia popular constituinte, os problemas da privatização da água, as questões dos camponeses, tudo isso e muito mais,
ficam para mais tarde. Agora é hora do ágape, da celebração da profecia de
Tupac Katari, o aymara que foi esquartejado por lutar pela liberdade: "Hoje
apenas matam a mim. Mas, amanhã, voltarei.

E serei milhões". Assim é! Pachacamak (o ser supremo) vibra, e Evo Morales promete: "vou mandar na Bolívia obedecendo ao povo".
Uma nova América pode, sim, estar em marcha.

Elaine Tavares é jornalista.

A BOLIVIA SOCIALISTA?

Postei um texto acima publicado inicialmente no correio da Revista Caros Amigos. O conteúdo fala da História recente do País de Evo Morales, da vida do Presidente empossado, traça um perfil do mesmo e das esquerdas. No final aponta desafios.

Super interessante, vale a pena ler. O correio Caros Amigos é publicado apenas no site da revista www.carosamigos.terra.com.br , ou quem é cadastrado recebe por email. Leia e tire suas conclusões, apesar de ainda ser cedo. Eu estou apostando.

domingo, janeiro 22, 2006

MEUS VINÍS XV


MERCEDES SOSA

ARTISTA: MERCEDES SOSA

ANO: 1984

PRODUÇÃO E DIREÇÃO MUSICAL: MERCEDES SOSA, DANIEL GRINBANK, FABIAN MATUS.

MÚSICOS (DESTAQUES) : ARIEL RAMIREZ, CHARLY GARCIA E MARGARITA PALACIOS.

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: MILTON NASCIMENTO NA FAIXA “INCONCIENTE COLECTIVO”.

GRAVADORA: PHILIPS

MÚSICAS

LADO 1
LA MAZA, ““Canción”- (Silvio Rodríguez)

CORAZON MALDITO, “Sirilla Canción”- (Violeta Parra)

MARIA, MARIA “Canción”- (Letra: Fernando Brant- Música: Milton Nascimento)

TRIPTICO MOCOVI, a) En la tierra Mocoví (Aire Indio); b) Mocoví esperando (Canción); c) Solo ceniza quedando (Milonga)- (Letra: Guichê Aizemberg- Música: Ariel Ramirez)

INCONCIENTE COLECTIVO “Cancion”- (Charly Garcia)

LADO 2

UM SON PARA PORTINARI “Marinera”- (Letra: Nicolas Guilén- Música: Horacio Salinas )

TONADA DEL OTONO “Tonada”- (Letra: Jorge Sosa- Música: Damian Sanches)

SIMPLEMENTE LUZ “Zamba”- (Letra: Hugo De Sanctis- Música: Hugo De Sanctis e Jorge Berchessi)

ME VOY PA`L MOLLAR- a) Me Voy pa`l Mollar “Vidala” Fragmentos- (Margarita Palacios); b) El Jardín del olvido “Vidalita Chayera”- (Recopilación de Margarita Palacios); c) Vidita “ Vidala” Fragmentos- (Margarita Palacios); d) El tinkunako “Tradicional Riojano” Fragmentos; e) Mi negra “Baguala” Fragmentos- (Letra: Cacho Valles- Música: Carlos Lastra); g) Me Voy pa`l Mollar “Vidala” Fragmentos- (Margarita Palacios)

UNICORNIO “Cancion”- (Silvio Rodriguez)

EL CONDOR VUELVE “Cancion Latinoamericana” Fragmentos- (Letra: Armando Tejada Gómez- Música: Eduardo Aragón)



COMENTÁRIOS

Mercedes Sosa foi durante 3 décadas (60/70/80) a embaixatriz da música latino americana de protesto e de resgate da cultura dos povos da América. Neste belo disco, e4ncontra-se todos os estilos e ritmos do Continente de Zumbi e Simon Bolívar, em letras e música de compositores com Silvio Rodriguez e a grande Violeta Parra. Dos mais contemporâneos, Mercedes convocou Charly Garcia, Margarita Palácios e os Brasileiros Milton Nascimento e Fernando Brant. Alias o destaque do LP, é exatamente a faixa “Inconciente Colectivo”, que tem a participação de Milton nos vocais. Este trabalho é tão belo que traz um poema de Nicolas Guillén, poeta Cubano que mesclava a poesia social e revolucionária, com a lirica e de raízes africanas. Disco para todas as gerações, em particular as que não conhecem a América de todos os sons e ritmos.






CINCO MULHERES

- O inimigo principal, qual é? A ditadura Militar? A burguesia Boliviana? O imperialismo? Não, companheiros. Eu quero dizer só isso: nosso inimigo principal é o medo. Temos medo por dentro.
Só isso disse Domitila na mina de estanho de Catavi e então veio para La Paz, a capital da Bolívia, com outras quatro mulheres e uma vintena de filhos. No Natal começaram a greve de fome. Ninguém acreditou nelas. Vários acharam que esta piada era boa:
- Quer dizer que cinco Mulheres vão derrubar a ditadura?.
O sacerdote Luis Espinal é o primeiro a se somar. Num minuto já são mil e quinhentos os que passam fome na Bolívia inteira, de propósito. As cinco Mulheres acostumadas a fome desde que nasceram, chamam a água de frango ou peru, de costeleta o sal, e o riso as alimenta. Multiplicam-se enquanto isso os grevistas de fome, três mil, dez mil, até que são incontáveis os bolivianos que deixam de comer e deixam de trabalhar e vinte e três dias depois do começo da greve de fome o povo se rebela e invade as ruas e já não há como parar isto.
Em 1978, as cinco mulheres derrubaram a ditadura militar.

TUDO COMEÇOU COM DOMITILA

Evo Morales, o Indio Camponês que venceu em primeiro turno as eleições Presidencias na Bolivia, esta tomando Posse hoje. È festa na Bolivia, que viveu terriveis regimes, de militares a ditaduras de familias e grupos.
Mas não vou falar de Evo, o qual a grande imprensa encarregará de falar o minimo e os alternativos o máximo. Quero falar de um personagem que fui ter contato nos anos 80 do século passado. Na verdade com seu livro "Se me Deixam Falar...". Obra testemunho de uma mulher sindicalista, que mudou a vida dos Bolivianos e que derrubou uma ditadura militar, uma das varias que os bolivianos tiveram que enfrentar.
Me refiro a Domitila Barros Barrios de Chungara, hoje com 65 anos e ainda fiel seguidora da COB-Central Operária Boliviana- uma das mais combativas da América do Sul. Domitilla, igualmente ao Presidente Evo, é Indía e Camponesa.
O Escritor e Jornalista (As Veias Abertas da América Latina), Eduardo Galeano escreveu dois curtos textos sobre Domitilla e sua luta no livro "Mulheres" da editora L&PM, ao qual descrevo um deles no post acima como homenagem deste blog ao povo boliviano e porque não a Amèrica, India, Negra e Mestiça, por mais esta vitória, que teve como acumulo outras, bem como derrotas também.

sábado, janeiro 21, 2006

A CAMPANHA DO DISCO IMYRA, CONTINUA

Amanhã toma posse em La Paz, capital da Bolivia, o cocaleiro e indío Evo Morales. Sindicalista e de esquerda, morales estará a partir de sua posse renovando as esperanças do povo Latino Americano, por dias melhores, falarei mais dele amanhã.
Mas se Taiguara estivesse junto a nós, com certeza estaria vibrando com mais esta vitória das forças populares contra o imperialismo. Toda sua vida e obra, foi dedicada a este continente.
O disco "Imyra, Tayra, Ipy", de 1976, é todo dedicado a nossa gente e a luta pela libertação de nosso povo. Acesse o site www.http://www.imyra-tayra-ipy-taiguara.com. , que leia as letras das composições fantasticas. Vamos continuar na luta pelo direito a comercialização da obra no Brasil.

MEUS VINÍS XIV


MARIA BETHÂNIA E CAETANO VELOSO AO VIVO

ARTISTA: MARIA BETHÂNIA E CAETANO VELOSO

ANO: 1978

PRODUÇÃO E DIREÇÃO MUSICAL: PERINHO ALBUQUERQUE

MÚSICOS (DESTAQUES) : ROSINHA DE VALENÇA (VIOLÃO), JAMIL JOANES (BAIXO), PAULINHO BRAGA (BATERIA) .

GRAVADORA: PHILIPS

MÚSICAS

LADO 1

TUDO DE NOVO- (Caetano Veloso) Interprete: Maria Bethânia e Caetano Veloso

CARCARÁ- (João do Vale e José Candido) Interprete: Caetano Veloso

JOÃO E MARIA- (Chico Buarque e Sivuca) Interprete: Maria Bethânia e Caetano Veloso

NÚMERO UM- (Mario Lago e Benedito Lacerda) Interprete: Caetano Veloso

MARIA BETHÂNIA- (Capiba) Interprete: Caetano Veloso

O QUE TINHA DE SER- (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) Interprete: Maria Bethânia

LADO 2

O LEÃOZINHO- (Caetano Veloso) Interprete: Maria Bethânia

MEU PRIMEIRO AMOR (Lejania)- (H. Gimenez, Versão: J. Fortuna e Pinheirinho Jr.) Interprete: Maria Bethânia e Caetano Veloso

FALANDO SÉRIO- (Mauricio Duboc e Carlos Colla) Interprete: Maria Bethânia

REINO ANTIGO- (Rosinha de Valença e Maria Bethânia), ADEUS MEU SANTO AMARO- (Caetano Veloso) Interprete: Maria Bethânia e Caetano Veloso

MANINHA- (Chico Buarque) Interprete: Maria Bethânia e Caetano Veloso

DOCE MISTÉRIO (Ah! Sweet Mystery Of Life)- (V. Herbert- Versão: Alberto Ribeiro) Interprete: Maria Bethânia e Caetano Veloso



COMENTÁRIOS

Desde que tornaram-se artistas profissionais, Caetano e Bethânia, nunca fizeram disco ou Show somente os dois. Ocorreram projetos como “Os doces Bárbaros”, dois anos antes com os outros baianos, Gil e Gal. Este LP é resultado do Show homônimo que reuniu os dois manos. O branco predominou no espetáculo, junto a colares e pulseiras típicas do candomblé, fé mística de Bethânia. A gravação teve a presença magnífica de Rosinha de Valença no violão. Destaques do trabalho, ao qual tem mais a cara da mana do que do mano, a perfeita interpretação de Bethânia para Leãozinho, em minha opinião a melhor feita até hoje. Outro destaque a faixa que abre o disco, e que serviu como música de trabalho, “Tudo de Novo”. Mas a que emplacou naquele ano foi a versão cascatinha e inhana, feita por Bethânia e Caetano para “Meu Primeiro Amor”, do Zé Fortuna. O disco foi lançado em CD para o projeto Todo Caetano (2002), que teve a direção na reedição do Titã Charles Galvin. Para saber mais acesse o site de Caetano:
www.caetanoveloso.com.br .





sexta-feira, janeiro 20, 2006

DECEPÇÃO É:

Ver fome todo dia

Ver morte todo dia

Ver traição todo dia

Ver pessoas fazendo o mais do mesmo todo dia

Ver meu time perder todo dia

Ver políticos ladrões todo dia

Ver a falta de iniciativa de alguns todo dia

Ver garotos e garotas nas drogas todo dia

Ver mercenário todo dia

Ver gente se dizer DEUS todo dia

Ver que meus textos são ruins todo dia

Ver que tenho que injetar insulina no corpo todo dia

Ver tanta merda todo dia e poder fazer quase nada.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

UM HAI KAI DO LEMINSKI

“Ainda ontem

convidei um amigo

para ficar em silêncio comigo



ele veio

meio a esmo

praticamente não disse nada

e ficou por isso mesmo”



(A arte do chá- Paulo Leminski)

EPILOGO DO POEMA: DOIS LADOS DA MOEDA

EPILOGO DAS DUAS PARTES

A Paz pode não ser
Um estado de espírito

Pode não ser uma realização
Apenas individual

A Paz pode não ser infinita
E duradoura

A Paz pode ser a linha do horizonte
O Nirvana sonhado e esperado
Pela humanidade.

Porem a Paz não é uma bala perdida
Ou um chefe de estado louco e belicista.

A Paz não é ódio e amor obsessivo
A Paz também não faz distinção.

A Paz não pode significar o fim
Mas o objetivo a ser perseguido.

A Paz pode ser Deus ou não
Pode ser religião ou não.

A Paz só não pode separar
Matar, torturar e explorar.

A Paz pode muito bem
Existir para repartir

A Paz pode ser Rock In Rool
Ser Samba e Blues, todos os sons

A Paz pode ser branca, azul ou vermelha
Todos as cores, todos os tons

A Paz advir e aí a humanidade
Vai sorrir.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

TAIGUARA: O PASSARO LIVRE

De acordo com Imyra filha de Taiguara, um dos fãs que possui um blog na rede sobre o cantor compositor (www.taiguaralivre.blogspot.com ), o conclama como o Pássaro mais livre do Planeta. Concordo.

Mas esta Ave teve que enfrentar as garras do absolutismo e do totalitarismo. Taiguara teve por volta de 100 canções vetadas pela tesoura da censura militar. Só pra se ter uma idéia no disco Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara procurou diblar a velha senhora.

Assinou o disco inteiro com seu sobrenome Chalar da Silva e sua mulher na época assinou as músicas de maior impacto político: "Público", "Situação" e "Terra das palmeiras", todas escritas por Taiguara.

Ainda por cima o encarte teve que constar que ocorreram problemas de edição no disco, verdadeira mentira ufanistica. Bem vamos engrossar a campanha para que o povo Brasileiro possa ter acesso a uma das obras de um cancioneiro popular da maior envergadura.

Acessem o site: www.taiguara-imyra.com , para maiores informações.

SEGUNDA PARTE DO POEMA: DOIS LADOS DA MOEDA

II

Maria nunca ganhou presente
No Natal, família pobre
Seu sonho era ganhar uma boneca
O dia que isto aconteceu, ela teve
PAZ

Joaquim carregava para o corte
De cana uma verdadeira cruz
Incomodava-o um calo no pé direito
Sabia que só médico dava jeito
O dia em que pode retirar a enfermidade
Viveu finalmente em PAZ

Juliana não brincava com Lucia
Porque era negra e os pais de Lucia não gostavam
De negros
Um dia as escondidas JU e LU
Se encontraram e brincaram
A partir deste dia a PAZ invadiu o coração
Das duas amigas

Carlos sofreu o acidente com 18 anos
Sua companheira é a cadeira de rodas
Desde a fatalidade não conseguia ir ao cinema,
Lá tinha escada para a sala de exibição
Um dia uma rampa foi construída
Carlos vestiu-se de branco
E em PAZ continuou sua vida

Marta apanhava do marido
Um dia sim e outro também
O medo a dominava e aquela situação
Não terminava
Um dia depois de quase morrer
Marta disse: Quero PAZ
e ela veio, com o marido fora de casa.

Jocemar vivia no sertão de Pernambuco
Nunca tinha visto televisão, na sua cidade
Não tinha eletricidade.
Um dia ele iluminou a terrinha
E Jocemar pode ver Regina Duarte
Na telinha instalada na praça da cidade
E aí em PAZ ficou com seu desejo realizado.

Lucia ansiava saber ler e escrever
Queria enviar uma carta pra Zé Teodoro seu noivo
Que mora no Rio de Janeiro.
Um dia aprendeu as letrinhas e escreveu
A palavra PAZ e assim pode
Terminar a missiva com um belo Eu Te amo.

Jurandir não se conformava com
O desaparecimento de Junior seu filhinho de 5 anos
Labutou durante anos atrás do rebento
Lagrimas derramou e humilhações sofreu
Um dia Juninho foi encontrado
Razão que só a busca da PAZ é capaz de explicar.

Rebeca queria abandonar as drogas
Tinha decidido,
Mas os anos de vicio destruíram confianças
E difícil era a recuperação
Um dia ela não agüentou e pediu uma oportunidade
E aí a Paz imperou em sua vida,
Pois incluída foi nas delicias do mundo.

Valdir sofria as mais terríveis privações
Mas a maior delas era a de não poder
Alimentar sua família
A miséria tomava conta do lugar
Um dia sua luta e persistência
O trouxeram um prato
Que saciou a fome e em Paz manteve
Os que ele amava

terça-feira, janeiro 17, 2006

REPATRIAMENTO DA ALMA BRASILEIRA

Continua a campanha para que o disco "Imyra, Tayra, Ipy- Taiguara", seja comercializado no Brasil. Obra gravada em 1975, em plena ditadura foi totalmente censurado, sendo seus exemplares retirados do mercado.

O disco teve arranjos memoráveis, de Wagner Tiso e Hermeto Paschoal. Com músicos de altíssima qualidade, como Toninho Horta e Jaques Morelambum. È acessar o site www.imyra-tayra-ipy-taiguara.com. para entrar na campanha.

DOIS LADOS DA MOEDA

I

Tudo gira em torno da Paz
O patrão quer paz,
Por isto explora o empregado
O empregado quer paz,
Por isto não reclama da exploração

A Paz pode representar enganação
Em nome dela ser humano torna-se ladrão
Ladrão da paz de seu irmão
Aprontando para obter vantagens
De montão

A Paz remonta aos tempos de antigamente
Quando um irmão sentia ciúme dos dotes do outro
E matar era o jeito
Para livrar-se do incomodo e reinar soberano

Soberanamente a Paz foi selada
Com a escravidão negra nas Américas
Para senhores viverem em paz
Negros para a chibata foram
E humilhados por séculos e
Quando a liberdade veio com ela a fome imperou

A paz justificou a inquisição
Invenções de bruxarias e endemoninhados
Foram de praxe para os príncipes da religião
Que para fogueira condenaram Joana a D´Arc
E para o ostracismo Galileu, o Galilei

A Bastilha foi derrubada em nome da Paz
Que não existia aprisionando servos
E Burgueses
Mas com a Paz da Liberté, Egalité, Fraternité
Uma nova classe de senhores surgiu
E com ela uma nova e imensa classe de famélicos
Se formou

Formou-se em nome da Paz conceitos
Tão opostos que agrupam até hoje
Milhares de seguidores, por um ou outro
Capitalismo Versus Socialismo
Nazismo Versus Humanismo
Judaísmo Versus Cristianismo
E por aí afora



A Paz usada foi por tiranos
Que tinham na violência e na intolerância
Sua máxima para exterminar e imperar
O que dizer de Idi Amin Dada, Pol Pot
Ditaduras Militares nas Américas, Caribe e África.

A Paz durante 44 anos viveu
No fio da navalha a espera de um colapso nuclear
Bastava o mundo capitalista contrariar o mundo socialista
Ou vice versa, para a humanidade viver na tensão
Até lenda criou-se
De dois botões, um de cada lado do planeta
Acionados, bum !

A dicotomia da luta do bem contra o mal
Coloca em cena a paz
Como argumento para invadir nações e vidas alheias
Excluir para tomar territórios,
Excluindo com discurso separatista e xenófobo

Enfim, a Paz é vendida de acordo
Com gostos e interesses
Profere-se esta palavra
Para justificar mortes, fome
E toda sorte de desilusão
A Paz torna-se luz para privilegiados
E trevas para a maioria

CONCURSO DE POESIA

Como tinha anunciado em dezembro do ano passado, estava concorrendo no concurso da prefeitura de poesia " A Gruta da Paz", cujo tema central era a PAZ. Não deu para levar nenhum prêmio, mas valeu participar. Publico a primeira parte do texto, haja vista que é enorme pacas no post acima.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

DÁ PRA DURMIR COM ESSA?

Tem militante do PT, dizendo que se sente orgulhoso pelo fato da Ex assessora do Vereador Nelson Caldeiras, ter debandado pelo lados de Silvio Félix e companhia. O orgulho é de que a Ex teria recebido um cargo pela sua competência profissional. Pergunta que não quer calar: Ir para as graças do inimigo não é no mínimo estranho?.

Após passar 365 dias do ano fazendo oposição a este mesmo inimigo?. Outra pergunta que não quer calar: a Ética, o companheirismo, a solidariedade, já não são mais valores de um Partido de Esquerda? Estes Valores devem ser trocados, pelo individualismo, pela deslealdade?. Se o que a ex assessora fez não é traição, o que é então?.

Eu não estou sentindo orgulho deste feito. Sinto é nojo.

O BOM FILHO A CASA TORNA

Estava quente pra boné, como diria um amigo. Transpirava pelas ventas como dizia outro. Achei a igreja maior que da última vez que lá estive. Acho que uns cinco ou seis anos atrás. Maior e terminada.

Aconchegante, embora palpito que necessita resolver o problema de ventilação, os ventiladores espalhados pelo salão, não conseguem dar conta da quentura provocada pelo clima. Estava para ir, já fazia uns 10 dias, mas problemas outros impediram meu encontro com responsável por minha formação política ideológica.

Padre Luís Carlos do Nascimento, é o pároco da Igreja de Santa Isabel, em Limeira. Comunidade de periferia, foi fundada por ele mesmo a exatos 26 anos. Luís Carlos exímio tocador de violão, conhece tudo de Almir Sater e Renato Teixeira, teve formação franciscana e aulas de teologia com o então Frei Leonardo Boff.

Recentemente tornou-se integrante da ordem dos capuchinhos, quando trabalhou no estado de Goiás. Luis foi um dos incentivadores e fundadores do PT de Limeira em 1980. De esquerda e da Teologia da Libertação, Luis Carlos foi responsável pelas posições ideológicas da maioria dos militantes de minha geração.

Ele em minha opinião tinha um problema: era muito impaciente. Ontem constatei que superou este problema. Durante a celebração Eucarística, pude me deparar com um ser humano paciente e carinhoso com seu povo.

Pude observar um Homem preocupado em recuperar o espírito solidário e participativo de sua comunidade, onde para que o individuo seja feliz é preciso que o outro o seja primeiro. Estas são suas palavras, em uma Homilia/Sermão, que me fizeram voltar aos anos 80.

Vi um sacerdote feliz com sua vocação, de ensinar os pobres a terem fé de que com união e organização é possível ter uma vida mais feliz.

Foi assim que formei minha consciência critica e política. Estou torcendo pelo sucesso do Padre Luís Carlos. Vejo que não teremos só sacerdotes ou pastores servindo ao poder de plantão e contribuindo para a desinformação e alienação de nosso povo.

Fui a missa não só para dar um abraço em meu amigo, mas para confirmar sua convicção no Deus da vida e do Amor. Seja bem vindo amigão.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

TAIGUARA VIVE. VIVA TAIGUARA

Recebi uma mensagem hoje, da filha do cantor e compositor Taiguara. Ela postou um comentário, na matéria abaixo. Estou extremamente lisonjeado com a visita de Imyra, este é o seu nome.

Sou fã do Brasileiríssimo, embora Uruguaio de nascimento, Taiguara. Artista que através da poesia, cantava as belezas desta terra e denunciava as injustiças desta terra. Taiguara foi um dos artistas que teve boa parte de sua obra censurada pelo Regime Militar, frustrado exilou-se voluntariamente duas vezes.

Fui conhecer suas músicas em minha adolescência. Universo do Teu Corpo foi à primeira canção, mas "Que as Crianças Cantem Livres", é a minha favorita. Mas me delicio com Carne e Osso, Teu Sonho Não Acabou, Viagem, Hoje, Modinha e tantas outras. Taiguara falava de amor, falava das injustiças do mundo, denunciava as perseguições políticas, por isto foi ele também perseguido.

Imyra esta divulgando na rede uma campanha para a repatriação ou comercialização do Disco "Imyra, Tayra, Ipy- Taiguara". O disco hoje só pode ser encontrado para compra no Japão.

A História do mesmo é que em 1975, foi censurado pelo governo militar e a partir daí a gravadora na época Odeon, alegava que a matriz teria sido perdida, por isto não podia reedita-lo. Mas recentemente descobriu-se a reedição da obra em CD, mas no país do sol nascente, caracterizando a mentira da multi nacional.

Se você quiser saber mais da campanha acesse:www.imyra-tayra-ipy-taiguara.com. Vamos resgatar um patrimônio que é dos Brasileiros. Vamos resgatar e preservar na História a memória de um dos maiores lutadores da liberdade em nosso País. AVE TAIGUARA.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

O PT DE LIMEIRA ESTAVA INFILTRADO?

A esquerda Brasileira, desde seus tempos do Anarco-Sindicalismo, passando pelos Pcs e pelas organizações da luta armada do regime militar, tem Histórias verídicas de infiltrações de agentes do poder de plantão em suas fileiras.

Uma das Histórias mais famosas é a do Cabo Anselmo, agente duplo da ditadura militar que infiltrou-se na organização VPR- Vanguarda Popular Revolucionária-, tendência do Capitão Carlos Lamarca.

Seu nome de batismo é José Anselmo dos Santos, marinheiro de primeira classe obteve este apelido estranhamente pela imprensa brasileira. Durante todo o regime, Cabo Anselmo foi cultuado como um símbolo de resistência e luta pelas esquerdas. Na verdade o agente Kimble (um personagem da serie de TV O fugitivo que mais tarde foi para os cinemas com Harrison Ford no papel do protagonista), codinome ganho pelos agentes da repressão, atuou nas esquerdas como agente duplo, sendo responsável por varias delações que levaram companheiros e companheiras, á prisão, torturas e mortes.

Só nos anos 80 Cabo Anselmo/Kimble, foi desmascarado. Histórias como a do Cabo Anselmo temos inúmeras, das quais poderíamos contar.

Mas a mais recente embora não possa provar, porem as evidencias levam a isto, é a nomeação da Ex Assessora do Vereador Nelson Caldeiras, Elaine Kairalla, para assessora do Prefeito Silvio Félix do PDT.

Sua ida para o time da situação, só pode ter esta explicação. Mudanças de lado são comuns na política brasileira, principalmente na esquerda. Agora a forma como foi feita esta transferência me assustou.

Elaine nunca foi uma militante partidária, que estivesse engajada em movimentos populares e sociais. Sua entrada em nossas vidas, foi para assessorar vereadores. Primeiro o Ex Vereador Mauro Zeuri e no ano de 2005 o Vereador Nelson. Limitava-se então ao trabalho mais de secretária, do que de alguém capacitada a pensar e elaborar política.

Sempre tive preocupação com ela. Seu comportamento sempre me pareceu estranho. Sempre tensa, pouco sabíamos de sua vida, quem era, onde morava, como surgiu entre nós, estas perguntas necessárias para estabelecer-se uma relação de confiança.

Na política é preciso ter mais do que competência profissional (a qual questiono se a mesma possui). A confiança e a convicção ideológica são imprecindiveis.

Acho que o companheiro Nelson errou em ter nomeado alguém que não conhecia com profundidade. Alguém que nunca comungou de seus ideais e que não tinha interesse algum em entender o universo de vida e trabalho do Vereador Nelson. O mesmo foi alertado deste erro, que pode custar caro não só a ele, mas ao PT, pois não se sabe ao certo o quanto de informação esta mulher levou com ela junto aos seus novos patrões.

Ao PT penso que deveria, pedir que a mesma fizesse a sua desfiliação, pois filiou-se como condição para ter o emprego. Caso não o faça acho que o processo de expulsão deva ser preparado.

Não sou mais filiado ao Partido, portanto não me cabe dar tantos palpites. Mas sou de esquerda, e entendo que é preciso repensar nossa política de quadros. Ela não pode resumir-se há critérios que pouco ou nada tem haver com a concepção política do coletivo.

O poder não pode ser encarado como patrimônio do eleito ou de um pequeno grupo. O poder deve ser compartilhado, socializado e solidarizado. Se assim não o for, continuaremos a ter Cabos Anselmos e Elaines.

terça-feira, janeiro 10, 2006

MINHAS PREFERIDAS- A TONGA DA MIRONGA DO KABULETÊ

Mais uma de minha infância. Esta não estava no caderno de letras cifradas do Tio Joaquim. Ouvia esta canção de Vinícius de Moraes e Toquinho no radio, anos após o lançamento da música no disco de 1971, dos dois tendo a participação de Marilia Medalha.

O LP de nome Como dizia o Poeta, emplacou vários sucessos entre eles a faixa titulo e a campeã dos barzinhos Tardes em Itapoá.

Sempre achei que A tonga era uma música que desferia um palavrão ou xingamento, só não sabia porque e quem esta sendo ofendido pelo samba manifesto do poetinha e de Toquinho.

Anos depois soube que o titulo que também é o refrão são na verdade um xingamento da língua Nagô, utilizada muito nos terreiros de Candomblé e Umbanda.

A dupla escolheu esta frase pois estávamos nos anos mais duros da ditadura e a vontade era mandar tudo pra p.... que partiu, mas era cadeia na certa. O veterano sambista Monsueto participa com seu vozeirão nesta canção.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

DOIS GORDOS: SEMELHANTES E DIFERENTES

O que João Gordo, vocalista da Banda de Rock Punk e VJ da MTV Brasil tem de semelhante com o cantor e compositor, um dos pais de Black Music brasileira Tim Maia ?.

Ambos viveram quase toda a vida com uma massa de gordura pesando acima dos 120 Kilos. No caso de João Gordo, antes da cirurgia de estomago que foi submetido no inicio de 2005, pesava 180 Kilos. Tim eu não sei, com que peso terminou sua vida terrena.

Outra semelhança entre os gordos, era a capacidade de desferir palavrões, xingamentos aos montes. João Gordo gosta de falar utilizando palavras de baixo calão. Tim Maia quando conversava normalmente proferia muita gíria de seu tempo ou atualizada.

Mais uma semelhança entre eles, o vicio da bebida. Os dois bebiam (JG após a cirurgia abandonou a bebida e drogas pesadas) demais, apresentavam-se no palco mais do que bêbados alucinados e fora deste mundo. Tim já em final de carreira, ou abandonava o palco, ou nem aparecia ou folgava em sua belíssima banda Vitória Régia. Ela segurava os vocais. João mais moço, usava da bebedeira para suas performances e xingamentos.

Agora as diferenças, são enormes. Tim era gênio na música. João engana, berra e grita. Só. Tim era poeta nas letras. João promove a violência nas composições. Tim desafiava o poder das gravadoras apontando caminhos e saídas. João Gordo adapta-se ao status quo, pois até apresentador de vídeo clipes já foi. Tim passeia por todas as tendências. João é abominado por quase todas.

Estilos diferentes e semelhantes. A dialética é presente no trabalho destes gordos.

Os vi ontem na TV. Tim no DVD Ensaio da TV Cultura. João no programa Silvia Popovich na mesma Cultura. O DVD recomendo comprar para quem não conhece o maior soul humam do Brasil e também para quem conhece para continuar apaixonado pela obra do maior cantor de Black Music deste País. Já a entrevista de João Gordo, recomendo assistir o repeteco amanhã às 18h30min na TV Cultura, mas só de curiosidade.

MINHAS PREFERIDAS- DEBAIXO DOS CARACÓIS

O caderninho com músicas cifradas do Tio Joaquim tinha (ou tem?), uma infinidade de clássicos. Debaixo dos Caracóis, canção de Roberto Carlos e Erasmo Carlos é do Disco Roberto Carlos de 1971.

Uma de minhas preferidas da MPB, bem como da discografia do Rei. Ao contrario de muitos me ligo mais nas músicas de Roberto na década de 70, acho que sua criatividade foi muito mais apurada neste período.

Por exemplo, Debaixo ficou conhecida como uma canção de amor durante toda a ditadura militar. Pensávamos que RC falava de uma mulher, no entanto em seu programa de final de ano na TV Globo em 1991, revelou-se que a música foi escrita em homenagem a Caetano Veloso que na época estava vivendo em Londres na Inglaterra, em conseqüência do Exílio forçado pelo regime militar.

Ao ler a letra temos claro que a intenção era mesmo falar de um exilado. Debaixo dos Caracóis é a 8ª faixa do CD e 2ª do vinil, lançado pelo Rei, em um trabalho que mostrava as incursões de Roberto pela música negra tão em voga naquele momento.

Como sempre o trabalho foi sucesso, e alem de Debaixo outros clássicos estão neste disco: A considerada por muitos melhor música de RC Detalhes, Como Dois e Dois de Caetano Veloso, a soul music Todos Estão Surdos e Amada Amante dele e Erasmo.

Outra gravação bela foi feita pelo homenageado Caetano Veloso no disco Circulado ao Vivo de 1992.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

AS BRUXAS DE MARION

Marion Zimmer Bradley, faleceu em 1999 e ficou conhecida pela autoria de uma das maiores obras de ficção que já li. As Brumas de Avalon.

Trabalhava em Pedreira, no ano de 1995, quando comprei o livro, partilhado em quatro volumes. Li a estória da Inglaterra da passagem do Feudalismo para o Mercantilismo, sobre a ótica das mulheres bruxas, cheias de poderes terrenos e extraterrenos. Meus volumes tem sido lido por varias amigas que tem se deliciado, com esta epopéia feminina e ecumênica.

Recentemente li a última obra de Marion, a qual ela não conseguiu terminar e foi concluída por sua assistente Diana L. Paxson. O livro a Sacerdotisa de Avalon, embora mantenha o tema central que é a Ilha de Avalon, seus poderes e suas mulheres, bem como que a Estória é contada a partir da ótica feminina, nada tem haver com Brumas, não é uma ponte ou uma continuação.

È mais um episódio do santuário de bruxas e feiticeiras que acreditam em um único ser supremo e que é uma mulher. A DEUSA.

Em a Sacerdotisa, o enredo desenvolve-se durante as últimas décadas do Império Romano e a consagração do Cristianismo como a religião oficial do Estado dominante. A ascensão de Constantino o Imperador que teria sido preparado pela Deusa para cumprir a profecia de que todos os povos e suas mais diversas crenças religiosas viveriam em harmonia e solidariedade.

Constantino além de não pregar o ecumenismo e a pluralidade, perseguiu as intituladas crenças pagãs e não cristãs.

Embora esta obra não supere as Brumas, ela mantém o mesmo ritmo, com muita aventura, sexo, ternura, guerras, intrigas e política. Vejo que não apresenta nenhuma novidade, mas trabalha com maior ênfase a tolerância religiosa, política, opção sexual e outras.

Marion morreu deixando este legado de uma terra que pode extirpar a falta de respeito pelo diferente. A idéia de um mundo ariano ou de raça pura, bem como de uma nação do bem e outra do mal é rechaçada na obra desta escritora.

Comprei a Sacerdotisa de Avalon, no sebo da Rua Santa Cruz em Limeira. O livro teve sua primeira edição em 2000 e foi publicado no Brasil pela editora Rocco.

MINHAS PREFERIDAS- MENINA

Esta é mais uma que conheci fuçando o caderno de músicas cifradas do Tio Joaquim. Esta era uma de suas preferidas, era só alguém pedir para tocar que Menina era a primeira da lista.

Canção que é muita cantada nos barzinhos e serenatas não só da Juventude, bem como os da meia idade. Seu autor Paulinho Nogueira é conhecido como um dos maiores violonistas do Brasil, ao lado de artistas como Rafael Rabello e Yamandú Costa.

Sua música de maior sucesso, Menina é de 1970, é com ritmo de valsa, sua letra falava de uma amor por uma mulher desde sua infância. Hoje alguns podem dizer que é pedofilia, mas não o canto era sincero e belo.

Menina não é uma obra prima, mas sem dúvida ficara no imaginário popular para sempre.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

SARAMAGO E A MORTE HUMANIZADA

Não é a melhor obra de Saramago que li, nem tão pouco posso apontar como o livro que deixará referencias que possam trazer modificações em segmentos da sociedade, como o Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), trouxe a Teologia de Libertação ao apresentar um Cristo humano e Revolucionário. Bem como a Caverna (2000), primeiro romance após o Português ter sido agraciado com o Nobel de Literatura em 1998, entusiasmou militantes de esquerda a fazerem criticas a globalização e modernização que gera a exclusão social.

As Intermitências da Morte, recente livro do Marxista e ateu convicto, me deixou impressões muito comuns, não fiquei extasiado com a obra, como das outras vezes em que li o mestre das reflexões de seu tempo. Ganhei o livro de minha filha que me presenteou na brincadeira de amigo secreto em casa de meu pai no Natal. Devorei as 207 paginas em quatro dias.

Como já tinha lido José Saramago, foi fácil ler a ortografia portuguesa em que a obra é publicada, exigência do próprio autor. No Português dos ex colonizadores, não há respeito a vírgulas e a pontos finais. Os parágrafos são poucos e as palavras e frases algumas escritas de forma muito diferente de nosso idioma. Por exemplo: Fato, lá é Facto.

O Nobel de Literatura utiliza-se de ditados populares em seus escritos. Alguns conhecidos, outros desconhecidos, pelo menos deste que escreve este post. Por exemplo: Encanar a perna da Rã. Nunca ouvi falar de tal frase, que significa enrolar, empurrar com a barriga ou o português correto, enganar, mentir. È impossível encanar, ou seja, colocar uma tala na perna de uma rã, pois ela não para quieta em função de sua natureza de pula, pula. A frase lembra-me do comportamento de alguns políticos.

Bem mas vamos ao tema do livro. Um dia a Morte cansada do ser humano, resolve lhe dar uma lição e para de matar. Todas as pessoas do País fictício de Saramago viram imortais. Nesta primeira parte, suscita o debate sobre a indústria da morte em que vivem as instituições.

No segundo tempo, temos um Saramago introspectivo e com maior sensibilidade. A Morte de cruel inimiga do ser humano torna-se humana e amiga dos humanos. Até faz amor, nossa querida Morte.

Bem o livro propõe reflexões que vão desde o que as elites dominantes planejam com a morte afim de concentrar renda, passando pelas espertezas de uma população acostumada ao salve-se quem puder, até o medo que temos de morrer e talvez aí possa existir a novidade, embora tenha visto isto em outras formas de arte, como o cinema com o Sétimo Selo de Ingmar Bergman e Encontro Marcado com Brad Pitt com a Morte humanizada.

Transformar a senhora de nossos sonhos mais macabros em um personagem de carne e osso, faz pensarmos que a vida eterna não exista? que até a morte almeja e anseia as cousas(português clássico) terrenas.

O livro leva a crer que até a morte precisa interromper suas atividades, dar um tempo, que alias é o que sugere o titulo da obra. Em tempos de crise das esquerdas e das instituições, José Saramago lança uma obra que propõe parar com o que fazemos e refletir sobre comportamentos, hábitos, táticas e estratégias políticas e talvez iniciar a pensar no novo.

Embora não seja o melhor, é obra prima. As Intermitências da Morte foram lançadas em 2005 pela editora Companhia das Letras, e pode em Limeira ser encontrado na Livraria IV Centenário.

MINHAS PREFERIDAS- MENINA DA LADEIRA

Passei parte de minha infância, em casa de minha avó, na antiga e famosa Vila Esteves. O terreno da casa era motivo para um garoto de 7 anos produzir, as maiorias fantasias e aventuras possíveis e impossíveis.

Arvores com frutas das mais variadas, alem é claro do galinheiro e um chiqueiro para patos, minha diversão preferida, bem como de meus irmãos. Este celeiro de estórias fabricadas por minha imaginação, também continha em seu interior informações, principalmente musicais.

Estas informações serviam para a formação de meus roteiros aventurescos. Nestas mexidas nos materiais, encontrei um caderno com músicas cifradas. O exemplar era de meu na época futuro tio Joaquim, hoje empregado dos Correios e Telégrafos.

Joaquim tocava violão e uma das canções cifradas e exibidas por ele, era Menina da Ladeira. Gostava tanto da música, que sabia sua letra de cor e salteada. Escrita e interpretada por João Só, compositor Baiano, Menina, foi um estouro de sucesso no ano de 1971.

João como seu próprio nome artístico já dizia, foi um artista de um único e solitário sucesso de vendas. Mas Menina da Ladeira, tornou-se um dos sambas valsas, mais tocados nas serestas, serenatas, barzinhos e festas.

terça-feira, janeiro 03, 2006

MINHAS PREFERIDAS- BR3

Soube recentemente que o interprete desta canção seria Gerson King Combo, outro ícone da recém Black Music Brasileira, naquele inicio de década de 70 do século passado.

Mas sobrou mesmo foi para Toni Tornado acompanhado pelo então Trio Ternura. Toni viveu durante muitos anos nos Estados Unidos, onde teve contato com a soul musica de James Brown e outras feras Americanas.

No Brasil apresentou-se em programas para juventude, entre eles o de Carlos Imperial. BR3 foi apresentada pela primeira vez no V FIC (Festival Internacional da Canção) da TV Globo. Arrebatou o primeiro lugar, em um certame que revelava, compositores do quilate de Ivan Lins, Gonzaguinha e Aldir Blanc.

A canção assinada por Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, falava da famosa estrada Rio-Belo Horizonte, hoje BR-040, perigossima da época. Criou-se uma polemica em torno desta balada soul psicodélica.

Falou-se que a letra fazia em alguns trechos alusão ao uso de drogas. Na verdade BR3 foi o inicio do movimento da Black Music no Brasil.

VOLTO A POSTAR

Fiquei alguns dias sem postar nenhum texto. Problemas com computador, férias e cansaço. Estamos de volta. Esta semana vamos postar matérias sobre cultura e amenidades. Política, mais para a outra semana.